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O momento do Cirurgião Geral

The timing of the Surgeon General

EDITORIAL

O momento do Cirurgião Geral

The timing of the Surgeon General

TCBC Armando de Oliveira e Silva

Presidente do Colégio Brasileiro de Cirurgiões

Em 1996 no Vol. XXIII nº 1 desta revista, o ECBC e Ex-Presidente do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, Orlando Marques Vieira, já se manifestava através do Editorial "Cirurgião Geral ao final do Século XX" quanto ao destino sombrio que estava sendo traçado para a Cirurgia Geral.

No momento, entendo que o Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC) tem uma grande responsabilidade no assunto, cabendo a ele criar novas áreas de interesse no sentido de revigorar a posição do cirurgião geral.

A Cirurgia Geral nestes 16 anos que se passaram desde a publicação do Editorial citado, tornou-se cada vez menos atrativa aos novos cirurgiões. A explicação para isso passa por uma série de dificuldades que foram se somando, tomando a formação do cirurgião geral cada vez mais difícil e complexa.

A exigência de mais tempo de treinamento devido à pluralidade de técnicas e procedimentos envolvidos na sua formação e a dificuldade cada vez maior de adaptação aos novos modelos de aprendizado são alguns dos fatores que podem ter contribuído para o êxodo da especialidade.

A Residência Médica em Cirurgia, devido à forma como atualmente está desenhada, promove uma formação insuficiente ao recém-formado. No momento, passa a ser vista por alguns, como sendo apenas um pré-requisito para o acesso a uma Residência em outra especialidade.

A maioria dos Serviços de Cirurgia Geral credenciados pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) dispõe apenas de dois anos para treinar um cirurgião geral, sendo o primeiro ano quase que totalmente ocupado com rodízios inoperantes em outras especialidades.

Alguns serviços têm direito a mais um ano para participação em videocirurgia e trauma, áreas consideradas como de atuação. É muito pouco para formar um cirurgião geral.

Somam-se a estas dificuldades a necessidade do residente procurar complementar o seu aprendizado com alternativas paralelas de prática cirúrgica que, na maioria das vezes, são insuficientes e inapropriadas devido à precariedade de orientação.

A previsão quanto a uma remuneração futura pouco expressiva é também um fator a ser considerado e que, sem dúvida, influi na procura por uma especialidade com perspectivas de retomo econômico maior e mais rápido.

O Colégio Brasileiro de Cirurgiões, apreensivo em relação a esta realidade e preocupado com a formação do cirurgião geral, criou em 1992 e em 2011 duas novas categorias de membros: os Aspirantes e os Acadêmicos.

Dentre várias justificativas usadas para inserir estas duas novas categorias, uma foi a de criar uma forma capaz de mostrar aos futuros e aos novos médicos (residentes e acadêmicos de medicina) as diversas ações do Colégio na valorização da Cirurgia Geral como especialidade.

A procura por estas novas categorias tem correspondido às nossas expectativas, o que é muito salutar para o CBC, que renova o seu quadro de membros e cria um incentivo a mais pela procura da especialidade.

Além dos mecanismos existentes de aprendizado e de complemento à formação médica obtida na graduação, o Colégio também dá a estes novos membros a oportunidade de obterem o Título de Especialista em Cirurgia Geral. O Colégio é uma instituição autorizada pela Associação Médica Brasileira para a aplicação do concurso específico.

O CBC, no momento, consegue ter uma participação bastante expressiva junto à Residência Médica em Cirurgia Geral. O fato de poder influir na criação de novas alternativas capazes de conduzir a uma orientação mais objetiva e consistente na formação do cirurgião geral sempre foi um dos objetivos da instituição.

A geração de meios capazes de proporcionarem conhecimentos necessários ao seu associado para que possa exercer a especialidade com segurança sempre foi e continuará a ser uma prioridade de suas metas de ação. Para isto dispõe de várias Comissões capazes de apoiar na implantação e no continuísmo de diversas ações definidas pelo Diretório Nacional.

Uma delas, a Comissão de Residência Médica, composta por pessoas interessadas e atuantes na área, conseguiu com que obtivéssemos dois importantes avanços na relação entre o CBC e a CNRM. Um ao ter vários de seus membros envolvidos com a avaliação e controle nacional dos Serviços com Residência Médica em Cirurgia Geral e o outro em participar da elaboração das novas matrizes didáticas para atualização dos programas vigentes.

A participação do Colégio nesses projetos deverá trazer perspectivas de melhores momentos para a Residência em Cirurgia Geral no Brasil e, consequentemente, para os futuros cirurgiões gerais.

Para que isto aconteça e possamos ter uma participação mais ativa e determinada para podermos colocar os nossos sonhos em prol de uma Residência em Cirurgia Geral mais consistente é necessária e imprescindível a participação proativa do maior número possível de membros do CBC.

O fato de pertencermos a uma instituição impar no cumprimento de normas estatutárias e regimentais nos permite ter mecanismos de orientação de conduta uniformes, que são capazes de legitimar as nossas propostas de forma inigualável, o que facilita influenciar em mudanças e benefícios para a Cirurgia Geral no nosso país.

Esperamos poder exercer com o máximo de agilidade, presteza e firmeza todas as formas capazes de melhorar as condições do cirurgião brasileiro tanto na orientação da sua formação como na sua qualificação, mas para que isto aconteça, é necessário que mantenhamos o nosso foco de ação sempre voltado para o coletivo, priorizando ações que façam reacender o interesse pela Cirurgia Geral, fator imprescindível para a prestação de um atendimento adequado à população de um país como o nosso.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    21 Jan 2013
  • Data do Fascículo
    Dez 2012
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