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Perfil dos potenciais doadores de órgãos e fatores relacionados à doação e a não doação de órgãos de uma Organização de Procura de Órgãos.

RESUMO

Objetivo:

caracterizar o perfil dos potenciais e dos efetivos doadores de órgãos, e identificar os fatores relacionados a não efetivação da doação.

Métodos:

estudo retrospectivo transversal com coleta de dados das fichas da Organização de Procura de Órgãos do Hospital das Clínicas da Unicamp, referente ao período de janeiro de 2013 a abril de 2018.

Resultados:

o estudo contou com 1.772 potenciais doadores; predominou-se o sexo masculino (57,39%) e o evento vascular (n=996) foi a principal causa de morte encefálica. A recusa familiar (42,8%) foi o motivo mais comum para não doação de órgãos. Houve diferença estatística entre doadores e não doadores quanto à média de idade e pressão arterial sistólica, assim como houve relação entre a doação de órgãos e a ausência de diabetes e tabagismo.

Conclusão:

a maioria dos doadores efetivos foi do sexo masculino e jovem. As principais causas de morte encefálica e de recusa familiar foram, respectivamente, vasculares e não manifestação da vontade de ser doador após a morte. O etilismo foi mais presente nas causas traumáticas, assim como, o sexo masculino. Assim, iniciativas de conscientização populacional e abertura de discussão dentro da família sobre o ato da doação contribuem para o aumento do índice de doadores efetivos.

Descritores:
Morte Encefálica; Transplante; Doadores de Tecidos

ABSTRACT

Objective:

to characterize the profile of potential and effective organ donors, and to identify the factors related to non-donation.

Methods:

the data was collected from the Organization of Organ Donation forms during the period of January 2013 to April 2018. The statistical analysis was done by the Biostatistic Service of the School of Medical Sciences of UNICAMP.

Results:

the study analyzed 1,772 potential donors; the male gender was predominant (57.39%). Vascular injuries (n=996) were the main cause of brain death. The family refusal (42.8%) was the leading cause of non-donation of organs. There was statistical difference between donors and non-donors in regard to the mean age and mean systolic blood pressure. There was also a relationship between the donation of organs and the absence of diabetes and smoking.

Conclusion:

the majority of effective organ donors were young males. The main causes of brain death (BD) and family refusal of organ donation were cerebrovascular disorder and no desire to donate organs after death, respectively. Alcoholics and males were more frequently found in traumatic causes of BD. Therefore, initiatives for population awareness and discussion among the families regarding organ donation can lead to increase the number of effective organ donors.

Keywords:
Brain Death; Transplantation; Tissue Donors

INTRODUÇÃO

A taxa de doadores de órgãos, no Brasil, está crescendo nas últimas décadas. No início do século 21, o número total de doadores não ultrapassava 70011 IRODaT.org [Internet]. Barcelona: International Registry on Organ Donation and Transplantation. Brazil deceased organ donor evolution; 2019 [cited 2018 Jul 18]. Disponível em: http://www.irodat.org/?p=database&c=BR&year=1998#data
http://www.irodat.org/?p=database&c=BR&y...
. Já, em 2017, houve quase 11 mil potenciais doadores22 Associação Brasileira de Transplante de órgãos. Dimensionamento dos Transplantes no Brasil e em cada estado (2010-2017). Registro Brasileiro de Transplantes. 2017;XXIII:4., 3.415 doadores efetivos22 Associação Brasileira de Transplante de órgãos. Dimensionamento dos Transplantes no Brasil e em cada estado (2010-2017). Registro Brasileiro de Transplantes. 2017;XXIII:4. e ocorreram aproximadamente 7.500 transplantes de órgãos11 IRODaT.org [Internet]. Barcelona: International Registry on Organ Donation and Transplantation. Brazil deceased organ donor evolution; 2019 [cited 2018 Jul 18]. Disponível em: http://www.irodat.org/?p=database&c=BR&year=1998#data
http://www.irodat.org/?p=database&c=BR&y...
. No entanto, apesar de o número de doações estarem cada vez maior, a quantidade total da lista de espera no primeiro semestre de 2018, no Brasil, superava 24 mil órgãos (excetuando tecido ocular)33 Associação Brasileira de Transplante de órgãos. Dados numéricos da doação de órgãos e transplantes realizados por estado e instituição no período Janeiro/Março 2018. Registro Brasileiro de Transplantes. 2018;XXIV:1.,44 Portal da Saúde SUS. Lista de Espera por Local [Online]. Disponível em http://portalms.saude.gov.br/acoes-e-programas/doacao-transplantes-de-orgaos/servicos/lista-de-espera (Acessado em julho/2018)
http://portalms.saude.gov.br/acoes-e-pro...
, evidenciando que ainda há uma grande desproporção entre doadores e receptores, sendo um dos motivos o menor crescimento previsto de doadores efetivos. Para que haja redução no tempo de espera e melhores resultados nos implantes é necessária atenção em três pilares: doação, transplante e lista de espera55 Marinho A, Cardoso SS, Almeida VV. Os transplantes de órgãos nos Estados Brasileiros. Rio de Janeiro: IPEA; 2007 (citado em 2018 julho 15). Disponível em http://www.abto.org.br/abtov03/default.aspx? mn=512&c=955&s=0&friendly=biblioteca---textos-e-publicacoes-sobre-transplantes
http://www.abto.org.br/abtov03/default.a...
.

É evidente que há muitos fatores que influenciam na efetivação do processo de doação, desde o início com a identificação correta dos possíveis doadores até o manejo adequado com a família e com a viabilidade dos órgãos. Assim, torna-se importante conhecer melhor o perfil dos potenciais e efetivos doadores através das causas de morte encefálica e os fatores relacionados ao aceite ou à recusa da doação, e, com os resultados encontrados, possibilitar estabelecer rotinas e protocolos que potencializem o sucesso do processo.

MÉTODOS

Estudo retrospectivo e de coleta de dados das fichas da Organização de Procura de Órgãos do Hospital de Clinicas da Unicamp, denominada "Informações sobre o doador de múltiplos órgãos", no período de janeiro de 2013 a abril de 2018. As causas de morte encefálica (ME) foram agrupadas em causas traumáticas (trauma cranioencefálico por mecanismo contuso ou penetrante), vasculares cerebrais (acidente vascular cerebral hemorrágico ou isquêmico, hemorragia subaracnoide, ruptura de aneurisma, hemorragia intracraniana, hemorragia intraparenquimatosa, trombose venosa, isquemia cerebral após clipagem de aneurisma e encefalopatia anóxica), infecciosas (meningite bacteriana, meningoencefalite e abscesso cerebral) e neoplásicas (tumor ou sangramento de tumor de sistema nervoso central, granuloma intracraniano), sendo as últimas três consideradas também causas não traumáticas.

Para descrever o perfil da amostra segundo as variáveis em estudo foram feitas tabelas de frequência das variáveis categóricas com valores de frequência absoluta (n) e percentual (%), e estatísticas descritivas das variáveis numéricas, com valores de média, desvio padrão, valores mínimo e máximo e mediano. Para comparação e avaliação da relação entre as variáveis categóricas foi utilizado o teste Qui-quadrado e, quando necessário, o teste exato de Fisher. Para comparação das variáveis numéricas foi utilizado o teste de Mann-whitney. O nível de significância adotado para o estudo foi de 5%. Para análise estatística foi utilizado o seguinte programa computacional: The SAS System for Windows (Statistical Analysis System), versão 9.4 SAS Institute Inc., 2002-2012, Cary, NC, USA66 Conover WJ. Practical nonparametric statistics. 3rd ed. New York: John Wiley & Sons; 1999.,77 Fleiss JL. Statistical methods for rates and proportions. 2nd ed. New York: John Wiley & Sons; 1981., sendo realizada a análise pelo Serviço de Bioestatística da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE: 68134417.1.0000.5404, Parecer: 2.084.156).

RESULTADOS

No período de 2013 a 2018, foram avaliados 1.772 potencias doadores no Serviço de Procura de Órgãos e Tecidos do Hospital de Clínicas da Unicamp. Predominou o sexo masculino (57,39%); média de idade de 42,55 anos (±18,19); IMC médio de 26,09 (±4,58). A principal causa de ME foi vascular em 996 casos (56,21%), seguida por traumática em 501 (28,27%), neoplásica (neoplasias do sistema nervoso central) em 61 (3,44%), infecciosa em 26 (1,47%), e 188 classificados na categoria outros (10,61%). Do total, 681 (38,43%) foram disponibilizados para doação, sendo 293 (43,02%) do sexo feminino e 388 (56,98%) do sexo masculino.

A recusa familiar (42,8%) foi a principal causa para não doação de órgãos, seguida de contraindicação médica (25,75%), de parada cardiorrespiratória (21,63%), de sorologia positiva (4,21%), de não conclusão do protocolo de ME (<0,1%), e em 60 casos (5,49%) não havia relato do motivo da não doação. Os motivos da recusa familiar estão descritos na figura 1.

Figura 1
Motivos da recusa familiar para não doação de órgãos. "Outros" inclui a opção da família de não informar o motivo da não doação.

A tabela 1 mostra a frequência encontrada em relação a antecedentes pessoais (diabetes mellitus [DM] e hipertensão), hábitos de vida (tabagismo, etilismo e uso de drogas), além de intercorrências durante a internação (infecção, uso de droga vasoativa, parada cardiorrespiratória, e uso de hemoderivados) para os potenciais doadores.

Tabela 1
Antecedentes pessoais, hábitos de vida e intercorrências entre os potenciais doadores.

A quantidade de órgãos doados e a possibilidade de descarte foram avaliados, sendo que rins, fígado, coração, pulmão, pâncreas e córnea tiveram uma taxa de doação maior do que 90%. No entanto, esses mesmos órgãos tiveram uma taxa de descarte de 16%, 26%, 80%, 93%, 95% e 28%, respectivamente.

A análise estatística não demonstrou diferença entre doadores e não doadores quanto ao sexo (p=0,778). No entanto, houve diferença estatisticamente significativa quanto à presença de diabetes, tabagismo, parada cardíaca, uso de drogas vasoativas, presença de infecção, causa de ME e uso de drogas. Houve ainda relação entre a doação de órgãos e a ausência de diabetes e tabagismo. Dentre as causas traumáticas de ME, houve maior proporção de doadores se comparados com não doadores (Tabela 2).

Tabela 2
Relação entre doação de órgãos e diabetes mellitus (DM), tabagismo, parada cardiorrespiratória (PCR), uso de drogas vasoativas (DVA), infecção e causa traumática de morte encefálica (ME).

Ainda foi possível encontrar diferença estatística entre doação e não doação quanto à idade e pressão arterial sistólica (PAS), sendo a média de idade maior nos não doadores (p=0,002) e média de PAS maior nos doadores (p<0,001). Também foi avaliada a relação entre sexo, doenças crônicas e hábitos de vida com a causa de ME - traumática ou não traumática (Tabela 3).

Tabela 3
Relação entre causas de morte encefálica e sexo, doenças crônicas e hábitos de vida.

A relação entre a causa de ME (traumática ou não traumática) também foi avaliada entre doadores e não doadores estratificados por faixa etária (Tabela 4).

Tabela 4
Relação entre doação de órgãos e causas de morte encefálica (ME) de acordo com a faixa etária.

Verificou-se a possível relação entre exames laboratoriais (ureia, creatinina, glicose, amilase e bilirrubina) e descarte ou não dos órgãos. Valores de ureia não se relacionaram com o descarte dos rins, assim como, valores de glicose ou amilase e descarte de pâncreas. No entanto, a média de creatinina era maior entre os rins que eram descartados, assim como a média de bilirrubina nos fígados que foram descartados (Tabela 5).

Tabela 5
Relação entre exames laboratoriais e descarte.

DISCUSSÃO

O presente estudo corroborou com os dados da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos) em relação ao sexo (masculino - 57,39%) e as causas de ME mais prevalentes entre potenciais doadores: causa vascular seguida de traumática22 Associação Brasileira de Transplante de órgãos. Dimensionamento dos Transplantes no Brasil e em cada estado (2010-2017). Registro Brasileiro de Transplantes. 2017;XXIII:4., assim como em estudo realizado previamente88 Rodrigues SLL, Ferraz Neto JBHE, Sardinha LAC, Araujo S, Zambeli HJL, Boin IFSF, et al. Perfil de doadores efetivos do serviço de procura de órgãos e tecidos. Rev Bras Ter Intensiva. 2014;26(1):21-7..

Após a identificação da ME, o próximo passo para doação de órgãos é a elegibilidade do potencial doador, por autorização familiar e a ausência de fatores que impeçam a doação, como contraindicação médica, parada cardiorrespiratória (PCR), sorologia ou não conclusão do protocolo de ME. No Brasil, somente a partir de 2009 a recusa familiar se tornou o maior motivo para não doação22 Associação Brasileira de Transplante de órgãos. Dimensionamento dos Transplantes no Brasil e em cada estado (2010-2017). Registro Brasileiro de Transplantes. 2017;XXIII:4.,99 Associação Brasileira de Transplante de órgãos. Dimensionamento dos Transplantes no Brasil e em cada estado (2008-2015). Registro Brasileiro de Transplantes. 2015; XXI:4.,1010 Associação Brasileira de Transplante de órgãos. Registro Brasileiro de Transplantes. 2007;XIII;2., assim como encontrado no presente estudo, em que a recusa familiar sozinha representou quase metade das causas para não doação de órgãos (45,3%). Assim, existe um real potencial de aumento das taxas de doação, caso os motivos das famílias sejam entendidos e superados.

O fato do potencial doador não ser doador em vida (Figura 1) foi o segundo principal motivo para recusa familiar (28%). Além de expressar o desejo de doação em vida para a família, uma forma de superar esse entrave seria um registro nacional de doadores, em que as pessoas em vida expressassem seu desejo de doação, auxiliando a família para uma decisão favorável no momento da doação1111 Tackmann E, Dettmer S. [Acceptance of post-mortem organ donation in Germany: Representative cross-sectional study]. Anesthesist. 2018;67(2):118-25. German.. Em um estudo realizado na Holanda, evidenciou-se que, nos casos em que o potencial doador tinha um cadastro confirmando sua vontade, a taxa de doação era de aproximadamente 94% contra 23% caso a decisão fosse inteiramente deixada para os familiares, sem auxilio de um registro para expressar o desejo de doação1212 de Groot J, Van Hoek M, Hoedemaekers C, Hoitsma A, Smeets W, Vernooij-Dassen M, et al. Decision making on organ donation: the dilemmas of relatives of potential brain dead donors. BMC Med Ethics. 2015;16(1):64..

Apesar das dificuldades apresentadas acima para iniciar de fato o processo de doação, após o aceite da família e ausência de contraindicações médicas, as taxas de doação de rins, fígado, coração, pulmão, pâncreas e córnea são maiores do que 90%; no entanto, ainda assim não são suficientes para equacionar a lista de espera33 Associação Brasileira de Transplante de órgãos. Dados numéricos da doação de órgãos e transplantes realizados por estado e instituição no período Janeiro/Março 2018. Registro Brasileiro de Transplantes. 2018;XXIV:1.,44 Portal da Saúde SUS. Lista de Espera por Local [Online]. Disponível em http://portalms.saude.gov.br/acoes-e-programas/doacao-transplantes-de-orgaos/servicos/lista-de-espera (Acessado em julho/2018)
http://portalms.saude.gov.br/acoes-e-pro...
. Evidenciando como torna-se importante superar os motivos para não doação, assim como, minimizar ainda mais a taxa de descarte de órgãos.

Após a elegibilidade de o potencial doador ser confirmada, ou seja, não possuir contraindicações clínicas e possuir autorização familiar, há a dificuldade do manejo por parte da equipe médica em controlar a homeostasia e a estabilidade hemodinâmica do doador1313 Mohan S, Chiles MC, Patzer RE, Pastan SO, Husain SA, Carpenter DJ, et al. Factors leading to the discard of deceased donor kidneys in the United States. Kidney Int. 2018;94(1):187-98., com o intuito manter a viabilidade dos órgãos para doação. Este desafio é demonstrado pelo presente estudo, em que houve menos uso de drogas vasoativas e antibióticos em não doadores do que em doadores, assim como, pela maior média de pressão arterial sistólica entre os doadores (p<0,001).

Foi possível encontrar que médias maiores de creatinina e bilirrubina estão relacionadas com o descarte de rins e fígado, respectivamente. Com isso, é possível perceber a dificuldade em cuidar de um doador efetivo, desde o manejo adequado da pressão arterial com uso de drogas vasoativas até a realização de medidas que impeçam a piora da função renal ou hepática1313 Mohan S, Chiles MC, Patzer RE, Pastan SO, Husain SA, Carpenter DJ, et al. Factors leading to the discard of deceased donor kidneys in the United States. Kidney Int. 2018;94(1):187-98.,1414 Torres EA, Martínez NA, Martínez P, Ayala AM, Millián D, Rivera C, et al. Profile of the average organ non-donor: can it be used predictively? P R Health Sci J. 2014;33(3):129-3..

Analisou-se a relação entre as causas de ME (traumática e não traumática) e a doação de órgãos e foi verificado que, dentre as causas traumáticas, houve maior proporção de doadores do que de não doadores. De Oliveira et al. sugeriram um possível paralelo entre o aumento de doações em ME de origem traumáticas, possivelmente devido ao aumento da disponibilidade de órgãos sadios1515 Oliveira JGR, Oliveira MRB, Vieira LJ, Silva GB Jr. Aumento do número de mortes violentas e transplante de órgãos no Brasil: há um paralelo? J Bras Nefrol. 2016;38(3):383-4..

A prevalência de certas doenças crônicas ou hábitos de vida do doador também foi avaliada e encontrou-se relação entre ausência de diabetes e a doação de órgãos, corroborando com dados da literatura1414 Torres EA, Martínez NA, Martínez P, Ayala AM, Millián D, Rivera C, et al. Profile of the average organ non-donor: can it be used predictively? P R Health Sci J. 2014;33(3):129-3.. Além disso, essas mesmas variáveis foram avaliadas quanto à relação com as causas de morte encefálica. Verificou-se que diabetes, hipertensão e tabagismo são mais comuns em causas não traumáticas de ME, no entanto, etilismo é mais comum em causas traumáticas. Por fim, encontrou-se que dentre as causas traumáticas de ME o sexo masculino é o mais comum e que, dentre as não traumáticas, destaca-se o feminino. Estes dados corroboram com o estudo realizado por Ackerman et al. em que o perfil de mais de 190 mil doadores foi analisado e encontrou-se relação entre diabetes, hipertensão e sexo masculino com causas traumáticas de morte encefálica1616 Ackerman AM, Clark DE, Lipinska JA, Chung B, Whiting JF. Organ donation after trauma; a 30 year review. J Trauma Acute Care Surg. 2019; doi: 10.1097/TA.0000000000002322.
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Nosso estudo possui algumas limitações, principalmente relacionadas com a falta de dados e sistematização no preenchimento das fichas da Organização de Procura de Órgãos. Além disso, o fato de o sistema não ser integrado entre os dados dos doadores e dos receptores, torna-se inviável correlacionar o perfil dos doadores com a funcionalidade e duração dos enxertos e qualidade de vida dos transplantados.

O presente estudo concluiu que o perfil do doador de órgãos é do sexo masculino e jovem. As principais causas de ME e de recusa familiar foram, respectivamente, vasculares e não manifestação do doador quanto à vontade de ser doador após a morte. O etilismo e o sexo masculino foram mais presentes nas causas traumáticas de ME, sendo o primeiro um evento prevenível. Assim, iniciativas de conscientização populacional e abertura de discussão dentro da família sobre o ato da doação contribuem para o aumento do índice de doadores efetivos.

  • Fonte de financiamento: Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, Universidade Estadual de Campinas (PIBIC-CNPq/Unicamp).

REFERÊNCIAS

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Ago 2019
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    15 Mar 2019
  • Aceito
    13 Maio 2019
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