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Utilização da Minilaparoscopia em Pacientes com Algia Pélvica

Office Microlaparoscopy in Patients with Chronic Pelvic Pain

Resumos

Objetivo: analisar o uso da vídeo-minilaparoscopia no diagnóstico das causas de algia pélvica, bem como sua aplicabilidade. Métodos: foram estudadas prospectivamente 32 pacientes com algia pélvica, com idade média de 30 anos, submetidas a vídeo-minilaparoscopia. Analisamos nesse trabalho: a duração do procedimento, o tempo de permanência no centro de recuperação, a qualidade técnica da imagem, os achados laparoscópicos, a tolerância do método anestésico, sob sedação consciente, a morbidade pós-operatória e a aceitação do procedimento cirúrgico pela paciente. Resultados: o tempo médio de duração foi de 19 minutos, o tempo médio de permanência no centro de recuperação de 43 minutos e a qualidade de imagem excelente ou boa em todas as pacientes selecionadas. Foram encontrados os seguintes achados laparoscópicos: 34,4% de endometriose, 28,1% de aderências pélvicas, 12,5% de varizes pélvicas e 25% normais. Baseado no critérios de Bordhal et al.¹, foi observada uma baixa freqüência de manifestação dolorosa durante a anestesia local (12,5%) e relativo desconforto (46,9%) na realização do pneumoperitônio. Observou-se que o método apresenta tolerância muito boa e boa em 96,9%, utilizando-se os critérios de Milki e Tazuke². A morbidade do método, 24 horas após o procedimento, segundo os critérios de Chung et al.³, mostrou elevada freqüência de dor no local da incisão (59,4%) e sonolência (43,8%). Apenas 3,1% referiu dor durante o procedimento, mostrando boa aceitação do método. Conclusões: a tolerância ao método anestésico, a baixa morbidade pós-operatória e a aceitação do procedimento cirúrgico pelas pacientes fazem da vídeo-minilaparoscopia método propedêutico extremamente importante nas pacientes portadoras de algia pélvica.

Algia pélvica; Cirurgia ambulatorial; Endometriose; Laparoscopia


SUMMARY Purpose: to study the usefulness of minilaparoscopy in diagnosing the cause of pelvic pain. Methods: women with pelvic pain were prospectively analyzed and underwent an office video-microlaparoscopy. We analyzed the data regarding procedure time, stay in the recovery room, acceptance of anesthesia, and morbidity. Results: the average procedure time of the office video-microlaparoscopy was 19 min, the average stay for recovery was 43 min, and the technical quality of the image was excellent or good in 100% of the selected patients. The following laparoscopic findings were reported: 34.4% endometriosis, 28.1% pelvic adhesion, 12.5% pelvic varices, and 25% normal. Based on Bordhal et al.'s¹ criteria, a low frequency of pain manifestation during local anesthesia (12.5%) and discomfort on pneumoperitoneum (46.9%) were noticed. It could also be observed that, according to Milki and Tazuke's² criteria, the tolerance to the method was excellent and good (96.9%). Twenty-four hours after the procedure the morbidity rate was in accordance with Chung et al.'s³ criteria, showing a high frequency of pain at the incision area (59.4%) and sleepiness (43.8%). Only 3.1% reported they felt pain during the procedure, which shows the acceptance of the method by the patients. Conclusions: the acceptance of anesthesia and of the surgical procedure and the low morbidity allow the use of minilaparoscopy as a very important method in investigating patients with pelvic pain.

Chronic pelvic pain; Office laparoscopy; Office surgery; Laparoscopy


Trabalhos Originais

Utilização da Minilaparoscopia em Pacientes com Algia Pélvica

Office Microlaparoscopy in Patients with Chronic Pelvic Pain

Waldir Pereira Modotte, Rogério Dias

RESUMO

Objetivo: analisar o uso da vídeo-minilaparoscopia no diagnóstico das causas de algia pélvica, bem como sua aplicabilidade.

Métodos: foram estudadas prospectivamente 32 pacientes com algia pélvica, com idade média de 30 anos, submetidas a vídeo-minilaparoscopia. Analisamos nesse trabalho: a duração do procedimento, o tempo de permanência no centro de recuperação, a qualidade técnica da imagem, os achados laparoscópicos, a tolerância do método anestésico, sob sedação consciente, a morbidade pós-operatória e a aceitação do procedimento cirúrgico pela paciente.

Resultados: o tempo médio de duração foi de 19 minutos, o tempo médio de permanência no centro de recuperação de 43 minutos e a qualidade de imagem excelente ou boa em todas as pacientes selecionadas. Foram encontrados os seguintes achados laparoscópicos: 34,4% de endometriose, 28,1% de aderências pélvicas, 12,5% de varizes pélvicas e 25% normais. Baseado no critérios de Bordhal et al.1, foi observada uma baixa freqüência de manifestação dolorosa durante a anestesia local (12,5%) e relativo desconforto (46,9%) na realização do pneumoperitônio. Observou-se que o método apresenta tolerância muito boa e boa em 96,9%, utilizando-se os critérios de Milki e Tazuke2. A morbidade do método, 24 horas após o procedimento, segundo os critérios de Chung et al.3, mostrou elevada freqüência de dor no local da incisão (59,4%) e sonolência (43,8%). Apenas 3,1% referiu dor durante o procedimento, mostrando boa aceitação do método.

Conclusões: a tolerância ao método anestésico, a baixa morbidade pós-operatória e a aceitação do procedimento cirúrgico pelas pacientes fazem da vídeo-minilaparoscopia método propedêutico extremamente importante nas pacientes portadoras de algia pélvica.

PALAVRAS-CHAVE: Algia pélvica. Cirurgia ambulatorial. Endometriose. Laparoscopia.

Introdução

Algia pélvica (AP) é definida como dor na região pélvica, acompanhada de distúrbios sociais e/ou psicológicos4. Por outro lado, Milburn et al.5 amplia essa definição como dor abdominal ou pélvica, não-cíclica, com duração mínima de seis meses.

Algia pélvica é uma queixa muito freqüente nos consultórios ginecológicos. Afeta cerca de 12-33% de todas as mulheres no período reprodutivo, porém é ainda um enigma para os clínicos pela dificuldade de se estabelecer a etiologia6. O diagnóstico clínico é difícil, porque poucas vezes se encontram anormalidades orgânicas. Pacientes com algia pélvica são ansiosas e apresentam depressão associada, aumentando ainda mais a complexidade dessa síndrome. Apresentam graves rupturas na situação ocupacional, marital e social, com conseqüente impacto na qualidade de vida. São pacientes que respondem mal aos diversos esquemas terapêuticos em ginecologia e, não raramente, são submetidas a sucessivas abordagens cirúrgicas, sem sucesso7,8.

Com freqüência, essas pacientes recebem o diagnóstico de doença inflamatória pélvica, sendo tratadas com sucessivos esquemas de antibióticos, analgésicos e antiinflamatórios, e mesmo assim, apresentam recorrência da sintomatologia9. O diagnóstico diferencial é complexo, o que, na maioria das vezes, obscurece o caminho do clínico na busca da etiologia.

No passado, pacientes portadoras de algia pélvica, quando não respondiam ao tratamento clínico, eram submetidas à laparotomia na tentativa de elucidar a causa da sua morbidade10. Atualmente a algia pélvica é responsável por 15-40% das indicações para laparoscopias diagnósticas e 12% das indicações para histerectomias nos Estados Unidos11,12.

Na prática ginecológica moderna, a vídeo-laparoscopia é opção de grande valor na abordagem desse sintoma, quando não há o diagnóstico clínico9. Inúmeros autores recomendam a inclusão da laparoscopia no protocolo da investigação da dor pélvica, pelas vantagens que ela representa nesse contexto7,9,11.

A vídeo-laparoscopia, possibilitando visão direta da cavidade pélvica e abdominal, é útil para estabelecer o diagnóstico definitivo ou, pelo menos, para excluir a presença de patologias pélvicas. Baseado nos achados laparoscópicos, o clínico tem a orientação para o tratamento adequado, porém, a grande contribuição do diagnóstico laparoscópico é o fato de se evitarem laparotomias, que é tratamento de elevada morbidade e alguma mortalidade13,14.

A laparoscopia convencional, com ópticas de 5 ou 10 mm de diâmetro, pode ser realizada sob anestesia local, com laparoscópios de "lentes redondas". Entretanto, mesmo em excelentes condições, é procedimento associado a moderado desconforto. A utilização de laparoscópios de menor diâmetro (2-3 mm), chamados de minilaparoscópios, está disponível e representa alternativa aos laparoscópios convencionais, pelo desconforto operatório ainda menor, principalmente para os procedimentos diagnósticos5.

Em 1996, Milki e Tazuke2, numa série de 175 procedimentos mini-laparoscópicos, com a finalidade de transferência intratubária de gametas (GIFT), concluíram que a realização da vídeo-minilaparoscopia sob anestesia local é efetiva, é bem aceita pelos cirurgiões e é preferida pelas pacientes. Seu estudo mostrou redução de custo, maior flexibilidade de agendamento e alta taxa de sucesso.

A realização da vídeo-minilaparoscopia sob anestesia local é um dos mais recentes avanços da cirurgia minimamente invasiva e representa a interseção de duas tecnologias. A primeira, o uso do laparoscópio de menor calibre (2 mm) e instrumentação acessória, de calibre também reduzido (2-3 mm). A segunda, a técnica da realização da laparoscopia sob anestesia local, podendo ser realizada no ambiente hospitalar, de modo ambulatorial, ou até mesmo em consultório médico convencional, equipado de monitores de segurança15.

A vídeo-minilaparoscopia, além de importante no diagnóstico, contribui na execução de alguns procedimentos laparoscópicos de pequeno porte, tais como: cromotubagem, lise de aderências finas, biópsia e eletrocauterização de lesões endometrióticas, laqueadura tubárea, aspiração de líquido intraperitoneal, GIFT e realização do mapeamento de dor16.

O objetivo deste trabalho foi o de analisar o uso da vídeo-minilaparoscopia no diagnóstico das causas de algia pélvica, bem como sua aplicabilidade.

Pacientes e Métodos

Trata-se de um estudo prospectivo que incluiu 32 mulheres portadoras de algia pélvica, atendidas na Clínica do Instituto de Atendimento à Mulher, na cidade de Assis, estado de São Paulo, no período compreendido entre janeiro e dezembro de 1998. Analisamos nesse trabalho: a duração do procedimento, o tempo de permanência no centro de recuperação, a qualidade técnica da imagem, os achados laparoscópicos, a tolerância ao método anestésico, sob sedação consciente, a morbidade pós-operatória e a aceitação do procedimento cirúrgico pela paciente.

Foram selecionadas 62 pacientes com algia pélvica, candidatas à laparoscopia diagnóstica. Destas, foram excluídas 30 pacientes, pelos seguintes motivos: diagnóstico clínico que justificava a dor pélvica, índice de massa corpórea maior que 30 kg/m2 (peso em kg dividido pelo quadrado da altura em m), mais de três cirurgias pélvicas anteriores e contra-indicações convencionais para a laparoscopia, como por exemplo: doença cardiopulmonar preexistente e doença neurológica. Também foram excluídas as pacientes que apresentaram história pregressa de processo alérgico ou história prévia de complicações atribuídas à anestesia e alteração nos exames pré-operatório8: hemograma, glicemia de jejum, coagulograma, uréia, creatinina, urina rotina e urocultura.

As 32 pacientes selecionadas foram submetidas à vídeo-minilaparoscopia diagnóstica, com técnicas de anestesia local e sedação consciente, utilizando equipamentos adequados, realizado em ambiente hospitalar, de modo ambulatorial.

Esse projeto de pesquisa segue os critérios exigidos pela Comissão de Ética e Pesquisa da Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP.

Empregamos a sedação consciente, definida como depressão mínima da consciência, com preservação da função respiratória, produzida por métodos farmacológicos e/ou não-farmacológicos, mantendo a capacidade de responder à estimulação física apropriada ou comando verbal3.

As pacientes foram levadas ao centro cirúrgico após receber medicação endovenosa de benzodiazepínico (dosagem de 10 mg, diluídos em 10 ml de água destilada). Com o intuito de sedação consciente utilizou-se midazolam endovenoso, na dosagem de 10 mg e fentanila, na dosagem de 0,05 mg/kg de peso. Quando necessário, dose adicional desta medicação foi utilizada.

Foi realizada anestesia local, utilizando-se 10 ml de lidocaína (Xilocaína®) a 1%, no bloqueio paracervical, sendo 2,5 ml em cada quadrante, 8-12 ml de bupivacaína (Marcaína®) a 0,25%, na anestesia da região umbilical, e 5-10 ml na região suprapúbica. Foi realizada uma pequena incisão intra-umbilical, de 3 mm de extensão, com bisturi de lâmina número 11, e outra semelhante na região suprapúbica.

O pneumoperitônio foi realizado sempre de modo cuidadoso, mantendo pressão intra-abdominal inferior a 10 mmHg, com a utilização de insuflador eletrônico. Instalado o pneumoperitônio, introduziu-se o complexo trocar (agulha e camisa) e óptica da vídeo-minilaparoscopia, de marca Storz (Tuttlingen, Alemanha). Um trocar acessório de 3 mm foi introduzido na região supra-umbilical, seguido da utilização de um palpador (Storz - Tuttlingen, Alemanha).

Após a instalação de todo o equipamento, iniciou-se a exploração vídeo-laparoscópica, que consiste na inspeção sistemática do abdome superior, abdome inferior e cavidade pélvica, seguido do diagnóstico laparoscópico propriamente dito.

Para liberação das pacientes da recuperação, obedeceu-se aos critérios de sistema de escore de liberação (PADSS - Post-anesthetic Discharge Scoring System)3, realizado cada 5 minutos.

Avaliou-se a tolerância ao método, observando o desconforto em determinados momentos do procedimento, conforme os critérios de Bordahl et al.3. Ainda no momento da liberação das pacientes da recuperação, com a mesma finalidade de avaliar a tolerabilidade do método, uma avaliação foi aplicada seguindo os critérios de Milki e Tazuke2, conforme segue:

Muito Boa ¾ mínimo ou nenhum desconforto, nenhuma ansiedade e medicação adicional desnecessária.

Boa ¾ alguma dor ou ansiedade e medicação adicional desnecessária.

Aceitável ¾ desconforto e ansiedade várias vezes durante o procedimento, necessidade de medicação adicional, com boa melhora da sintomatologia dolorosa.

Ruim ¾ desconforto e/ou ansiedade freqüentes, necessidade de medicação adicional, sem melhora da sintomatologia dolorosa.

Péssima ou Proibitiva ¾ necessidade de interrupção do procedimento, devido ao intenso desconforto e/ou ansiedade, não-controlados com medicação adicional.

Com o objetivo de avaliar a morbidade do procedimento, as pacientes foram interrogadas 24 horas após a realização do exame, conforme questionário elaborado por Chung et al.3.

Sete dias após o procedimento cirúrgico, as pacientes foram novamente interrogadas quanto a dor ou qualquer desconforto durante o procedimento laparoscópico.

As variáveis quantitativas foram analisadas descritivamente, com determinação de medidas de tendência central (médias e medianas) e de variabilidade (desvio padrão e coeficiente de variação). Foi realizada uma determinação de freqüência de ocorrência para as variáveis classificatórias, utilizando-se o cálculo das freqüências absolutas e relativas17.

Resultados

O tempo médio de duração do procedimento foi de 19 minutos (mínimo de 10 e máximo de 40 minutos), com mediana de 15 minutos (Tabela 1). O tempo médio de permanência no centro de recuperação foi de 43 minutos (mínimo de 20 min e máximo de 95 minutos), com mediana de 40 minutos. A qualidade técnica da imagem foi excelente ou boa em todos os procedimentos realizados (81,3% e 18,7%, respectivamente).

Foram encontradas aderências pélvicas em 28,1% das pacientes examinadas, endometriose em 34,4% e 12,5% apresentavam varizes pélvicas. Em 25% das pacientes o exame foi normal (Figura 1).


Utilizando-se os critérios de Bordahl et al.1, encontramos desconforto leve em apenas 12,5% das pacientes submetidas ao método durante a anestesia local e desconforto leve e moderado em 50% das pacientes, que se manteve por pequeno período. Apenas 3,1% das pacientes referiram desconforto durante a permanência no centro de recuperação.

Utilizando-se os critérios de Milki e Tazuke2, houve tolerância muito boa ou boa em 96,9% das pacientes submetidas ao método. Apenas 3,1% das pacientes referiram tolerância aceitável.

Na avaliação da morbidade do método, 24 horas após o procedimento, obtivemos 59,4% de queixa de dor na incisão e 43,8% de sonolência (Tabela 2).

Das 32 pacientes, 31 (96,9%) responderam que não sentiram nenhum tipo de dor durante o procedimento. Apenas uma (3,1%) respondeu que apresentou dor durante o procedimento e referiu escore moderado.

Discussão

A algia pélvica é um sintoma que afeta a mulher primariamente no período reprodutivo, porém, encontram-se com relativa freqüência pacientes com dor pélvica fora desse período18. A média de idade das nossas pacientes foi 30 anos, variando de um mínimo de 16 anos a um máximo de 41 anos. A literatura é diversificada em relação a idade média de ocorrência desse sintoma5,11.

O tempo de duração da vídeo-minilaparoscopia mostra que o procedimento é de curta duração. O tempo de permanência no centro de recuperação também é curto. Esses achados estão de acordo com a literatura e confirmam a possibilidade de utilizar o método como parte de um protocolo na rotina da pesquisa da algia pélvica9,14,15,19-21.

Feste22, numa série de 36 mulheres, concluiu que a vídeo-minilaparoscopia proporciona visão clara da cavidade pélvica, sem a necessidade de anestesia geral. A qualidade da imagem obtida foi suficiente para um diagnóstico eficaz, reforçando os achados de literatura15.

Os achados laparoscópicos são coincidentes com a literatura, onde 25% das pacientes não apresentaram anormalidades à luz da laparoscopia. Os diagnósticos positivos estão distribuídos principalmente entre endometriose, aderências pélvicas e varizes pélvicas.

Quanto à tolerância ao método anestésico, sob sedação consciente, observou-se que o método é bem tolerado. A ocorrência de desconforto leve durante a anestesia local foi baixa. O desconforto sentido pela maioria das pacientes durante o pneumoperitônio também foi baixo, sendo mantido por pouco tempo, principalmente no início da insuflação. Pode se inferir que as pacientes apresentaram boa tolerância com relação ao método. Milki e Tazuke2, analisando 175 procedimentos laparoscópicos sob anestesia local, encontraram tolerância muito boa ou boa em 89% das pacientes, com infertilidade submetidas ao método, para procedimentos de GIFT.

Na avaliação da morbidade do método, foi observado elevada freqüência de dor no local da incisão e sonolência, levando a maior necessidade de analgésicos. Em relação aos demais sintomas, esses foram encontrados em baixa freqüência. Esses achados mostram que o método apresenta baixa morbidade.

Na avaliação da aceitabilidade do método apenas 3,1% das pacientes referiu dor durante o procedimento. Isso se deve à ministração de medicação sedativa, aplicada antes do procedimento, que apresenta um efeito amnésico.

O presente estudo tem a pretensão de sugerir o método como rotina de um protocolo de investigação da algia pélvica. Para uma utilização mais liberal da laparoscopia na investigação da dor pélvica escolhemos realizá-la pela vídeo-minilaparoscopia, sob anestesia local e sedação consciente. As vantagens são bastante conhecidas: diminuição no tempo de espera para agendamento, no tempo operatório, no tempo de recuperação anestésica, menor custo do pré-operatório, intra e pós-operatório e menor necessidade de permanência hospitalar, de medicamentos e de curativos2,13,14,16,18,19,22.

A vídeo-minilaparoscopia oferece ao ginecologista a opção de abordagem laparoscópica com qualidade de imagem, a segurança na sua realização, a invasão mínima e a oportunidade de realizá-la com anestesia local em ambiente não hospitalar. O procedimento mostrou ser de curta duração, com baixo tempo de permanência na sala de recuperação e de boa qualidade técnica de imagem.

SUMMARY

Purpose: to study the usefulness of minilaparoscopy in diagnosing the cause of pelvic pain.

Methods: women with pelvic pain were prospectively analyzed and underwent an office video-microlaparoscopy. We analyzed the data regarding procedure time, stay in the recovery room, acceptance of anesthesia, and morbidity.

Results: the average procedure time of the office video-microlaparoscopy was 19 min, the average stay for recovery was 43 min, and the technical quality of the image was excellent or good in 100% of the selected patients. The following laparoscopic findings were reported: 34.4% endometriosis, 28.1% pelvic adhesion, 12.5% pelvic varices, and 25% normal. Based on Bordhal et al.'s1 criteria, a low frequency of pain manifestation during local anesthesia (12.5%) and discomfort on pneumoperitoneum (46.9%) were noticed. It could also be observed that, according to Milki and Tazuke's2 criteria, the tolerance to the method was excellent and good (96.9%). Twenty-four hours after the procedure the morbidity rate was in accordance with Chung et al.'s3 criteria, showing a high frequency of pain at the incision area (59.4%) and sleepiness (43.8%). Only 3.1% reported they felt pain during the procedure, which shows the acceptance of the method by the patients.

Conclusions: the acceptance of anesthesia and of the surgical procedure and the low morbidity allow the use of minilaparoscopy as a very important method in investigating patients with pelvic pain.

KEY WORDS: Chronic pelvic pain. Office laparoscopy. Office surgery. Laparoscopy.

Referências

Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Botucatu ¾ UNESP.

Correspondência: Waldir Pereira Modotte

Rua Nágila Jubran, 40 - Jd Europa

19800-000 - Assis - SP

e-mail: iamulher@femanet.com.br

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Out 2005
  • Data do Fascículo
    Mar 2000
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