RESUMO DE TESE
Dissertação de Mestrado apresentada ao Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, em 2 de agosto de 2002
A doença hipertensiva específica da gestação (DHEG) e a restrição de crescimento intra-útero (RCIU) associam-se diretamente às taxas de morbimortalidade materna e perinatal. A presença de exame dopplervelocimétrico indicando incisura das artérias uterinas entre a 24a e a 26a semana de gestação, vem se afirmando como screening positivo para DHEG e RCIU. A apoptose tem sido descrita em placentas de gestantes normais e está aumentada tanto em placentas de gestantes com DHEG quanto naquelas associadas à RCIU. Entretanto, não está estabelecido se o aumento da taxa de apoptose observada na DHEG e na RCIU é o resultado de um processo patológico instalado ou um componente etiológico no desenvolvimento destas complicações obstétricas. Estudos sobre os fatores envolvidos na regulação da apoptose referem que o Bcl-2 é um dos inibidores deste processo. Os objetivos deste trabalho foram avaliar a influência da alterações do exame dopplervelocimétrico das artérias uterinas sobre o padrão de apoptose e a expressão do Bcl-2 em placentas de gestantes primigestas. A casuística deste estudo foi composta de 38 gestantes primigestas acompanhadas no HC-FMRPUSP. As mesmas foram avaliadas quanto aos parâmetros epidemiológicos e na 24a semana de gestação foram submetidas ao exame dopplervelocimétrico das artérias uterinas e divididas em dois grupos. O Grupo DN foi constituído de 17 gestantes com exame dopplervelocimétrico normal e Grupo DA, constituído de 21 gestantes com exame dopplervelocimétrico alterado. Todas as pacientes tiveram seus partos realizados no HC-FMRPUSP. Após o parto a placentas foram coletadas e submetidas à avaliação macroscópica e microscópica segundo protocolos vigentes. As placentas foram submetidas à avaliação imuno-histoquímica para verificação da taxa de apoptose (técnica do TUNEL) e da expressão do Anticorpo Monoclonal; Bcl-2. A avaliação dos parâmetros epidemiológicos maternos e neonatais demonstrou que os grupos eram homogêneos e comparáveis. A avaliação macroscópica das placentas, não evidenciou diferença estatística entre os grupos. Em relação a análise microscópica, verificou-se a tendência de uma maior taxa de alterações isquêmicas no grupo DA, porém sem diferença estatística significativa entre os grupos. O padrão apoptótico do grupo DN, foi de 0,17±0,10% e no grupo DA, 0,18±0,11% sem diferença estatística entre os grupos, não havendo influência relacionada à cor da paciente ou à via de parto. A expressão de Bcl-2 nas placentas do grupo DN e DA apresentou-se positivos em todos os casos. Constatou-se no grupo DN taxa de apoptose compatível com resultados de placentas normais a termo descritos na literatura. O grupo DA com exame dopplervelocimétrico das artérias uterinas alterado não apresentou diferença estatística significativa nas taxas de apoptose em relação ao grupo DN. O padrão apoptótico aumentado na DHEG e no RCIU, provavelmente está associado ao padrão de hipóxia gerada pelo processo patológico instalado e não está associado ao padrão hipóxia envolvido na gênese das patologias acima mencionadas.
Palavras-chave: Apoptose. Pré-eclâmpsia. Restrição do crescimento intra-útero. Placenta.
Influência das alterações dopplervelocimétricas das artérias uterinas sobre as taxas de apoptose em placentas de gestantes primigestas
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
13 Abr 2004 -
Data do Fascículo
Dez 2003