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Infecção amniótica em gestantes atendidas em hospitais públicos de Vitória-ES: estudo da prevalência, fatores de risco, diagnóstico, anatomia patológica e desfecho reprodutivo

Amniotic infection in women held in public hospitals in Vitória-ES: prevalency, risc factors, diagnosis, histopathology and reproductive outcome

RESUMOS DE TESES

Infecção amniótica em gestantes atendidas em hospitais públicos de Vitória-ES. Estudo da prevalência, fatores de risco, diagnóstico, anatomia patológica e desfecho reprodutivo

Amniotic infection in women held in public hospitals in Vitória-ES. Prevalency, risc factors, diagnosis, histopathology and reproductive outcome

Autor: Paulo Batistuta Novaes

Orientador: Prof. Dr. Paulo Roberto Merçon de Vargas

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação do Núcleo de Doenças Infecciosas do Centro Biomédico da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Medicina, área de concentração em Doenças Infecciosas, em 22 de dezembro de 2003

INTRODUÇÃO: a infecção amniótica é um determinante de amniorrexe e trabalho de parto prematuros, infecções puerperal e perinatal e óbitos materno e perinatal, portanto, com elevados custos humano, social e econômico. Apesar disto, vários aspectos desta doença ainda são mal conhecidos, notadamente quanto à prevalência, aos fatores de risco e ao problema diagnóstico.

OBJETIVO: descrever a prevalência, seus determinantes e o desfecho reprodutivo atribuível à infecção amniótica em gestantes de baixo nível sócio-econômico.

CASUÍSTICA E MÉTODOS: 476 gestações não gemelares, com idade gestacional maior que 27 semanas, selecionadas como amostra de corte transversal correspondendo a 28,8% de todas as terminações ocorridas entre 12 de março e 6 de abril de 1999 em duas maternidades públicas de Vitória, ES. Os dados clínicos foram extraídos dos prontuários institucionais e completados por anamnese, durante a internação, empregando-se como protocolo de pesquisa a História Clínica Perinatal Básica do Sistema Informático Perinatal (CLAP/OPAS/OMS). Uma amostra de sangue e da secreção vaginal obtidos durante a internação, bem como os anexos fetais foram examinados pelas técnicas rotineiras. O diagnóstico de infecção amniótica foi estabelecido pela presença de corioamnionite histológica. As associações entre esta e as variáveis clínicas e laboratoriais foram analisadas em tabelas de contingência, calculando-se os índices de contraste pertinentes para avaliação do risco e valor diagnóstico.

RESULTADOS: A prevalência de infecção amniótica foi de 29,4% (IC 95%: 25,3 a 33,5%). Os achados mais proeminentes foram: cor não branca (83,9%), baixa escolaridade (75,4%), ocupação do lar (60,3%), gravidez na adolescentes (30,2%), não ter parceiro fixo (19,7%), menos de 6 consultas pré-natais (45,7%), fluxo vaginal (47,5%), anemia materna (45,2%), hipertensão arterial (15,0%), uso de tabaco (13,6%), infecção urinária (9,0%), parasitose intestinal (6,5%), sífilis (1,1%), prematuridade (6,6%), baixo peso ao nascer (10,6%), PIG (11,9%) e mortalidade perinatal: (19,1:1.000). Infecção puerperal foi observada em 0,6%, pneumonia neonatal em 1,7% e septicemia neonatal em 4,4%. Apenas multiparidade, bolsa rota por mais de 18 horas e eliminação de mecônio associaram-se com risco significativo para infecção amniótica, enquanto idade materna maior que 35 anos, hipertensão arterial e coito na última semana da gestação parecem ser fatores de proteção. Os marcadores clínicos clássicos, leucocitose e VHS, considerados isoladamente, têm valor diagnóstico limitado, embora este valor se eleve quando os marcadores são considerados em conjunto.

CONCLUSÃO: A demonstração, em nível local, de uma grande prevalência de infecção amniótica e sua associação com condições e doenças típicas de baixo nível sócio-econômico, com pré-natal inadequado, com alguns fatores de risco e com desfechos materno e perinatal ruins, deve servir de estímulo para a implementação de programa específico de intervenção durante o pré-natal, o parto e o nascimento. Mas evidencia, também, que cabe ao obstetra engajar-se na luta por melhores educação, condições gerais de vida e qualidade de assistência materno-infantil.

Palavras-chave: Corioamnionite. Infecção na gravidez. Placenta. Amniorrexe prematura.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    04 Ago 2004
  • Data do Fascículo
    Jun 2004
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