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Para ampliar a divulgação da produção científica nacional em ginecologia e obstetrícia

To improve the visibility of Brazilian papers in Obstetrics and Gynecology

EDITORIAL

Para ampliar a divulgação da produção científica nacional em ginecologia e obstetrícia

To improve the visibility of Brazilian papers in Obstetrics and Gynecology

Jurandyr Moreira de Andrade

Professor Titular do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo - FMRP/USP - Ribeirão Preto (SP), Brasil; Editor Científico da Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (RBGO)

Correspondência Correspondência: Jurandyr Moreira de Andrade Departamento de Ginecologia e Obstetrícia Avenida Bandeirantes, 3.900 CEP 14049-900 - Ribeirão Preto (SP), Brasil Telefone: (16) 3602-2803 E-mail: jmandrade@usp.br

Em 2010, houve notícias importantes para os autores e para as revistas científicas brasileiras. Entre elas, certamente a mais significativa foi o aumento substancial dos periódicos nacionais, avaliados pelo índice bibliométrico do Journal Citation Report (JCR), conhecido como ISI. Este índice permite avaliar, para cada ano, a média de citações recebidas pelos artigos publicados em um periódico nos dois anos anteriores. O JCR constitui um dos índices de referência internacional para a medida da produção científica, tomando-se o número de citações como um critério de qualidade da revista.

Para obtenção do índice, um periódico solicita sua inclusão para avaliação na base de dados Web of Science (WoS). A indexação de periódicos no JCR e consequente publicação do Fator de Impacto ocorrem numa etapa posterior após um período de, no mínimo, três anos se o periódico acumular citações em número suficiente. Embora o número de revistas da América Latina e do Caribe tenha duplicado, a área biomédica foi, no entanto, a que menos teve novos periódicos com Fator de Impacto (aumento de 25%)1.

É importante lembrar que existe muita polêmica e contestações do valor e significado do Fator de Impacto, assim como sobre seu uso para a medida de produção científica e, consequentemente, avaliação de instituições e programas de pesquisa e educação. Em particular, com a publicação do JCR 2009, a presença e o valor do índice de alguns periódicos estão sendo contestados pelo número elevado ou mesmo pela predominância da autocitação1.

Entre os títulos brasileiros indexados no JCR, 80% são publicados em acesso aberto nas coleções nacionais da Rede SciELO. Como foi mencionado, para que um periódico seja avaliado na base de dados WOS, este deve receber um número mínimo de citações. Portanto, é fundamental que os trabalhos sejam citados e, para isto, devem ser lidos.

Esta revista tem trilhado este caminho, tendo completado já três anos na base de dados PubMed. Em 2011, completamos também dez anos na base de dados SciELO. Quando da inclusão da revista no SciELO, foi possível incluir todos os arquivos de trabalhos publicados desde 1998 em diante, o que significa que estão disponíveis para acesso e leitura a produção nacional de 14 anos e 142 fascículos completos, como todos os demais periódicos da coleção SciELO. Neste período, a página da revista recebeu mais de 400.000 visitas e houve 10 milhões de acessos aos trabalhos completos2. O número de visitas à pagina da revista duplicou em comparação ao obtido em 20073. Oito trabalhos tiveram mais de 50.000 acessos e 77 mais de 20.000 acessos4, com predominância da procura por trabalhos da área de obstetrícia. O fator de impacto que avaliou as citações dentro da Scielo foi de 0,23, e os trabalhos publicados nesta revista foram citados 322 vezes durante 2010. Vale lembrar que o índice de citações é afetado pelo fato de a Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (RBGO) ser dirigida a especialistas e por serem publicadas revisões apenas esporadicamente nos últimos anos. Estas características afetam o índice de citações, pois limita o número de potenciais leitores. Quanto à segunda característica, "os artigos de revisão são normalmente mais citados que artigos de pesquisa original, de modo que periódicos de revisão devem situar-se no alto de qualquer ranking baseado em fatores de impacto"5, apesar destas limitações, é possível aumentar a visibilidade internacional da produção científica brasileira na área de ginecologia e obstetrícia.

Nos dez anos que separam a entrada da Revista na base de dados SciELO, houve, por várias razões, mudanças importantes no perfil dos trabalhos e dos autores que publicaram na revista. Em 2001, diversos Departamentos e Serviços de Hospitais Universitários do estado de São Paulo eram responsáveis por mais da metade dos trabalhos publicados, embora, com frequência, pudesse ser constatada a coautoria de pesquisadores de outros estados, especialmente do Nordeste. Naquela época, a produção publicada estava concentrada em duas instituições, as quais sozinhas eram responsáveis por um terço dos trabalhos publicados na RBGO. Em 2010, os trabalhos originados de São Paulo representaram ainda 45% do total, mas o número de instituições representadas com número relevante de trabalhos duplicou. Nesse mesmo período, o número de trabalhos originados dos estados do Nordeste (todos) evoluiu de 9 para 18%. Trabalhos da região Norte começaram a ser recebidos, antes eram ausentes na época da entrada na base de dados SciELO. Os demais estados das regiões Sudeste e Sul mantiveram a proporção de trabalhos, ou seja, cerca de 15 e 10%, respectivamente. Por outro lado, no final desse período, iniciou-se a publicação de trabalhos enviados de Portugal. O espectro de temas abordados foi substancialmente ampliado.

Isto leva a outra questão importante para a visibilidade dos trabalhos publicados e, portanto, para o futuro da revista: a aceitação e publicação de trabalhos em outras línguas. Devido à ampla divulgação obtida graças ao SciELO e, mais recentemente, pelo PubMed, temos recebido trabalhos de outros países, enviados em inglês, mas até o momento por vários motivos nenhum deles foi publicado. Por este motivo, é preciso que sejam adotados procedimentos de outros periódicos brasileiros indexados - publicar na língua em que o trabalho for enviado, seja ele português, inglês ou espanhol.

De forma a sintetizar os itens mencionados: para aumentar a visibilidade da produção brasileira na área de Ginecologia e Obstetrícia, é preciso atrair a atenção de leitores dos vários países que participam do "sistema" SciELO em periódicos das áreas clínica e cirúrgica. Este enorme conjunto de leitores, que inclui países cuja língua é o espanhol e o inglês, principalmente sendo os últimos de países do Caribe. Deve-se lembrar que é possível ao leitor de todo o mundo acessar na íntegra os trabalhos contidos na base SciELO, a partir da citação no PubMed. Inicialmente, a revista passará a aceitar trabalhos enviados em inglês e espanhol e publicá-los na língua em que foram enviados. Esta norma vale naturalmente para os autores brasileiros que prefiram publicar em inglês. Este passo é importante para que, no futuro, seja possível postular um índice de impacto a partir do JCR, que é o próximo objetivo a ser alcançado.

Recebido 01/02/2011

Aceito com modificações 28/02/2011

  • 1. Comunidade Virtual dos Editores Científicos. Periódicos de AL&C aumentam presença e desempenho na edição JCR 2009 [Internet]. 2010 [citado 2011 Fev 12]. Disponível em: http://cvirtual-ccs.bvsalud.org/tiki-read_article.php?articleId=457
  • 2. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia: estatística: relatórios de uso do site [Internet]. 2011 [citado 2011 Fev 12]. Disponível em: <http://scielo-log.bireme.br/scielolog/scielolog.php?script=sci_journalstat& lng=pt& pid=0100-7203& app=scielo& server=www.scielo.br>
  • 3. Andrade JM. Trinta anos, visibilidade e ensaios clínicos. Rev Bras Ginecol Obstet. 2007;29(12):605-7.
  • 4. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia: estatística: relatórios de uso do site: acesso aos artigos [Internet]. 2011 [citado 2011 Fev 12]. Disponível em: <http://scielo-log.bireme.br/scielolog/scielolog.php?script=sci_statart& lng=pt& pid=0100-7203& app=scielo&s erver=www.scielo.br& dti=20040101>
  • 5. Rocha e Silva M. Qualis 2011-2013: os três erres. Clinics. 2010;65(10):935-6.
  • Correspondência:

    Jurandyr Moreira de Andrade
    Departamento de Ginecologia e Obstetrícia
    Avenida Bandeirantes, 3.900
    CEP 14049-900 - Ribeirão Preto (SP), Brasil
    Telefone: (16) 3602-2803
    E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      08 Jul 2011
    • Data do Fascículo
      Fev 2011
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