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Fatores que influenciam o consumo energético de mulheres no tratamento do câncer de mama

Factors associated with changes in energy intake of women after treatment for breast cancer

Resumos

RESUMO OBJETIVO: Investigar alterações no consumo dietético, bem como a influência das características gerais, dos fatores sociodemográficos, clínicos e nutricionais, e do tratamento antineoplásico sobre as mudanças do consumo energético, em mulheres do sul do Brasil, antes e após a realização de terapia adjuvante para o câncer de mama. MÉTODOS: Ensaio clínico não randomizado, conduzido em hospital da rede pública de saúde, com 53 pacientes. Informações dietéticas foram coletadas com questionário de frequência alimentar. Para avaliar os fatores que influenciaram alterações longitudinais da ingestão energética, usou-se modelo de regressão linear de efeitos mistos. RESULTADOS: Houve aumento significativo no consumo diário de energia, de gorduras, cálcio, ferro, cobre, ácidos graxos poli-insaturados, ômega 6 e ômega 3, e uma diminuição significativa da vitamina B2. O modelo final de regressão mostrou aumento médio de 19,2 kcal/mês. As maiores associações com ingestão energética foram frutas e leguminosas, sendo que cada 100 g de consumo destas, resultou um acréscimo médio de 68,4 e 370,5 kcal, respectivamente. Mulheres com idade compreendida entre 51 e 60 anos consumiram 403,5 kcal menos do que aquelas com idade de 31 a 50 anos. CONCLUSÃO: Observou-se que houve aumento na ingestão energética durante o tratamento e que o aumento na ingestão de frutas e leguminosas foi associado com aumentos significativos na ingestão de energia.

Ingestão de energia; Consumo de alimentos; Neoplasias da mama/terapia; Antineoplásicos/uso terapêutico; Quimioterapia adjuvante; Frutas; Verduras; Fabaceae


PURPOSE: To investigate changes in the dietary consumption as well as the influence of the general characteristics, of the sociodemographic, clinical and nutritional factors, and of the antineoplastic therapy on the changes in the energy intake of women from southern Brazil, before and after adjuvant therapy for breast cancer. METHODS: A non-randomized clinical study was conducted on 53 patients at a hospital of the public health network. Dietary information was collected with a food frequency questionnaire. A mixed-effects linear regression model was used to evaluate the factors that influenced longitudinal alterations of energy intake. RESULTS: A significant increase was observed in daily energy intake of fats, calcium, iron, copper, polyunsaturated fatty acids, omega 6 and omega 3, and a significant decrease in vitamin B2 intake. The final regression model for the change in energy intake showed an average increase of 19.2 kcal/month. Fruit and legume consumption showed the highest association with energy intake, with each 100 g consumed resulting in an average increase of 68.4 and 370.5 kcal, respectively. Women in the 51 to 60 year age range consumed 403.5 kcal less than those in the 31 to 50 year age range. CONCLUSION: There was an increase in energy intake during treatment and the increase in the ingestion of fruits and legumes was associated with significant increases in energy intake.

Energy intake; Food consumption; Breast cancer/therapy; Antineoplastic agents/therapeutic use; Chemotherapy; adjuvant; Fruits; Vegetables; Fabaceae


ARTIGO ORIGINAL

Fatores que influenciam o consumo energético de mulheres no tratamento do câncer de mama

Factors associated with changes in energy intake of women after treatment for breast cancer

Claudia AmbrosiI; Patricia Faria Di PietroII; Gabriele RockenbachIII; Francilene Gracieli Kunradi VieiraIV; Daisy GalvanV; Carlos Gilberto CrippaVI; Maria Arlene FaustoVII

IMestre do Programa de Pós-Graduação em Nutrição do Centro de Ciências da Saúde; Doutoranda do Programa de Ciência dos Alimentos da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC – Florianópolis (SC), Brasil

IIProfessora Associada do Programa de Pós-Graduação em Nutrição do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC – Florianópolis (SC), Brasil

IIIMestre do Programa de Pós-Graduação em Nutrição do Centro de Ciências da Saúde na Universidade Federal de Santa Catarina – Florianópolis (SC), Brasil; Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia do Centro de Ciências Médicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRS – Porto Alegre (RS), Brasil

IVPós-Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Nutrição do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC – Florianópolis (SC), Brasil

VMestre do Programa de Pós-Graduação em Nutrição do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC – Florianópolis (SC), Brasil

VIProfessor Adjunto do curso de Graduação em Medicina do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC – Florianópolis (SC), Brasil; Médico Mastologista na Maternidade Carmela Dutra da Secretaria do Estado da Saúde de Santa Catarina (SC), Brasil

VIIProfessora Adjunta do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Nutrição da Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP – Ouro Preto (MG), Brasil

Correspondência Correspondência: Patricia Faria Di Pietro Universidade Federal de Santa Catarina Centro de Ciências da Saúde Programa de Pós-Graduação em Nutrição Campus Trindade – CEP: 88010-970 Florianópolis (SC), Brasil

RESUMO

OBJETIVO: Investigar alterações no consumo dietético, bem como a influência das características gerais, dos fatores sociodemográficos, clínicos e nutricionais, e do tratamento antineoplásico sobre as mudanças do consumo energético, em mulheres do sul do Brasil, antes e após a realização de terapia adjuvante para o câncer de mama.

MÉTODOS: Ensaio clínico não randomizado, conduzido em hospital da rede pública de saúde, com 53 pacientes. Informações dietéticas foram coletadas com questionário de frequência alimentar. Para avaliar os fatores que influenciaram alterações longitudinais da ingestão energética, usou-se modelo de regressão linear de efeitos mistos.

RESULTADOS: Houve aumento significativo no consumo diário de energia, de gorduras, cálcio, ferro, cobre, ácidos graxos poli-insaturados, ômega 6 e ômega 3, e uma diminuição significativa da vitamina B2. O modelo final de regressão mostrou aumento médio de 19,2 kcal/mês. As maiores associações com ingestão energética foram frutas e leguminosas, sendo que cada 100 g de consumo destas, resultou um acréscimo médio de 68,4 e 370,5 kcal, respectivamente. Mulheres com idade compreendida entre 51 e 60 anos consumiram 403,5 kcal menos do que aquelas com idade de 31 a 50 anos.

CONCLUSÃO: Observou-se que houve aumento na ingestão energética durante o tratamento e que o aumento na ingestão de frutas e leguminosas foi associado com aumentos significativos na ingestão de energia.

Palavras-chave: Ingestão de energia, Consumo de alimentos, Neoplasias da mama/terapia, Antineoplásicos/uso terapêutico, Quimioterapia adjuvante, Frutas, Verduras, Fabaceae.

ABSTRACT

PURPOSE: To investigate changes in the dietary consumption as well as the influence of the general characteristics, of the sociodemographic, clinical and nutritional factors, and of the antineoplastic therapy on the changes in the energy intake of women from southern Brazil, before and after adjuvant therapy for breast cancer.

METHODS: A non-randomized clinical study was conducted on 53 patients at a hospital of the public health network. Dietary information was collected with a food frequency questionnaire. A mixed-effects linear regression model was used to evaluate the factors that influenced longitudinal alterations of energy intake.

RESULTS: A significant increase was observed in daily energy intake of fats, calcium, iron, copper, polyunsaturated fatty acids, omega 6 and omega 3, and a significant decrease in vitamin B2 intake. The final regression model for the change in energy intake showed an average increase of 19.2 kcal/month. Fruit and legume consumption showed the highest association with energy intake, with each 100 g consumed resulting in an average increase of 68.4 and 370.5 kcal, respectively. Women in the 51 to 60 year age range consumed 403.5 kcal less than those in the 31 to 50 year age range.

CONCLUSION: There was an increase in energy intake during treatment and the increase in the ingestion of fruits and legumes was associated with significant increases in energy intake.

Keywords: Energy intake, Food consumption, Breast cancer/therapy, Antineoplastic agents/therapeutic use, Chemotherapy, adjuvant, Fruits, Vegetables, Fabaceae.

Introdução

Os fatores dietéticos e nutricionais desempenham grande papel e influenciam a qualidade e a quantidade da vida após o diagnóstico do câncer1. Nos últimos anos, houve uma expansão do número de estudos que investigam a influência que o estilo de vida exerce no desenvolvimento, evolução e prognóstico do câncer de mama2. As evidências científicas de que a dieta pode ser um fator complexo no desenvolvimento de tumores3 têm levado pesquisadores4 a investigar se as alterações no padrão da ingestão de energia, nutrientes e alimentos específicos podem exercer algum efeito sobre o prognóstico da doença5.

O diagnóstico do câncer de mama resulta em modestas mudanças dietéticas6. Pesquisas mostram que sobreviventes do câncer de mama aumentaram voluntariamente o consumo de frutas e legumes e diminuíram a ingestão de gordura7-9. Providos do conhecimento de que mulheres com câncer de mama são altamente motivadas às alterações no seu estilo de vida10, também são informadas sobre os aspectos envolvidos na prevenção da doença e, por isso, são mais suscetíveis a fazerem alterações na sua dieta11. Vários estudos, incluindo intervenções alimentares têm sido propostos12. Hebert et al.13 no entanto, sugerem que o fato das mulheres conhecerem o que seria uma dieta ideal estaria exercendo influência nas respostas frente às questões dietéticas.

De acordo com uma investigação6, a preocupação existente é que a maioria das mulheres, mesmo aumentando a ingestão de frutas e vegetais após o diagnóstico, ainda consome, em média, uma quantidade inferior à recomendação de cinco porções diárias.

Muitos estudos analisaram a relação entre componentes dietéticos e risco para o desenvolvimento do câncer da mama. Em função dos achados, uma dieta rica em frutas e vegetais e pobre em gorduras é conjecturada por melhorar o prognóstico de câncer de mama e diminuir o risco de reincidência10. Esses resultados, porém, precisam ser confirmados por estudos adicionais que abordem, não apenas a dieta pré-morbidade, mas, também, as alterações dietéticas feitas após o diagnóstico. Uma avaliação criteriosa dessas mudanças é necessária para compreender as possíveis consequências clínicas sobre o tempo de sobrevivência5.

O presente estudo foi realizado com propósito de investigar alterações no consumo de alimentos e nutrientes, bem como a influência das características gerais, fatores sociodemográficos, clínicos e nutricionais, e terapêuticos sobre as mudanças do consumo energético, em mulheres sul-brasileiras, avaliadas antes e após o tratamento para o câncer de mama.

Métodos

Delineamento e local do estudo

Ensaio clínico não randomizado foi conduzido com mulheres recém tratadas cirurgicamente para o câncer de mama, em instituição de atendimento público de saúde denominada Maternidade Carmela Dutra, Florianópolis, Santa Catarina, região sul do Brasil, de outubro de 2006 até julho de 2008 e que concluíram o tratamento cirúrgico e adjuvante (quimioterapia e radioterapia) até fevereiro de 2009.

O estudo foi conduzido em duas etapas. A primeira, denominada tempo zero (T0) foi realizada na fase pré-cirúrgica, antes do início de qualquer tratamento antineoplásico e, a segunda, denominada tempo um (T1), após o término dos tratamentos adjuvantes (cirúrgico, quimioterápico e/ou radioterápico) para o câncer de mama.

No T0 e no T1 foram coletadas informações gerais, sociodemográficas, clínicas, antropométricas e de ingestão de alimentos. Durante a entrevista no T1, também foram coletadas informações sobre a realização do tratamento, tipo e duração.

População e amostragem

Foram selecionadas a participar da amostra de conveniência, no T0, todas as mulheres internadas para realização de cirurgia da mama, com exame anatomopatológico positivo para malignidade ou que estavam em processo de investigação, confirmado posteriormente. Após o término do tratamento, as mesmas mulheres foram convidadas a retornarem ao ambulatório, para a realização do T1.

Os critérios de exclusão no T0 foram: história prévia de câncer, cirurgia mamária anterior, ter realizado algum tipo de tratamento antineoplásico neoadjuvante ou uso de tamoxifeno prévio, gestantes, nutrizes ou vírus da imunodeficiência humana (HIV) positivas.

Das 91 mulheres selecionadas a participar, 69 delas preencheram os critérios de inclusão e concordaram em participar do estudo no T0. Houve uma perda amostral de onze mulheres, sendo que seis não foram localizadas e outras cinco se recusaram a comparecer na consulta de retorno. Fizeram parte do T1, 58 mulheres. Porém, durante a análise dos dados, cinco delas foram excluídas por relatarem o consumo de energia abaixo do gasto energético basal (Basal Energy Expendicture - BEE), estimada de acordo com a equação oficial de consumo dietético14, e caracterizada como sub-relato de consumo, a partir dos critérios do ponto de corte estabelecido previamente15. Dessa forma, a amostra final do estudo foi composta por 53 mulheres.

Todas as participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), no T0 e T1 da pesquisa, o qual foi aprovado pelo Comitê de Ética da Maternidade Carmela Dutra e pelo Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina, sob protocolo número 099/08.

Coleta de dados gerais, sociodemográficos, clínicos e antropométricos

A coleta de todas as informações foi realizada por uma equipe de nutricionistas e estudantes de nutrição devidamente treinados. As informações sociodemográficas e a história clínica foram obtidas por meio de entrevista, utilizando um questionário adaptado de estudos prévios16-18.

Os dados de peso (kg) e de estatura (m) foram obtidos em balança antropométrica mecânica da marca Filizola® (Indústria Filizola S/A, São Paulo, Brasil), com capacidade de 150 kg e precisão de 100 g. A aferição do peso corporal e da altura foi feita com a participante descalça ou calçando meias finas e vestindo o mínimo de roupas, de acordo com os procedimentos padrão19. As medidas de peso e estatura foram utilizadas para o cálculo do índice de massa corporal (IMC), empregando-se a classificação proposta pela Organização Mundial da Saúde20.

Coleta de dados consumo alimentar

Para a obtenção dos dados sobre ingestão, utilizou-se um questionário de frequência alimentar (QFA), previamente validado no Brasil para população adulta21. As adequações feitas, a partir do questionário original, foram: inclusão de alguns alimentos e substituição dos tamanhos de porções pré-estabelecidas por um espaço adicional a cada alimento, para que o entrevistado descrevesse o tamanho da porção usualmente consumida.

A fim de auxiliar as entrevistadas na identificação do tamanho da porção dos alimentos, fez-se uso de utensílios domésticos de vários tamanhos (pratos, copos, xícaras e talheres), além de registro fotográfico para inquéritos dietéticos22. O consumo alimentar habitual foi analisado, quantitativamente, através do tamanho da porção referida, que foi transformado em g ou mL23. A conversão das porções de frutas, bolinhos de padaria, banha de porco, nata, chimarrão foi feita após a pesagem direta e avaliação das medidas de volume das porções informadas, no Laboratório de Técnica Dietética da Universidade Federal de Santa Catarina.

Todos dados do QFA foram convertidos para frequência diária de consumos (expressos em g ou mL). Já os alimentos sazonais, tais como o grupo das frutas, legumes e verduras (FLV), tiveram suas estimativas de consumo obtidas proporcionalmente ao período da safra.

Fundamentado na quantidade diária, foi realizado o cálculo nutricional para cada alimento, no qual se estimou a energia (kcal), proteínas (g), carboidratos (g), lipídios totais (g), ácidos graxos saturados (g), monoinsaturados (g), poli-insaturados (g), colesterol (mg), fibras (g); quanto aos micronutrientes cálcio, magnésio, manganês, ferro, sódio, cobre, zinco, retinol, vitamina B2, vitamina B6 e vitamina C, o cálculo foi feito com base nas informações de composição nutricional, fornecidas na Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO) e tabela USDA (United States Department of Agriculture).

A coleta dos dados foi feita de forma retrospectiva, sendo que, no T0, o consumo relatado referiu-se ao ano precedente e, no T1, ao período pós-cirúrgico até a data da entrevista. Durante o período que compreendeu o estudo, as mulheres com câncer de mama não receberam nenhum tipo de aconselhamento nutricional que possa ter influenciado as suas escolhas alimentares.

Análise estatística

Todas as análises estatísticas foram executadas, utilizando-se software estatístico STATA, versão 9.0 (Stata Corporation). A fim de verificar a normalidade dos dados, foi utilizado o teste Shapiro-Wilk. O teste t de Student pareado ou teste Wilcoxon foram utilizados para avaliar diferenças entre as médias e as medianas, obtidas no T0 e T1.

Com o propósito de avaliar as alterações longitudinais na ingestão de energia, foi usado o modelo de regressão linear de efeitos mistos, ajustado pelo método de máxima verossimilhança. Esse modelo de regressão linear assume que as observações obtidas nas mesmas mulheres são dependentes, e as observações, entre as mulheres, são independentes.

As variáveis que apresentaram um valor de p<0,25 na análise univariada de regressão linear de efeitos mistos, com efeito aleatório no intercepto, foram selecionadas para a construção do modelo final de ingestão de energia. Em todos os testes, foi considerado nível de significância abaixo de 5%.

Resultados

A Tabela 1 apresenta as características sociodemográficas das mulheres com câncer de mama no início do estudo. A maioria delas eram caucasianas (92,5%), com idade entre 31 e 50 anos (49,0%) e escolaridade inferior a 8 anos de estudo (67,9%). Em relação ao IMC no início do estudo, 37,7% tinham sobrepeso e 32,1% obesidade.

Após o tratamento, observou-se que 58,5% das mulheres apresentaram um aumento no peso corporal maior do que 2 kg, 34,0% das mulheres apresentaram perda de peso maior ou igual a 2 kg e 7,5% não alteraram o peso durante o tratamento.

A Tabela 2 apresenta os dados de ingestão de macro e micronutrientes, consumo de FLV e leguminosas de mulheres no T0 e T1 do estudo. Ao final do estudo, verificou-se significativo aumento na ingestão diária de energia, lipídios, cálcio, ferro, cobre e dos ácidos graxos poli-insaturados, ômega 6 e ômega 3. Foi observada diminuição significativa na ingestão de vitamina B2. Não foi observada alteração significativa de consumo em relação aos demais nutrientes e quanto à ingestão de FLV associadas ou não ao consumo de leguminosas.

A Tabela 3 apresenta a análise univariada de regressão linear de efeitos mistos para a ingestão de energia das mulheres com câncer de mama. As variáveis selecionadas para a construção do modelo final para a ingestão de energia foram: tempo de seguimento em meses, tempo de seguimento categorizado, idade categorizada, consumo de frutas e de leguminosas em porções de 100 g.

O modelo final de regressão linear de efeitos mistos para a ingestão de energia (kcal) das mulheres demonstrou que houve um aumento mensal médio de 19,3 kcal ao mês (p<0,05). Cada aumento de 100 g do consumo de frutas e de leguminosas foi associado a um aumento médio do consumo energético de 68,5 kcal (p<0,005) e 370,5 kcal (p<0,0005), respectivamente. As mulheres com idade entre 51 e 60 anos apresentaram uma redução média de 403,5 kcal quando comparadas com as mulheres com idade até 50 anos (p<0,05). Observou-se uma tendência de diminuição da ingestão de energia com o aumento da idade.

Discussão

Os resultados do presente estudo mostraram aumento significativo no consumo energético e na ingestão de alguns macronutrientes e micronutrientes durante o período de tratamento para o câncer de mama. Apesar de não ter sido observada alteração na ingestão de FLV durante o tratamento, no T0, as quantidades relatadas já ultrapassavam as recomendações da Diretriz 3 do Guia Alimentar para a população brasileira24 e da recomendação número 4, do relatório de perspectiva global da World Cancer Research Found4. Ambas preconizam o consumo mínimo de 400 g/dia de FLV. Quando agrupadas, FLV e leguminosas (feijão e lentilha), o consumo observado entre o T0 e o T1, também não foi alterado (p=0,97). O modelo final de regressão linear de efeitos mistos mostrou que, a cada porção consumida de frutas (100 g) e de leguminosas (100 g) foi associada a um incremento de 68,4 kcal e 370,5 kcal no aporte calórico, respectivamente.

Em outro estudo6, as mulheres autorrelataram aumento nas porções diárias de frutas, descrevendo cerca de um quarto de porção diária a mais, o que é considerado muito pouco e preocupante. Segundo os autores desse estudo, a ingestão usual de frutas e vegetais já era baixa, e um pequeno acréscimo não seria suficiente para que as mulheres atinjam as cinco porções recomendadas (400 g), ao contrário do que foi evidenciado aqui.

Existem algumas dificuldades ao comparar quantidades de FLV, entre diversos estudos. Em primeiro lugar porque uma porção deste grupo pode variar amplamente entre diferentes culturas. Em segundo lugar, o agrupamento dos alimentos difere entre as pesquisas. Nosso estudo não incluiu, no grupo dos legumes e verduras, os alimentos ricos em amido (tubérculos), assim como submetidos à fritura. Como exemplo, alguns estudos podem incluir neste grupo a batata frita, batata doce e aipim, chamando-os de vegetais (da palavra inglesa vegetables). Além disso, o consumo de FLV parece variar, amplamente, entre outros países e por diferentes regiões do Brasil, devido à grande diversidade deste grupo alimentar.

Nossas informações chamam atenção para a falta de um padrão ideal de comparação, com o que seria considerada uma recomendação oficial, específica para pessoas que já superaram a doença.

Estudo prévio que avaliou o consumo alimentar de mulheres com câncer de mama, utilizando um QFA semiquantitativo, verificou após dois anos do diagnóstico uma diminuição do consumo energético (16 kcal) e de gorduras (7,6 g/dia)13. Outros autores6 encontraram uma diminuição significativa de consumo energético, e um aumento nas gorduras. Em relação ao consumo de frutas e vegetais, ambos os autores consideram que, mesmo quando ocorre um aumento no consumo, esse não é significativo.

Em relação aos micronutrientes, não há evidência que o aumento no consumo de determinado micronutriente possa melhorar o prognóstico do câncer de mama. O que está bem esclarecido são os benefícios do controle do peso corporal e da prática regular de atividade física para diminuir a recidiva25. Em nossa amostra, encontramos um ganho de peso corporal médio de 2,8 kg, o qual é uma consequência comumente relatada após o diagnóstico de câncer de mama26,27. Observou-se, através do QFA, aumento no consumo de energia durante o período de tratamento, com concomitante aumento de mulheres que iniciaram a prática de atividade física e que destinaram mais tempo ao exercício. Verificou-se que as mulheres que não se exercitaram foram as que mais aumentaram seu consumo energético.

Apesar de ter observado um aumento concomitante da energia, de cálcio, ferro, cobre, ácidos graxos poli-insaturados, ômega 6 e ômega 3 e lipídeos na análise de regressão linear, esse aumento do consumo de energia foi associado ao consumo de alimentos do grupo de frutas e leguminosas, não sendo associado ao ganho de peso e consumo de outros grupos alimentares e nutrientes. Em outro estudo realizado no Brasil28, também não houve associação do consumo energético total com mudanças no peso corporal, mas ocorreu uma associação inversa entre a perda de peso e o aumento no consumo total dos grupos alimentares das frutas, vegetais, e subgrupo de frutas e vegetais amarelos e verde-escuros.

O modelo de regressão linear detectou uma diminuição de aproximadamente 400 kcal na ingestão energética de mulheres entre 51 e 60 anos, o que pode ser decorrente dos efeitos do tratamento. Em estudo realizado com 2.718 mulheres que são consideradas sobreviventes do câncer de mama, foi observado que não houve redução no consumo total de energia. Nesta investigação, constatou-se e que o uso da estratégia de redução na densidade energética consumida, sozinha, não é suficiente para promover a perda de peso desta população29.

Embora poucos estudos quantifiquem alterações dietéticas após o diagnóstico de câncer de mama, há uma série de estudos recentes que apresentam dados sobre a mudança de hábitos alimentares autorrelatados7-9. Em estudo realizado no Canadá, com 250 mulheres, ao questionar se elas haviam mudado sua alimentação desde o diagnóstico, obteve-se, como resultado, que 41% relataram mudar sua dieta7. As alterações mais comuns foram: diminuição no consumo de alimentos gordurosos e aumento no consumo de frutas e legumes.

Dois outros estudos perguntaram, diretamente, se as mulheres aumentaram o consumo de frutas e vegetais e/ou diminuíram a ingestão de gordura. No estudo realizado nos Estados Unidos, com 3.084 mulheres que foram tratadas na fase inicial do câncer de mama e não tiveram recorrência da doença, foi demonstrado que 60% das mulheres aumentaram a ingestão de frutas e vegetais, e 80% registraram uma diminuição do consumo de gordura desde o diagnóstico8. Já, em estudo realizado com mulheres participantes do estudo denominado Women's Health Initiative, no mesmo país, foi observado que 45,0% aumentaram o consumo de frutas e vegetais e 28,5% reduziram a ingestão de gordura. Embora tenham incluído pacientes com outros tipos de cânceres, esse último estudo mostra um resultado importante, pois pacientes com câncer de mama foram as mais susceptíveis a fazer mudanças na sua dieta9.

A partir das constatações, percebe-se que muitas mulheres estão fazendo mudanças consideradas saudáveis após o diagnóstico. Por outro lado, Beagan e Chapman30, justificam que modificações nas escolhas alimentares podem ocorrer, devido à crença das mulheres a respeito da relação entre dieta e o diagnóstico do câncer de mama. Os autores acreditam que a alteração dietética, também é afetada por outros fatores como preocupações sociais, culturais e econômicas, que são tão importantes quanto às crenças de uma mulher. Ainda, alterações podem ser decorrentes da diferença na estratégia terapêutica adotada, devido a carcinomas mamários de mulheres muito jovens serem mais agressivos quando comparadas às mulheres acima de 50 anos31.

Alguns autores justificam que há uma tendência de diminuição no consumo quando o relato é feito pela segunda vez com o mesmo instrumento dietético. Os autores atribuem ao fato dos sujeitos responderem ao QFA mais rapidamente do que fariam quando o mesmo é desconhecido32. Como ocorre em todos os estudos que fazem uso do QFA para avaliar a ingestão alimentar, nossos resultados devem ser interpretados com cautela, uma vez que este método pode ser impreciso, particularmente para cálculo de micronutrientes e macronutrientes13. Além disso, os dados coletados por QFA podem apresentar um viés em relação ao relato do que seria considerado um comportamento desejável13. Por outro lado, apesar de não fornecer informações absolutas, mas sim relativas, o QFA tem a vantagem de quantificar sistematicamente o consumo usual dos indivíduos33.

Uma restrição do estudo foi que não foram levados em consideração os sintomas gástricos pertinentes ao tratamento, que, possivelmente, exercem influência nas escolhas alimentares1. Há também outros fatores ligados ao estilo de vida, que estão altamente correlacionados com ingestão de frutas e vegetais12, que poderiam ter sido especulados.

Por fim, outra limitação é inerente ao desenho do estudo. No T0, a abordagem foi realizada antes do procedimento cirúrgico, período de fortes alterações emocionais, já, o T1 foi aplicado em um período relativamente estável. Embora no T0, tenha sido questionado sobre dieta antes do diagnóstico, é possível que algumas mudanças possam ter sido feitas imediatamente após o conhecimento da suspeita do câncer de mama e, assim, já terem sido contempladas no QFA do T0. Devido ao exposto, a real mudança no consumo pode não ter sido evidenciada completamente.

O fator positivo do presente estudo é que ele oferece o cálculo de nutrientes que envolvem as escolhas alimentares das mulheres no período de tratamento, o qual pode fornecer subsídios para futuras intervenções nesta população.

Agradecimentos

À equipe de enfermagem da Maternidade Carmela Dutra pelo apoio na busca e recepção das pacientes de retorno. Ao Programa de Pós-Graduação em Nutrição da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) – Programa de Fomento à Pós Graduação (PROF), do Edital Universal do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e bolsas de estudo da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica de Santa Catarina (FAPESC).

Recebido 25/10/2010

Aceito com modificações 31/08/2011

Laboratório de Comportamento Alimentar da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC – Florianópolis (SC), Brasil.

Conflito de interesses: não há.

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  • Correspondência:
    Patricia Faria Di Pietro
    Universidade Federal de Santa Catarina Centro de Ciências da Saúde
    Programa de Pós-Graduação em Nutrição
    Campus Trindade – CEP: 88010-970
    Florianópolis (SC), Brasil
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      08 Dez 2011
    • Data do Fascículo
      Ago 2011

    Histórico

    • Aceito
      31 Ago 2011
    • Recebido
      25 Out 2010
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