Acessibilidade / Reportar erro

Efeito protetor da melatonina sobre intoxicações por herbicidas

Protective effect of melatonin on poisoning by herbicides

Resumo:

O uso inadequado de herbicidas pode resultar em intoxicações agudas e, às vezes, crônicas por exposição em longo prazo a baixos níveis desses agentes tóxicos, podendo o herbicida atuar também como agentes teratogênicos, mutagênicos, cancerígenos e desreguladores endócrinos, com o aparecimento de doenças neurodegenerativas e distúrbios reprodutivos. Estudos têm revelado que a melatonina tem propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e imunomoduladoras e atua na reprodução. Essa indolamina está entre os agentes que têm se mostrado benéfico em intoxicações por herbicidas, porém não há relatos do uso de melatonina contra intoxicações por Glifosato-Roundup®, muito menos em associação com o Paraquat. Dessa forma, o maior interesse no tratamento das intoxicações por herbicidas, tem-se concentrado em medidas que impeçam ou minimizem as lesões celulares provocadas nos diversos sistemas biológicos. Assim, a melatonina, como antioxidante conhecido, pode ser mais uma alternativa contra as intoxicações por herbicidas associados e/ou individuais.

Termos de Indexação:
Herbicidas; melatonina; intoxicação por herbicidas

Abstract:

The inadequate use of herbicides may cause serious and sometimes chronic poisoning due to long exposure to low levels of toxic agents. Herbicides may also be teratogenic, mutagenic, cancerigenous agents and endocrine disruptors, with the occurrence of neurodegenerative diseases and reproduction disorders. Several studies have shown that melatonin has antioxidant, anti-inflammatory and immune-modulating qualities, besides affecting the reproduction system. It is among the agents which are beneficent in poisoning by herbicides even though no reports are extant on the use of melatonin against poisoning by Glyphosate-Roundup® alone or associated with Paraquat. Solutions that prevent or minimize cell lesions caused by several biological systems have been focused upon in the treatment for poisoning with herbicides. Thus, melatonin, a known antioxidant, may be an alternative against the poisoning by single or associated herbicides.

Index Terms:
Herbicides; melatonin; herbicide poisoning

Introdução

A utilização de herbicidas ocorre no Brasil desde a década de 1950. Naquela década, a agricultura volta-se para o mercado interno tentando viabilizar o aumento de safras e levando, consequentemente, os agricultores a utilizarem produtos químicos para controlar pragas, fitopatologias e plantas daninhas (Carraro 1997Carraro G. 1997. Agrotóxico e Meio Ambiente: uma proposta de ensino de ciências e de química, 95p., IBGE 2010IBGE 2012. Indicadores de desenvolvimento sustentável. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em <Disponível em http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/recursosnaturais/ids/ids2012.pdf > Acessado em 10 nov. 2013.
http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/...
, ANVISA 2014ANVISA 2014. Monografias de Produtos Agrotóxicos, atualizada em 2007. Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Brasil. Disponível em <Disponível em http://www.anvisa.gov.br/toxicologia/monografias/index.htm > Acessado em 5 de abril, 2015.
http://www.anvisa.gov.br/toxicologia/mon...
). Além disso, o Brasil possui um destaque negativo no cenário mundial como o maior consumidor de agrotóxicos, sendo responsável, na América Latina, por 86% do emprego desses produtos nas lavouras agrícolas, enquanto herbicidas e inseticidas são responsáveis por 60% dos produtos comercializados no país (Pires et al. 2005Pires D.X., Caldas E.D. & Recena M.C.P. 2005. Uso de agrotóxicos e suicídios no estado do Mato Grosso do Sul, Brasil. Cad. Saúde Pública 21(2):598-605., ANVISA 2014ANVISA 2014. Monografias de Produtos Agrotóxicos, atualizada em 2007. Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Brasil. Disponível em <Disponível em http://www.anvisa.gov.br/toxicologia/monografias/index.htm > Acessado em 5 de abril, 2015.
http://www.anvisa.gov.br/toxicologia/mon...
)

A preocupação crescente de especialistas e ambientalistas em relação ao uso de herbicidas é pela grande quantidade utilizadas nas práticas agrícolas que resultam em impactos ambientais pouco conhecidos, além dos inúmeros problemas relacionados à saúde pública (Mascarenha & Pessoa 2013Mascarenha T.K.S.F. & Pessoa Y.S.R.Q. 2013. Aspectos que potencializam a contaminação do trabalhador rural com agrotóxicos: uma revisão integrativa. Trabalho e Educação 22(2):87-103.). Neste contexto, o uso inadequado promove intoxicações agudas e, às vezes crônicas por exposição em longo prazo e a baixos níveis (Maroni et al. 2006Maroni M., Fanetti A.C. & Metruccio F. 2006. Risk assessment and management of occupational exposure to pesticides in agriculture. Med. Lav. 97(2):430-437.). Assim, são reconhecidos ainda como possíveis agentes teratogênicos, mutagênicos, cancerígenos e desreguladores endócrinos, levando ao aparecimento de doenças neurodegenerativas e distúrbios reprodutivos (Feber & Cabral 1991Feber A. & Cabral R. 1991.Toxic epidemics caused by alimentary exposure to pesticides: a review. Food Addit. Contam. A 8(6):755-776., Mostafalou & Abdollahi 2013Mostafalou S. & Abdollahi M. 2013. Pesticides and human chronic diseases: evidences, 1119 mechanisms and perspectives. Toxicol. Appl. Pharmacol 268(2):157-177.).

Dentre os herbicidas mais utilizados destacam-se o Glifosato-Roundup® (N-fosfonometil glicina) (GR) e Paraquat (1,1-dimetil-4,4-bipiridil) (PQ). O GR é considerado inibidor da biossíntese de aminoácidos essenciais de cadeia aromática, enquanto o PQ é um inibidor do fotossistema I ou formador de radicais livres durante a fotossíntese (Magalhães 2001Magalhães P.C., Silva J.B., Durães F.O.M., Karam D. & Ribeiro L.S. 2001. Efeito de doses reduzidas de glyphosate e paraquat simulando deriva na cultura do milho. Planta Daninha 19(2):247-253.). Além disso, o controle de plantas daninhas por meio do uso de herbicidas não seletivos tornou-se uma prática tão difundida nas lavouras, que é quase uma rotina obrigatória para os agricultores (Silva et al. 1998Silva J.B., Rodrigues M.A.T. & Begliomini E. 1998. Indicações para o controle de plantas daninhas na cultura do milho em pós-emergência com o herbicida Sanson 40 SC e sua mistura 1+2 com atrazine. O Ruralista 35(440):9-11.). O GR apresenta elevada eficiência na eliminação de ervas daninhas agindo nos diferentes sistemas enzimáticos e, consequentemente, na síntese de ácidos nucléicos e proteínas, podendo leva-las a morte em poucos dias ou semanas. Apesar do seu princípio ativo (Glifosato) ser classificado como pouco tóxico (WHO 2005Who-World Health Organization. The WHO recommended classification oof pesticides by hazard and guidelines to classification. Geneva, 2005. 56 p. Disponível em <Disponível em http://www.who.int/ipcs publications/pesticides_hazard_rev_3.pdf > Acessado em: 15 set. 2015.
http://www.who.int/ipcs publications/pes...
, ANVISA 2007ANVISA 2007. Sistema de Informações sobre Agrotóxicos (SIA). Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Brasil. Disponível em <Disponível em http://www.portal.anvisa.gov.br > Acessado em 12 jun. 2014.
http://www.portal.anvisa.gov.br...
), as formulações GR apresentam toxicidade relevante sobre a reprodução humano e animal (Sanin et al. 2009Sanin L.H., Carrasquilla G., Solomon K.R., Cole D.C. & Marshall E.J.P. 2009. Regional differences in time to pregnancy among fertile women from five Colombian regions with different uses of glyphosate. J. Toxicol. Environ. Health A 72(15/16):949-960., Benachour & Séralini 2009Benachour N. & Seralini G. 2009. Glyphosate formulations induce apoptosis and necrosis in human umbilical, embryonic, and placental cells. Chem. Res. Toxicol. 22(1):97-105., Romano et al. 2010Romano R.M., Romano M.A., Bernardi M.M., Furtado P.V. & Oliveira C.A. 2010. Prepubertal exposure to commercial formulation of the herbicide glyphosate alters testosterone levels and testicular morphology. Reprod. Toxicol. 84(4):309-317., Dallegrave et al. 2002Dallegrave E., Antese F.D.G., Dalsenter P.R. & Langeloh A. 2002. Acute oral toxicity of glyphosate in Wistar rats. J. Vet. Res. 1:29-36., Çağlar & Kolankaya 2008Çağlar S. & Kolankaya D. 2008. The effect of sub-acute and sib-chronic exposure of rats to the glyphosate-based herbicide Roundup. Environ. Toxicol. Phar. 25(1):57-62.). Além disso, há evidências de efeitos danosos ao meio ambiente como a presença de resíduos após o uso prolongado do herbicida, podendo afetar direta ou indiretamente os organismos do solo e água, a colheita e, em especial, os animais usados na alimentação humana. (Amarante & Santos 2002Amarante Junior O.P. & Santos T.C.R. 2002. Glifosato: propriedades, toxicidade, usos e legislação. Química Nova 25(4):589-593.). Em relação ao PQ, herbicida de contato não seletivo amplamente utilizado na agricultura, apresenta baixo custo, grande eficácia e, aparentemente não possui efeitos poluentes cumulativos para o solo. Porém, quando ingerido, é muito tóxico em humanos e animais, podendo causar intoxicações fatais, principalmente pela falta de um tratamento eficaz na reversão do quadro clínico. O PQ atua mediante mecanismos de indução do estresse oxidativo, produção aumentada de radicais livres associada à depleção dos sistemas antioxidantes do organismo. Sua toxicidade promove danos em vários tecidos e órgão (Almeida et al. 2007Almeida G.L., Schmitt G.C., Bairros A.V., Emanuelli T. & Garcia S.C. 2007. Os riscos e danos nas intoxicações por paraquat em animais domésticos. Ciência Rural 37(50):1506-1512.).

O tratamento das intoxicações por herbicidas baseia-se em medidas que diminuam a absorção, aumentem a excreção e neutralize os efeitos danosos nos teciduais e órgãos (Serra et al. 2003Serra A., Domingos F. & Prata M.M. 2003. Intoxicação por paraquat. Acta Medica Port. 16(1):25-32.). O uso de agentes antioxidantes vem sendo estudado, pois há interesse crescente no estudo de substâncias que possam servir como antídoto nas intoxicações, uma vez que os herbicidas, em especial o PQ aumentam os índices de morbidade e mortalidade (Almeida et al. 2007Almeida G.L., Schmitt G.C., Bairros A.V., Emanuelli T. & Garcia S.C. 2007. Os riscos e danos nas intoxicações por paraquat em animais domésticos. Ciência Rural 37(50):1506-1512.). Por esta razão, pesquisas têm sugerido a utilização de antioxidantes como a melatonina (MLT), pela sua atuação contra injúrias morfofuncionais em tecidos e órgãos (Melchiorri et al. 1995Melchiorri D., Reiter R.J., Attia A.M., Hara M., Burgos A. & Nistico G. 1995. Potent protective effect of melatonin on in vitro paraquat-induced oxidative damage in rats. Life Sci. 56(2):83-89., 1996Melchiorri D., Reiter R.J., Sewerynek E., Hara M., Lidun Chen L. & Nistico G. 1996. Paraquat toxicity and oxidative damage reduction by melatonin. Biochem. Pharmacol. 51(8):1095-1099., Ohta et al. 2000aOhta Y., Kongo M., Sasaki E., Nishida K. & Ishiguro I. 2000a. Therapeutic effect of melatonin on carbon tetrachloride-induced acute liver injury in rats. J. Pineal Res. 28(2):119-126., 2000bOhta Y., Kongo M., Sasaki E., Ishiguro I. & Harada N. 2000b. Protective effect of melatonin against α-naphthylisothiocyanate induced liver injury in rats. J. Pineal Res. 29(1):15-23.). Assim, o objetivo desta revisão foi identificar na literatura científica estudos que enfocassem, especificamente, o potencial toxicológico de herbicidas importantes na agroindústria, que muitas vezes são utilizados de forma indiscriminada, trazendo prejuízos à saúde humana e animal. Além disso, chamar a atenção para o efeito protetor da MLT como uma possível alternativa contra essas intoxicações.

Propriedades Biológicas e Ricos Toxicológicos do Glifosato

O Glifosato após absorvido tem ampla distribuição no organismo, sendo encontrado principalmente nos intestinos, ossos e rins. Aparentemente, sua biotransformação em animais é mínima, em torno de 1% para o seu metabólito o ácido aminometilfosfônico (AMPA). Portanto, quase 100% da quantidade encontrada nos tecidos correspondem ao produto original. A absorção máxima ocorre em 6 h após a ingestão do produto havendo, após este intervalo de tempo, rápido declínio em todos os tecidos, exceto nos ossos onde a eliminação é mais lenta (Brewster et al. 1991Brewster D., Warren J. & Hopkins W. 1991. Metabolism of glyphosate in Sprague-Dawley rats: Tissue distribution, identification and quantification of glyphosate derived materials following a single oral dose. Fund. Appl. Toxicol. 17(1):43-51.). Após cinco dias da administração de dose única de Glifosato, observam-se traços residuais no fígado, rins e musculatura esquelética e a excreção ocorre principalmente pelas vias digestiva e renal (Williams et al. 2000Williams G.M., Kroes R. & Munro I.C. 2000. Safety evaluation and risk assessment of the herbicide roundup and its active ingredient, glyphosate, for humans. Regul. Toxicol. Pharm. 31(2):117-165.).

Em ensaios toxicológicos foi observada maior toxicidade na formulação associada do Glifosato com os seus ingredientes inertes do que o princípio ativo (Glifosato) aplicado isoladamente, indicando que a toxicidade dos ingredientes inertes é maior que que o princípio ativo, e que a sua presença produz maior efeito tóxico (Bradberry et al. 2004Bradberry S.M., Proudfoot A.T. & Vale J.A. 2004. Glyphosate poisoning. Toxicol. Rev. 23(3):159-167., Surgan 2005Surgan M.H. 2005. Toxicity tests: "inert" and active ingredients. Environ. Health Persp. 113(10):657-658., Cox & Surgan 2006Cox C. & Surgan M. 2006. Unidentified inert ingredients in pesticides: implications for human and ennvirommental health. Environ. Health Persp. 114(12):1803-1806.).

Neste contexto, Dallegrave et al. (2003)Dallegrave E., Mantese F.D.G., Coelho R.S., Pereira J.D., Dalsenter P.R. & Langeloh A. 2003. The teratogenic potential of the herbicide glyphosate-Roundup im Wistas rats. Toxicol. Lett. 142(1/2):45-52. observaram retardo no desenvolvimento do esqueleto fetal em ratos Wistar causado pelo Glifosato-Roundup®, e comprovaram esse efeito tóxico sobre o desenvolvimento fetal em exposições agudas, utilizando-se as dosagens orais diárias de 500, 750 ou 1000 mg/kg de peso corporal entre o sexto e 15º dia de gestação. Em adição, Richard et al. (2005)Richard S., Moslemi S., Sipahutar H., Benachour N. & Seralini G. 2005. Differential Effects of Glyphosate and Roundup on Human Placental Cells and Aromatase. Environ. Health Persp. 113(6):715-720. demonstraram em ensaios in vitro que o Glifosato e/ou a formulação comercial Glifosato-Roundup® em baixas concentrações não tóxicas promoveram efeitos adversos sobre a enzima aromatase (responsável pela síntese de estrógenos) em células de placenta humana. Além disso, a formulação permitiu uma maior penetração do Glifosato nas células placentárias, acentuando, assim a redução da atividade enzimática.

O efeito tóxico das formulações também foi confirmado em cultivos de células testiculares de camundongos (Walsh et al. 2000Walsh L.P., McCormick C., Martin C. & Stocco D.M. 2000. Roundup inhibits steroidogenesis by disrupting steroidogenic acute regulatory (StAR) protein expression. Environ. Health Persp. 108(8):769-776.) em mitocôndrias de hepatócitos de ratos (Peixoto 2005Peixoto F. 2005. Comparative effects of the Roundup and glyphosate on mitochondrial oxidative phosphorilation. Chemosphere 61(8):1115-1122.) em cultivo de células embrionárias humanas (Benachour et al. 2007Benachour N., Sipahutar H., Moslemi S., Gasnier C., Travert C. & Séralini G.E. 2007. Time- and dose-dependent effects of roundup on human embryonic and placental cells. Arch. Environ. Con. Tox. 53(1):126-133.) e em embriões de invertebrados (Marc et al. 2002Marc J., Mulner-Lorillon O., Boulben S., Hureau D., Durand G. & Bellé R. 2002. Pesticide Roundup provokes cell division dysfunction at the level of CDK1/cyclin B activation. Chem. Res. Toxicol. 15(3):326-331.). Além disso, estudos in vitro com linhagens de células intestinais revelaram danos às junções celulares (Vasiluk et al. 2005Vasiluk L., Pinto L.J. & Moore M.M. 2005. Oral bioavailability of glyphosate: studies using two intestinal lines. Environ. Toxicol. Chem. 24(1):153-60.), bem como alterações pulmonares, epistaxe, dispneia, perda de peso, diarreia e morte de ratos (Adam et al. 1997Adam A., Marzuki A., Abdul R.H. & Abdul AM. 1997. The oral and intratracheal toxicities of ROUNDUP and its components to rats. Vet. Hum. Toxicol. 39(3):47-51.) acidose metabólica, hipotensão e leucocitose (Tominack et al. 1991Tominack R.L., Yang G.Y., Tsai W.J., Chung H.M. & Deng J.F. 1991. Taiwan National Poison Center survey of glyphosate--surfactant herbicide ingestions. J. Toxicol. Clin. Toxicol. 29(1):91-109.) e efeito cancerígeno em humanos (Guyton et al. 2015Guyton K.Z., Loomis D., Grosse Y., Ghissassi F., Benbrahim-Tallaa L., Guha N., Scoccianti C., Mattock H. & Straif K. 2015. Carcinogenicity of tetrachlorvinphos, parathion, malathion, diazinon, and glyphosate. Lancet Oncol. 17:1-2.).

Propriedades Biológicas e Ricos Toxicológicos do Paraquat

O PQ é altamente tóxico para humanos (Houze et al. 1990Houze P., Baud F.J., Mouy R., Bismuth C., Bourdon R. & Scherrmann J.M. 1990. Toxicokinetics of paraquat in humans. Hum. Exp. Toxicol. 9(1):5-12.) e animais de laboratório (Ogata & Manabe 1990Ogata T. & Manabe S. 2009. Correlation between lipid peroxidation and morphological manifestation of paraquat-induced lung injury in rats. Arch. Toxicol. 64(1):7-13., Satoh et al. 1992Satoh M., Naganuma A. & Imura N. 1992. Effect of preinduction of metallothionein on paraquat toxicity in mice. Arch. Toxicol. 66(2):145-148, 1992.). O mesmo é absorvido por contato dérmico, inalação e, especialmente por ingestão (Houze et al. 1990Houze P., Baud F.J., Mouy R., Bismuth C., Bourdon R. & Scherrmann J.M. 1990. Toxicokinetics of paraquat in humans. Hum. Exp. Toxicol. 9(1):5-12.). Por ingestão, o PQ apresenta absorção oral rápida pela sua alta hidrossolubilidade, sendo predominantemente no intestino delgado, assim o transporte ativo facilita a entrada do herbicida em todas as células da mucosa intestinal. Caso a mucosa do trato gastrintestinal fique comprometida, pelo poder de corrosão do herbicida, o percentual absorvido é suscetível de ser mais elevado, pela absorção por difusão passiva (Dinis-Oliveira et al. 2008Dinis-Oliveira R.J., Duarte J.A., Sánchez-Navarro A., Remião F., Bastos M.L. & Carvalho F. 2008. Paraquat poisonings mechanisms of lung toxicity, clinical features and treatment. Crit. Rev. Toxicol. 38(1):13-71.). Por inalação, o PQ acumula-se, principalmente nos pulmões, onde pode alcançar concentrações letais em menos de 10 horas, além de rins, músculos, coração, fígado (Xarau & Laita 2000Xarau S.N. & Laita A.D. 2000. Intoxicación por paraquat: um puzzle al que le faltan piezas. Med. Clin. 115(14):546-548.) cérebro e adrenais (Schimitt et al. 2006Schimitt G.C., Paniz C., Grotto D., Valentini J., Schott K.L., Pomblum V.J. & Garcia S.C. 2006. Aspectos gerais e diagnóstico clinicolaboratorial da intoxicação por paraquat. J. Bras. Patol. Med. Lab. 42(4):235-243., Almeida et al. 2007Almeida G.L., Schmitt G.C., Bairros A.V., Emanuelli T. & Garcia S.C. 2007. Os riscos e danos nas intoxicações por paraquat em animais domésticos. Ciência Rural 37(50):1506-1512.).

No organismo, o PQ sofre um processo redox cíclico, sendo metabolizado pela ação da enzima NADPH-citocromo P450 redutase que resulta na geração de um radical Paraquat (PQ+•). Assim, produz espécies reativas de oxigênio (EROs) durante sua oxidação com o oxigênio molecular formando o radical ânion superóxido, que é uma espécie altamente reativa. Desta forma, inicia-se o ciclo redox (Bus et al. 1976Bus J.S., Aust S.D. & Gibson J.E. 1976. Paraquat toxicity: proposed mechanism of action involving lipid peroxidation. Environ. Health Perspect. 16:139-146., Alonzo & Corrêa 2008Alonzo H.G.A. & Corrêa C.L. 2008. Praguicidas. p. 623-641. In: Oga S. Fundamentos de Toxicologia. 3ª. ed. Atheneu, São Paulo.). Por fim, o PQ é excretado pelas vias digestiva e renal (Honoré et al. 1994Honoré P., Hantson P.H., Fauville J.P.H., Peeters A. & Mahieu P. 1994. Paraquat poisining: state of the art. Acta Clin. Belg. 49(5):220-228.).

A formação de EROs como o radical superóxido (O2, o peróxido de hidrogênio (H2O2) e o radical hidroxila (OH), além de instáveis, reagem rapidamente com ácidos graxos, provocando lesões nas membranas, proteínas e DNA das células (Schimitt et al. 2006Schimitt G.C., Paniz C., Grotto D., Valentini J., Schott K.L., Pomblum V.J. & Garcia S.C. 2006. Aspectos gerais e diagnóstico clinicolaboratorial da intoxicação por paraquat. J. Bras. Patol. Med. Lab. 42(4):235-243., Dinis-Oliveira et al. 2008Dinis-Oliveira R.J., Duarte J.A., Sánchez-Navarro A., Remião F., Bastos M.L. & Carvalho F. 2008. Paraquat poisonings mechanisms of lung toxicity, clinical features and treatment. Crit. Rev. Toxicol. 38(1):13-71., Martins 2013Martins T. 2013. Herbicida Paraquat: conceitos, modo de ação e doenças relacionadas. Semin. Ciênc. Biol. Saúde 34(2):175-186.).

Em relação a toxicidade sistêmica do PQ tem sido determinada em várias espécies de animais por meio da administração oral. Os sintomas incluem, inflamação da garganta e lábios, vômitos e diarreias. Doses concentradas levam a progressivas dificuldades respiratórias, distensão abdominal em virtude da dilatação do intestino e redução de sua mobilidade (Shimizu et al. 2003Shimizu K. 2003. Paraquat induces long - lasting dopamine overflow through the excitotoxic pathway in the striatum of fruly moving rats. BrainRes. 976(2):243-252.). A sua ação altamente tóxica advém da sua capacidade de produção contínua de EROs, compostos extremamente danosos às células e da perioxidação lipídica das membranas celulares podendo causar alterações morfofisiológicas em diversos órgãos, em especial, nos pulmões, fígado e rim (Serra et al. 2003Serra A., Domingos F. & Prata M.M. 2003. Intoxicação por paraquat. Acta Medica Port. 16(1):25-32.).

Associação de Herbicidas e Suas Consequências

Durante muito tempo pensou-se que a associação de herbicidas com diferentes mecanismos de ação não exercia efeitos adversos à saúde humana e animal, mesmo quando presentes em doses correspondentes a sua NOAEL (nível de efeito adverso não observado). Recentemente, estudos sobre o impacto dessas associações têm causado grande preocupação (Kortenkamp 2008Kortenkamp A. 2008. Low dose mixture effects of endocrine disrupters: implications for risk assessment and epidemiology. Int. J. Androl. 31(2): 233-240., Rider et al. 2010Rider C.V., Furr J.R., Wilson V.S. & Gray Jr L.E. 2010. Cumulative effects of in utero administration of mixtures of reproductive toxicants that disrupt common target tissues via diverse mechanisms of toxicity. Int. J. Androl. 33(2):443-462.) e, ao examinar a literatura verificou-se que a exposição a estas associações, promove efeitos adversos que variam de acordo com os compostos testados, o tecido-alvo e os parâmetros biológicos avaliados (Padhi et al. 2008Padhi B.K., Pelletier G., Williams A., Berndt-Weis L., Yauk C., Bowers W.J. & Chu I. 2008. Gene expression profiling in rat cerebellum following in utero and lactational exposure to mixtures of methylmercury, polychlorinated biphenyls and organochlorine pesticides. Toxicol. Lett. 176(2):93-103., Blystone et al. 2009Blystone C.R., Lambright C.S., Cardon M.C., Furr J., Rider C.V., Hartig P.C., Wilson V.S. & Gray Jr L.E. 2009. Cumulative and antagonistic effects of a mixture of the antiandrogens vinclozolin and iprodione in the pubertal male rat. Toxicol. Sci. 111(1):179-188.). Assim, o uso dessas associações constitui prática relativamente comum na agricultura (Castro 2009Castro V.L.S.S. 2009. Uso de misturas de agrotóxicos na agricultura e suas implicações toxicológicas na saúde. Ecotoxicol. Environ. Contam. 4(1-3):87-94.) com seus resíduos coexistindo em um mesmo ambiente podendo causar diferentes danos aos sistemas biológicos, segundo as interações entre seus diferentes compostos (Laetz et al. 2009Laetz C.A., Baldwin D.H., Collier T.K., Hebert V., Stark J.D. & Scholz N.L. 2009. The synergistic toxicity of pesticide mixtures: implications for risk assessment and the conservation of endangered pacific salmon. Environ. Health Perspect. 117(3):348-353., Wang et al. 2014Wang P., Wang H., Xu M., Liang Y., Sun Y., Yang L., Li L., Li W. & Wu Y. 2014. Combined subchronic toxicity of dichlorvos with malathion or pirimicarb in mice liver and serum: a metabonomic study. Food Chem. Toxicol. 70:222-230.). Além disso, na literatura científica, existe poucas pesquisas sobre os efeitos danosos decorrentes dessas associações em diferentes organismos com relatos de estudos reprodutivos e de desenvolvimento animal (McCarty & Borgert 2006McCarty L.S. & Borgert C.J. 2006. Review of the toxicity of chemical mixtures: theory, policy, and regulatory practice. Regul. Toxicol. Pharm. 45(2):119-143.). O mesmo acontece quando se trata dos feitos sinérgicos de doses subletais (Boobis et al. 2011Boobis A., Budinsky R., Collie S., Crofton K., Embry M., Felter S., Hertzberg R., Kopp D., Mihlan G., Mumtaz M., Price P., Solomon K., Teuschler L., Yang R. & Zaleski R. 2011. Critical analysis of literature on low-dose synergy for use in screening chemical mixtures for risk assessment. Crit. Rev. Toxicol. 41(5):369-383.).

Neste contexto, alguns estudos sinalizam a importância do problema. Assim, Rouimi et al. (2012)Rouimi P., Zucchini-Pascal N., Dupont G., Razpotnik A., Fouché E., Sousa G. & Rahmani R. 2012. Impacts of low doses of pesticide mixtures on liver cell defence systems. Toxicol. In Vitro 26(5):718-726. reportaram em estudos in vitro com células hepáticas expostas à associação contendo o herbicida Atrazina desregulação gênica responsável pela codificação de enzimas metabólicas e vias de desintoxicação. Esses resultados, em um contexto de exposição crônica, poderiam eventualmente promover patologias em seres humanos e animais. Além disso, associações contendo os herbicidas Alachlor, Captan, Diazinon, normalmente ingeridos através do consumo de frutas e legumes, promoveram alterações importantes em metabólitos hepáticos envolvidos no estresse oxidativo e na regulação do metabolismo da glicose em camundongos (Merhi et al. 2010Merhi M., Demur C., Racaud-Sultanb C., Bertrandb J., Canlet C., Blas F., Estrada Y. & Gamet-Payrastrea L. 2010. Gender-linked haematopoietic and metabolic disturbances induced by a pesticide mixture administered at low dose to mice. Toxicology 267(1/3):80-90.).

Em associações contendo os herbicidas Sulfentrazona e Atrazina foram reportados toxicidade reprodutiva e/ou no desenvolvimento dos organismos expostos (Castro et al. 2009Castro V.L.S.S. 2009. Uso de misturas de agrotóxicos na agricultura e suas implicações toxicológicas na saúde. Ecotoxicol. Environ. Contam. 4(1-3):87-94.). De acordo com a Agência de Proteção Ambiental (EPA 1997EPA U.S. Environmental Protection Agency 1997. Special Report on Environmental Endocrine Disruption: an effects assessment and analisys, Report EPA/630/R-96/012. Disponível em <Disponível em http://www.epa.gov/osainter/raf/publications/pdfs/ENDOCRINE.PDF > Acessado em 22 de jun. 2015.
http://www.epa.gov/osainter/raf/publicat...
), contaminantes ambientais como os herbicidas que podem interferir na síntese, secreção, transporte, ligação, ação ou eliminação de hormônios naturais como o LH, FSH, Testosterona, Estrogênio e Progesterona responsáveis pela manutenção, reprodução, desenvolvimento e/ou comportamento dos organismos são conhecidos como desreguladores endócrinos. Demur et al. (2013)Demur C., Métais B., Canlet C., Tremblay-Franco M., Gautier R., Blas-Y-Estrada F., Sommer C. & Gamet-Payrastre L. 2013. Dietary exposure to a low dose of pesticides alone or as a mixture: The biological metabolic fingerprint and impact on hematopoiesis. Toxicology 308:74-87. mostraram que a exposição à dose subletal de herbicidas associados desde o desenvolvimento fetal até a idade adulta levou a grandes mudanças nos níveis de glicose plasmática e desordens hematopoiéticas, sugerindo que, mesmo quando os contaminantes não excedam a dose de referência como o nível de risco mínimo (MLR), ingestão diária aceitável (ADI) e a NOAEL, a segurança alimentar ainda pode ser um problema sério. Roustan et al. (2014)Roustan A., Aye M., De Meo M. & Di Giorgio C. 2014. Genotoxicity of mixtures of glyphosate and atrazine and their environmental transformation products before and after photoactivation Chemosphere 108:93-100. demostraram em ensaios in vitro com células de ovário de hamster (CHO-K1) que a associação dos herbicidas Glifosato e Atrazina e seus produtos de degradação AMPA e desetilatrazina (DEA), respectivamente, revelaram propriedades genotóxicas induzindo a formação de micronúcleos.

Estudos experimentais em ratos e camundongos têm evidenciado uma série de alterações no desenvolvimento intrauterino, cujos danos são observados somente a posteriori. Entretanto, estudos em seres humanos ainda são contraditórios, porém indicam maior risco destes desfechos em recém-nascidos cujas mães se expuseram a herbicidas (Clementi et al. 2007Clementi M., Causin R., Marzocchi C., Mantovani A. & Tenconi R. 2007. A study of the impact of agricultural pesticide use on the prevalence of birth defects in Northeast Italy. Reprod. Toxicol. 24(1):1-8.). Neste contexto, a transferência de herbicidas na interfase materno-fetal pode promover danos ao feto, bem como à placenta, tecidos e órgãos maternos (Barr et al. 2007Barr D., Bishop A. & Needham L. 2007. Concentrations of xenobiotic chemicals in the maternal-fetal unit. Reprod. Toxicol. 23(3):260-266.).

Melatonina: Considerações Gerais

A melatonina (N-acetil-5-metoxitriptamina) (MLT) é um neuro-hormônio pertencente ao grupo das indolaminas sintetizada, principalmente, na glândula pineal. Além da pineal, a MLT também pode ser secretada em menor quantidade pela retina, ossos, pele, intestino, plaquetas, bile (Acuña-Castroviejo et al. 2014Acuña-Castroviejo D., Escames G., Venegas C., Díaz-Casado M.E., Lima-Cabello E., López L.C., Rosales-Corral S., Tan D. & Reiter R.J. 2014. Extrapineal melatonin: sources, regulation, and potential functions. Cell. Mol. Life Sci. 71(17):2997-3025.), timo, baço, coração, músculo esquelético, fígado, estômago, intestino, placenta, testículos, ovários, córtex cerebral e corpo estriado (Stefulj et al. 2001Stefulj J., Hortner M., Ghosh M., Schauenstein K., Rinner I., Wolfler A., Semmler J. & Liebmann P.M. 2001. Gene expression of the key enzymes of melatonin synthesis in extrapineal tissues of the rat. J. Pineal Res. 30(4):243-247., Sanchez-Hidalgo et al. 2009Sanchez-Hidalgo M., De La Lastra C.A., Carrascosa-Salmoral M.P., Naranjo M.C., Gomez-Corvera A., Caballero B. & Guerrero J.M. 2009. Age-related changes in melatonin synthesis in rat extrapineal tissues. Exp. Gerontol. 44(5):328-334.). A MLT de produção extrapineal tem uma ação parácrina, autócrina e/ou intrácrina de proteção contra estresse oxidativo (Luchetti et al. 2010Luchetti F., Canonico B., Betti M., Arcangeletti M., Pilolli F., Piroddi M., Canesi L., Papa S. & Galli F. 2010. Melatonin signaling and cell protection function. FASEB J. 24:(10)3603-3624.) e modulação da resposta imunológica (Carrillo-Vico et al. 2004Carrillo-Vico A., Calvo J.R., Abreu P., Lardone P.J., Garciamaurino S., Reiter R.J. & Guerrero J.M. 2004. Evidence of melatonin synthesis by human lymphocytes and its physiological significance: possible role as intracrine, autocrine, and/or paracrine substance. FASEB J. 18(3):537-539.).

A MLT é metabolizada principalmente no fígado ( Fig.1 ) através de uma via clássica de hidroxilação, envolvendo enzimas do sistema citocromo P450, que catalisa a formação de 6-hidroximelatonina que então sofre conjugação com ácido glicurônico ou sulfato, gerando o composto 6-sulfatoximelatonina, que posteriormente será excretado na urina (Boutin et al. 2005Boutin J.A., Audinot V., Ferry G. & Delagrange P. 2005. Molecular tools to study melatonin pathways and actions. Trends Pharmacol. Sci. 26(8): 412-419.). Patologias hepáticas e renais, como cirrose e insuficiência renal crônica, são conhecidos por alterarem as taxas de eliminação desse composto (Viljoen et al. 1992Viljoen M., Steyn M.E., Van Rensburg B.W. & Reinach S.G. 1992. Melatonin in chronic renal failure. Nephron. 60(2):138-143., Kunz et al. 1999Kunz D., Schmitz S., Mahlberg R., Mohr A., Stöter C., Wolf K.-J. & Hermann W.M.A. 1999. A new concept for melatonin deficit: on pineal calcification and melatonin excretion. Neuropsychopharmacology 21(6):765-772.).

Fig.1:
Representação esquemática de vias metabólicas de degradação da MLT (Adaptado de Zlotos et al. 2014Zlotos D.P., Jockers R., Cecon E., Rivara S. & Witt-Enderby P.A. 2014. MT1 and MT2 melatonin receptors: ligands, models, oligomers, and therapeutic potential. J. Med. Chem57(8):3161-3185.).

No tecido cerebral ( Fig.1 ), uma parte da MLT é convertida a N¹-acetil-N²-formil-5-metoxikynuramina (AFMK) (Hirata et al. 1974Hirata F., Hayaishi O., Tokuyama T. & Seno S. 1974. In vitro and in vivo formation of two new metabolites of melatonin. J. Biol. Chem. 249(4):1311-1313.), possivelmente através de clivagem oxidativa do anel indólico, catalisada por enzimas como a indolamina-2,3-dioxigenase, seguida de deformilação, formando N-acetil-5-metoxikynunamina (AMK), por ação da enzima formamidase. A MLT pode ser convertida em AFMK por reações enzimáticas, pseudoenzimáticas e ainda por irradiação de ultravioleta e reação com EROs (Kvetnoy et al. 1997Kvetnoy I.M., Sandvik A.K. & Waldum H.L. 1997. The diffuse neuroendocrine system and extrapineal melatonin. J. Mol. Endocrinol. 18(1):1-3.).

Apesar de alguns trabalhos demonstrarem a ação direta da MLT sobre as espécies reativas de oxigênio (EROS) e nitrogênio (ERNs) (Horstman et al. 2002Horstman J.A., Wrona M.Z. & Dryhurst G. 2002. Further insights into the reaction of melatonin with hydroxyl radical. Bioorg. Chem. 30(5):371-382.), muitos outros atribuem sua ação antioxidante aos metabólitos que são gerados durante o estresse oxidativo. A degradação da MLT em N¹-acetil-N²-formil-5-metoxikynuramina (AFMK) e N-acetil-5-metoxikynunamina (AMK) eleva a ação de enzimas antioxidantes e inibe a ação de mediadores pró-inflamatórios (Silva et al. 2004Silva S.O., Rodrigues M.R., Ximenes V.F., Bueno-Da-Silva A.E., Amarante-Mendes G.P. & Campa A. 2004. Neutrophils as a specific target for melatonin and kynuramines: effects on cytokine release. J. Neuroimmunol. 156(1-2):146-152. Mayo et al. 2005Mayo J.C., Sainza R.M., Tan D., Hardelandd R., Leon J., Rodrigueza C. & Reiter R.J. 2005. Anti-inflammatory actions of melatonin and its metabolites, N1-acetyl-N2-formyl-5-methoxykynuramine (AFMK) and N1-acetyl-5-methoxykynuramine (AMK), in macrophages. J. Neuroimmunol. 165(1/2):139-149., Tan et al. 2007Tan D., Manchester L.C., Terron M.P., Flore J. & Reiter R.J. 2007. One molecule, many derivatives: A never-ending interaction of melatonin with reactive oxygen and nitrogen species? J. Pineal Res. 42(1):28-42.). Outras vias metabólicas menos importantes, que ocorrem em diversos tipos celulares, levam à formação de N-acetilserotonina e de 3-hidroximelatonina cíclica ( Fig.1 ), sendo esse último uma possível fonte de AFMK (Zlotos et al. 2014Zlotos D.P., Jockers R., Cecon E., Rivara S. & Witt-Enderby P.A. 2014. MT1 and MT2 melatonin receptors: ligands, models, oligomers, and therapeutic potential. J. Med. Chem57(8):3161-3185.).

A MLT também é relatada como agente anti-inflamatório, contribui para a eliminação de radicais livres e regula a síntese da cicloxigenase 2 (COX-2) (Mayo et al. 2005Mayo J.C., Sainza R.M., Tan D., Hardelandd R., Leon J., Rodrigueza C. & Reiter R.J. 2005. Anti-inflammatory actions of melatonin and its metabolites, N1-acetyl-N2-formyl-5-methoxykynuramine (AFMK) and N1-acetyl-5-methoxykynuramine (AMK), in macrophages. J. Neuroimmunol. 165(1/2):139-149.). Assim, apresenta uma estrutura semelhante a COX-2 e, por isso pode se ligar ao seu sítio ativo, atuando como um inibidor natural das funções dessa enzima, ao modular de maneira natural a sua atividade (De la Rocha et al. 2007De La Rocha N., Rotelli A., Aguilar C.F. & Pelzer L. 2007. Structural basis of the anti-inflammatory activity of melatonin. Arzneimittelforschung 57(12):782-786.), limitando a produção de quantidades excessivas de óxido nítrico (NO), prostanoides e leucotrienos, bem como outros mediadores do processo inflamatório, como citocinas, quimiocinas e moléculas de adesão (Martins et al. 2013Martins T. 2013. Herbicida Paraquat: conceitos, modo de ação e doenças relacionadas. Semin. Ciênc. Biol. Saúde 34(2):175-186.). Acredita-se que as ações anti-inflamatórias da MLT são decorrentes da formação do metabólito AMK, capaz de causar inibição e infrarregulação da COX-2 (Hardeland et al 2006Hardeland R., Pandi-Perumal S.R. & Cardinali D.P. 2006. Melatonin. Int. J. Biochem. Cell. Biol. 38(3):313-316.).

Finalmente, a MLT é uma molécula evolutivamente conservada, que reduz direta e indiretamente a peroxidação lipídica (LPO) em animais e plantas, especialmente in vivo. Assim, não se sabe se essa ação protetora é exclusivamente imputável à sua capacidade de eliminar radicais livres ou se é uma consequência desta ação por seus metabólitos o c3OHM, AFMK ou AMK, uma vez que todos os metabólitos são formados durante a cascata antioxidante da MLT. Outro aspecto importante sobre MLT e seus metabólitos é a ausência de qualquer atividade pró-oxidante em células normais, uma característica que ocorre com alguns antioxidantes clássicos (Reiter et al. 2014Reiter R.J., Tan D., Tamura H., Cruz M.H.C. & Fuentes-Broto L. 2014. Clinical relevance of melatonin in ovarian and placental physiology: a review. Gynecol. Endocrinol. 30(2):83-89.).

Melatonina e Intoxicação por Herbicidas

As intoxicações por herbicidas representam, com já mencionado anteriormente, um problema de saúde pública em virtude da elevada incidência. O maior interesse no tratamento das intoxicações por pesticidas tem-se concentrado em medidas que impeçam ou minimizem as lesões celulares (Serra et al. 2003Serra A., Domingos F. & Prata M.M. 2003. Intoxicação por paraquat. Acta Medica Port. 16(1):25-32.). Nesse sentido, enfatiza-se a utilização de várias substâncias, entre elas a MLT (Cagnoli et al. 1995Cagnoli C.M., Atabay C., Kharlamova E. & Manev H. 1995. Melatonin protects neurons from singlet oxygen-induced apoptosis. J. Pineal Res. 18(4):222-226., Melchiorri et al. 1996Melchiorri D., Reiter R.J., Sewerynek E., Hara M., Lidun Chen L. & Nistico G. 1996. Paraquat toxicity and oxidative damage reduction by melatonin. Biochem. Pharmacol. 51(8):1095-1099.).

Nas duas últimas décadas, muitos estudos têm reportado que a MLT atua como antioxidante dente outras propriedades funcionais (Reiter et al. 1997Reiter R.J., Carneiro R.C. & Oh C.S. 1997. Melatonin in relation to cellular antioxidative defense mechanisms. Horm. Metab. Res. 29(8):363-372., Galano et al. 2011Galano A., Tan D.X. & Reiter R.J. 2011. Melatonin as a natural ally against oxidative stress: a physicochemical examination. J. Pineal Res. 51(1):1-16.). Neste contexto, Bhatti et al. (2011)Bhatti J.S., Sidhu I.P. & Bhatti G.K. 2011. Ameliorative action of melatonin on oxidative damage induced by atrazine toxicity in rat erythrocytesMol. Cell. Biochem. 353(1/2):139-149. constataram efeito protetor da MLT na dose de 10mg/kg/dia via intraperitoneal (i.p.) contra danos oxidativos em eritrócitos de ratos expostos a 300mg/kg/dia de herbicida Atrazina. Em outro estudo, a MLT em dose de 20 mg/kg/dia e administrada pela mesma via (i.p.) promoveu ação hepatoprotetora contra a LPO, reduziu a taxa de mortalidade e toxicidade renal em ratos expostos ao herbicida Diquat na dose 40mg/kg/dia (Zhang et al. 2006Zhang L., Wei W., Xu J., Min F., Wang L., Wang X., Cao S., Tan D., Qi W. & Reiter R.J. 2006. Inhibitory effect of melatonin on diquat-induced lipid peroxidation in vivo as assessed by the measurement of F2-isoprostanes. J. Pineal Res. 40(4):326-331., Xu et al. 2007Xu J., Sun S., Wei W., Fu J., Qi W., Manchester L.C., Tan D.X. & Reiter R.J. 2007. Melatonin reduces mortality and oxidatively mediated hepatic and renal damage due to diquat treatment. J. Pineal Res. 42(2):166-171.). Em estudo in vitro, a MLT nas concentrações de 0,1 e 0,5nM foi capaz de neutralizar a maioria das mudanças redox nas células granulares do cerebelo produzidos pelo herbicida ácido 2,4-diclorofenoxiacético na concentração de 1 mM. Assim, a MLT destaca-se mais uma vez como um agente protetor, sendo nesse caso um efeito direto no sistema nervoso central (Bongiovanni et al. 2007Bongiovanni B., De Lorenzi P., Ferri A., Konjuh C., Rassetto M., Evangelista D.A.M., Cardinali D.P. & Duffard R. 2007. Melatonin decreases the oxidative stress produced by 2,4-dichlorophenoxyacetic acid in rat cerebellar granule cells. Neurotox. Res. 11(2):93-9.).

O papel citoprotetor da MLT sobre o mecanismo imunotóxico do herbicida Atrazina foi estudado em ratos por Sharma et al. (2014)Sharma S., Sarkar J., Haldar C. & Sinha S. 2014. Melatonin reverses fas, E2F-1 and endoplasmic reticulum stress mediated apoptosis and dysregulation of autophagy induced by the herbicide Atrazine in murine splenocytes. PLOS One 9(9):1-11.. Estes observaram que a MLT na dose de 20 mg/kg via (i.p.) reduziu o estresse do retículo endoplasmático, apoptose mitocondrial, bem como os sinais de autofagia. Já em relação ao herbicida PQ extremamente tóxico por via oral e o Diquat tóxico, especialmente no intestino e fígado (Paredes & Reiter 2010Paredes S.D. & Reiter R.J. 2010. Melatonin: Helping cells cope with oxidative disaster. Cell Membr. Free Radical Res. 2(3):99-111.), a MLT na dose de 10mg/kg foi capaz de reduzir danos oxidativos provocados por ambos os herbicidas. Além disso recuperou os níveis de glutationa reduzida (GSH) hepática e pulmonar, bem como elevou a DL50 dos ratos de 75mg/kg para 251 mg/kg de PQ (Melchiorri et al. 1995Melchiorri D., Reiter R.J., Attia A.M., Hara M., Burgos A. & Nistico G. 1995. Potent protective effect of melatonin on in vitro paraquat-induced oxidative damage in rats. Life Sci. 56(2):83-89., 1996Melchiorri D., Reiter R.J., Sewerynek E., Hara M., Lidun Chen L. & Nistico G. 1996. Paraquat toxicity and oxidative damage reduction by melatonin. Biochem. Pharmacol. 51(8):1095-1099.). Ortiz et al. (2000)Ortiz G.G., Reiter R.J., Zúñiga G., Melchiorri D., Sewerynek E., Pablos M.I., Oh C.S., García J.J. & Bitzer-Quintero O.K. 2000. Genotoxicity of paraquat: micronuclei induced in bone marrow and peripheral blood are inhibited by melatonin. Mutat. Res. 464(2):239-245. observaram que após a administração de MLT na dose de 10mg/kg em ratos expostos ao PQ (20mg/kg) houve redução significativamente de micronúcleos em células do sangue periférico e de medula óssea. Esse mesmo resultado foi observado por Melchiorri et al. (1998)Melchiorri D., Ortiz G.G., Reiter R.J., Sewerynek E., Daniels W.M.U., Pablos M.I. & Nistico G.1998. Melatonin reduces paraquat-induced genotoxicity in mice. Toxicol. Lett. 95(2):103-108.. O efeito protetor da MLT também foi demonstrado por García-Rubio et al. (2005)García-Rubio L., Matas P. & Miguez M. 2005. Protective efect of melatonin on paraquatinduced cytotoxicity in isolated rat hepatocytes. Hum. Exp. Toxicol. 24(9):475-480. em estudo in vitro com hepatócitos expostos a 10mM de PQ, pois, a MLT na concentração de 2 mM protegeu completamente os hepatócitos contra o estresse oxidativo melhorando os níveis de GSH hepático.

Conclusão

Associações de herbicidas representam um problema de saúde pública ainda maior em todo o mundo, especialmente nos países em desenvolvimento com base econômica agroindustrial. Embora o uso associado de herbicidas seja generalizado, o seu perfil toxicológico é desconhecido. Assim, os antioxidantes têm assumido um papel importante contra as intoxicações por esses produtos. Este quadro mostra a necessidade de realizar estudos relacionados à exposição de herbicidas em associação, pois raramente a aplicação dos herbicidas nas lavouras é realizada individualmente. Dessa forma, estudos sobre os efeitos da exposição individual de herbicidas e coadministrados com MLT são poucos ainda e quando se trata dos herbicidas em associação, não há relatos na literatura científica. Por isso, são necessários estudos sobre a exposição de herbicidas em associação, sobretudo, investigar os efeitos da MLT sobre essas intoxicações.

Referências

  • Acuña-Castroviejo D., Escames G., Venegas C., Díaz-Casado M.E., Lima-Cabello E., López L.C., Rosales-Corral S., Tan D. & Reiter R.J. 2014. Extrapineal melatonin: sources, regulation, and potential functions. Cell. Mol. Life Sci. 71(17):2997-3025.
  • Adam A., Marzuki A., Abdul R.H. & Abdul AM. 1997. The oral and intratracheal toxicities of ROUNDUP and its components to rats. Vet. Hum. Toxicol. 39(3):47-51.
  • Almeida G.L., Schmitt G.C., Bairros A.V., Emanuelli T. & Garcia S.C. 2007. Os riscos e danos nas intoxicações por paraquat em animais domésticos. Ciência Rural 37(50):1506-1512.
  • Alonzo H.G.A. & Corrêa C.L. 2008. Praguicidas. p. 623-641. In: Oga S. Fundamentos de Toxicologia. 3ª. ed. Atheneu, São Paulo.
  • Amarante Junior O.P. & Santos T.C.R. 2002. Glifosato: propriedades, toxicidade, usos e legislação. Química Nova 25(4):589-593.
  • ANVISA 2007. Sistema de Informações sobre Agrotóxicos (SIA). Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Brasil. Disponível em <Disponível em http://www.portal.anvisa.gov.br > Acessado em 12 jun. 2014.
    » http://www.portal.anvisa.gov.br
  • ANVISA 2014. Monografias de Produtos Agrotóxicos, atualizada em 2007. Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Brasil. Disponível em <Disponível em http://www.anvisa.gov.br/toxicologia/monografias/index.htm > Acessado em 5 de abril, 2015.
    » http://www.anvisa.gov.br/toxicologia/monografias/index.htm
  • Barr D., Bishop A. & Needham L. 2007. Concentrations of xenobiotic chemicals in the maternal-fetal unit. Reprod. Toxicol. 23(3):260-266.
  • Benachour N. & Seralini G. 2009. Glyphosate formulations induce apoptosis and necrosis in human umbilical, embryonic, and placental cells. Chem. Res. Toxicol. 22(1):97-105.
  • Benachour N., Sipahutar H., Moslemi S., Gasnier C., Travert C. & Séralini G.E. 2007. Time- and dose-dependent effects of roundup on human embryonic and placental cells. Arch. Environ. Con. Tox. 53(1):126-133.
  • Bhatti J.S., Sidhu I.P. & Bhatti G.K. 2011. Ameliorative action of melatonin on oxidative damage induced by atrazine toxicity in rat erythrocytesMol. Cell. Biochem. 353(1/2):139-149.
  • Blystone C.R., Lambright C.S., Cardon M.C., Furr J., Rider C.V., Hartig P.C., Wilson V.S. & Gray Jr L.E. 2009. Cumulative and antagonistic effects of a mixture of the antiandrogens vinclozolin and iprodione in the pubertal male rat. Toxicol. Sci. 111(1):179-188.
  • Bongiovanni B., De Lorenzi P., Ferri A., Konjuh C., Rassetto M., Evangelista D.A.M., Cardinali D.P. & Duffard R. 2007. Melatonin decreases the oxidative stress produced by 2,4-dichlorophenoxyacetic acid in rat cerebellar granule cells. Neurotox. Res. 11(2):93-9.
  • Boobis A., Budinsky R., Collie S., Crofton K., Embry M., Felter S., Hertzberg R., Kopp D., Mihlan G., Mumtaz M., Price P., Solomon K., Teuschler L., Yang R. & Zaleski R. 2011. Critical analysis of literature on low-dose synergy for use in screening chemical mixtures for risk assessment. Crit. Rev. Toxicol. 41(5):369-383.
  • Boutin J.A., Audinot V., Ferry G. & Delagrange P. 2005. Molecular tools to study melatonin pathways and actions. Trends Pharmacol. Sci. 26(8): 412-419.
  • Bradberry S.M., Proudfoot A.T. & Vale J.A. 2004. Glyphosate poisoning. Toxicol. Rev. 23(3):159-167.
  • Brewster D., Warren J. & Hopkins W. 1991. Metabolism of glyphosate in Sprague-Dawley rats: Tissue distribution, identification and quantification of glyphosate derived materials following a single oral dose. Fund. Appl. Toxicol. 17(1):43-51.
  • Bus J.S., Aust S.D. & Gibson J.E. 1976. Paraquat toxicity: proposed mechanism of action involving lipid peroxidation. Environ. Health Perspect. 16:139-146.
  • Çağlar S. & Kolankaya D. 2008. The effect of sub-acute and sib-chronic exposure of rats to the glyphosate-based herbicide Roundup. Environ. Toxicol. Phar. 25(1):57-62.
  • Cagnoli C.M., Atabay C., Kharlamova E. & Manev H. 1995. Melatonin protects neurons from singlet oxygen-induced apoptosis. J. Pineal Res. 18(4):222-226.
  • Carraro G. 1997. Agrotóxico e Meio Ambiente: uma proposta de ensino de ciências e de química, 95p.
  • Carrillo-Vico A., Calvo J.R., Abreu P., Lardone P.J., Garciamaurino S., Reiter R.J. & Guerrero J.M. 2004. Evidence of melatonin synthesis by human lymphocytes and its physiological significance: possible role as intracrine, autocrine, and/or paracrine substance. FASEB J. 18(3):537-539.
  • Castro V.L.S.S. 2009. Uso de misturas de agrotóxicos na agricultura e suas implicações toxicológicas na saúde. Ecotoxicol. Environ. Contam. 4(1-3):87-94.
  • Clementi M., Causin R., Marzocchi C., Mantovani A. & Tenconi R. 2007. A study of the impact of agricultural pesticide use on the prevalence of birth defects in Northeast Italy. Reprod. Toxicol. 24(1):1-8.
  • Cox C. & Surgan M. 2006. Unidentified inert ingredients in pesticides: implications for human and ennvirommental health. Environ. Health Persp. 114(12):1803-1806.
  • Dallegrave E., Mantese F.D.G., Coelho R.S., Pereira J.D., Dalsenter P.R. & Langeloh A. 2003. The teratogenic potential of the herbicide glyphosate-Roundup im Wistas rats. Toxicol. Lett. 142(1/2):45-52.
  • Dallegrave E., Antese F.D.G., Dalsenter P.R. & Langeloh A. 2002. Acute oral toxicity of glyphosate in Wistar rats. J. Vet. Res. 1:29-36.
  • De La Rocha N., Rotelli A., Aguilar C.F. & Pelzer L. 2007. Structural basis of the anti-inflammatory activity of melatonin. Arzneimittelforschung 57(12):782-786.
  • Demur C., Métais B., Canlet C., Tremblay-Franco M., Gautier R., Blas-Y-Estrada F., Sommer C. & Gamet-Payrastre L. 2013. Dietary exposure to a low dose of pesticides alone or as a mixture: The biological metabolic fingerprint and impact on hematopoiesis. Toxicology 308:74-87.
  • Dinis-Oliveira R.J., Duarte J.A., Sánchez-Navarro A., Remião F., Bastos M.L. & Carvalho F. 2008. Paraquat poisonings mechanisms of lung toxicity, clinical features and treatment. Crit. Rev. Toxicol. 38(1):13-71.
  • EPA U.S. Environmental Protection Agency 1997. Special Report on Environmental Endocrine Disruption: an effects assessment and analisys, Report EPA/630/R-96/012. Disponível em <Disponível em http://www.epa.gov/osainter/raf/publications/pdfs/ENDOCRINE.PDF > Acessado em 22 de jun. 2015.
    » http://www.epa.gov/osainter/raf/publications/pdfs/ENDOCRINE.PDF
  • Feber A. & Cabral R. 1991.Toxic epidemics caused by alimentary exposure to pesticides: a review. Food Addit. Contam. A 8(6):755-776.
  • Galano A., Tan D.X. & Reiter R.J. 2011. Melatonin as a natural ally against oxidative stress: a physicochemical examination. J. Pineal Res. 51(1):1-16.
  • García-Rubio L., Matas P. & Miguez M. 2005. Protective efect of melatonin on paraquatinduced cytotoxicity in isolated rat hepatocytes. Hum. Exp. Toxicol. 24(9):475-480.
  • Guyton K.Z., Loomis D., Grosse Y., Ghissassi F., Benbrahim-Tallaa L., Guha N., Scoccianti C., Mattock H. & Straif K. 2015. Carcinogenicity of tetrachlorvinphos, parathion, malathion, diazinon, and glyphosate. Lancet Oncol. 17:1-2.
  • Hardeland R., Pandi-Perumal S.R. & Cardinali D.P. 2006. Melatonin. Int. J. Biochem. Cell. Biol. 38(3):313-316.
  • Hirata F., Hayaishi O., Tokuyama T. & Seno S. 1974. In vitro and in vivo formation of two new metabolites of melatonin. J. Biol. Chem. 249(4):1311-1313.
  • Honoré P., Hantson P.H., Fauville J.P.H., Peeters A. & Mahieu P. 1994. Paraquat poisining: state of the art. Acta Clin. Belg. 49(5):220-228.
  • Horstman J.A., Wrona M.Z. & Dryhurst G. 2002. Further insights into the reaction of melatonin with hydroxyl radical. Bioorg. Chem. 30(5):371-382.
  • Houze P., Baud F.J., Mouy R., Bismuth C., Bourdon R. & Scherrmann J.M. 1990. Toxicokinetics of paraquat in humans. Hum. Exp. Toxicol. 9(1):5-12.
  • IBGE 2012. Indicadores de desenvolvimento sustentável. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em <Disponível em http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/recursosnaturais/ids/ids2012.pdf > Acessado em 10 nov. 2013.
    » http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/recursosnaturais/ids/ids2012.pdf
  • Kortenkamp A. 2008. Low dose mixture effects of endocrine disrupters: implications for risk assessment and epidemiology. Int. J. Androl. 31(2): 233-240.
  • Kunz D., Schmitz S., Mahlberg R., Mohr A., Stöter C., Wolf K.-J. & Hermann W.M.A. 1999. A new concept for melatonin deficit: on pineal calcification and melatonin excretion. Neuropsychopharmacology 21(6):765-772.
  • Kvetnoy I.M., Sandvik A.K. & Waldum H.L. 1997. The diffuse neuroendocrine system and extrapineal melatonin. J. Mol. Endocrinol. 18(1):1-3.
  • Laetz C.A., Baldwin D.H., Collier T.K., Hebert V., Stark J.D. & Scholz N.L. 2009. The synergistic toxicity of pesticide mixtures: implications for risk assessment and the conservation of endangered pacific salmon. Environ. Health Perspect. 117(3):348-353.
  • Luchetti F., Canonico B., Betti M., Arcangeletti M., Pilolli F., Piroddi M., Canesi L., Papa S. & Galli F. 2010. Melatonin signaling and cell protection function. FASEB J. 24:(10)3603-3624.
  • Magalhães P.C., Silva J.B., Durães F.O.M., Karam D. & Ribeiro L.S. 2001. Efeito de doses reduzidas de glyphosate e paraquat simulando deriva na cultura do milho. Planta Daninha 19(2):247-253.
  • Marc J., Mulner-Lorillon O., Boulben S., Hureau D., Durand G. & Bellé R. 2002. Pesticide Roundup provokes cell division dysfunction at the level of CDK1/cyclin B activation. Chem. Res. Toxicol. 15(3):326-331.
  • Maroni M., Fanetti A.C. & Metruccio F. 2006. Risk assessment and management of occupational exposure to pesticides in agriculture. Med. Lav. 97(2):430-437.
  • Martins T. 2013. Herbicida Paraquat: conceitos, modo de ação e doenças relacionadas. Semin. Ciênc. Biol. Saúde 34(2):175-186.
  • Mascarenha T.K.S.F. & Pessoa Y.S.R.Q. 2013. Aspectos que potencializam a contaminação do trabalhador rural com agrotóxicos: uma revisão integrativa. Trabalho e Educação 22(2):87-103.
  • Mayo J.C., Sainza R.M., Tan D., Hardelandd R., Leon J., Rodrigueza C. & Reiter R.J. 2005. Anti-inflammatory actions of melatonin and its metabolites, N1-acetyl-N2-formyl-5-methoxykynuramine (AFMK) and N1-acetyl-5-methoxykynuramine (AMK), in macrophages. J. Neuroimmunol. 165(1/2):139-149.
  • McCarty L.S. & Borgert C.J. 2006. Review of the toxicity of chemical mixtures: theory, policy, and regulatory practice. Regul. Toxicol. Pharm. 45(2):119-143.
  • Melchiorri D., Reiter R.J., Attia A.M., Hara M., Burgos A. & Nistico G. 1995. Potent protective effect of melatonin on in vitro paraquat-induced oxidative damage in rats. Life Sci. 56(2):83-89.
  • Melchiorri D., Reiter R.J., Sewerynek E., Hara M., Lidun Chen L. & Nistico G. 1996. Paraquat toxicity and oxidative damage reduction by melatonin. Biochem. Pharmacol. 51(8):1095-1099.
  • Melchiorri D., Ortiz G.G., Reiter R.J., Sewerynek E., Daniels W.M.U., Pablos M.I. & Nistico G.1998. Melatonin reduces paraquat-induced genotoxicity in mice. Toxicol. Lett. 95(2):103-108.
  • Merhi M., Demur C., Racaud-Sultanb C., Bertrandb J., Canlet C., Blas F., Estrada Y. & Gamet-Payrastrea L. 2010. Gender-linked haematopoietic and metabolic disturbances induced by a pesticide mixture administered at low dose to mice. Toxicology 267(1/3):80-90.
  • Mostafalou S. & Abdollahi M. 2013. Pesticides and human chronic diseases: evidences, 1119 mechanisms and perspectives. Toxicol. Appl. Pharmacol 268(2):157-177.
  • Ogata T. & Manabe S. 2009. Correlation between lipid peroxidation and morphological manifestation of paraquat-induced lung injury in rats. Arch. Toxicol. 64(1):7-13.
  • Ohta Y., Kongo M., Sasaki E., Nishida K. & Ishiguro I. 2000a. Therapeutic effect of melatonin on carbon tetrachloride-induced acute liver injury in rats. J. Pineal Res. 28(2):119-126.
  • Ohta Y., Kongo M., Sasaki E., Ishiguro I. & Harada N. 2000b. Protective effect of melatonin against α-naphthylisothiocyanate induced liver injury in rats. J. Pineal Res. 29(1):15-23.
  • Ortiz G.G., Reiter R.J., Zúñiga G., Melchiorri D., Sewerynek E., Pablos M.I., Oh C.S., García J.J. & Bitzer-Quintero O.K. 2000. Genotoxicity of paraquat: micronuclei induced in bone marrow and peripheral blood are inhibited by melatonin. Mutat. Res. 464(2):239-245.
  • Padhi B.K., Pelletier G., Williams A., Berndt-Weis L., Yauk C., Bowers W.J. & Chu I. 2008. Gene expression profiling in rat cerebellum following in utero and lactational exposure to mixtures of methylmercury, polychlorinated biphenyls and organochlorine pesticides. Toxicol. Lett. 176(2):93-103.
  • Paredes S.D. & Reiter R.J. 2010. Melatonin: Helping cells cope with oxidative disaster. Cell Membr. Free Radical Res. 2(3):99-111.
  • Peixoto F. 2005. Comparative effects of the Roundup and glyphosate on mitochondrial oxidative phosphorilation. Chemosphere 61(8):1115-1122.
  • Pires D.X., Caldas E.D. & Recena M.C.P. 2005. Uso de agrotóxicos e suicídios no estado do Mato Grosso do Sul, Brasil. Cad. Saúde Pública 21(2):598-605.
  • Reiter R.J., Carneiro R.C. & Oh C.S. 1997. Melatonin in relation to cellular antioxidative defense mechanisms. Horm. Metab. Res. 29(8):363-372.
  • Reiter R.J., Tan D., Tamura H., Cruz M.H.C. & Fuentes-Broto L. 2014. Clinical relevance of melatonin in ovarian and placental physiology: a review. Gynecol. Endocrinol. 30(2):83-89.
  • Richard S., Moslemi S., Sipahutar H., Benachour N. & Seralini G. 2005. Differential Effects of Glyphosate and Roundup on Human Placental Cells and Aromatase. Environ. Health Persp. 113(6):715-720.
  • Rider C.V., Furr J.R., Wilson V.S. & Gray Jr L.E. 2010. Cumulative effects of in utero administration of mixtures of reproductive toxicants that disrupt common target tissues via diverse mechanisms of toxicity. Int. J. Androl. 33(2):443-462.
  • Romano R.M., Romano M.A., Bernardi M.M., Furtado P.V. & Oliveira C.A. 2010. Prepubertal exposure to commercial formulation of the herbicide glyphosate alters testosterone levels and testicular morphology. Reprod. Toxicol. 84(4):309-317.
  • Rouimi P., Zucchini-Pascal N., Dupont G., Razpotnik A., Fouché E., Sousa G. & Rahmani R. 2012. Impacts of low doses of pesticide mixtures on liver cell defence systems. Toxicol. In Vitro 26(5):718-726.
  • Roustan A., Aye M., De Meo M. & Di Giorgio C. 2014. Genotoxicity of mixtures of glyphosate and atrazine and their environmental transformation products before and after photoactivation Chemosphere 108:93-100.
  • Sanchez-Hidalgo M., De La Lastra C.A., Carrascosa-Salmoral M.P., Naranjo M.C., Gomez-Corvera A., Caballero B. & Guerrero J.M. 2009. Age-related changes in melatonin synthesis in rat extrapineal tissues. Exp. Gerontol. 44(5):328-334.
  • Sanin L.H., Carrasquilla G., Solomon K.R., Cole D.C. & Marshall E.J.P. 2009. Regional differences in time to pregnancy among fertile women from five Colombian regions with different uses of glyphosate. J. Toxicol. Environ. Health A 72(15/16):949-960.
  • Satoh M., Naganuma A. & Imura N. 1992. Effect of preinduction of metallothionein on paraquat toxicity in mice. Arch. Toxicol. 66(2):145-148, 1992.
  • Schimitt G.C., Paniz C., Grotto D., Valentini J., Schott K.L., Pomblum V.J. & Garcia S.C. 2006. Aspectos gerais e diagnóstico clinicolaboratorial da intoxicação por paraquat. J. Bras. Patol. Med. Lab. 42(4):235-243.
  • Serra A., Domingos F. & Prata M.M. 2003. Intoxicação por paraquat. Acta Medica Port. 16(1):25-32.
  • Sharma S., Sarkar J., Haldar C. & Sinha S. 2014. Melatonin reverses fas, E2F-1 and endoplasmic reticulum stress mediated apoptosis and dysregulation of autophagy induced by the herbicide Atrazine in murine splenocytes. PLOS One 9(9):1-11.
  • Silva J.B., Rodrigues M.A.T. & Begliomini E. 1998. Indicações para o controle de plantas daninhas na cultura do milho em pós-emergência com o herbicida Sanson 40 SC e sua mistura 1+2 com atrazine. O Ruralista 35(440):9-11.
  • Silva S.O., Rodrigues M.R., Ximenes V.F., Bueno-Da-Silva A.E., Amarante-Mendes G.P. & Campa A. 2004. Neutrophils as a specific target for melatonin and kynuramines: effects on cytokine release. J. Neuroimmunol. 156(1-2):146-152.
  • Shimizu K. 2003. Paraquat induces long - lasting dopamine overflow through the excitotoxic pathway in the striatum of fruly moving rats. BrainRes. 976(2):243-252.
  • Stefulj J., Hortner M., Ghosh M., Schauenstein K., Rinner I., Wolfler A., Semmler J. & Liebmann P.M. 2001. Gene expression of the key enzymes of melatonin synthesis in extrapineal tissues of the rat. J. Pineal Res. 30(4):243-247.
  • Surgan M.H. 2005. Toxicity tests: "inert" and active ingredients. Environ. Health Persp. 113(10):657-658.
  • Tan D., Manchester L.C., Terron M.P., Flore J. & Reiter R.J. 2007. One molecule, many derivatives: A never-ending interaction of melatonin with reactive oxygen and nitrogen species? J. Pineal Res. 42(1):28-42.
  • Tominack R.L., Yang G.Y., Tsai W.J., Chung H.M. & Deng J.F. 1991. Taiwan National Poison Center survey of glyphosate--surfactant herbicide ingestions. J. Toxicol. Clin. Toxicol. 29(1):91-109.
  • Vasiluk L., Pinto L.J. & Moore M.M. 2005. Oral bioavailability of glyphosate: studies using two intestinal lines. Environ. Toxicol. Chem. 24(1):153-60.
  • Viljoen M., Steyn M.E., Van Rensburg B.W. & Reinach S.G. 1992. Melatonin in chronic renal failure. Nephron. 60(2):138-143.
  • Walsh L.P., McCormick C., Martin C. & Stocco D.M. 2000. Roundup inhibits steroidogenesis by disrupting steroidogenic acute regulatory (StAR) protein expression. Environ. Health Persp. 108(8):769-776.
  • Wang P., Wang H., Xu M., Liang Y., Sun Y., Yang L., Li L., Li W. & Wu Y. 2014. Combined subchronic toxicity of dichlorvos with malathion or pirimicarb in mice liver and serum: a metabonomic study. Food Chem. Toxicol. 70:222-230.
  • Who-World Health Organization. The WHO recommended classification oof pesticides by hazard and guidelines to classification. Geneva, 2005. 56 p. Disponível em <Disponível em http://www.who.int/ipcs publications/pesticides_hazard_rev_3.pdf > Acessado em: 15 set. 2015.
    » http://www.who.int/ipcs publications/pesticides_hazard_rev_3.pdf
  • Williams G.M., Kroes R. & Munro I.C. 2000. Safety evaluation and risk assessment of the herbicide roundup and its active ingredient, glyphosate, for humans. Regul. Toxicol. Pharm. 31(2):117-165.
  • Xarau S.N. & Laita A.D. 2000. Intoxicación por paraquat: um puzzle al que le faltan piezas. Med. Clin. 115(14):546-548.
  • Xu J., Sun S., Wei W., Fu J., Qi W., Manchester L.C., Tan D.X. & Reiter R.J. 2007. Melatonin reduces mortality and oxidatively mediated hepatic and renal damage due to diquat treatment. J. Pineal Res. 42(2):166-171.
  • Zhang L., Wei W., Xu J., Min F., Wang L., Wang X., Cao S., Tan D., Qi W. & Reiter R.J. 2006. Inhibitory effect of melatonin on diquat-induced lipid peroxidation in vivo as assessed by the measurement of F2-isoprostanes. J. Pineal Res. 40(4):326-331.
  • Zlotos D.P., Jockers R., Cecon E., Rivara S. & Witt-Enderby P.A. 2014. MT1 and MT2 melatonin receptors: ligands, models, oligomers, and therapeutic potential. J. Med. Chem57(8):3161-3185.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Mar 2016

Histórico

  • Recebido
    04 Ago 2015
  • Aceito
    26 Dez 2015
Colégio Brasileiro de Patologia Animal - CBPA Pesquisa Veterinária Brasileira, Caixa Postal 74.591, 23890-000 Rio de Janeiro, RJ, Brasil, Tel./Fax: (55 21) 2682-1081 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: pvb@pvb.com.br