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Linearidade e carryover do contador hematológico Horiba ® Abx Micros ESV 60

Linearity and carryover of automated hematology counter Horiba ® Abx Micros ESV 60

RESUMO:

O contador automático hematológico ABX Micros ESX 60 (Horiba Medical 2012) é analisador hematológico veterinário multi-espécie que realiza 50 contagens por hora, libera 18 parâmetros sanguíneos, além de fazer representações gráficas (histogramas) para leucócitos, hemácias e plaquetas. O objetivo deste trabalho é avaliar o desempenho do referido aparelho em relação à linearidade e carryover, através de controle comercial e de amostras de sangue provenientes da rotina do Laboratório de Patologia Clínica Veterinária. De acordo com resultados é possível afirmar que o presente aparelho possui um excelente coeficiente de linearidade (r2=0,99) nos parâmetros de leucócitos, eritrócitos e plaquetas em relação às diluições estudadas. Em relação aos carryover houve excelente desempenho do aparelho, contudo, houve valores não conformes nos parâmetros de CHCM e VPM em uma das metodologias realizadas que pode ser justificada pela limitação da fórmula que não considera a características do equipamento.

TERMOS DE INDEXAÇÃO:
Contador hematológico; Horiba® Abx Micros ESV 60; hematologia; desempenho

ABSTRACT:

The automated hematology counter ABX Micros 60 ESX (Horiba Medical 2012) is veterinary hematology analyzer multi-species that carries 50 counts per hour releases 18 blood parameters, in addition to graphical representations (histograms) for leukocytes, erythrocytes and platelets. The objective of this study is to evaluate the performance of the apparatus with respect to linearity and carryover through commercial control and blood samples from the routine of Veterinary Clinical Pathology Laboratory. According to results we can say that this device has excellent linearity coefficient (r2=0.99) in leukocyte parameters, erythrocytes and platelets during that time dilutions. Regarding the carryover was excellent device performance, however, was not in conformity values ​​in the parameters of MCHC and VPM in one of the methodologies made that can be justified by the limited formula that does not consider the equipment characteristics.

INDEX TERMS:
Automated hematology; counter Horiba® Abx Micros ESV 60; veterinary; cell blood counter; performance

Introdução

O contador automático hematológico ABX Micros ESX 60 é analisador hematológico veterinário multi-espécie (cão, gato, cavalo, coelho, rato, camundongo, porco, macaco, vaca e ovelha) que realiza 50 contagens por hora e libera 18 parâmetros sanguíneos: leucócitos, diferencial leucocitário de três populações, hemácias, hemoglobina, hematócrito, volume corpuscular médio (VCM), hemoglobina corpuscular média (HCM), concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM), índice de anisocitose eritrocitária (RDW) do tipo coeficiente de variação (CV), plaquetas e volume plaquetário médio (VPM), além de representações gráficas (histogramas) para leucócitos, hemácias e plaquetas (Horiba Medical 2012Horiba Medical 2012. ABX MICROS ESV 60: manual guide. Horiba Medical, Montpellier, France.).

O sistema de reagentes é fechado com pack que analisa em média 100 a 120 amostras considerando os ciclos de start-up (inicialização), ciclos de branco e stand-by (desligamento), usando para análise 10μL de sangue com aquisição open tube através de probe (agulha) com sistema de lavagem (flush) integrado. Osistema de calibração própria do fabricante pelo kit Minocal (Horiba Medical 2012Horiba Medical 2012. ABX MICROS ESV 60: manual guide. Horiba Medical, Montpellier, France.), sangue de controle de qualidade com kit Minotrol (Horiba Medical 2012Horiba Medical 2012. ABX MICROS ESV 60: manual guide. Horiba Medical, Montpellier, France.) tri-level (low, normal e high), análise gráfica de qualidade de Levey Jennings e estatística de XB (Bull moving average) para os índices hematimétricos. Os resultados podem ser visualizados na tela de LCD colorido com tecnologia touch screen, impressos em impressora externa ou com interfaceamente para software de gerenciamento clínico em modo direcional com identificação do paciente em modo alfanumérico, nome, sexo e proprietário e por código de barras.

Os equipamentos laboratoriais podem avaliados em relação a sua capacidade de determinar resultados precisos proporcionais à concentração do analito em uma determinada amostra, esse item é denominado linearidade, que é o limite analítico que por meio de uma curva linear que passa por um ponto de origem e de calibração o aparelho terá a capacidade de extrapolar os resultados em amostras de valores desconhecidos e diferentes concentrações em relação a uma média conhecida (Mendes & Romano 2010Mendes M.E. & Romano P. 2010. Validação de sistema analítico, p.39-61. In: Oliveira CA, Mendes ME (Eds), Gestão da Fase Analítica Laboratório: como assegurar a qualidade na prática. ControlLab, Rio de Janeiro.).

Outra propriedade avaliada em relação aos contadores celulares é o carryover (arrastamento) que é um índice expresso em porcentagem ou desvio-padrão de quanto uma amostra com contagem alta pode influenciar os resultados de uma amostra com citopenia quando o aparelho não possui uma eficiência em seu processo de lavagem de probe, cubeta ou canal que deixam resíduos de um teste, e assim contaminando o próximo teste que será realizado (Broughton et al. 1974Broughton P.M.G., Gowenlock A.H., McCormack J.J. & Neill D.W. 1974. A revised scheme for the evaluation of automatic instruments for use in clinical chemistry. Ann. Clin. Biochem. 11(6):207-218. PMid:4460843. http://dx.doi.org/10.1177/000456327401100164.
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, Mendes & Romano 2010Mendes M.E. & Romano P. 2010. Validação de sistema analítico, p.39-61. In: Oliveira CA, Mendes ME (Eds), Gestão da Fase Analítica Laboratório: como assegurar a qualidade na prática. ControlLab, Rio de Janeiro., Briggs et al. 2012Briggs C., Longair I., Kumar P., Singh D. & Machin S.J. 2012. Performance evaluation of the Sysmex haematology XN modular system. J. Clin. Pathol. 65(11):1024-1030. PMid:22851510. http://dx.doi.org/10.1136/jclinpath-2012-200930.
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).

O objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho do referido aparelho em relação à linearidade e carryover por meio de controle comercial e de amostra de sangue provenientes da rotina de um Laboratório de Patologia Clínica Veterinária.

Material e Métodos

O estudo foi conduzido no Laboratório de Patologia Clínica Veterinária (LPCV) no Hospital Veterinário Governador “Laudo Natel” (FCAV/ UNESP, Campus Jaboticabal) e todas as análises foram realizadas em contador hematológico do LPCV, o ABX Micros ESV 60 (Horiba Medical 2012Horiba Medical 2012. ABX MICROS ESV 60: manual guide. Horiba Medical, Montpellier, France.).

O ensaio de linearidade seguiu a metodologia proposta por Briggs et al. (2012)Briggs C., Longair I., Kumar P., Singh D. & Machin S.J. 2012. Performance evaluation of the Sysmex haematology XN modular system. J. Clin. Pathol. 65(11):1024-1030. PMid:22851510. http://dx.doi.org/10.1136/jclinpath-2012-200930.
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e foi realizado com amostras de sangue total coletadas em tubo a vácuo contendo anticoagulante EDTAK2 com contagens baixa (4,43x106/μL) e normal (6,32x106/μL) para eritrócitos (RBC) e alta (33,70x103/μL) para leucócitos (WBC) e plaquetas (PLT:762x103/μL) proveniente de exames realizados na rotina do laboratório após a conclusão dos resultados. As amostras foram diluídas em solução salina 0,85% em 1:2, 1:4, 1:8, 1:16, 1:32, 1:64 e 1:128, analisadas em duplicatas e a média desses resultados foram traçadas contra o valor esperado calculado para cada diluição.

Para o ensaio de carryover utilizou-se de sangue controle nível low e high do Minotrol Tri-Level (Horiba Medical 2012Horiba Medical 2012. ABX MICROS ESV 60: manual guide. Horiba Medical, Montpellier, France.). Foram realizados dois ensaios de arrastamento um proposto por Broughton et al. (1974)Broughton P.M.G., Gowenlock A.H., McCormack J.J. & Neill D.W. 1974. A revised scheme for the evaluation of automatic instruments for use in clinical chemistry. Ann. Clin. Biochem. 11(6):207-218. PMid:4460843. http://dx.doi.org/10.1177/000456327401100164.
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, onde uma amostra com alta contagem era analisada três vezes seguidas no contador automático (H1, H2 e H3), subsequentemente, era realizada uma análise triplicada de uma amostra com contagem baixa (L1, L2 e L3), conforme a fórmula, foi determinado o carryover para cada parâmetro:

Carryover(%) = ( L 1 L 3 ) ( H 3 L 3 ) × 100 (1)

Na fórmula os itens L1 e L3 foram os resultados da primeira e terceira mensuração da amostra de baixa concentração, e a H3 será a terceira mensuração da amostra alta.

Já no ensaio de carryover proposto por Mendes & Romano (2010)Mendes M.E. & Romano P. 2010. Validação de sistema analítico, p.39-61. In: Oliveira CA, Mendes ME (Eds), Gestão da Fase Analítica Laboratório: como assegurar a qualidade na prática. ControlLab, Rio de Janeiro. foram realizadas análises seqüenciais de 11 amostras com concentração conhecida como baixa (Nível Low do Minotrol) e 10 amostras com valor conhecido como alto (Nível High do Minotrol), na seguinte ordem: 1 = Três vezes amostra low; 2 = duas vezes amostra alta; 3 = uma amostra baixa; 4 = duas amostras altas; 5 = quatro amostras baixas; 6 = duas amostras altas; 7 = uma amostra baixa; 8 = duas amostras altas; 9 = uma amostra baixa; 10 = duas amostras altas; 11= uma amostra baixa. Depois das leituras calcularam-se as médias e desvio padrão das concentrações de todas as amostras baixas analisadas após uma amostra baixa (B-B) e as concentrações de amostras baixas após amostra alta (A-B), sendo que a diferença entre as médias de B-B e A-B foi o índice de carryover para o parâmetro analisado.

Tanto para o ensaio de linearidade como carryover, os dados foram analisados através do software R (R Core Team 2016R Core Team. 2016. R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria. Disponível em <Disponível em https://www.R-project.org/ > Acesso em 16 fev. 2018.
https://www.R-project.org/...
) em relação à estatística descritiva, normalidade pelo teste de Shapiro-Wilk e regressão linear e gráfica para ensaio de linearidade.

Resultados

Todos os parâmetros analisados tanto no ensaio de linearidade como de carryover tiveram uma distribuição normal no teste de Shapiro-Wilk, sendo todos expressos em média e desvio padrão.

Os resultados de linearidade analisados em relação aos parâmetros de leucócitos, plaquetas e hemácias podem ser visualizados na Figura 1. Em todos os parâmetros analisados houve uma regressão linear positiva com coeficiente de correlação (r2 ) entre 0,992 a 0,999.

Fig.1.
Linearidade para leucócitos, plaquetas e eritrócitos para ABX Micros ESX 60 (Horiba Medical®).

Os resultados dos ensaios de carryover conforme metodologia de Broughton et al. (1974)Broughton P.M.G., Gowenlock A.H., McCormack J.J. & Neill D.W. 1974. A revised scheme for the evaluation of automatic instruments for use in clinical chemistry. Ann. Clin. Biochem. 11(6):207-218. PMid:4460843. http://dx.doi.org/10.1177/000456327401100164.
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podem ser visualizados no Quadro 1. Os resultados relacionados com a metodologia de Mendes & Romano (2010)Mendes M.E. & Romano P. 2010. Validação de sistema analítico, p.39-61. In: Oliveira CA, Mendes ME (Eds), Gestão da Fase Analítica Laboratório: como assegurar a qualidade na prática. ControlLab, Rio de Janeiro. para determinação do carryover para leucócitos e plaquetas estão expostos no Quadro 2 e para parâmetros eritrocitários analisados pelo contador hematológico podem ser visualizados no Quadro 3.

Quadro 1.
Índices de carryover para parâmetros analisados pelo ABX Micros ESX 60 (Horiba Medical®) conforme metodologia proposta por Broughton et al. (1974)Broughton P.M.G., Gowenlock A.H., McCormack J.J. & Neill D.W. 1974. A revised scheme for the evaluation of automatic instruments for use in clinical chemistry. Ann. Clin. Biochem. 11(6):207-218. PMid:4460843. http://dx.doi.org/10.1177/000456327401100164.
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Quadro 2.
Índices de carryover para parâmetros de leucócitos (WBC), plaquetas (PLT) e volume plaquetário médio (VPM) do analisador ABX Micros ESX 60 (Horiba Medical®) conforme metodologia de Mendes & Romano (2010)Mendes M.E. & Romano P. 2010. Validação de sistema analítico, p.39-61. In: Oliveira CA, Mendes ME (Eds), Gestão da Fase Analítica Laboratório: como assegurar a qualidade na prática. ControlLab, Rio de Janeiro., sendo: B (Média (Ma) e desvio padrão (DP) das amostras baixas realizadas após uma amostra baixa) e A (média (Ma) e desvio padrão (DP) das amostras baixas realizadas após uma amostra alta)

Quadro 3.
Índices de carryover para parâmetros de eritrocitários do analisador ABX Micros ESX 60 (Horiba Medical®) conforme metodologia de Mendes & Romano (2010)Mendes M.E. & Romano P. 2010. Validação de sistema analítico, p.39-61. In: Oliveira CA, Mendes ME (Eds), Gestão da Fase Analítica Laboratório: como assegurar a qualidade na prática. ControlLab, Rio de Janeiro., sendo: B (Média (Ma) e desvio padrão (DP) das amostras baixas realizadas após uma amostra baixa) e A (média (Ma) e desvio padrão (DP) das amostras baixas realizadas após uma amostra alta), Carry (diferença entre Ma A - Ma B) e EP (erro permitido 3x DP B)

Discussão

Os coeficiente de correlação para linearidade do ABX Micros ESX para os parâmetros de leucócitos, plaquetas e eritrócitos tiveram coeficientes próximos a 1, conforme preconizado pelo fabricante do equipamento (Horiba Medical 2012Horiba Medical 2012. ABX MICROS ESV 60: manual guide. Horiba Medical, Montpellier, France.) bem como encontrado em outros aparelho estudados como Cell-Dyn 3500 (Costa et al. 1996Costa M.J.A., Reis A.B., Silva C., Fernandes I., Lopes S. & Júnior E. 1996. Avaliação do Cell-Dyn 3500. Acta Med. Port. 9(10-12):309-318. PMid:9254527.), Xe-2100® (Tsuda et al. 1999Tsuda I., Hino M., Takubo T., Katagami T., Kubota H., Kawai S. & Tatsumi N. 1999. First basic performance evaluation of the XE-2100 haematology analyser. J. Autom. Methods Manag. Chem. 21(4):127-133. PMid:18924849. http://dx.doi.org/10.1155/S1463924699000152.
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, Walters & Garrity 2000Walters J. & Garrity P. 2000. Performance evaluation of the Sysmex XE-2100 Hematology Analyzer. Lab. Hematol. 6:83-92.; Nakul-Aquaronne et al. 2003Nakul-Aquaronne D., Sudaka-Sammarcelli I., Ferrero-Vacher C., Starck B. & Bayle J. 2003. Evaluation of the Sysmex XE-2100® Hematology Anlyzer in hospital use. J. Clin. Lab. Anal. 17(4):113-123. PMid:12784259. http://dx.doi.org/10.1002/jcla.10083.
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), Sysmex® XE-2100D (Maciel et al. 2014Maciel T.E.S., Comar S.R. & Beltrame M.P. 2014. Performance evaluation of the Sysmex® XE-2100D automated hematology analyzer. J. Bras. Patol. Med. Lab. 50(1):26-35. http://dx.doi.org/10.1590/S1676-24442014000100004.
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).

A linearidade são os limites de análise de um determinado equipamento laboratorial proporcionais à concentração do analito (Mendes & Romano 2010Mendes M.E. & Romano P. 2010. Validação de sistema analítico, p.39-61. In: Oliveira CA, Mendes ME (Eds), Gestão da Fase Analítica Laboratório: como assegurar a qualidade na prática. ControlLab, Rio de Janeiro.), e segundo Broughton et al. (1974)Broughton P.M.G., Gowenlock A.H., McCormack J.J. & Neill D.W. 1974. A revised scheme for the evaluation of automatic instruments for use in clinical chemistry. Ann. Clin. Biochem. 11(6):207-218. PMid:4460843. http://dx.doi.org/10.1177/000456327401100164.
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, quando um aparelho possui um regressão de linearidade baixa pode introduzir imprecisões na determinação analítica, uma vez que, a capacidade de extrapolar resultados em relação ao ponto de calibração está com tendência negativa, condicionada a produzir erros constantes e amplificados, ou seja, a passagem linear através dos pontos de calibração estão fora dos limites da faixa aceitável e distante de uma constante excelente que seria próxima ou igual (r2=1,000).

O carryover é o índice que analisa o efeito do erro processo de lavagem dos canais do aparelho que deixa resíduos de um teste (Briggs et al. 2012Briggs C., Longair I., Kumar P., Singh D. & Machin S.J. 2012. Performance evaluation of the Sysmex haematology XN modular system. J. Clin. Pathol. 65(11):1024-1030. PMid:22851510. http://dx.doi.org/10.1136/jclinpath-2012-200930.
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) para outro sendo um erro aceitável de até 5% de acordo com fórmula postulada por (Broughton et al. 1974Broughton P.M.G., Gowenlock A.H., McCormack J.J. & Neill D.W. 1974. A revised scheme for the evaluation of automatic instruments for use in clinical chemistry. Ann. Clin. Biochem. 11(6):207-218. PMid:4460843. http://dx.doi.org/10.1177/000456327401100164.
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). No presente estudo, todos os parâmetros analisados tiveram resultados excelentes, com exceção da Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média - CHCM (16,67%) e Volume Plaquetário Médio - VPM (71,43%) estiveram acima do nível aceitável pela referência.

Na metodologia proposta por Mendes & Romano (2010)Mendes M.E. & Romano P. 2010. Validação de sistema analítico, p.39-61. In: Oliveira CA, Mendes ME (Eds), Gestão da Fase Analítica Laboratório: como assegurar a qualidade na prática. ControlLab, Rio de Janeiro. não houve ocorrência de carryover em nenhum dos parâmetros analisado do equipamento testado, ao contrário da metodologia proposta por Broughton et al. (1974)Broughton P.M.G., Gowenlock A.H., McCormack J.J. & Neill D.W. 1974. A revised scheme for the evaluation of automatic instruments for use in clinical chemistry. Ann. Clin. Biochem. 11(6):207-218. PMid:4460843. http://dx.doi.org/10.1177/000456327401100164.
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que determina um coeficiente de aceitação padronizado (até 5%), Mendes & Romano (2010)Mendes M.E. & Romano P. 2010. Validação de sistema analítico, p.39-61. In: Oliveira CA, Mendes ME (Eds), Gestão da Fase Analítica Laboratório: como assegurar a qualidade na prática. ControlLab, Rio de Janeiro. propõe um coeficiente que considere as características do equipamento, afirmam que haverá influência do carryover quando a diferença das médias de amostras alta e baixas for maior a três desvios-padrões das média baixas, porém o laboratório pode determinar o nível de aceitação acatando o desvio proposto ou diminuindo-o.

Os valores altos de carryover para CHCM e VPM na metodologia de Broughton et al. (1974)Broughton P.M.G., Gowenlock A.H., McCormack J.J. & Neill D.W. 1974. A revised scheme for the evaluation of automatic instruments for use in clinical chemistry. Ann. Clin. Biochem. 11(6):207-218. PMid:4460843. http://dx.doi.org/10.1177/000456327401100164.
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está relacionado ao fato de maior variação das leitura alta em relação aos valores baixos, que produzem resultados discrepantes quando está no divisor da fórmula, situação que não acontece na metodologia de Mendes & Romano (2010)Mendes M.E. & Romano P. 2010. Validação de sistema analítico, p.39-61. In: Oliveira CA, Mendes ME (Eds), Gestão da Fase Analítica Laboratório: como assegurar a qualidade na prática. ControlLab, Rio de Janeiro. que utiliza uma diferença entre médias e desvio-padrão como fator de decisão para aceitação dos resultados.

Os valores encontrados em ambas as metodologias desenvolvidas contrastam com os valores encontrados por Maciel et al. (2014)Maciel T.E.S., Comar S.R. & Beltrame M.P. 2014. Performance evaluation of the Sysmex® XE-2100D automated hematology analyzer. J. Bras. Patol. Med. Lab. 50(1):26-35. http://dx.doi.org/10.1590/S1676-24442014000100004.
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para equipamento Sysmex XE-2100D para os parâmetros de leucócitos (0,08%), eritrócitos (0,36%), hemoglobina (0,46%), hematócrito (0,4%) e plaquetas (0,04%), de Costa et al. (1996)Costa M.J.A., Reis A.B., Silva C., Fernandes I., Lopes S. & Júnior E. 1996. Avaliação do Cell-Dyn 3500. Acta Med. Port. 9(10-12):309-318. PMid:9254527. encontrou valores de hemácias (0,5%), hemoglobina (0,2%), leucócitos (0,6%) e plaquetas (0,8%) para o aparelho Cell-Dyn 3500, além de Tsuda et al. (1999)Tsuda I., Hino M., Takubo T., Katagami T., Kubota H., Kawai S. & Tatsumi N. 1999. First basic performance evaluation of the XE-2100 haematology analyser. J. Autom. Methods Manag. Chem. 21(4):127-133. PMid:18924849. http://dx.doi.org/10.1155/S1463924699000152.
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, Walters & Garrity (2000)Walters J. & Garrity P. 2000. Performance evaluation of the Sysmex XE-2100 Hematology Analyzer. Lab. Hematol. 6:83-92. e Nakul-Aquaronne et al. (2003)Nakul-Aquaronne D., Sudaka-Sammarcelli I., Ferrero-Vacher C., Starck B. & Bayle J. 2003. Evaluation of the Sysmex XE-2100® Hematology Anlyzer in hospital use. J. Clin. Lab. Anal. 17(4):113-123. PMid:12784259. http://dx.doi.org/10.1002/jcla.10083.
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para equipamento Sysmex XE-2100 e como Briggs et al. (2012)Briggs C., Longair I., Kumar P., Singh D. & Machin S.J. 2012. Performance evaluation of the Sysmex haematology XN modular system. J. Clin. Pathol. 65(11):1024-1030. PMid:22851510. http://dx.doi.org/10.1136/jclinpath-2012-200930.
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em estudo referente ao aparelho Sysmex XN Modular. Não foram encontrados estudos que determinaram o índice de carryover para os parâmetros de VCM (volume corpuscular médio), HCM (hemoglobina corpuscular média), CHCM, RDW (índice de anisocitose) e VPM, para comparação com o presente estudo.

Conclusões

Com o presente trabalho pode-se determinar em relação à linearidade nos parâmetros de leucócitos, eritrócitos e plaquetas em relação aos resultados esperados das diluições propostas que o aparelho obteve um bom coeficiente de linearidade 0,992 a 0,999.

Em relação aos carryover da ABX MICROS ESX 60, houve excelentes resultados; no entanto, houve valores não conformes nos parâmetros de CHCM e VPM em uma das metodologias realizadas, o que pode ser justificado pela limitação da fórmula que não considera as características do equipamento.

Referências

  • Briggs C., Longair I., Kumar P., Singh D. & Machin S.J. 2012. Performance evaluation of the Sysmex haematology XN modular system. J. Clin. Pathol. 65(11):1024-1030. PMid:22851510. http://dx.doi.org/10.1136/jclinpath-2012-200930.
    » https://doi.org/10.1136/jclinpath-2012-200930.
  • Broughton P.M.G., Gowenlock A.H., McCormack J.J. & Neill D.W. 1974. A revised scheme for the evaluation of automatic instruments for use in clinical chemistry. Ann. Clin. Biochem. 11(6):207-218. PMid:4460843. http://dx.doi.org/10.1177/000456327401100164.
    » https://doi.org/10.1177/000456327401100164.
  • Costa M.J.A., Reis A.B., Silva C., Fernandes I., Lopes S. & Júnior E. 1996. Avaliação do Cell-Dyn 3500. Acta Med. Port. 9(10-12):309-318. PMid:9254527.
  • Horiba Medical 2012. ABX MICROS ESV 60: manual guide. Horiba Medical, Montpellier, France.
  • Maciel T.E.S., Comar S.R. & Beltrame M.P. 2014. Performance evaluation of the Sysmex® XE-2100D automated hematology analyzer. J. Bras. Patol. Med. Lab. 50(1):26-35. http://dx.doi.org/10.1590/S1676-24442014000100004.
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  • 1
    Comissão de ética animal.- O presente trabalho não envolve experimentação animal.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Fev 2018

Histórico

  • Recebido
    26 Set 2016
  • Aceito
    21 Maio 2017
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