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Influência de doses de nitrogênio na época de controle de plantas daninhas na cultura do milho (Zea mays)

Influence of nitrogen doses on maize (Zea mays) during weed control

Resumos

Objetivou-se neste trabalho quantificar os efeitos da adubação nitrogenada nas relações de interferência das plantas daninhas na cultura do milho. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com os tratamentos arranjados em parcelas subdivididas, com quatro repetições. Os tratamentos consistiram de cinco doses de nitrogênio (0, 50, 100, 150 e 200 kg ha-1), na forma de uréia, e quatro épocas de controle de plantas daninhas (milho no V2, V3, V4 e V5), mais duas testemunhas sem e com a presença dessas plantas. O controle químico foi realizado em pós-emergência das plantas daninhas e da cultura, com associação dos herbicidas nicosulfuron e atrazine. As doses de N influenciaram a determinação da época de controle das plantas daninhas. Quando esse controle foi realizado nas épocas mais tardias, o uso de altas doses de N minimizou o efeito negativo da interferência das plantas daninhas. Na ausência da aplicação de N, o controle químico exerce maior influência no rendimento de grãos de milho.

Zea mays; manejo; interferência


The objective of this study was to quantify the effect of nitrogen fertilization on weed interference in maize. The experimental design used was a split-plot, in randomized blocks, with four replications. The treatments consisted of five rates of N (0, 50, 100, 150 and 200 kg ha-1) and four weed control times (maize in V2, V3, V4 and V5), two more controls without and with weeds. Chemical control was performed at post-emergence with association of the herbicides nicosulfuron and atrazine. The N rates influenced the determination of weed control time. When weed control was conducted at a later time, the use of high N rates minimized the negative effect of weed interference. In the absence of N application, chemical control exerts a greater influence on maize grain yield.

Zea mays; management; interference


ARTIGOS

Influência de doses de nitrogênio na época de controle de plantas daninhas na cultura do milho (Zea mays)

Influence of nitrogen doses on maize (Zea mays) during weed control

Zanatta, F.S.I; Rizzardi; M.A.II; Lamb, T.D.III; Johann, L.B.IV

IEngº-Agrº, M.Sc., aluno do Programa de Pós-Graduação em Agronomia da Universidade de Passo Fundo

IIEngº-Agrº, Doutor, Professor da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Passo Fundo, Caixa Postal 611, 99001-970, Passo Fundo-RS, Bolsista do CNPq, <rizzardi@upf.br>

IIIAcadêmico do Curso de Agronomia da Universidade de Passo Fundo, Bolsista de Iniciação Científica do CNPq

IVAcadêmico do Curso de Agronomia da Universidade de Passo Fundo, Bolsista de Iniciação Científica da Fapergs

RESUMO

Objetivou-se neste trabalho quantificar os efeitos da adubação nitrogenada nas relações de interferência das plantas daninhas na cultura do milho. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com os tratamentos arranjados em parcelas subdivididas, com quatro repetições. Os tratamentos consistiram de cinco doses de nitrogênio (0, 50, 100, 150 e 200 kg ha-1), na forma de uréia, e quatro épocas de controle de plantas daninhas (milho no V2, V3, V4 e V5), mais duas testemunhas sem e com a presença dessas plantas. O controle químico foi realizado em pós-emergência das plantas daninhas e da cultura, com associação dos herbicidas nicosulfuron e atrazine. As doses de N influenciaram a determinação da época de controle das plantas daninhas. Quando esse controle foi realizado nas épocas mais tardias, o uso de altas doses de N minimizou o efeito negativo da interferência das plantas daninhas. Na ausência da aplicação de N, o controle químico exerce maior influência no rendimento de grãos de milho.

Palavras-chave:Zea mays, manejo, interferência.

ABSTRACT

The objective of this study was to quantify the effect of nitrogen fertilization on weed interference in maize. The experimental design used was a split-plot, in randomized blocks, with four replications. The treatments consisted of five rates of N (0, 50, 100, 150 and 200 kg ha-1) and four weed control times (maize in V2, V3, V4 and V5), two more controls without and with weeds. Chemical control was performed at post-emergence with association of the herbicides nicosulfuron and atrazine. The N rates influenced the determination of weed control time. When weed control was conducted at a later time, the use of high N rates minimized the negative effect of weed interference. In the absence of N application, chemical control exerts a greater influence on maize grain yield.

Keywords:Zea mays, management, interference.

INTRODUÇÃO

A cultura do milho, embora seja considerada competitiva, pode ser severamente afetada pela interferência das plantas daninhas, com perdas no rendimento de grãos que variam de 13 a 88% (Pitelli et al., 2002). Essas reduções ocorrem por competição de água, luz e nutrientes.

O nitrogênio é um dos principais nutrientes exigidos pela cultura do milho, pois esta necessita incorporar cerca de 25 kg de N para produzir uma tonelada de grãos (Pauletti, 1998). Na maioria dos casos de competição entre a cultura do milho e as plantas daninhas, o N é o primeiro elemento a ser limitante (Liebman & Mohler, 2001).

O nitrogênio aplicado às culturas pode alterar o comportamento das plantas daninhas. Algumas espécies são favorecidas pela presença de adubos nitrogenados em doses elevadas, e outras se mostram indiferentes (Moss et al., 2004). Estudos mostram que a fertilização geralmente beneficia mais as plantas daninhas do que as próprias culturas, devido à maior eficiência dessas plantas na absorção, no acúmulo e na utilização de nutrientes. Ainda, o uso de nitrogênio nas áreas cultivadas, quando não há plantas daninhas, resulta em benefícios evidentes às culturas (Tomaso, 1995). Contudo, a eficiência da utilização do nutriente pelas culturas nas áreas infestadas por plantas daninhas fica comprometida (Eberhardt et al., 1999).

O período de controle das plantas daninhas pode ser alterado, dependendo da quantidade de nitrogênio utilizada. O entendimento do mecanismo básico e do tempo de absorção dos nutrientes nas plantas daninhas e nas culturas conduz a estratégias de fertilização, como o uso de diferentes doses de nitrogênio, que podem aumentar a habilidade competitiva das culturas e reduzir a interferência das plantas daninhas (Tomaso, 1995).

Em milho, Evans et al. (2003a) relataram que o aumento na dose de nitrogênio aplicado diminui o período crítico livre de interferência das plantas daninhas. O uso de 120 kg ha-1 de N adiou o início e acelerou o final do período crítico de controle das plantas daninhas, comparado com as doses de zero e 60 kg ha-1 de N. As implicações práticas desse estudo são de que a redução no uso de nitrogênio pode criar necessidade de manejo mais intensivo das plantas daninhas.

Outros trabalhos relatam efeitos positivos da adubação nitrogenada na cultura do milho, quando da presença de plantas daninhas. Nieto & Staniforth (1961) observaram que as médias de redução no rendimento de grãos de milho na presença de Stelaria lutescens e Setaria viridis foram de 28, 14 e 10%, quando as doses utilizadas foram zero, 80 e 160 kg ha-1 de N, respectivamente. Blanco et al. (1977) constataram aumento no rendimento do milho com o incremento das doses de nitrogênio, independentemente do controle das plantas daninhas. Segundo estes autores, a competição das plantas daninhas ocorreu em qualquer nível da adubação nitrogenada. De forma semelhante, Tollenaar et al. (1994) observaram que a interferência das plantas daninhas sobre o rendimento de grãos de milho foi maior nas doses de 100 a 130 kg ha-1, comparada com as de 220 a 250 kg ha-1 de N.

A quantidade de nitrogênio absorvida pela cultura do milho e pelas plantas daninhas altera as relações de competição e influi na habilidade competitiva da cultura em relação às plantas daninhas. Essas modificações no equilíbrio da comunidade vegetal poderão afetar a época de realização do controle das plantas daninhas na cultura do milho. Diante do exposto, objetivou-se neste trabalho avaliar o efeito de doses de nitrogênio na época de controle das plantas daninhas na cultura do milho.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido na área experimental de herbologia, localizada no Centro de Extensão e Pesquisa Agropecuária da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Passo Fundo-RS, localizada no Planalto Médio do Rio Grande do Sul.

O solo do local foi classificado como Latossolo Vermelho-Escuro típico (Embrapa, 1999). Antecedendo a semeadura, foi coletada uma amostra de solo, na profundidade de 0 a 20 cm. Os resultados da análise de solo foram os seguintes: argila = 46%; MO = 2,6%; pH em H2O = 5,4; P = 20 mg dm-3; K = 155 mg dm-3; Al = 0,0 cmolc dm-3; Ca = 5,9 cmolc dm-3; Mg = 3,1 cmolc dm-3; H+Al = 4,7 cmolc dm-3; CTC = 14,1 cmolc dm-3; saturação de bases = 66%; S = 19 mg dm-3; B = 0,5 mg dm-3; Mn = 14,3 mg dm-3; Zn = 0,8 mg dm-3; e Cu = 2,1 mg dm-3.

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, com os tratamentos dispostos em parcelas subdivididas. As parcelas principais constituíram-se das doses de nitrogênio (0, 50, 100, 150 e 200 kg ha-1), e as subparcelas, das épocas de controle das plantas daninhas na cultura do milho. Foram utilizadas quatro repetições, e cada unidade experimental media 3,0 x 5,0 m (15 m2).

O fator épocas de controle constituiu-se da aplicação do herbicida aos 7, 14, 21 e 28 dias após a emergência (DAE) do milho, cujos estádios fenológicos eram V2 (duas folhas do milho totalmente expandidas), V3 (três folhas do milho totalmente expandidas), V4 (quatro folhas do milho totalmente expandidas) e V5 (cinco folhas do milho totalmente expandidas), respectivamente. Foram mantidas duas testemunhas – uma na presença e outra na ausência das plantas daninhas – e a eliminação das plantas foi realizada com o controle químico aos 7 DAE e, posteriormente, com capina manual.

A semeadura direta do milho foi efetuada sobre os restos culturais de aveia-preta (Avena strigosa). O manejo da aveia foi feito 15 dias antes da semeadura do milho, com o herbicida glyphosate na dose de 720 g e.a. ha-1, utilizando-se um pulverizador costal pressurizado e volume de calda equivalente a 200 L ha-1.

As sementes de milho foram tratadas com carboxin + thiram e alfacypermetrin. Antes da semeadura, a adubação do solo foi realizada nos sulcos, com 20 kg ha-1 de N, 100 kg ha-1 de P2O5 e 100 kg ha-1 de K2O. O milho híbrido P30F53 foi semeado manualmente, para uma densidade de 60.000 plantas ha-1, colocando-se duas a três sementes por cova. Após a emergência do milho fez-se o desbaste manual, deixando uma planta por cova. O nitrogênio foi distribuído a lanço, na forma de uréia e parcelada nos estádios V4 e V8 (8 folhas do milho totalmente expandidas).

Na área onde o experimento foi instalado havia infestação mista de plantas daninhas. O levantamento botânico indicou a presença das seguintes espécies: Brachiaria plantaginea (papuã), com 66%; Bidens pilosa (picão-preto), com 31%; Ipomoea spp. (corda-de-viola), com 1%; e Sida spp. (guanxuma), com 2%.

O controle químico das plantas daninhas foi feito em pós-emergência, com os herbicidas nicosulfuron (Sanson a 0,8 L ha-1) e atrazine (Primóleo a 3,0 L ha-1). Na aplicação foi utilizado um pulverizador costal, pressurizado com CO2, com pontas de jato plano XR 110.03, à pressão constante de 200 kPa e volume de calda equivalente a 200 L ha-1.

A densidade das plantas daninhas foi avaliada no tratamento com ausência de controle dessas plantas, por meio da sua contagem nas duas linhas centrais das subparcelas. A contagem das plantas daninhas iniciou-se aos 7 DAE do milho, e as contagens subseqüentes foram realizadas a cada sete dias, finalizando aos 63 DAE do milho.

O controle das plantas daninhas foi avaliado visualmente aos 7, 14 e 21 dias após a aplicação (DAA) dos herbicidas, atribuindo-se percentuais de controle das plantas daninhas em relação à testemunha sem controle, em que a nota zero correspondeu a nenhum efeito de controle e a nota 100 significou morte completa das plantas daninhas.

A amostragem da matéria seca das plantas daninhas foi feita em cada tratamento, no florescimento do milho, com a coleta de amostras de 0,25 m2. As amostras individualizadas de cada espécie daninha foram levadas à estufa de ventilação forçada, à temperatura de 60 ºC, até peso constante por 72 horas.

A colheita foi realizada manualmente, nas duas fileiras centrais de cada parcela, eliminando-se um metro de cada extremidade, para evitar o efeito bordadura. As espigas foram trilhadas e os grãos pesados, obtendo-se então o rendimento de grãos, expresso em 13% de umidade. Avaliaram-se ainda o peso de mil grãos e o número de grãos por espiga.

O rendimento obtido em cada época de aplicação dos herbicidas foi comparado com o rendimento da testemunha mantida na ausência do controle das plantas daninhas. Esse resultado foi transformado em percentual, sendo denominado de acréscimo de rendimento de grãos de milho.

Os dados foram submetidos à análise de variância e testados pelo teste F. Quando significativo (p < 0,05), procedeu-se à análise comparativa pelo teste de Duncan a 5%. As regressões foram realizadas entre a variável- resposta e a época de controle das plantas daninhas; quando houve interação significativa (p < 0,15), foram utilizados os modelos linear e quadrático para ajustar a distribuição dos dados obtidos. Os dados percentuais relativos ao controle das plantas daninhas foram transformados por raiz quadrada de (x + 1), para realização da análise de variância.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados de controle de B. plantaginea e B. pilosa não indicaram haver interação de doses de nitrogênio e épocas de controle, ocorrendo significância somente para o efeito das épocas de controle (Tabela 1).

Para B. plantaginea, na avaliação aos 7 DAA dos herbicidas, a testemunha sem plantas daninhas apresentou o melhor controle em relação às épocas de controle realizadas entre os estádios fenológicos de V2 a V5, e entre estas não houve diferença estatística. Na avaliação aos 14 DAA, não houve diferença estatística entre as épocas de controle nos estádios fenológicos de V2 a V5 e a testemunha sem planta daninha. Observou-se redução no controle realizado no estádio fenológico V2, aos 21 DAA, o que pode ser explicado pelo novo fluxo de emergência das plantas daninhas, resultando em menor controle.

Para B. pilosa, na avaliação aos 7 DAA dos herbicidas, o controle foi semelhante ao de B. plantaginea. Nas avaliações aos 14 e 21 DAA, as épocas de controle de V2 a V5 apresentaram alto grau de controle, indicando que os herbicidas nicosulfuron + atrazine foram eficazes no controle de B. pilosa, nos diferentes estádios de desenvolvimento do milho.

A análise de variância não demonstrou ser significativa a interação de doses de nitrogênio em cobertura e dias de contagem das plantas daninhas, na testemunha com ausência de controle destas. Observou-se diferença significativa nos dias de contagem das plantas daninhas, porém não houve diferença entre as doses de nitrogênio (Figura 1). Resultados similares foram obtidos por Swanton et al. (1999), que também não encontraram efeitos de doses de N sobre a densidade e a composição das espécies das plantas daninhas, na cultura do milho.


A densidade das plantas daninhas, na testemunha com ausência de controle destas, foi descrita por uma equação quadrática (Figura 1). A maior densidade foi obtida na época em que a contagem das plantas daninhas foi realizada no 36º dia, o qual correspondeu ao estádio fenológico V6, tendo sido estimada a 648 plantas m-2. A contagem realizada no 36º dia em que ocorreu a densidade máxima comparada com a última, realizada no 70º dia, resultou em redução de 23% na densidade das plantas daninhas (Figura 1). A elevada densidade produziu estresse, pela limitação dos recursos, e resultou na morte de algumas plantas quando a população final se ajustou.

Quanto à matéria seca das plantas daninhas, houve interação significativa dos fatores doses de nitrogênio e épocas de controle dessas plantas (Figura 2). Nos tratamentos com 0, 50, 100, 150 e 200 kg ha-1 de N, as menores quantidades de matéria seca foram estimadas quando o controle químico foi realizado no 16º, 17º, 19º, 14º e 18º DAE do milho, respectivamente. A quantidade de matéria seca das plantas daninhas nesses períodos, comparada com a produzida aos 28 DAE do milho, quando o controle foi realizado, aumentou 596, 169, 607, 773 e 60% na matéria seca das plantas daninhas, respectivamente.


As maiores produções de matéria seca das plantas daninhas ocorreram nos estádios fenológicos V2 e V5 da cultura do milho (Figura 2). Quando as plantas daninhas são controladas no início do desenvolvimento da cultura, ocorre reinfestação. Já quando o controle é muito atrasado, ocorre menor eficácia do herbicida, uma vez que as plantas daninhas apresentam maior desenvolvimento vegetativo e maior tolerância aos herbicidas (Carey & Kells, 1995).

Os resultados de rendimento de grãos são apresentados na Tabela 2. Para essa variável observou-se interação das doses de nitrogênio e épocas de controle das plantas daninhas. No tratamento com zero de nitrogênio, os maiores rendimentos foram obtidos quando o controle foi realizado nos estádios fenológicos V2 a V4. O tratamento sem planta daninha e sem nitrogênio não apresentou o resultado esperado, o que se deu em função da menor eficiência da capina manual, pois as prolongadas precipitações durante o ciclo da cultura permitiram a reinfestação da área. Assim, em alguns momentos este tratamento esteve infestado, o que ocasionou prejuízos no rendimento, além do fato de não ter recebido nitrogênio. Contudo, quando a testemunha sem plantas daninhas recebeu nitrogênio, os rendimentos se equipararam aos obtidos naqueles tratamentos em que se efetuou o controle das plantas daninhas.

Os maiores rendimentos de grãos de milho foram obtidos quando o controle de plantas daninhas foi realizado no estádio fenológico V4 na dose de 50 kg ha-1 de N; V2, com 100 kg ha-1 de N; V2 a V4, com 150 kg ha-1 de N; e V3 a V5, com 200 kg ha-1 de N, respectivamente. Esses resultados demonstraram que as doses de nitrogênio influenciaram a época de controle das plantas daninhas e, ainda, que, quando o controle das plantas daninhas é realizado em épocas mais tardias, o uso de altas doses de nitrogênio pode minimizar o efeito negativo da interferência dessas plantas.

Observa-se que, à medida que as doses de N foram aumentadas, incrementou-se o rendimento dos grãos de milho (Tabela 2). Esse fato pode ser explicado em virtude da maior disponibilidade do N, aumentando a habilidade competitiva da cultura em relação às plantas daninhas. Esses resultados estão de acordo com os de Blanco et al. (1977) e Evans et al. (2003b) e também são confirmados por Nieto & Staniforth (1961), quando relataram que o rendimento do milho foi mais afetado pela interferência das plantas daninhas na ausência de dose de nitrogênio, quando comparado à dose de 157 kg ha-1 de N.

No que se refere aos acréscimos de rendimento de grãos em relação à testemunha sem controle, houve interação significativa das doses de N e épocas de controle das plantas daninhas (Figura 3). Os ganhos máximos de rendimento ocorreram no 17º DAE do milho, na testemunha com 0 kg ha-1 de N e no tratamento com 150 kg ha-1 de N, sendo estimados em 559 e 104%, respectivamente. Nos tratamentos com 50 e 100 kg ha-1 de N, eles ocorreram no 18º DAE, sendo estimados em 174 e 124%, respectivamente. Já no tratamento com 200 kg ha-1 de N o acréscimo de rendimento foi descrito por uma equação linear e o ganho máximo estimado foi de 74%, tendo ocorrido aos 28 DAE.


A testemunha com 0 kg ha-1 de N apresentou o acréscimo de rendimento de grãos maior em relação aos demais tratamentos com nitrogênio. Esse fato pode ser explicado, tendo em vista que a testemunha com 0 kg ha-1 de N teve o estresse pela interferência das plantas daninhas e mais o estresse causado pela ausência da adubação nitrogenada. Em todos os tratamentos que receberam nitrogênio, à medida que se aumentaram as doses desse nutriente, houve menores efeitos das épocas de controle das plantas daninhas sobre o rendimento de grãos, demonstrando que o N minimizou os efeitos da interferência dessas plantas (Figura 3).

Em relação ao peso de mil grãos, não houve interação significativa de doses de N e épocas de controle das plantas daninhas. Ocorreu diferença significativa entre as doses de N utilizadas. O incremento nas doses desse nutriente aumentou linearmente o peso de mil grãos, independentemente das épocas de controle das plantas daninhas (Figura 4). Observa-se que o peso de mil grãos aumentou em 13,7% quando se elevou a dose de N de 0 para 200 kg ha-1. Quanto ao efeito das épocas de controle, somente se observaram diferenças na testemunha infestada com as plantas daninhas, a qual apresentou menor peso de mil grãos (Tabela 3).


Para o número de grãos por espiga, foi significativa a interação de doses de N e épocas de controle das plantas daninhas (Tabela 4). Na testemunha com 0 kg ha-1 de N e nos tratamentos com 50, 100, 150 e 200 kg ha-1 de N, o número de grãos por espiga foi maior quando os controles das plantas daninhas foram realizados nos estádios fenológicos V2, V4, V2, V2 e V3, respectivamente.

Na época de controle no estádio fenológico V2, o maior número de grãos por espiga foi no tratamento com 150 kg ha-1 de N; nas épocas de V3, V4 e V5, no tratamento com 200 kg ha-1 de N; na testemunha com planta daninha, nos tratamentos com 150 e 200 kg ha-1 de N; e na testemunha sem planta daninha, nos tratamentos com 100, 150 e 200 kg ha-1 de N. De maneira geral, o aumento na dose de N incrementou o número de grãos por espiga, independentemente das épocas de controle das plantas daninhas. Resultados semelhantes foram obtidos por Tollenaar et al. (1997), tanto quando a cultura de milho esteve na presença ou na ausência das plantas daninhas.

De acordo com os resultados, percebe-se que o nitrogênio influencia a determinação da época de controle das plantas daninhas; nos controles realizados em épocas tardias, o uso de altas doses minimiza o efeito negativo da interferência das plantas daninhas na cultura do milho. Na ausência da aplicação de N, o controle químico exerce maior influência sobre o acréscimo de rendimento de grãos de milho.

LITERATURA CITADA

Recebido para publicação em 27.10.2006 e na forma revisada em 23.5.2007.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    03 Mar 2011
  • Data do Fascículo
    Set 2007

Histórico

  • Revisado
    23 Maio 2007
  • Recebido
    27 Out 2006
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