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Efeito da restrição de vitaminas e minerais na alimentação de frangos de corte sobre o rendimento e a composição da carne

The effect of dietary vitamin and mineral supplements withdrawal on broiler carcass yield and meat composition

Resumos

Este estudo teve por objetivo determinar o efeito da retirada dos suplementos vitamínico e mineral da dieta de frangos de corte no período final de crescimento sobre o rendimento de carcaça, a gordura abdominal e a composição da carne destas aves. Cento e doze aves de uma linhagem comercial com 21 dias de idade foram alimentadas com dietas experimentais até os 42 dias de idade. Os tratamentos foram: T1 : dieta contendo suplementos vitamínico e mineral; T2: dieta sem suplementos; T3: dieta com suplementos dos dias 21 ao 27; T4: dieta com suplementos dos dias 21 ao 34. Ao final do período experimental oito aves de cada tratamento (metade de cada sexo) foram abatidas e o rendimento de carcaça e gordura abdominal determinados como percentual do peso vivo. As carnes claras e escuras de cada carcaça foram coletadas para determinação da composição proximal. A restrição de vitaminas e minerais na dieta não afetou significativamente o rendimento de carcaça. As aves que receberam a dieta sem suplementos (T2) apresentaram percentagem de gordura abdominal significativamente (P<=0,05) superior a dos outros tratamentos. Os níveis médios de umidade e cinzas na carne dos frangos foram de aproximadamente 73,53% e 1,07%, respectivamente. A concentração de lipídios no T4 foi significativamente (P < 0,05) inferior a dos demais tratamentos e as carnes escuras (6,88%) apresentaram valores significativamente superiores aos das carnes claras (1,42%). O nível médio de proteína foi de 19% com valores variando de 17% na carne escura a 21% na carne clara.

restrição frangos; vitaminas frangos; minerais frangos; restrição suplementos frangos


The objective of this study was to assess the effect of the withdrawal of vitamin and mineral supplements from the diets of broilers in their final period of growing on carcass and abdominal fat yields and on meat composition. One hundred and twelve birds of a commercial line were fed experimental diets from the 21st to the 42nd days of age, consisting of four treatments: T1: diet containing regular mineral and vitamin supplements; T2: diet without supplements;T3: diet with regular supplements from day 21 to day 27 and without supplements from day 28 to day 42; T4: diet with regular supplements from day 21 to day 34 and without supplements from day 35 to day 42. Eight birds from each treatment (half from each sex) were slaughtered at the end of the experimental period. Carcass yield and abdominal fat were measured. Dark and light meat from each carcass were then collected and analyzed for proximal composition. Vitamin and mineral restriction did not significantly (P>0,05) affect carcass yield. Birds from T2 showed levels of abdominal fat significantly (P<0,05) higher than those from the other treatments. Moisture and ash levels in chicken meat was about 19% with values ranging from 17% in dark meat to 21% in light meat. Results suggest that diets with vitamin and mineral restriction between the 21st and the 42nd day of age could increase the level of abdominal fat in the chicken about 73,53% and 1,07%, respectively and were not affected by treatment, sex or type of meat. Lipid content in birds from T4 was significantly (P<0,05) lower than those in birds from the other treatments. Lipid level in dark meat (6,88%) was higher(P<0,05) than in light meat (1,42%). Average protein content in chicken.

restriction supplements; vitamins broilers; minerals broilers


EFEITO DA RESTRIÇÃO DE VITAMINAS E MINERAIS NA ALIMENTAÇÃO DE FRANGOS DE CORTE SOBRE O RENDIMENTO E A COMPOSIÇÃO DA CARNE1 1 Recebido para publicação em 24/04/97. Aceito para publicação em 26/02/98.

Regilda S. dos R. MOREIRA2 1 Recebido para publicação em 24/04/97. Aceito para publicação em 26/02/98. , Jorge F.F. ZAPATA3 1 Recebido para publicação em 24/04/97. Aceito para publicação em 26/02/98. , Maria de F.F. FUENTES3 1 Recebido para publicação em 24/04/97. Aceito para publicação em 26/02/98. , Eliana M. SAMPAIO3 1 Recebido para publicação em 24/04/97. Aceito para publicação em 26/02/98. , Geraldo Arraes MAIA3 1 Recebido para publicação em 24/04/97. Aceito para publicação em 26/02/98.

RESUMO

Este estudo teve por objetivo determinar o efeito da retirada dos suplementos vitamínico e mineral da dieta de frangos de corte no período final de crescimento sobre o rendimento de carcaça, a gordura abdominal e a composição da carne destas aves. Cento e doze aves de uma linhagem comercial com 21 dias de idade foram alimentadas com dietas experimentais até os 42 dias de idade. Os tratamentos foram: T1 : dieta contendo suplementos vitamínico e mineral; T2: dieta sem suplementos; T3: dieta com suplementos dos dias 21 ao 27; T4: dieta com suplementos dos dias 21 ao 34. Ao final do período experimental oito aves de cada tratamento (metade de cada sexo) foram abatidas e o rendimento de carcaça e gordura abdominal determinados como percentual do peso vivo. As carnes claras e escuras de cada carcaça foram coletadas para determinação da composição proximal. A restrição de vitaminas e minerais na dieta não afetou significativamente o rendimento de carcaça. As aves que receberam a dieta sem suplementos (T2) apresentaram percentagem de gordura abdominal significativamente (P£0,05) superior a dos outros tratamentos. Os níveis médios de umidade e cinzas na carne dos frangos foram de aproximadamente 73,53% e 1,07%, respectivamente. A concentração de lipídios no T4 foi significativamente (P < 0,05) inferior a dos demais tratamentos e as carnes escuras (6,88%) apresentaram valores significativamente superiores aos das carnes claras (1,42%). O nível médio de proteína foi de 19% com valores variando de 17% na carne escura a 21% na carne clara.

Palavras-chave: restrição frangos, vitaminas frangos, minerais frangos, restrição suplementos frangos.

SUMMARY

THE EFFECT OF DIETARY VITAMIN AND MINERAL SUPPLEMENTS WITHDRAWAL ON BROILER CARCASS YIELD AND MEAT COMPOSITION. The objective of this study was to assess the effect of the withdrawal of vitamin and mineral supplements from the diets of broilers in their final period of growing on carcass and abdominal fat yields and on meat composition. One hundred and twelve birds of a commercial line were fed experimental diets from the 21st to the 42nd days of age, consisting of four treatments: T1: diet containing regular mineral and vitamin supplements; T2: diet without supplements;T3: diet with regular supplements from day 21 to day 27 and without supplements from day 28 to day 42; T4: diet with regular supplements from day 21 to day 34 and without supplements from day 35 to day 42. Eight birds from each treatment (half from each sex) were slaughtered at the end of the experimental period. Carcass yield and abdominal fat were measured. Dark and light meat from each carcass were then collected and analyzed for proximal composition. Vitamin and mineral restriction did not significantly (P>0,05) affect carcass yield. Birds from T2 showed levels of abdominal fat significantly (P<0,05) higher than those from the other treatments. Moisture and ash levels in chicken meat was about 19% with values ranging from 17% in dark meat to 21% in light meat. Results suggest that diets with vitamin and mineral restriction between the 21st and the 42nd day of age could increase the level of abdominal fat in the chicken about 73,53% and 1,07%, respectively and were not affected by treatment, sex or type of meat. Lipid content in birds from T4 was significantly (P<0,05) lower than those in birds from the other treatments. Lipid level in dark meat (6,88%) was higher(P<0,05) than in light meat (1,42%). Average protein content in chicken.

Key words: restriction supplements, vitamins broilers,minerals broilers.

1 - INTRODUÇÃO

Os alimentos que compõem a dieta humana são em geral de origem vegetal e animal. Alimentos como as carnes, os peixes, os derivados lácteos, os grãos e as farinhas de leguminosas, são particularmente ricos em proteínas e considerados as principais fontes desse nutriente indispensável. Com raras exceções, as proteínas de origem animal apresentam um melhor equilíbrio de seus aminoácidos indispensáveis e um maior índice de digestibilidade do que as de origem vegetal (16).

A carne de aves além de ser rica em proteínas, é também fonte importante de energia e de outros nutrientes como vitaminas, minerais e lipídios. A carne de frango é bastante rica em ferro e nas vitaminas do complexo B, em especial niacina (músculo escuro) e riboflavina (músculo claro). A pele é rica em colesterol e seu consumo deve ser limitado.

A carne de frango é uma das mais consumidas pela população brasileira, além dos produtos avícolas processados. O papel chave dos produtos alimentícios de origem animal na dieta da maioria das civilizações, reside na importância destes alimentos serem fontes de proteína de alta qualidade, de minerais (8, 18, 20) e de vitaminas. Assim, é provável que a demanda destes produtos continue em alta. Para tanto será necessário que nos anos vindouros se utilizem novas e eficientes técnicas de produção conjugadas à maior eficiência no processamento de produtos avícolas (6).

Vários autores têm procurado determinar a composição química da carcaça quanto à umidade, proteína, gordura e cinzas como uma maneira de medir a resposta das aves frente a diferentes programas de alimentação (12)

O Brasil é o segundo maior produtor de frangos de corte do mundo ocidental, com cerca de 2,26 milhões de toneladas de carne produzidas em 1990. Apesar disso e dos bons índices de produtividade obtidos, a parte relacionada com o abate e processamento de frangos de corte somente passou a ser motivo de preocupações mais sérias há menos de cinco anos, com o incremento nas exportações de cortes especiais desossados (12).

Sabe-se que a alimentação representa cerca de 70% do custo da produção das aves, sendo difícil, portanto, aliar qualidade e preço, com o agravante de que nos últimos anos tem ocorrido escassez de matérias primas, devido à competição para o consumo humano. Como não houve retrocesso na produção avícola e, ao contrário, o setor tem apresentado sensível expansão, a indústria de rações vê aumentada sua responsabilidade, já que a manutenção de sua dinâmica (crescimento de 20 a 30% ao ano) implica em maior competição. Tais razões obrigam os nutricionistas a concentrarem maiores esforços na pesquisa de fontes alternativas, principalmente energéticas e protéicas, e na busca de formulações que atendam às necessidades qualitativas e econômicas de produção na avicultura. Sendo a ração, portanto, o componente que mais onera a produção avícola, qualquer fator que ajude a melhorar a utilização do alimento, através do maior ganho de peso ou de conversão alimentar, poderá reduzir os custos finais de produção (6).

Entre os componentes utilizados na formulação de rações, estão os suplementos e aditivos usualmente denominados de premix, cujo preço, pode atingir cerca de 10% do custo da alimentação de frangos de corte, conforme a quantidade e os tipos de ingredientes utilizados na sua produção (2) .

O nutricionista ao considerar as necessidades de suplementos vitamínico, e mineral deve levar em conta uma série de fatores que podem demandar mudanças nos níveis de requerimento tais como ingredientes utilizados na ração, nível de energia das dietas, práticas de manejo, o estado de desenvolvimento da ave, stress, enfermidades, e outros fatores que podem influenciar na ingestão de alimento e no rendimento. Atualmente, o desafio constante na indústria avícola é uma produção mais eficiente a fim de diminuir os custos de produção. Alguns estudos têm demonstrado que certos nutrientes, em determinadas condições, podem estar em excesso nos níveis suplementados. Portanto, a manipulação das dietas com a redução destes nutrientes em excesso tem sido o objetivo de várias pesquisas.

A retirada de suplementos vitamínicos e mineral na fase final de produção pode ser uma das maneiras de reduzir os custos de produção, e estudos feitos por SKINNER et al (17) e TEETER & DEYHIM (19), têm mostrado resultados controversos. Tais estudos, entretanto, não têm levado em consideração a qualidade nutricional do produto.

Segundo GALVÃO (9), a principal diferença entre os músculos claros e escuros está no nível de gordura. A carne do peito é bem mais magra, com cerca de 1,4% de gordura, enquanto a carne da coxa apresenta cerca de 5,1% de gordura.

À medida que aumenta a idade da ave ocorre um aumento na quantidade de proteína e gordura e uma diminuição na umidade e cinzas da carcaça, tanto em machos como em fêmeas. Quanto ao efeito do sexo, vários autores encontraram maiores percentagens de umidade e proteína e menores de gordura na carcaça para os machos que para as fêmeas, enquanto os teores de cinzas foram similares. Ao se aumentar o nível de energia da dieta, ocorre um aumento na concentração de gordura da carcaça e uma diminuição na umidade, enquanto a proteína aparentemente não é afetada. Esse aumento no nível de gordura da carcaça também ocorre com o aumento na quantidade de gordura da dieta, independente do aumento no nível de energia da dieta. Também existe uma correlação positiva entre a relação enérgia-proteína da dieta e a quantidade de gordura da carcaça e inversa com a proteína e a umidade (12).

Rendimento de carcaça é a relação entre as partes comestíveis e as não comestíveis e as perdas (15).

As diferenças no rendimento de carcaça entre machos e fêmeas ainda não estão bem estabelecidas na literatura. Mendes (1990), citado por MENDES (12), realizou uma série de seis experimentos comparando o rendimento de carcaça eviscerada de machos e fêmeas. Em dois deles, as fêmeas apresentaram maiores rendimentos que os machos, enquanto, nos quatro restantes, o sexo não afetou o rendimento de carcaça eviscerada.

Segundo o mesmo autor (11), o rendimento de carcaça é expresso em percentagem e é a relação entre o peso da carcaça eviscerada e o peso vivo. Pode-se considerar a carcaça eviscerada inteira, isto é, com patas, pescoço e cabeça, ou então, o que é mais comum, a carcaça sem patas, pescoço e cabeça. Existem algumas características com resposta correlacionada que têm efeito pequeno e positivo com o rendimento, como por exemplo, conformação, boas pernas, saúde e vigor. Todas elas maximizam o rendimento.

O frango de corte atual possui cerca de 2% de gordura abdominal em relação ao seu peso vivo. Além disso, essa característica apresenta uma alta correlação com a gordura total da carcaça. Quanto ao sexo, está bem estabelecido, na literatura, que as fêmeas acumulam mais gordura que os machos. Isso está relacionado com a presença de hormônios e com o maior metabolismo apresentado pelos machos. Além disso, na fase final de criação, a proporção de gordura acumulada pelas fêmeas é sempre maior que nos machos, independentemente do nível de energia da ração utilizada. Com isso, torna-se interessante abater as fêmeas mais precocemente que os machos a fim de minimizar o problema de acúmulo de gordura. Entretanto, deve-se salientar que a nutrição afeta a quantidade de gordura abdominal de uma maneira diferente, de acordo com o sexo (12).

Este trabalho teve por objetivo estudar o efeito da época de retira dos suplementos vitamínico e mineral da ração de frango de corte na fase de engorda (21 a 42 dias) sobre o rendimento de carcaça, nível de gordura abdominal e composição da carne dos mesmos.

2 - MATERIAL E MÉTODOS

Para este experimento foram utilizados 112 pintos de corte de uma linhagem comercial, com 21 dias de idade, os quais foram pesados e distribuídos de acordo com o tratamento em gaiolas individuais. Cada tratamento constou de 28 aves (metade de cada sexo), sendo cada ave considerada uma repetição. Os tratamentos alimentares foram os seguintes: Trat. 1 - Aves alimentadas com dieta contendo suplemento de vitaminas e minerais durante todo o período experimental (21 a 42 dias). Trat. 2 - Aves alimentadas com dieta sem suplemento de vitaminas e minerais durante todo o período experimental (21 a 42 dias). Trat. 3.- Aves alimentadas com dieta sem suplemento de vitaminas e minerais dos 28 aos 42 dias. Trat. 4 - Aves alimentadas com dieta sem suplemento de vitaminas e minerais dos 35 aos 42 dias.

As rações utilizadas (Quadro 1) foram preparadas de acordo com os requerimentos nutricionais do National Research Council (14). A composição dos suplementos vitamínicos e minerais usados neste experimento são apresentados nos Quadros 2 e 3.




Completados os 42 dias de idade, todas as aves foram identificadas e pesadas para se determinar o ganho de peso no período. Em seguida, 8 aves de cada tratamento foram escolhidas aleatoriamente, abatidas por concusão cervical, degolados e eviscerados manualmente. Após completa lavagem as carcaças foram pesadas para se determimar o rendimento de carcaça sendo as mesmas estocadas em câmara frigorífica a -20°C. Em seguida, as carcaças foram descongeladas, separadas por sexo, para as determinações de gordura abdominal e desossadas manualmente. Em seguida separou-se a carne por tipo de músculo (claro e escuro) e triturou-se em picador de carne (Bendix Food Processor) para as análises de composição.

A determinação da umidade foi realizada por gravimetria, em estufa regulada a 105°C, por 24 h, para obter-se peso constante (10).

A determinação das cinzas foi realizada por gravimetria em mufla a 550°C até peso constante (10).

A quantidade de nitrogênio total foi determinada pelo método de Kjeldahl (macro), segundo procedimento descrito pela ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS (3), o qual se baseia na destruição da matéria orgânica seguida de destilação, sendo o nitrogênio dosado por volumetria. O fator 6,25 foi utilizado para converter o teor de nitrogênio total em proteínas.

A fração extrato etéreo (lipídios) foi determinada em extrator intermitente de Soxhlet, utilizando-se hexano P.A. como solvente, segundo método da ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS, (3).

Para determinar o rendimento de carcaça foram pesados oito frangos vivos, quatro do sexo masculino e quatro do sexo feminino. Em seguida após o abate e evisceração, as carcaças foram pesadas calculando-se então o rendimento de carcaça em relação ao peso vivo (PV).

Após a pesagem da aves para se determinar o rendimento de carcaça, a gordura abdominal foi retirada manualmente, pesada e em seguida foi calculada a percentagem de gordura abdominal em relação ao peso vivo.

Para a análise estatística dos resultados foram utilizados pacotes computacionais SPSSPC e Planilha Quatro Pro. Dentre as técnicas estatísticas utilizadas, encontra-se a análise de variância, desenho fatorial cruzado com três fatores, análises gráficas e Teste de Tukey MONTGOMERY (13). Para os testes estatísticos fixaram-se os níveis de significância de 5% e 1%.

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 - Composição centesimal

Os valores obtidos na determinação da umidade são apresentados nas Figuras 1 e 2. A análise estatística mostrou que não houve efeito significativo de tratamento, sexo ou tipo de músculo sobre a quantidade de umidade da carne de frango. Os valores médios de umidade encontrados nesta pesquisa apresentaram uma variação de 73,04 a 73,96% e estão de acordo com os dados apresentados por CARVALHO (5) e ENDEF (7), que registram um valor de 73,7%. Porém inferiores aos reportados por ANG et al (1), McCance & Widdowson’s (11) e GALVÃO (9) cujos valores foram 74,67%, 74,75% e 74,95%, respectivamente.



Os resultados da determinação de cinzas na carne dos frangos (Figuras 1 e 2), tal como ocorreu com a umidade, não foram afetados significativamente pelos tratamentos, sexo e tipo de músculo. A quantidade média de cinzas obtida variou de 0,98 a 1,32%. Estes valores estão de acordo com os encontrados por ANG et al (1), GALVÃO (9) e ENDEF (7), quais sejam 1,17%, 1,05% e 1,0%, respectivamente. Porém, foram superiores ao valor de 0,85% reportado por BODWELL & ANDERSON (4).

As quantidades de proteínas apresentadas nas Figuras 1 e 2, determinadas neste experimento, foram afetadas significativamente pelos tratamentos e tipos de músculos. As aves do tratamento T1 que receberam uma dieta contendo suplementos vitamínico e mineral durante todo o período experimental apresentaram um valor de proteína superior ao das aves dos outros tratamentos, que consumiram a dieta sem suplementos vitamínico e mineral. (Figura 1). Entretanto esta diferença somente foi significativa em relação ao tratamento T4. Em relação ao tipo de músculo (Figura 2), a concentração de proteínas no músculo claro (20,99 g/100 g de parte comestível) foi significativamente superior a do músculo escuro (16,65 g/100 g de parte comestível).

Os valores obtidos se encontram próximos de 20,45% determinados por McCance & Widdowson’s (11) e 20,75% encontrado por Galvão (9). Entretanto, valores superiores (23,26 e 22,0%) foram obtidos por ANG et al (1) e ENDEF (7), respectivamente. BODWELL & ANDERSON (4) reportam dados inferiores (15,55%), para este tipo de carne.

A análise de lipídios na carne de frangos mostrou que os tratamentos, assim como o tipo de músculo, afetaram significativamente a concentração de gorduras. As aves do T4, em que os suplementos vitamínico e mineral foram retirados com 7 dias antes do abate, apresentaram uma quantidade de lipídios significativamente inferior aos demais tratamentos (Figura 1). Em relação ao tipo de músculo (Figura 2), a concentração média de lipídios no músculo escuro (6,88 g/100 g de parte comestível) foi significativamente superior a do músculo claro (1,42 g/100 g de parte comestível).

Os valores da determinação de gordura obtidos neste estudo para músculo escuro foram inferiores a 5,5% e os de músculo claro foram superiores a 3,2%, teores semelhantes foram determinados por McCance & Widdowson’s (11). GALVÃO (9) em trabalho similar obteve valores iguais em relação ao músculo escuro (5,1%) e inferiores para o músculo claro (1,4%).

3.1 - Rendimento de carcaça

A análise estatística dos resultados de rendimento de carcaça apresentados no Quadro 4, demonstraram que não há influência de sexo e nem de tratamentos. Os dados obtidos estão de acordo com os valores reportados por MENDES (12).


3.3 - Percentual de gordura abdominal

Os dados de gordura abdominal expressos como porcentagem do peso vivo (Figura 3), mostram que houve influência de tratamento. As aves do T2, que receberam a dieta sem suplemetos vitamínico e mineral de 21 a 42 dias, apresentaram uma quantidade de gordura significativamente mais altas que as dos demais tratamentos.


Observou-se um maior porcentagem de gordura abdominal em relação aos reportados por MENDES (12), sugerindo que a restrição de suplementos causa maior formação de gordura devido, provavelmente, a falta de vitaminas que atuam como fatores nas reações de síntese protéica, havendo assim um desvio para a via de síntese de gordura.

4 - CONCLUSÕES

Os teores de umidade e cinzas da carne de frango não foram afetados significativamente pelos tratamentos de restrição de vitaminas e minerais. No entanto, proteínas e lipídios foram significativamente diferentes em função do tratamento e tipo de músculo;

O rendimento de carcaça não foi afetado significativamente pelos tratamentos de restrição de vitaminas e minerais na ração dos frangos em nenhum dos períodos de criação estudados;

A retirada dos suplementos vitamínico e mineral da dieta dos frangos, no período de 21 a 42 dias de idade produziu aves com maior percentual de gordura abdominal;

5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

2 Universidade Federal do Piauí. Depto de Nutrição. Campus Ministro Petrônio Portella. Teresina Pi. CEP 64049-550.

3 Universidade Federal do Ceará. Depto de Tecnologia de Alimentos e Depto de Zootecnia. C.P. 122168. Campus do Pici. Fortaleza Ce. CEP 600020-181.

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    Recebido para publicação em 24/04/97. Aceito para publicação em 26/02/98.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      28 Set 2001
    • Data do Fascículo
      Abr 1998

    Histórico

    • Recebido
      24 Abr 1997
    • Aceito
      26 Fev 1998
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