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Avaliação de diferentes híbridos suínos submetidos à insensibilização elétrica e gasosa (CO2). Parte 3: mensurações visuais de qualidade

Evaluation of diferent pig hybrid stunned with electrical and gaseous (CO2) systems. Part 3: subjective measures of quality

Resumos

Três linhagens genética suína A, B e C comercializadas no Brasil, foram submetidas ao insensibilizador elétrico manual (Karl Schermer 220-230/250 volts, 45-60 Hz e 1,4 - 1,5 A) e ao sistema gasoso coletivo (COMBI-BUTINA 90% CO2) . A insensibilização elétrica proporcionou níveis mais elevados de salpicamento nas regiões do coxão mole (0,477 e 0,26, p < 0,01), paleta/cranial (0,154 e 0,039, p < 0,05), paleta/central (0,261 e 0,052, p < 0,001), paleta/caudal (0,180 e 0,030, p < 0,01), lombo/central (0,185 e 0,065, p < 0,01), lombo/caudal (0,06 e 0,207, p < 0,01) e lombo/lateral externa (0,061 e 0,013, p < 0,05), assim como salpicamento mais difuso nas regiões do coxão-mole (0,461 e 0,279, p < 0,05), paleta/cranial (0,154 e 0,039, p < 0,01), paleta/central (0,231 e 0,039, p < 0,001) e paleta/caudal (0,185 e 0,026, p < 0,001). O sistema elétrico também proporcionou maiores índices de escoriações da pele nas regiões da paleta (1,098 e 0,795, p < 0,001), corpo (1,04 e 0,948, p < 0,05) e pernil (0,84 e 0,68, p < 0,001), assim como elevados índices de reflexo palpebral (11,57%) comparativamente ao gasoso (2,86%), de um total de 426 suínos. Pequenos índices de fraturas ósseas e contusões musculares em animais de ambos os sistemas foram observados.

sistemas de insensibilização; bem-estar animal; qualidade


Three pig genetics lineages A, B and C marketed in Brazil, were stunning with the manual electric stunning (Karl Schermer 220-230/250 volts, 45-60 Hz and 1.4 - 1.5 A) and the collective gaseous system (COMBI-BUTINA 90% CO2). The electric stunning provided higher blood splashed levels in the areas of the inside round (0.477 and 0.26, p < 0.01), shoulder/cranial (0.154 and 0.039, p < 0.005), shoulder/central (0.261 e 0.052, p < 0.001), shoulder/caudal (0.180 and 0.030, p < 0.01), loin/central (0.185 and 0.065, p < 0.01), loin/caudal (0.06 and 0.207, p < 0.01) and loin/lateral external (0.061 and 0.013, p < 0.05), as well as more diffuse blood splashed in the areas of the inside round (0.461 and 0.279, p < 0.05), shoulder/cranial (0.154 and 0.039, p < 0.001), shoulder/central (0.231 and 0.039, p < 0.001) and shoulder/caudal (0.185 and 0.026, p < 0.001). The electric stunning also provided higher skin damage levels in the areas of the shoulder (1.098 and 0.795, p < 0.001), body (1.04 and 0.948, p < 0.05) and ham (0.84 and 0.68, p < 0.001), as well as higher eyelid reflex levels (11.57%) comparatively to the gaseous system (2.86%) of a total of 426 pigs. Small indexes of bone fractures and muscle bruises were found in both systems.

stunning system; animal welfare; meat quality


Avaliação de diferentes híbridos suínos submetidos à insensibilização elétrica e gasosa (CO2). Parte 3 - mensurações visuais de qualidade

Evaluation of diferent pig hybrid stunned with electrical and gaseous (CO2) systems. Part 3 - subjective measures of quality

William BertoloniI, * * A quem a correspondência deve ser enviada ; Expedito Tadeu Facco SilveiraII; Marcela de R. CostaII; Charlí B. LudtkeIII

IDepartamento de Zootecnia e Extensão Rural, Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Av. Fernando Correia da Costa, S/N, CEP 78060-900, Cuiabá (MT), E-mail:bertoloni@ufmt.br

IIInstituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), Centro de Tecnologia de Carnes (CTC), Av. Brasil, 2880, C. P. 139, CEP 13070-178, Campinas (SP)

IIIDepartamento de Gestão e Tecnologia Agroindustrial (FCA-UNESP), Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", C. P. 237, CEP 18603-970, Botucatu (SP)

RESUMO

Três linhagens genética suína A, B e C comercializadas no Brasil, foram submetidas ao insensibilizador elétrico manual (Karl Schermer 220-230/250 volts, 45-60 Hz e 1,4 – 1,5 A) e ao sistema gasoso coletivo (COMBI-BUTINA 90% CO2) .

A insensibilização elétrica proporcionou níveis mais elevados de salpicamento nas regiões do coxão mole (0,477 e 0,26, p < 0,01), paleta/cranial (0,154 e 0,039, p < 0,05), paleta/central (0,261 e 0,052, p < 0,001), paleta/caudal (0,180 e 0,030, p < 0,01), lombo/central (0,185 e 0,065, p < 0,01), lombo/caudal (0,06 e 0,207, p < 0,01) e lombo/lateral externa (0,061 e 0,013, p < 0,05), assim como salpicamento mais difuso nas regiões do coxão-mole (0,461 e 0,279, p < 0,05), paleta/cranial (0,154 e 0,039, p < 0,01), paleta/central (0,231 e 0,039, p < 0,001) e paleta/caudal (0,185 e 0,026, p < 0,001).

O sistema elétrico também proporcionou maiores índices de escoriações da pele nas regiões da paleta (1,098 e 0,795, p < 0,001), corpo (1,04 e 0,948, p < 0,05) e pernil (0,84 e 0,68, p < 0,001), assim como elevados índices de reflexo palpebral (11,57%) comparativamente ao gasoso (2,86%), de um total de 426 suínos.

Pequenos índices de fraturas ósseas e contusões musculares em animais de ambos os sistemas foram observados.

Palavras-chave: sistemas de insensibilização, bem-estar animal, qualidade.

SUMMARY

Three pig genetics lineages A, B and C marketed in Brazil, were stunning with the manual electric stunning (Karl Schermer 220-230/250 volts, 45-60 Hz and 1.4 – 1.5 A) and the collective gaseous system (COMBI-BUTINA 90% CO2).

The electric stunning provided higher blood splashed levels in the areas of the inside round (0.477 and 0.26, p < 0.01), shoulder/cranial (0.154 and 0.039, p < 0.005), shoulder/central (0.261 e 0.052, p < 0.001), shoulder/caudal (0.180 and 0.030, p < 0.01), loin/central (0.185 and 0.065, p < 0.01), loin/caudal (0.06 and 0.207, p < 0.01) and loin/lateral external (0.061 and 0.013, p < 0.05), as well as more diffuse blood splashed in the areas of the inside round (0.461 and 0.279, p < 0.05), shoulder/cranial (0.154 and 0.039, p < 0.001), shoulder/central (0.231 and 0.039, p < 0.001) and shoulder/caudal (0.185 and 0.026, p < 0.001).

The electric stunning also provided higher skin damage levels in the areas of the shoulder (1.098 and 0.795, p < 0.001), body (1.04 and 0.948, p < 0.05) and ham (0.84 and 0.68, p < 0.001), as well as higher eyelid reflex levels (11.57%) comparatively to the gaseous system (2.86%) of a total of 426 pigs.

Small indexes of bone fractures and muscle bruises were found in both systems.

Keywords: stunning system, animal welfare, meat quality.

1 - INTRODUÇÃO

Na tentativa de avaliar a eficácia dos sistemas de insensibilização elétrico e gasoso (CO2) e suas interações com o manejo pré-abate, qualidade de carne e bem-estar de suínos, o estudo dos índices de salpicamento da musculatura, escoriações da pele e fraturas ósseas tem sido realizado por diversos autores como: WOTTON et al. [39]; HUNTER et al. [26]; GEVERINK et al. [21]; BARTON-GADE [3]; CHRISTENSEN & BARTON-GADE [14]; BARTON-GADE & CHRISTENSEN [6]; FAUCITANO et al. [16]; FRANQUEZA et al. [19]; GUISE et al. [23]; VELARDE et al., [34]; WARRIS et al. [36, 37]; BARTON-GADE [4, 5]; BARTON-GADE & CHRISTENSEN [7]; CHANNON, PAYNE & WARNER [10, 11 e 12]; GISPERT et al. [22]; MURRAY [30]; VELARDE et al. [35]; STROIER et al. [32].

A porcentagem de animais que apresentam reflexos pupilar e palpebral positivo após a insensibilização elétrica ou gasosa (CO2) também tem sido utilizada como parâmetro de avaliação da eficácia do sistema de insensibilização. Estima-se que um bom sistema de insensibilização deva proporcionar uma taxa de reflexo pupilar máxima de 5% durante a sangria, com o objetivo de garantir o bem-estar animal e qualidade das carcaças [24 e 25].

Elevados níveis de escoriações da pele podem estar associados a um manejo pré-abate deficiente como, por exemplo: embarque inadequado na propriedade; elevada taxa de lotação durante o transporte; problemas associados ao tipo de carroceria; desembarque inadequado dos animais no frigorífico e mistura de diferentes grupos sociais; período de descanso muito longo (> 2 h); constituição genética; sistema de coleta e insensibilização deficientes no frigorífico [13, 17, 30].

Índices de escoriações da pele estão associados com níveis plasmáticos de cortisol e creatina fosfoquinase (CPK), dois importantes indicadores sanguíneos de estresse e as condições PSE (carne pálida, flácida e exsudativa) e DFD (carne escura, dura e seca na superfície)[38].

Indicadores de obtenção de energia por via anaeróbica como lactato, por sua vez, apresentam pequena associação com a condição DFD [38]. Índices de escoriações da pele geralmente estão mais associados às condições de estresse psicológico e desgaste físico que ao estresse de curto prazo [38].

O salpicamento da musculatura é um defeito qualitativo geralmente associado ao sistema elétrico de insensibilização. Neste sistema a passagem da corrente elétrica (fluxo de elétrons) pelos tecidos que compõem a carcaça suína causa uma elevação da pressão sangüínea e alteração da permeabilidade das membranas musculares, resultando em elevadas taxas de salpicamento quando comparado ao sistema gasoso (CO2).

No sistema, gasoso a narcose é proporcionada por um desequilíbrio ácido-base e não por uma inversão de polaridade do neurônio como no sistema elétrico, portanto neste sistema geralmente se obtêm pequenas taxas de salpicamento da musculatura.

Elevadas taxas de salpicamento da musculatura são indesejáveis, principalmente no processamento de produtos cárneos não cominuídos.

A passagem da corrente elétrica pelo corpo do animal, também pode proporcionar violenta contração da musculatura e fraturas ósseas [39], que são indesejáveis do ponto de vista de segurança alimentar, representando um perigo físico e microbiológico.

Geralmente menores índices de fraturas ósseas são obtidos quando se utiliza o sistema gasoso (CO2) de insensibilização, já que induz uma contração muscular menos intensa (fase tônica) em relação ao sistema elétrico. No entanto, a utilização de insensibilizadores elétricos em altas freqüências (> 1500 Hz) tem proporcionado resultados similares ao sistema gasoso (CO2) [1].

O presente estudo teve como objetivo principal avaliar o efeito dos sistemas de insensibilização manual elétrico e gasoso coletivo (CO2) nos índices de salpicamento da musculatura, escoriações da pele, fraturas ósseas e reflexo palpebral de três linhagens de suínos.

2 - MATÉRIAL E MÉTODOS

O trabalho foi desenvolvido em um frigorífico-abatedouro situado em Rio Verde (GO) e se constituiu de duas fases experimentais.

Durante a primeira fase, um lote de 500 animais provenientes de três linhagens genéticas A, B e C foi abatido utilizando-se o sistema automático coletivo de insensibilização gasoso (CO2), modelo COMBI comercializado e produzido pela empresa BUTINA [8] com capacidade operacional de 120 a 600/suínos hora e composto por oito gôndolas.

Após o isolamento de dois animais em cada gôndola, o equipamento iniciou a descida em um poço de insensibilização onde a concentração de CO2 foi aumentada até atingir-se uma concentração máxima de 90%; posteriormente o equipamento iniciou a subida da gôndola. Todo o ciclo de insensibilização durou 70 s; na seqüência os animais foram submetidos a uma sangria vertical.

Durante a segunda fase, foram utilizados 456 animais provenientes das mesmas três linhagens genéticas (A, B e C) empregadas na primeira fase, sendo que um grupo foi insensibilizado utilizando-se o mesmo sistema gasoso aplicado na primeira fase e o outro, o sistema de insensibilização elétrico manual comercializado e produzido pela empresa Karl Schermer (220-230/250 volts, 45-60 Hz, e 1,4 – 1,5 A) [27]. Nesta etapa, não foi possível efetuar a contenção do animal, pois as instalações do abatedouro estavam otimizadas para o sistema gasoso e não para o sistema de insensibilização elétrico.

Os animais das linhagens A e B foram transportados por caminhões do sistema de integração do abatedouro (0,42 m2/100 kg). Para este lote de animais, os procedimentos de embarque, transporte e desembarque foram padronizados.

Os animais da linhagem C foram transportados por uma distância superior às outras duas. O caminhão utilizado para o transporte destes híbridos não pertencia ao sistema de integração do frigorífico, entretanto, as características do caminhão, as dimensões da carroceria e taxa de lotação foram iguais às utilizadas pelo sistema de integração.

Os animais foram desembarcados no frigorífico imediatamente após a chegada. Inicialmente o desembarque foi realizado no andar superior e posteriormente no inferior do caminhão, utilizando-se bastão elétrico (18 a 24 volts) quando necessário.

Após a pesagem do caminhão e a execução dos procedimentos de registro do frigorífico, os animais foram submetidos a um sistema de aspersão de água durante 30 min e alojados em baias de espera (0,59 m2/100 kg) por um período de 2 a 4 h, onde receberam água durante todo o período de espera.

O nível de salpicamento da musculatura dos híbridos suínos submetidos aos sistemas elétrico e gasoso (CO2) de insensibilização foi avaliado considerando-se dois fatores: a intensidade do salpicamento e a extensão da área muscular comprometida pelo salpicamento.

Após o período de 24 h post-mortem, as carcaças foram espostejadas e os níveis de intensidade (x) e extensão (y) do salpicamento foram avaliados visualmente baseando-se em um padrão fotográfico de quatro pontos (0 = ausência, 1 = leve, 2 = moderada, 3 = severa) nas regiões do pernil (coxão duro, coxão mole, alcatra, patinho e lagarto), lombo (cranial, central, caudal, lateral externa e interna) e paleta (cranial, central e caudal), conforme metodologia descrita por BARTON-GADE et al. [2].

Os índices de escoriação foram mensurados visualmente nas regiões do pernil, paleta e corpo das carcaças após a retirada das cerdas na linha de abate, tomando-se como referência um padrão de fotos com escala de 0 a 3 (0 = ausência, 1 = leve, 2 = moderada e 3 = severa), conforme metodologia descrita por BARTON-GADE et al. [2].

A avaliação do reflexo palpebral foi realizada visualmente com auxilio de um bastão no período de 30 s após a insensibilização elétrica e gasosa, conforme metodologia descrita por HOLST [24 e 25].

Durante o processo de desossa no período de 24 h post-mortem, concomitantemente à avaliação dos índices de salpicamento da musculatura, a presença de hematomas e fraturas ósseas foi avaliada visualmente.

Foram considerados hematomas processos hemorrágicos com diâmetro superior a 10 mm; abaixo deste valor, foram consideradas como salpicamento [35].

Amostras do músculo semimembranosus (10 g) de cada animal avaliado foram coletadas na 24ª h post-mortem, congeladas a - 20 °C e transportadas até o laboratório onde uma amostragem representativa de cada linhagem genética estudada foi realizada. Esta amostragem constituiu-se de 16 animais, metade macho metade fêmea, para cada genética estudada totalizando, 48 suínos avaliados (Figura 1).


A partir das amostras cárneas descritas anteriormente, o DNA genômico foi extraído utilizando-se a proteinase K DNA e amplificado com a utilização de "primers", pequenas porções de DNA cuja função é amplificar o material genético original, pela técnica de reação de cadeia polimerase – PCR – e as condições estabelecidas por Fuji et al. [20].

O produto amplificado foi digerido com a enzima de restrição Hha a 37 °C por 3 h, seguido de uma eletroforese em gel de agarose (3%) para o gene halotano e visualização com brometo (Figura 1).

Os dados foram analisados conjuntamente por meio de análise de variância correspondente a um delineamento em blocos inteiramente ao acaso com estrutura fatorial de tratamentos 3 x 2 (3 genéticas e 2 sistemas de insensibilização), considerando-se como fator de blocagem o dia de amostragem e explorando os efeitos de cada fator. A distribuição dos tratamentos às unidades experimentais (animal) foi de maneira totalmente aleatória.

Os resultados experimentais foram analisados por meio de analise de variância utilizado-se o programa "STATISTICA for Windows" [31] - Release 5.0 A Copyright® Star Soft, Inc. (1984 -1995).

3 - RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 - Índices de salpicamento

Uma visão dos índices médios de salpicamento (intensidade e extensão) da musculatura afetada, relativos à primeira e segunda fases experimentais pode ser observada nas Tabelas 1, 2, 3, 4, 5 e 6

Analisando-se os índices médios de intensidade (x) proporcionados pelos sistemas elétrico e gasoso (Tabela 1), observa-se que o sistema elétrico apresentou maiores índices de salpicamento nas regiões do coxão-mole (p < 0,01), paleta/cranial (p < 0,01), paleta/central (p < 0,001), paleta/caudal (p < 0,01), lombo/central (p < 0,01), lombo/caudal (p < 0,01) e lombo/lateral externo (p < 0,05).

O sistema manual elétrico utilizado também apresentou salpicamento mais difuso, abrangendo uma maior área da musculatura nas regiões do coxão-mole (p < 0,05), paleta/cranial (p < 0,01), paleta/central (p < 0,001) e paleta/caudal (p = 0,001), como se observa na Tabela 2.

A etiologia do salpicamento muscular ainda não é totalmente conhecida. Esta anomalia pode ser constituída de pequenas petéquias hemorrágicas (< 5 mm) circunscrita a uma região muscular ou difusa por toda musculatura com diâmetro superior a 5 mm [3].

Determinadas regiões da carcaça suína, como a região da paleta, tendem a apresentar salpicamento do tipo difuso. Nesta região muscular, a pressão sanguínea tende a aumentar quando o sistema elétrico de insensibilização é utilizado comparativamente ao gasoso (CO2), o que resulta em um aumento do nível de salpicamento [3] e fraturas ósseas [12 e 39].

Em trabalhos similares, diversos autores [3, 4, 10, 11, 12, 14, 33, 35] obtiveram redução nos níveis de salpicamento da musculatura quando o sistema gasoso (CO2) de insensibilização foi utilizado comparativamente ao sistema elétrico, corroborando os resultados obtidos no presente estudo.

Pesquisas indicam que a presença do gene halotano (Nn) pode predispor os suínos a um comportamento mais agressivo durante o manejo pré-abate e desencadear o desenvolvimento da condição PSE na carcaça [10, 15, 18, 22, 28, 29, 33]. Neste estudo porém, observou-se pequeno efeito da constituição genética nos índices de salpicamento muscular dos híbridos A, B e C, quando submetidos ao mesmo sistema de insensibilização e manejo pré-abate (Tabelas 3, 4, 5 e 6).

3.2 - Índices de hematomas e fraturas ósseas

Dentre os 137 animais avaliados encontrou-se uma taxa de 4,38% de contusões musculares, sendo que deste percentual 50% dos hematomas foram provenientes de animais submetidos ao sistema elétrico e 50% ao sistema gasoso de insensibilização (Tabela 7).

Somente um animal apresentou fratura óssea (0,73%) quando submetido ao sistema elétrico de insensibilização (Tabela 7).

CHANNON, PAYNE & WARNER [12], VELARDE et al. [34] e WOTTON et al. [39], também obtiveram baixos índices de fraturas ósseas provenientes de suínos insensibilizados com o sistema coletivo gasoso (CO2) e elétrico de dois eletrodos.

Contrações musculares violentas associadas a elevados índices de fraturas vertebrais, geralmente estão associados ao sistema de insensibilização elétrico de três eletrodos [12] e [39]. A utilização deste sistema visa eliminar a possibilidade de recuperação do animal, caso o período compreendido entre a insensibilização e sangria seja superior a 30 s. Neste sistema, o terceiro eletrodo possui a finalidade de promover a fibrilação cardíaca.

O grande inconveniente do sistema elétrico de três pontos está relacionado ao posicionamento do terceiro ponto. Quanto mais cranialmente o terceiro eletrodo for posicionado, menor será o índice de fraturas vertebrais, porém menor será a taxa de fibrilação cardíaca. Por outro lado, quanto mais caudalmente o terceiro eletrodo for posicionado, maior será a taxa de fibrilação, porém o índice de fraturas vertebrais também tende a aumentar [39].

Modernos insensibilizadores elétricos trabalhando com altas freqüências (> 1500 Hz) têm minimizado os índices de fraturas ósseas e salpicamento [1], porém a maioria dos insensibilizadores elétricos utilizados no Brasil são semelhantes ao utilizado no presente estudo, operando em uma freqüência de 45-60 Hz.

3.3 - Índices de escoriações da pele

Os índices de escoriações da pele dos híbridos A, B e C submetidos aos sistemas de insensibilização elétrico e gasoso (CO2), podem ser visualizados na Tabelas 8, 9 e 10.

Observa-se que o sistema elétrico proporcionou índices mais elevados na região da paleta (p < 0,0001), corpo (p < 0,05) e pernil (p < 0,001). No entanto, nenhuma diferença significativa foi obtida, quando se considerou a linhagem genética como fator principal em ambos os sistemas de insensibilização avaliados (Tabelas 9 e 10).

Estudos dos níveis de escoriações da pele de suínos submetidos aos sistemas de insensibilização elétrico e gasoso (CO2), assim como diferentes condições de transporte e manejo pré-abate também foram o tema de outros pesquisadores [3, 6, 7, 10, 11, 12, 16, 19, 21, 22, 23, 26, 30, 36 e 37]

Elevados níveis de escoriações da pele podem indicar condições de bem-estar animal e estar relacionados aos níveis de creatina fosfoquinase (CPK), lactato, cortisol e incidência da condição DFD [22 e 37]. Resultados similares foram obtidos na parte 1 deste estudo, na qual níveis plasmáticos mais elevados de cortisol, CPK e lactato foram obtidos quando se utilizou o sistema manual elétrico comparativamente ao gasoso (CO2) [8].

Nos híbridos submetidos ao sistema manual elétrico, também foram observados índices de escoriações significativamente superiores em todas as regiões corpóreas estudadas (corpo, paleta e pernil) com se observa na Tabela 8.

Uma maior incidência de escoriações da pele proveniente de suínos submetidos ao sistema elétrico de insensibilização comparativamente ao sistema gasoso (CO2) também foi reportada por CHANNON, PAYNE & WARNER [12] e HUNTER et al. [26].

Sob condições de abate comercial de suínos, o grau de escoriações da pele pode ser afetado pelo manejo pré-abate [6, 19, 21, 30 e 37], transporte [6, 7 e 23] e presença do gene halotano associado ao manejo pré-abate deficiente [22]. Portanto, a utilização do nível de escoriações da pele como indicador de bem-estar animal não deve ser considerada isoladamente e sim associada a outros indicadores qualitativos como, por exemplo: cor, pH, perda de líquido por exsudação (drip loss) e indicadores sanguíneos de estresse (creatina fosfoquinase, lactato e cortisol). Associações entre os índices de escoriações da pele e outros indicadores qualitativos da carne e carcaça de suínos abatidos no presente trabalho podem ser realizadas em conjunto com as partes 1 e 2 deste estudo [8].

Embora suínos portadores do gene halotano possam predispor o surgimento de escoriações da pele devido a um comportamento mais agressivo [22] não foram observadas diferenças quando se comparou os híbridos A, B e C submetidos às mesmas condições de abate, apesar da presença do genótipo heterozigoto para o gene halotano (Nn) observada nos híbridos B (Figura 1).

3.4 - Índices de reflexo palpebral

A incidência do reflexo palpebral, avaliado visualmente no período de 30 segundos após a insensibilização gasosa (CO2) ou elétrica, é apresentada na Tabela 11.

O sistema gasoso coletivo (CO2) proporcionou uma narcose mais eficiente e duradoura, pois somente 2,86% de 426 animais estudados apresentaram reflexos palpebrais positivos contra 11,57% do sistema elétrico nas mesmas condições de abate.

O reflexo pupilar ocorre, em média, aos 45 s após a insensibilização gasosa (CO2) e o palpebral aos 54 s, portanto, estima-se que um bom sistema de insensibilização deva proporcionar uma taxa de reflexo pupilar máximo de 5% na sangria e ausência de reflexo palpebral com o objetivo de garantir o bem-estar animal e qualidade das carcaças [24 e 25].

4 - CONCLUSÕES

Os resultados obtidos na presente pesquisa permitem concluir que, independentemente da linhagem genética suína estudada, a insensibilização elétrica demonstrou ser mais estressante, proporcionando um salpicamento mais intenso e difuso nas regiões estudadas, maiores índices de escoriações da pele, assim como inferior nível de narcose o que proporcionou maior taxa de reflexo palpebral em comparação ao sistema gasoso de insensibilização.

Não se observou efeito da constituição genética dos híbridos utilizados nos níveis de salpicamento da musculatura (intensidade e extensão) e escoriações da pele nas regiões estudadas, quando submetidos ao mesmo sistema de insensibilização.

Pequenos índices de fraturas ósseas (< 1%) e contusões musculares (< 2,5%) foram obtidos em ambos os sistemas de insensibilização.

5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Recebido para publicação em 21/3/2005. Aceito para publicação em 6/7/2006 (001501)

Pesquisa realizada com apoio financeiro da FAPESP

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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      06 Nov 2006
    • Data do Fascículo
      Set 2006

    Histórico

    • Aceito
      06 Jul 2006
    • Recebido
      21 Mar 2005
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