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Ansiedade, depressão e qualidade de vida em pacientes com glomerulonefrite familiar ou doença renal policística autossômica dominante

Resumos

INTRODUÇÃO: Aspectos psicológicos, transtornos psiquiátricos e qualidade de vida são frequentemente avaliados em pacientes em terapia renal substitutiva. Entretanto, não existem estudos que analisem ansiedade, depressão e qualidade de vida especificamente em pacientes portadores de doenças renais familiares. OBJETIVO: Avaliar a frequência de traços e estados ansiosos e depressivos e qualidade de vida, verificando as possíveis relações com os principais achados laboratoriais, clínicos, socioeconômicos e culturais de pacientes portadores de glomerulonefrites (GN) familiares ou de doença renal policística autossômica dominante (DRPAD). MÉTODOS: Noventa pacientes adultos (52 GN familiares e 38 DRPAD) foram avaliados utilizando Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE), Inventário de Depressão Beck (Beck) e Questionário de Qualidade de Vida Short Form-36 (SF-36), além de uma breve entrevista. RESULTADOS: Observou-se ansiedade moderada em ambos os grupos, depressão em 34,6% das GN e em 60,5% das DRPAD. De um modo geral, ansiedade e depressão associaram-se mais ao gênero feminino na GN familiar e ao pior nível educacional na DRPAD. Pacientes de ambos os grupos apresentaram duas dimensões mais afetadas no que se refere à qualidade de vida, o aspecto emocional e a percepção geral do estado de saúde. Além disso, o SF-36 revelou que na presente amostra, a qualidade de vida foi pior para o sexo feminino, e para pacientes de cor branca, com baixa escolaridade e sem parceiros estáveis. CONCLUSÃO: Os questionários aplicados permitiram identificar frequência e graus de ansiedade, depressão e comprometimento da qualidade de vida nos pacientes com doença renal familiar, que poderiam afetar a aderência desses pacientes ao tratamento. Esses achados podem contribuir para o planejamento de um melhor atendimento multidisciplinar para ambas as doenças.

ansiedade; depressão; qualidade de vida; glomerulonefrite; falência renal crônica


INTRODUCTION: Psychological aspects and quality of life are often evaluated in patients under renal replacement therapy, but studies about anxiety, de>pression, and quality of life in familial renal diseases are lacking. OBJECTIVES: To evaluate the frequency of anxiety, depression, and quality of life (QOL) and their eventual associations with the main laboratory, clinical, socioeconomic, and cultural parameters in familial glomerulonephritis (GN) or autosomal dominant polycystic kidney disease (ADPKD). METHODS: Ninety adult patients (52 familial GN and 38 ADPKD) completed the questionaires of State Trait Anxiety Inventory (STAI), Beck Depression Inventory (BDI), and QOL-Short-Form SF-36, and were also submitted to a short interview. RESULTS: Moderate anxiety was detected in both groups. Depression was found in 34.6% of familial GN and 60.5% of ADPKD patients. Anxiety and depression were more associated with female gender in familial GN, and with poorer schooling in ADPKD. Patients of both groups presented two quality of life unfavorable dimensions: emotional role function and general health perception. In addition, quality of life was worse among females, unmarried, and Caucasian subjects, and those individuals with a poorer educational level. CONCLUSION: The use of these instruments allows one to appreciate the frequency and levels of anxiety, depression, and quality of life in patients with familial renal diseases that could affect their compliance to treatment. These findings can contribute to planning a better multidisciplinary assistance to such groups of patients.

anxiety; depression; quality of life; glomerulonephritis; chronic kidney failure


ARTIGO ORIGINAL

Ansiedade, depressão e qualidade de vida em pacientes com glomerulonefrite familiar ou doença renal policística autossômica dominante

Anxiety, depression, and quality of life in patients with familial glomerulonephritis or autosomal dominant polycystic kidney disease

Bruna Paes de Barros; José Luiz Nishiura; Ita Pfeferman Heilberg; Gianna Mastroianni Kirsztajn

Disciplina de Nefrologia, Departamento de Medicina, UNIFESP

Correspondência Correspondência para: Gianna Mastroianni Kirsztajn Disciplina de Nefrologia da UNIFESP Rua Botucatu, 740, Vila Clementino São Paulo - SP - Brasil CEP: 04023-900 E-mail: gianna@nefro.epm.br

RESUMO

INTRODUÇÃO: Aspectos psicológicos, transtornos psiquiátricos e qualidade de vida são frequentemente avaliados em pacientes em terapia renal substitutiva. Entretanto, não existem estudos que analisem ansiedade, depressão e qualidade de vida especificamente em pacientes portadores de doenças renais familiares.

OBJETIVO: Avaliar a frequência de traços e estados ansiosos e depressivos e qualidade de vida, verificando as possíveis relações com os principais achados laboratoriais, clínicos, socioeconômicos e culturais de pacientes portadores de glomerulonefrites (GN) familiares ou de doença renal policística autossômica dominante (DRPAD).

MÉTODOS: Noventa pacientes adultos (52 GN familiares e 38 DRPAD) foram avaliados utilizando Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE), Inventário de Depressão Beck (Beck) e Questionário de Qualidade de Vida Short Form-36 (SF-36), além de uma breve entrevista.

RESULTADOS: Observou-se ansiedade moderada em ambos os grupos, depressão em 34,6% das GN e em 60,5% das DRPAD. De um modo geral, ansiedade e depressão associaram-se mais ao gênero feminino na GN familiar e ao pior nível educacional na DRPAD. Pacientes de ambos os grupos apresentaram duas dimensões mais afetadas no que se refere à qualidade de vida, o aspecto emocional e a percepção geral do estado de saúde. Além disso, o SF-36 revelou que na presente amostra, a qualidade de vida foi pior para o sexo feminino, e para pacientes de cor branca, com baixa escolaridade e sem parceiros estáveis.

CONCLUSÃO: Os questionários aplicados permitiram identificar frequência e graus de ansiedade, depressão e comprometimento da qualidade de vida nos pacientes com doença renal familiar, que poderiam afetar a aderência desses pacientes ao tratamento. Esses achados podem contribuir para o planejamento de um melhor atendimento multidisciplinar para ambas as doenças.

Palavras-chave: ansiedade, depressão, qualidade de vida, glomerulonefrite, falência renal crônica.

ABSTRACT

INTRODUCTION: Psychological aspects and quality of life are often evaluated in patients under renal replacement therapy, but studies about anxiety, de>pression, and quality of life in familial renal diseases are lacking.

OBJECTIVES: To evaluate the frequency of anxiety, depression, and quality of life (QOL) and their eventual associations with the main laboratory, clinical, socioeconomic, and cultural parameters in familial glomerulonephritis (GN) or autosomal dominant polycystic kidney disease (ADPKD).

METHODS: Ninety adult patients (52 familial GN and 38 ADPKD) completed the questionaires of State Trait Anxiety Inventory (STAI), Beck Depression Inventory (BDI), and QOL-Short-Form SF-36, and were also submitted to a short interview.

RESULTS: Moderate anxiety was detected in both groups. Depression was found in 34.6% of familial GN and 60.5% of ADPKD patients. Anxiety and depression were more associated with female gender in familial GN, and with poorer schooling in ADPKD. Patients of both groups presented two quality of life unfavorable dimensions: emotional role function and general health perception. In addition, quality of life was worse among females, unmarried, and Caucasian subjects, and those individuals with a poorer educational level.

CONCLUSION: The use of these instruments allows one to appreciate the frequency and levels of anxiety, depression, and quality of life in patients with familial renal diseases that could affect their compliance to treatment. These findings can contribute to planning a better multidisciplinary assistance to such groups of patients.

Keywords: anxiety, depression, quality of life, glomerulonephritis, chronic kidney failure.

INTRODUÇÃO

Informação a respeito da presença de doença genética faz com que indivíduos que anteriormente acreditavam ser saudáveis tomem ciência de que têm o potencial genético de desenvolver uma doença no futuro ou de transmiti-la para seus descendentes. Exemplos de tais doenças são: a glomerulonefrite (GN) familiar e a doença renal policística autossômica dominante (DRPAD), assim como outras doenças renais crônicas familiares.

Vale salientar que o Online Mendelian Inheritance in Man (OMIN) já registrou mais de 50 doenças renais de origem genética e que a presença de uma história familiar de doença renal crônica (DRC) em estágio terminal é um importante fator de risco para o desenvolvimento subsequente de nefropatia em um determinado indivíduo.1,2

A DRPAD se encontra entre as doenças genéticas mais comuns nos EUA, com uma prevalência de 1/800 indivíduos.3 Além disso, é a causa subjacente de DRC terminal em até 10% dos casos. Já se mostrou que a DRPAD e a depressão estão positivamente associadas, de forma estatisticamente significante, em pacientes que iniciavam hemodiálise domiciliar.4 Também se relata frequentemente a concomitância de sintomas depressivos ou mesmo de depressão em pacientes em diálise, e tais condições podem representar outro fator de risco para mortalidade, além de predizer morbidade.5-9 De fato, a maior parte dos estudos tem avaliado depressão e qualidade de vida em pacientes com doença renal, submetidos à diálise ou ao transplante renal. Poucos estudos avaliaram esses aspectos nos estágios iniciais da DRC, quando a função renal começa a declinar.

Vale salientar que, atualmente, a depressão é um distúrbio importante, e a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que durante o início do século 21 será a segunda doença debilitante mais comum em todo o mundo.10 Projeções para 2020 colocam-na como uma causa relevante de perda dos anos de vida em países em desenvolvimento, respondendo por 5,6% de todos os casos. De fato, alguns sintomas depressivos podem estar na origem da falta de compliance: desânimo, perda de motivação e energia, dificuldades de concentração e memória e isolamento social,11 comprometendo a aderência à terapêutica e modulando a situação imunológica e nutricional.12,13

Os primeiros estudos sobre aspectos psicológicos em doenças renais familiares foram conduzidos por Manjoney e Mckegney, em 1978. Eles avaliaram famílias com DRPAD, e o achado mais importante correspondeu a "sentir-se culpado" pela transmissão de uma doença genética para os membros da sua família.14 Torra e Ballarín acrescentaram que ter uma consciência culpada e não falar sobre a sua doença foram aspectos detectados em membros das famílias com doenças renais hereditárias.

Por outro lado, a "negação" é uma resposta inicial universal a uma experiência traumática, e sem dúvida foi a defesa psicológica mais comum observada também em pacientes com síndrome de Alport. Um dos padrões que se repetiu foi a combinação de depressão das mães e uma atitude superprotetora em relação a um filho afetado pela doença de Alport. A partir daí, ficou claro que famílias com quaisquer manifestações da síndrome de Alport devem ser encorajadas a discutir abertamente as histórias pregressas de membros da família, seus medos, sentimentos ou culpas, suas esperanças e expectativas. O papel do médico e uma atitude empática são cruciais neste processo. Mães com pouca ou nenhuma manifestação da doença, que têm filhos com síndrome de Alport, mostram-se especialmente necessitadas de suporte psicológico.15

Já no que se refere à qualidade de vida, alguns estudos mostraram que anemia, idade, raça, condição clínica geral, modalidade de terapia dialítica, sedentarismo, distúrbios do sono, dor, disfunção erétil, depressão afetiva e insatisfação com o atendimento médico poderiam estar associados com uma percepção diferente da qualidade de vida na DRC terminal.16

O propósito do presente estudo foi descrever ansiedade, depressão e qualidade de vida em pacientes com doenças renais familiares, e avaliar os indicadores clínicos, laboratoriais, socioeconômicos e culturais eventualmente associados a tais condições nos pacientes com GN familiar e DRPAD.

MATERIAL E MÉTODO

O estudo envolveu 52 pacientes portadores de GN familiares, acompanhados no Ambulatório de Nefrites, e 38 pacientes portadores de DRPAD, acompanhados no Ambulatório da Doença Renal Policística da Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de Medicina (UNIFESP/EPM).

Os critérios para inclusão foram: ser portador de GN familiar (o enfoque foi o acometimento familiar em si) ou DRPAD, ter idade igual ou superior a 18 anos, e ser acompanhado nos Ambulatórios mencionados. O diagnóstico de DRPAD baseou-se na presença de antecedentes familiares da doença, ou seja, um progenitor (pai ou mãe) afetados e ultrassonografia renal com cistos, preenchendo os critérios propostos por Pei et al.17 para cada faixa etária. Os critérios de exclusão foram: ser portador de doença oligofrênica ou ser analfabeto. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da UNIFESP. Após assinarem o termo de consentimento para participar do estudo, os pacientes preencheram os questionários IDATE (inventário de ansiedade), Beck (inventário de depressão de Beck) e SF-36 (Medical Outcomes Study 36-Item Short-Form Healthy Survey). Os instrumentos foram aplicados de acordo com a sua padronização, ou seja, respeitando-se os limites de tempo, as instruções verbais, as demonstrações preliminares e as formas de responder às perguntas, na seguinte sequência: IDATE, Beck e SF-36.

No que se refere aos instrumentos utilizados, o questionário de autoavaliação IDATE é composto por duas escalas para avaliar o estado ansioso (IDATE - estado) e o traço ansioso (IDATE - traço). Cada uma é composta por 20 afirmações (cada qual com uma escala de 1 a 4 pontos). Sendo assim, o escore total de cada escala pode variar de 20 a 80, sendo que os maiores valores indicam alto nível de ansiedade. São os seguintes os escores que indicam baixo (20-30), médio (31-49) ou alto (≥ 50) nível de ansiedade. Entre as escalas de ansiedade, o IDATE é uma das mais utilizadas em todo o mundo. O IDATE foi validado no Brasil18-21 e é um instrumento cuja aplicação foi autorizada em pesquisas científicas na resolução nº 002/2003 do Conselho Federal de Psicologia, embora este também recomende a revisão e atualização de dados normativos. Reforça a sua aplicabilidade o fato de que vem sendo utilizado em diversas teses no Brasil nos últimos anos,22-24 assim como em artigos.20,21,25 Os autores consideraram que, com vistas a uniformizar a linguagem entre estudos de diferentes origens, o uso deste instrumento agrega informação e por isso o adotaram na presente análise.

O inventário de depressão de Beck é uma escala autoaplicável, composta por 21 itens, cada um com quatro alternativas, com escores de 0 a 3, sendo 3 a pior condição. Os itens referem-se à tristeza, ao pessimismo, ao sentimento de fracasso, à insatisfação, à culpa, à punição, à autoaversão, às autoacusações, às ideias suicidas, ao choro, à irritabilidade, ao retraimento social, à indecisão, à mudança na autoimagem, à dificuldade de trabalhar, à insônia, à fatigabilidade, à perda de apetite, à perda de peso, às preocupações somáticas e à perda da libido. O escore total é o resultado da soma dos escores individuais dos itens (máximo de 63 pontos) e permite a classificação dos níveis de intensidade da depressão (10-18 pontos: leve; 19-29: moderada; ≥ 30: severa).

O SF-36 é composto por 36 questões que avaliam as oito dimensões a seguir: funcionamento físico (dez itens), limitações causadas por problemas da saúde física (quatro itens), limitações causadas por problemas da saúde emocional (três itens), funcionamento social (dois itens), saúde mental (cinco itens), dor (dois itens), vitalidade (quatro itens), percepções da saúde geral (cinco itens), estado de saúde atual comparado há um ano antes (um item), que é computado à parte. Os valores de cada item variam de 0 a 100, sendo 0 o pior estado de saúde e 100, o melhor. O SF-36 é uma das formas mais utilizadas no mundo para avaliação da qualidade de vida, inclusive na população de pacientes com DRC. É classificado como um instrumento genérico; entre as suas vantagens, está a possibilidade de avaliar simultaneamente vários domínios e de ser usado em qualquer população, assim como o fato de permitir comparações entre pacientes com diferentes doenças. A grande desvantagem é o fato de que pode não demonstrar alterações em aspectos específicos.

Também foi realizada uma breve entrevista com os pacientes para documentar o conhecimento a respeito da doença. Foram adicionalmente utilizados os prontuários clínicos dos pacientes para a coleta de dados, com o objetivo de mostrar um panorama da sua história clínica.

Os grupos de pacientes foram comparados, levando em consideração aspectos clínicos, laboratoriais e demográficos, escores de qualidade de vida, ansiedade e depressão, usando-se o teste t de Student ou ANOVA. Para a correlação intragrupo, utilizou-se o coeficiente de Spearman. Construiu-se também um modelo de regressão linear. Valores de p < 0,05 foram considerados significantes. Os dados foram analisados, usando-se o SPSS para Windows, versão 9.0.

RESULTADOS

Cinquenta e dois pacientes com GN familiar e 38 com DRPAD participaram deste estudo. Eles tinham pelo menos um parente de primeiro grau que era portador de DRC.

Entre os pacientes com GN familiar, 27 tinham biópsia renal prévia, que determinou os seguintes diagnósticos: 25,9%, glomeruloesclerose segmentar e focal; 14,8%, doença de lesões mínimas;11,1%, glomerulopatia membranosa; 11,1%, GN membranoproliferativa; 7,4%, GN proliferativa; 7,4%, nefropatia por IgA; 3,7%, doença de Alport; 3,7%, nefropatia por C1q; 3,7%, nefrite lúpica e 11,1%, GN crônica sem um diagnóstico histológico conclusivo; os demais eram portadores de hematúria glomerular e/ou proteinúria sem biópsia.

Pacientes ou parentes com DRC secundária a diabetes e/ou hipertensão arterial, nefrolitíase e infecção urinária não foram incluídos no presente estudo.

Quando dados demográficos, avaliações clínico-laboratoriais e comorbidades de pacientes com GN familiar foram comparados com aqueles dos indivíduos com DRPAD, não foi evidenciada uma diferença estatisticamente significante, exceto em relação ao parâmetro tempo de diagnóstico, que foi maior no grupo com DRPAD (p = 0,012) (Tabela 1). Hipertensão arterial e dislipidemia foram as comorbidades mais importantes encontradas em ambos os grupos. Pacientes com GN familiar apresentaram diabetes melito secundário ao tratamento da doença com corticosteroide em 7,7% dos casos. Como esperado, a DRC em estágio terminal foi mais frequentemente diagnosticada no Grupo DRPAD do que no de GN familiar (13,2 e 5,8%, respectivamente).

Ansiedade-estado de grau leve a ansiedade-traço de grau moderado foram constatadas em ambos os grupos. A ansiedade foi mais acentuada em mulheres do Grupo de GN familiar. Além disso, um nível de educação formal baixo associou-se também a escores mais elevados de ansiedade-traço no Grupo de DRPAD (Tabela 2).

Quando o inventário de ansiedade-estado foi aplicado a ambos os grupos, as respostas mais frequentemente encontradas foram sentimentos de ansiedade, "não se sentir em casa", preocupação com infortúnio e a falta de alegria.

No inventário de ansiedade-traço, tensão, preocupações relativas à ocorrência de pensamentos fixos em problemas, cansaço e ideias persistentes sem real importância, que mantêm o indivíduo preocupado, foram as respostas mais frequentes para ambos os grupos.

A depressão foi detectada em 34,6% dos pacientes com GN familiar e em 60,5% dos pacientes com DRPAD. Entre os pacientes com GN familiar com depressão, apenas 9,6% usavam medicação antidepressiva, mas eles não eram acompanhados por um profissional especializado em saúde mental regularmente. Nenhum dos pacientes com DRPAD usava drogas antidepressivas ou fazia terapia para depressão.

No que se refere aos dados do inventário de Beck, observou-se interação estatisticamente significante entre gênero e tempo de diagnóstico (modelo de regressão linear, p = 0,019). As respostas mais comumente encontradas às questões do inventário de depressão foram: perda de libido, preocupações com a saúde física, distúrbios do sono, fadiga e dificuldade para trabalhar.

As piores dimensões de qualidade de vida avaliadas pelo SF-36 em ambos os grupos corresponderam ao estado geral de saúde e aos aspectos emocionais. Por outro lado, a melhor dimensão foi a capacidade física.

Um modelo de regressão linear foi ajustado, levando-se em consideração as variáveis demográficas, as avaliações clínico-laboratoriais e os resultados dos questionários de ansiedade, depressão e qualidade de vida. Resultados com p < 0,05 são apresentados nas Tabelas 3 e 4 para os Grupos GN familiar e DRPAD, respectivamente. Não foi observada correlação entre os marcadores laboratoriais (proteinúria e creatinina sérica) e ansiedade, depressão ou qualidade de vida.

Para o Grupo de GN familiar, observou-se que quando ocorria aumento de um ano na idade, era esperada uma redução de 1,18 pontos no domínio "físico" (p = 0,007). A capacidade física dos pacientes não-brancos foi melhor do que aquela dos brancos (p = 0,026). O gênero se associou com a vitalidade (p = 0,025). Os indivíduos do sexo masculino apresentaram em média 21,4 ± 8,1 mais pontos em vitalidade do que os do sexo feminino (p = 0,011). No que tange ao estado mental, foi observado que os indivíduos do sexo masculino tinham em média 21,6 ± 7,0 mais pontos quando comparados aos do sexo feminino (p = 0,003).

Considerando o Grupo DRPAD, constatou-se que quando havia aumento de um ano na idade, era esperada uma redução de 1,11 pontos no domínio de dor corporal (p = 0,004). Os pacientes casados apresentaram em média 18,0 ± 7,8 pontos de saúde mental a mais que os não-casados (p = 0,028).

DISCUSSÃO

Nos inventários de ansiedade e depressão, os pacientes obtiveram maior pontuação nos parâmetros relacionados à fadiga, falta de alegria, redução da função sexual, distúrbios do sono, dificuldade em manterem suas atividades profissionais e tomarem decisões. Aspectos similares foram também observados em uma revisão publicada por Kimmel.26

Os escores de ansiedade mais elevados foram encontrados entre as mulheres e os indivíduos que não eram casados. Essa conclusão também está de acordo com os achados de Andrade.27 Mulheres apresentaram mais depressão e os piores escores em todos os domínios de qualidade de vida. De forma semelhante, alguns autores haviam observado anteriormente que as mulheres tinham piores escores do que os homens, possivelmente por terem perdido apoio social.28

É notório que os escores de ansiedade (traço e estado) dos pacientes com GN familiar e DRPAD foram piores do que aqueles de pacientes com diabetes e mulheres com história familiar de câncer de mama do Reino Unido.29,30

Os pacientes do presente estudo relataram distúrbios do sono no inventário de Beck. Nota-se que tais distúrbios estão frequentemente associados com um risco aumentado de doença cardiovascular, e uma alta percentagem de pacientes em hemodiálise sofrem em silêncio de distúrbios do sono; sendo assim, essa condição tem sido subdiagnosticada.31 Tal perfil tem certamente várias causas, inclusive problemas psicológicos, particularmente depressão.32 Os presentes achados estão de acordo com estudos anteriores, uma vez que ansiedade e depressão já foram relacionados à qualidade deficiente do sono entre pacientes transplantados renais.33

Vale ressaltar que a depressão é uma doença psiquiátrica observada na população geral e tem frequência estimada de 3 a 5%. Quando associada a outras condições clínicas, determina pior prognóstico, pior aderência, taxas aumentadas de morbidade e mortalidade. Frequentemente, a depressão é subdiagnosticada e menos tratada do que deveria,8,11,34,35 mesmo em pacientes com DRC terminal.36,37 Em um estudo realizado na Turquia, 24% dos 50 pacientes com DRC em estágio terminal tinham depressão.38 Outros estudos mostraram que 30% dos pacientes com tal doença sofriam de depressão, reforçando que a DRC em fase avançada associa-se a uma qualidade de vida ruim.13,39 Além disso, o risco de suicídio é mais alto nesses pacientes do que na população geral.40

No presente estudo, depressão esteve presente em 34,6% dos casos de GN familiar e 60,5% daqueles de DRPAD. Os indivíduos do sexo feminino com DRPAD apresentaram níveis mais acentuados de depressão do que aqueles do Grupo de GN familiar. Ambos os grupos tiveram maior proporção de pacientes deprimidos do que os grupos de DRC, hemodiálise e diálise peritoneal ambulatorial contínua de um estudo da Turquia (33,8, 19,2 e 12,8%, respectivamente).41

Ainda são escassos os dados relacionados a uma abordagem terapêutica mais apropriada da depressão, mas alguns autores relatam a importância de inibidores seletivos de recaptação da serotonina, da terapia comportamental cognitiva e de trabalhar com um grupo de suporte social para o tratamento da depressão em pacientes com DRC; a farmacoterapia é sempre recomendada. Entre as estratégias para tratar ansiedade e depressão, assim como para melhorar a qualidade de vida, alguns estudos sugerem exercícios físicos regulares. Suporte social também é considerado como um aspecto relevante na evolução de pacientes com DRC em terapia de substituição renal.42 Tanto o suporte familiar como o social podem colaborar para a melhora da condição dos pacientes, e tal abordagem correlacionou-se com melhor qualidade de vida, compliance aumentado, satisfação com médicos e cuidadores, assim como um nível aumentado de religiosidade e espiritualidade.43,44 A nossa observação de que os pacientes casados com DRPAD apresentaram melhor saúde mental do que os não-casados está de acordo com tais achados.

Ansiedade e depressão, possivelmente, contribuem para a morbidade mais elevada, previamente relatada entre os receptores de transplante renal, o que implicaria não apenas em uma qualidade de vida ruim, mas também em relação marital, função sexual e qualidade de sono piores.45

No que se refere à qualidade de vida, já se descreveu que a anemia está associada com melhora em alguns aspectos avaliados no SF-36, particularmente no domínio de vitalidade em pacientes com DRC em estágio 5.46 No presente estudo, a vitalidade das mulheres com GN familiar foi inferior à dos homens. Uma possível explicação para a redução da vitalidade na DRC poderia ser a ocorrência de anemia, mas essa condição não foi detectada entre as principais comorbidades presentes em ambos os grupos. Além disso, nenhum outro parâmetro no exame físico ou na avaliação laboratorial foi associado à vitalidade.

É interessante notar que os escores do estado de saúde geral e os aspectos emocionais dos pacientes aqui avaliados foram piores do que os já descritos para indivíduos em hemodiálise no Brasil,47 assim como para aqueles com câncer de testículo na Noruega,48 demonstrando a influência das condições aqui estudadas sobre esses parâmetros.

Os piores escores de ansiedade-traço, inventário de depressão, capacidade funcional e aspectos físicos, dor e saúde mental foram encontrados em pacientes com DRPAD; também neste grupo se evidenciou o menor nível de educação formal. É possível que esses resultados estejam associados ao baixo nível econômico e consequente dificuldade de acesso a programas de prevenção de doenças renais, assim como à prevalência mais elevada de desnutrição e depressão.49

No que tange aos relatos livres dos pacientes, as queixas referiram-se, de um modo geral, ao sistema de saúde como um todo, às limitações impostas pela condição crônica da doença e às experiências pessoais traumáticas, as quais certamente podem ter influenciado de forma expressiva as pontuações dos instrumentos aqui utilizados. Assim, ansiedade, depressão e alterações na qualidade de vida devem ser avaliadas no contexto integral de inserção do paciente; algumas vezes, essas condições podem estar ligadas a ser portador de uma doença familiar, mas em outras independe totalmente deste aspecto.

Por fim, considerou-se que os pacientes e seus parentes precisam de suporte psicológico para lidar com ansiedade, raiva, culpa, depressão e aceitação de seus diagnósticos nos casos de DRPAD. Sem dúvida, os pacientes com DRPAD deveriam ser assistidos por um nefrologista e uma equipe de atendimento nefrológico multidisciplinar. A avaliação de ansiedade, depressão e qualidade de vida deveria ser parte das consultas "médicas" rotineiras, com adequado encaminhamento subsequente para profissionais de saúde mental. Espera-se, assim, que o tratamento apropriado das condições psiquiátricas venha a melhorar o bem-estar e a evolução do paciente.45

Em resumo, ansiedade, depressão e indicadores de qualidade de vida em pacientes com doenças renais familiares não são usualmente avaliados de forma adequada nos serviços de saúde, o que não permite o devido diagnóstico de eventuais distúrbios. Na população estudada pelos autores deste artigo, constatou-se depressão, ansiedade-traço de grau moderado e qualidade de vida prejudicada, particularmente em relação a alguns dos aspectos avaliados. Esses achados podem afetar de forma adversa o tratamento global desses pacientes, inclusive no que se refere à falta de aderência ao tratamento, entre outros fatores, o que poderia contribuir indiretamente para a má evolução da doença renal. Em última análise, essa situação é certamente danosa e pode manter um círculo vicioso constituído por distúrbios psíquicos e compliance insatisfatório.

AGRADECIMENTOS

Este estudo recebeu suporte financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

24. Bueno MF. Avaliação da ansiedade e percepção do suporte familiar em hipertensos [dissertação de Mestrado]. Itatiba: Universidade São Francisco; 2009.

Data de submissão: 30/11/2010

Data de aprovação: 31/01/2011

O referido estudo foi realizado na UNIFESP.

Os autores declaram a inexistência de conflitos de interesse.

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  • Correspondência para:
    Gianna Mastroianni Kirsztajn
    Disciplina de Nefrologia da UNIFESP
    Rua Botucatu, 740, Vila Clementino
    São Paulo - SP - Brasil CEP: 04023-900
    E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      30 Ago 2011
    • Data do Fascículo
      Jun 2011

    Histórico

    • Recebido
      30 Nov 2010
    • Aceito
      31 Jan 2010
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