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A ingestão energética de pacientes em hemodiálise é subrelatada?

Resumo

Introdução:

O sub-relato da ingestão energética é pouco estudado na população em hemodiálise.

Objetivo:

Avaliar o sub-relato da ingestão energética e os fatores associados em pacientes em hemodiálise.

Métodos:

Estudo transversal, com 344 pacientes adultos estáveis, de dez centros de hemodiálise de Goiânia-GO. A ingestão energética foi avaliada por seis recordatórios de 24 horas e a taxa de metabolismo basal (TMB) foi calculada pela equação de Harris Benedict. Foi considerado como sub-relato quando a razão entre a ingestão energética média e a TMB foi menor que 1,27. Para análise dos fatores associados ao sub-relato, foi utilizada a regressão de Poisson com estimativa robusta da variância.

Resultados:

A prevalência de sub-relato foi de 65,7%, sendo mais expressiva em indivíduos com excesso de peso e nos dias sem diálise. O resultado final da análise multivariada identificou quatro fatores independentemente associados ao sub-relato: sexo feminino (RP = 1,27; IC = 1,10-1,46), índice de massa corporal ≥ 25 kg/m2 (RP = 1,29; IC = 1,12-1,48), três ou menos refeições/dia (RP = 1,31; IC = 1,14-1,51) e tempo de hemodiálise inferior a cinco anos (RP = 1,19; IC = 1,01-1,40).

Conclusão:

A população avaliada demonstrou elevada prevalência de sub-relato da ingestão energética. Pertencer ao sexo feminino, apresentar excesso de peso, fazer um menor número de refeições diárias e ter menos tempo de hemodiálise foram fatores associados ao sub-relato.

Palavras-chave:
autorrelato; diálise renal; ingestão de energia; insuficiência renal crônica

Abstract

Introduction:

Underreporting of energy intake is not much studied in hemodialysis population.

Objective:

To evaluate the underreporting of energy intake and associated factors in hemodialysis patients.

Methods:

A cross-sectional study, with 344 patients stable adults, of ten hemodialysis centers in Goiânia-GO. Energy intake was assessed by six 24-hour dietary recalls and basal metabolic rate (BMR) was estimated using the Harris Benedict equation. It was considered as underreporting when the ratio between the average energy intake and basal metabolic rate was lower than1.27. For analysis of factors associated with underreporting, the Poisson regression with robust variance estimation was applied.

Results:

The prevalence of underreporting was 65.7%, being more significant in individuals who are overweight and in the non dialysis days. The result of the multivariate analysis identified four factors independently associated with the underreporting: being a female (PR = 1.27, CI = 1.10 to 1.46), body mass index ≥ 25 kg/m2 (PR = 1.29, CI = 1.12 to 1.48), three meals or lower/day (PR = 1.31, CI = 1.14 to 1.51) and hemodialysis length lower than 5 years (PR = 1.19CI = 1.01 to 1.40).

Conclusion:

The population showed a high prevalence of underreporting of energy intake. Being a female, presenting overweight, lower number of meals/day and lower length time on hemodialysis were factors associated with underreporting.

Keywords:
energy intake; kidney failure, chronic; renal dialysis; self report

Introdução

A estimativa da ingestão energética em qualquer população não é uma tarefa fácil. Em estudos epidemiológicos, a avaliação da ingestão alimentar é geralmente baseada no autorrelato individual, processo que pode sofrer distorções e resultar em sub ou super-relato da ingestão.1Scagliusi FB, Lancha Júnior AH. Subnotificação da ingestão energética na avaliação do consumo alimentar. Rev Nutr 2003;16:471-81. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1415-52732003000400010
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,2Gomes AA, Leão LSCS. Prevalência de sub-relato e super-relato de ingestão energética em população ambulatorial do Rio de Janeiro, Brasil. Cad Saúde Colet 2011;19:197-202. Quando não identificado, o sub-relato produz vieses de mensuração e resultados inconsistentes,1Scagliusi FB, Lancha Júnior AH. Subnotificação da ingestão energética na avaliação do consumo alimentar. Rev Nutr 2003;16:471-81. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1415-52732003000400010
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levando a uma interpretação errônea da ingestão de energia e nutrientes,3Fasset RG, Robertson IK, Geraghty DP, Ball MJ, Coombes JS. Dietary intake of patients with chronic kidney disease entering the lord trial: adjusting for underreporting. J Ren Nutr 2007;17:235-42. DOI: http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2007.04.004
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o que pode dificultar o diagnóstico nutricional e gerar uma intervenção dietética inadequada.

Apesar dos estudos demonstrarem uma ingestão energética abaixo das recomendações para pacientes em hemodiálise, uma prevalência expressiva de excesso de peso e de gordura corporal,4Bazanelli AP, Kamimura MA, Vasselai P, Draibe SA, Cuppari L. Underreporting of energy intake in peritoneal dialysis patients. J Ren Nutr 2010;20:263-9. DOI: http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2009.08.009
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,7Mafra D, Moraes C, Leal VO, Farage NE, Stockler-Pinto MB, Fouque D. Underreporting of energy intake in maintenance hemodialysis patients: a cross-sectional study. J Ren Nutr 2012;22:578-83. DOI: http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2011.10.037
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ou a manutenção dos parâmetros antropométricos ao longo do tempo,8Kloppenburg WD, de Jong PE, Huisman RM. The contradiction of stable body mass despite low reported dietary energy intake in chronic haemodialysis patients. Nephrol Dial Transplant 2002;17:1628-33. DOI: http://dx.doi.org/10.1093/ndt/17.9.1628
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têm sido encontradas nessa população. Este paradoxo pode estar relacionado ao sub-relato da ingestão alimentar.

O sub-relato é uma distorção do autorrelato da ingestão alimentar1Scagliusi FB, Lancha Júnior AH. Subnotificação da ingestão energética na avaliação do consumo alimentar. Rev Nutr 2003;16:471-81. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1415-52732003000400010
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. Em geral, é decorrente da falha do indivíduo em recordar todos os alimentos consumidos ou da subestimativa das quantidades ingeridas. Também é entendido como uma discrepância entre a ingestão energética referida e a medida do gasto energético sem mudança ou manutenção do peso durante um período de observação.9Poslusna K, Ruprich J, de Vries JH, Jakubikova M, van't Veer P. Misreporting of energy and micronutrient intake estimated by food records and 24 hour recalls, control and adjustment methods in practice. Br J Nutr 2009;101:S73-85. PMID: 19594967 DOI: http://dx.doi.org/10.1017/S0007114509990602
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Embora seja bem referenciado na literatura para indivíduos saudáveis,1Scagliusi FB, Lancha Júnior AH. Subnotificação da ingestão energética na avaliação do consumo alimentar. Rev Nutr 2003;16:471-81. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1415-52732003000400010
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o sub-relato é ainda pouco estudado na doença renal crônica,3Fasset RG, Robertson IK, Geraghty DP, Ball MJ, Coombes JS. Dietary intake of patients with chronic kidney disease entering the lord trial: adjusting for underreporting. J Ren Nutr 2007;17:235-42. DOI: http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2007.04.004
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,5Avesani CM, Kamimura MA, Draibe SA, Cuppari L. Is energy intake underestimated in nondialyzed chronic kidney disease patients? J Ren Nutr 2005;15:159-65.,8Kloppenburg WD, de Jong PE, Huisman RM. The contradiction of stable body mass despite low reported dietary energy intake in chronic haemodialysis patients. Nephrol Dial Transplant 2002;17:1628-33. DOI: http://dx.doi.org/10.1093/ndt/17.9.1628
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sobretudo na população em hemodiálise. Kloppenburg et al.8Kloppenburg WD, de Jong PE, Huisman RM. The contradiction of stable body mass despite low reported dietary energy intake in chronic haemodialysis patients. Nephrol Dial Transplant 2002;17:1628-33. DOI: http://dx.doi.org/10.1093/ndt/17.9.1628
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avaliaram o sub-relato em indivíduos em hemodiálise, identificando uma prevalência superior a 60%. No Brasil, poucos trabalhos investigaram o sub-relato em renais crônicos4Bazanelli AP, Kamimura MA, Vasselai P, Draibe SA, Cuppari L. Underreporting of energy intake in peritoneal dialysis patients. J Ren Nutr 2010;20:263-9. DOI: http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2009.08.009
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,5Avesani CM, Kamimura MA, Draibe SA, Cuppari L. Is energy intake underestimated in nondialyzed chronic kidney disease patients? J Ren Nutr 2005;15:159-65. e somente um avaliou a população em hemodiálise, encontrando uma prevalência de 65%.7Mafra D, Moraes C, Leal VO, Farage NE, Stockler-Pinto MB, Fouque D. Underreporting of energy intake in maintenance hemodialysis patients: a cross-sectional study. J Ren Nutr 2012;22:578-83. DOI: http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2011.10.037
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Assim, a carência de dados nacionais quanto à subnotificação da ingestão alimentar de portadores de doença renal crônica estimulou a realização deste estudo, com o objetivo de verificar a prevalência de sub-relato da ingestão energética e os fatores associados em pacientes em hemodiálise.

Métodos

Estudo transversal, realizado em dez centros de hemodiálise de Goiânia-GO, de maio de 2009 a março de 2010. O estudo foi aprovado pelos Comitês de Ética em Pesquisa do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC/UFG, protocolo nº 011/2009) e da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia (protocolo nº 046/2009), sendo obtido termo de consentimento de cada participante.

A amostra foi estimada em 302 indivíduos considerando o total de pacientes em hemodiálise no município (n = 1400), margem de erro e nível de significância de 5%, poder de teste de 80% e prevalência de sub-relato para esta população de 50%. Prevendo-se perdas e recusas acrescentou-se 20%, totalizando 362 indivíduos. Deste total, 344 pacientes completaram o estudo. Para a seleção da amostra, realizou-se sorteio aleatório simples, proporcional ao total de pacientes de cada centro de hemodiálise.

Foram incluídos pacientes maiores de 18 anos, clinicamente estáveis, de ambos os sexos, há mais de três meses em hemodiálise, não institucionalizados, com peso estável e sem evidências clínicas de inflamação e/ou infecções nos últimos três meses. Foram definidos como critérios de exclusão: presença de câncer, tuberculose, síndrome da imunodeficiência adquirida, doença pulmonar obstrutiva crônica e cardiovascular grave, diabetes mellitus descompensado, gestação em curso, diálise em cateter venoso, situações que impossibilitassem a avaliação antropométrica ou a investigação da ingestão alimentar (doenças ósseas avançadas, sequelas de acidente vascular cerebral, deficiência física ou amputações).

Dados clínicos (etiologia da doença, comorbidades e tempo de hemodiálise), demográficos (sexo e idade), socioeconômicos (escolaridade, ocupação, situação conjugal, renda), antropométricos (peso, estatura), de ingestão alimentar e sobre sedentarismo foram obtidos de prontuários, por entrevista com o paciente ou durante avaliação nutricional, por quatro nutricionistas, utilizando formulários padronizados e testados em estudo piloto. O sedentarismo foi definido segundo critérios da Organização Panamericana de Saúde.1010 Organización Panamericana de la Salud. Protocolo y directrices: Conjunto de Ações para la Reducción Multifactorial de Enfermedades no Transmisibles (CARMEN/CINDI). OPAS; 1997.

O peso e a estatura foram aferidos após sessão dialítica intermediária da semana, segundo Lohman et al.1111 Gordon CC, Chumlea WC, Roche AF. Stature, recumbent length, and weight. In: Lohman TG, Roche AF, Martorell R, eds. Anthropometric standardization reference manual. Champaign: Human Kinetics Books; 1988. p.3-8. O índice de massa corporal (IMC) foi obtido pela razão entre o peso seco e o quadrado da estatura e considerou a classificação da Organização Mundial de Saúde.1212 World Health Organization (WHO). Obesity. Preventing and managing the global epidemic. Report of a WHO consultation on obesity. Geneva: World Health Organization; 1997. O peso ideal foi obtido a partir do IMC 23 (kg/m2).1313 Fouque D, Vennegoor M, ter Wee P, Wanner C, Basci A, Canaud B, et al. EBPG Guideline on nutrition. Nephrol Dial Transplant 2007;22:ii45-87. DOI: http://dx.doi.org/10.1093/ndt/gfm020
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Para o cálculo da ingestão energética por quilograma, foi utilizado o peso ideal. Quando a adequação do peso era inferior a 95% ou superior a 115%, foi utilizado o peso ajustado, calculado conforme recomendação do NKF/KDOQI (2000).1414 Clinical practice guidelines for nutrition in chronic renal failure. K/DOQI, National Kidney Foundation. Am J Kidney Dis 2000;35:S1-140.

A ingestão alimentar foi avaliada por seis recordatórios de 24 horas, distribuídos em três dias de diálise e três dias sem o procedimento, obtidos num período de três semanas. Dos seis recordatórios, um correspondeu ao dia de sábado. As quantidades de alimentos relatadas pelos pacientes foram registradas em medidas caseiras, com o auxílio de utensílios como copos, xícaras e colheres e em seguida convertidas em gramas ou mililitros. A ingestão energética foi calculada em programa elaborado para a pesquisa (www.dbcheckout.com.br/nutri), que tem como principal base de dados a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos.1515 Tabela Brasileira de Composição de Alimentos. NEPA-UNICAMP. 4ª ed. Campinas: NEPA-UNICAMP; 2011. p.161 [Acesso 20 Jun. 2015]. Disponível em: http://www.unicamp.br/nepa/taco/tabela.php
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Considerou-se como sub-relato quando a razão entre a média de ingestão energética e a taxa de metabolismo basal (IE/TMB) foi menor que 1,27. Em indivíduos sedentários, estima-se que o mínimo de energia diária para a manutenção do peso corporal seja 1,27 vezes a TMB,1212 World Health Organization (WHO). Obesity. Preventing and managing the global epidemic. Report of a WHO consultation on obesity. Geneva: World Health Organization; 1997.,1616 Food and Agriculture Organization/World Health Organization/United Nations University. Energy and protein requirements. Report of a joint FAO/WHO/ONU meeting. Technical Report Series, nº 724. Geneva: World Health Organization; 1985. abaixo do qual a manutenção do peso é biológica e estatisticamente improvável.1Scagliusi FB, Lancha Júnior AH. Subnotificação da ingestão energética na avaliação do consumo alimentar. Rev Nutr 2003;16:471-81. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1415-52732003000400010
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,1212 World Health Organization (WHO). Obesity. Preventing and managing the global epidemic. Report of a WHO consultation on obesity. Geneva: World Health Organization; 1997. Valor superior a 2,39 foi considerado para caracterizar o super-relato da ingestão energética.1717 Goldberg GR, Black AE, Jebb SA, Cole TJ, Murgatroyd PR, Coward WA, et al. Critical evaluation of energy intake data using fundamental principles of energy physiology: 1. Deri vation of cut-off limits to identify under-recording. Eur J Clin Nutr 1991;45:569-81. PMID: 1810719 A TMB foi calculada pela equação de Harris Benedict, método que fornece uma previsão aceitável do metabolismo basal de pacientes renais crônicos.1818 Kamimura MA, Avesani CM, Bazanelli AP, Baria F, Draibe AS, Cuppari L. Are prediction equations reliable for estimating resting energy expenditure in chronic kidney disease patients? Nephrol Dial Transplant 2010;26:544-50.

Os dados foram digitados em dupla entrada, com checagem da consistência pelo programa Epi-info 6.0 (Centers for Disease Control and Prevention, Atlanta). As análises foram realizadas em programa estatístico STATA/SE 12.0 (STATA Corporation, Texas). As variáveis categóricas foram expressas em frequências e percentuais e comparadas pela Regra de Sinais de Descartes. As variáveis contínuas tiveram a normalidade verificada pelo teste Kolmogorov Smirnov(p ≥ 0,05), sendo expressas em média ou mediana e desvio padrão e comparadas pelo teste t (p < 0,05) ou Wilcoxon. Na análise bivariada entre dados socioeconômicos, demográficos, clínicos e antropométricos e o sub-relato, utilizou-se o teste de Qui-quadrado de Pearson.

Para análise dos fatores associados ao sub-relato, inicialmente realizou-se regressão de Poisson simples. As variáveis que apresentaram p ≤ 0,20 foram testadas na análise multivariada pela regressão de Poisson com estimativa robusta da variância. Permaneceram no modelo aquelas com valor de p < 0,05.

Resultados

As características dos pacientes avaliados são apresentadas na Tabela 1. Na Tabela 2, verifica-se uma elevada prevalência de sub-relato na amostra avaliada (65,7%), sendo significativamente maior para indivíduos com IMC ≥ 25 kg/m2 (78,4%). Nenhum dos pacientes apresentou super-relato da ingestão energética. A ingestão energética por quilograma de peso e razão IE/TMB, apresentaram-se significativamente menores no grupo com IMC ≥ 25 kg/m2.

Tabela 1
Características de pacientes em hemodiálise. Goiânia-GO, 2012
Tabela 2
Ingestão energética, taxa de metabolismo basal estimada e sub-relato de pacientes em hemodiálise, de acordo com o índice de massa corporal. Goiânia-GO, 2012

A ingestão de energia e macronutrientes em dias de diálise, sem diálise, de sub-relatadores e relatadores válidos podem ser consultadas na Tabela 3. No dia sem diálise, observou-se que o percentual de sub-relato é significativamente maior (74,4%) e que para os sub-relatadores foi encontrada maior ingestão proteica.

Tabela 3
Ingestão de energia e macronutrientes em dias de diálise, sem diálise, de sub-relatadores e relatadores válidos. Goiânia-GO, 2012

A prevalência de sub-relato foi significativamente maior no sexo feminino (75%), nos indivíduos com até oito anos de estudo (70,18%), com até cinco anos de hemodiálise (69,91%), com IMC ≥ 25 kg/m2 (78,38%) e que faziam até três refeições diárias (76,56%), conforme a Tabela 4.

Tabela 4
Prevalência e razão de prevalência bruta do sub-relato da ingestão energética de pacientes em hemodiálise, segundo características demográficas, socioeconômicas, clínicas e nutricionais. Goiânia-GO, 2012

Pertencer ao sexo feminino, ter um IMC ≥ 25 kg/m2, fazer até três refeições diárias e apresentar tempo de hemodiálise de até cinco anos foram fatores associados ao sub-relato na população avaliada (Tabela 5). Outras variáveis foram testadas (idade, percentual de gordura corporal, escolaridade, renda familiar, nível socioeconômico, estado geral, comorbidades, etiologia, estado civil, tabagismo, etilismo, albumina, ureia pré e pós-diálise), porém, não demonstraram associação com o sub-relato nos pacientes estudados.

Tabela 5
Fatores associados ao sub-relato da ingestão energética de pacientes em hemodiálise. Goiânia-go, 2012.

Discussão

Ao se analisar o relato de ingestão energética dos pacientes avaliados no presente estudo, percebeu-se um percentual considerável de sub-relato, enquanto que o super-relato não foi identificado. Outros trabalhos com renais crônicos não investigaram a ocorrência de super-relato.3Fasset RG, Robertson IK, Geraghty DP, Ball MJ, Coombes JS. Dietary intake of patients with chronic kidney disease entering the lord trial: adjusting for underreporting. J Ren Nutr 2007;17:235-42. DOI: http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2007.04.004
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,5Avesani CM, Kamimura MA, Draibe SA, Cuppari L. Is energy intake underestimated in nondialyzed chronic kidney disease patients? J Ren Nutr 2005;15:159-65.,8Kloppenburg WD, de Jong PE, Huisman RM. The contradiction of stable body mass despite low reported dietary energy intake in chronic haemodialysis patients. Nephrol Dial Transplant 2002;17:1628-33. DOI: http://dx.doi.org/10.1093/ndt/17.9.1628
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Em diferentes populações, o super-relato parece ser bem menos comum1Scagliusi FB, Lancha Júnior AH. Subnotificação da ingestão energética na avaliação do consumo alimentar. Rev Nutr 2003;16:471-81. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1415-52732003000400010
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que o sub-relato, com prevalências entre 1 a 39%,2Gomes AA, Leão LSCS. Prevalência de sub-relato e super-relato de ingestão energética em população ambulatorial do Rio de Janeiro, Brasil. Cad Saúde Colet 2011;19:197-202.,1919 Novotny JA, Rumpler WV, Riddick H, Hebert JR, Rhodes D, Judd JT, et al. Personality characteristics as predictors of underreporting of energy intake on 24-hour dietary recall interviews. J Am Diet Assoc 2003;103:1146-51. PMID: 12963942 DOI: http://dx.doi.org/10.1016/S0002-8223(03)00975-1
http://dx.doi.org/10.1016/S0002-8223(03)...
,2020 Tooze JA, Subar AF, Thompson FE, Troiano R, Schatzkin A, Kipnis V. Psychosocial predictors of energy underreporting in a large doubly labeled water study. Am J Clin Nutr 2004;79:795-804. e geralmente é encontrado em indivíduos do sexo feminino,2Gomes AA, Leão LSCS. Prevalência de sub-relato e super-relato de ingestão energética em população ambulatorial do Rio de Janeiro, Brasil. Cad Saúde Colet 2011;19:197-202.,9Poslusna K, Ruprich J, de Vries JH, Jakubikova M, van't Veer P. Misreporting of energy and micronutrient intake estimated by food records and 24 hour recalls, control and adjustment methods in practice. Br J Nutr 2009;101:S73-85. PMID: 19594967 DOI: http://dx.doi.org/10.1017/S0007114509990602
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eutróficos e jovens.2Gomes AA, Leão LSCS. Prevalência de sub-relato e super-relato de ingestão energética em população ambulatorial do Rio de Janeiro, Brasil. Cad Saúde Colet 2011;19:197-202.

Alguns estudos identificaram elevado grau de sub-relato em pacientes com doença renal crônica não dialisados e sob diálise peritoneal, com prevalências entre 52,2 a 72,5%.3Fasset RG, Robertson IK, Geraghty DP, Ball MJ, Coombes JS. Dietary intake of patients with chronic kidney disease entering the lord trial: adjusting for underreporting. J Ren Nutr 2007;17:235-42. DOI: http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2007.04.004
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,5Avesani CM, Kamimura MA, Draibe SA, Cuppari L. Is energy intake underestimated in nondialyzed chronic kidney disease patients? J Ren Nutr 2005;15:159-65. Apesar de bem explorado em indivíduos saudáveis, com prevalências entre 2 a 85%3Fasset RG, Robertson IK, Geraghty DP, Ball MJ, Coombes JS. Dietary intake of patients with chronic kidney disease entering the lord trial: adjusting for underreporting. J Ren Nutr 2007;17:235-42. DOI: http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2007.04.004
http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2007.04....
, nos pacientes em hemodiálise, o sub-relato é pouco estudado. Apenas uma pesquisa holandesa8Kloppenburg WD, de Jong PE, Huisman RM. The contradiction of stable body mass despite low reported dietary energy intake in chronic haemodialysis patients. Nephrol Dial Transplant 2002;17:1628-33. DOI: http://dx.doi.org/10.1093/ndt/17.9.1628
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e uma brasileira7Mafra D, Moraes C, Leal VO, Farage NE, Stockler-Pinto MB, Fouque D. Underreporting of energy intake in maintenance hemodialysis patients: a cross-sectional study. J Ren Nutr 2012;22:578-83. DOI: http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2011.10.037
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investigaram o sub-relato nessa população, encontrando prevalências de 61% e 65%, respectivamente, semelhante a este estudo (65,7%). Esses dados indicam que a prevalência de sub-relato em indivíduos em hemodiálise é elevada, próximo ao encontrado em outras populações.

Outros dados interessantes observados neste estudo foram a maior prevalência de sub-relato no dia sem diálise e maior consumo de proteínas pelos sub-relatadores quando comparados aos relatadores válidos. A diferença de sub-relato em dias com e sem diálise,3Fasset RG, Robertson IK, Geraghty DP, Ball MJ, Coombes JS. Dietary intake of patients with chronic kidney disease entering the lord trial: adjusting for underreporting. J Ren Nutr 2007;17:235-42. DOI: http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2007.04.004
http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2007.04....
,5Avesani CM, Kamimura MA, Draibe SA, Cuppari L. Is energy intake underestimated in nondialyzed chronic kidney disease patients? J Ren Nutr 2005;15:159-65.,7Mafra D, Moraes C, Leal VO, Farage NE, Stockler-Pinto MB, Fouque D. Underreporting of energy intake in maintenance hemodialysis patients: a cross-sectional study. J Ren Nutr 2012;22:578-83. DOI: http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2011.10.037
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,8Kloppenburg WD, de Jong PE, Huisman RM. The contradiction of stable body mass despite low reported dietary energy intake in chronic haemodialysis patients. Nephrol Dial Transplant 2002;17:1628-33. DOI: http://dx.doi.org/10.1093/ndt/17.9.1628
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não foi abordada por outros autores. Quanto à ingestão de macronutrientes entre relatadores válidos e sub-relatadores, os achados não são uniformes na literatura. Enquanto alguns trabalhos identificaram uma menor ingestão de carboidratos2Gomes AA, Leão LSCS. Prevalência de sub-relato e super-relato de ingestão energética em população ambulatorial do Rio de Janeiro, Brasil. Cad Saúde Colet 2011;19:197-202.,2121 Anjos LA, Souza DR, Rossato SL. Desafios na medição quantitativa da ingestão alimentar em estudos populacionais. Rev Nutr 2009;22:151-61. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1415-52732009000100014
http://dx.doi.org/10.1590/S1415-52732009...
e/ou lipídios2Gomes AA, Leão LSCS. Prevalência de sub-relato e super-relato de ingestão energética em população ambulatorial do Rio de Janeiro, Brasil. Cad Saúde Colet 2011;19:197-202.,2121 Anjos LA, Souza DR, Rossato SL. Desafios na medição quantitativa da ingestão alimentar em estudos populacionais. Rev Nutr 2009;22:151-61. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1415-52732009000100014
http://dx.doi.org/10.1590/S1415-52732009...
,2222 Mendez MA, Popkin BM, Buckland G, Schroder H, Amiano P, Barricarte A, et al. Alternative methods of accounting for underreporting and overreporting when measuring dietary intake-obesity relations. Am J Epidemiol 2011;173:448-58. PMID: 21242302 DOI: http://dx.doi.org/10.1093/aje/kwq380
http://dx.doi.org/10.1093/aje/kwq380...
entre sub-relatadores, outros encontraram apenas maior ingestão proteica2Gomes AA, Leão LSCS. Prevalência de sub-relato e super-relato de ingestão energética em população ambulatorial do Rio de Janeiro, Brasil. Cad Saúde Colet 2011;19:197-202.,8Kloppenburg WD, de Jong PE, Huisman RM. The contradiction of stable body mass despite low reported dietary energy intake in chronic haemodialysis patients. Nephrol Dial Transplant 2002;17:1628-33. DOI: http://dx.doi.org/10.1093/ndt/17.9.1628
http://dx.doi.org/10.1093/ndt/17.9.1628...
,2323 Pomperleau J, Ostbye T, Bright-See E. Potential underreporting of energy intake in the Ontario Health Survey and its relationship with nutrient and food intakes. Eur J Epidemiol 1999;15:553-7. DOI: http://dx.doi.org/10.1023/A:1007512420937
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neste mesmo grupo.

Para os pacientes avaliados neste estudo, os fatores associados ao sub-relato foram o IMC a partir de 25 kg/m2, sexo feminino, fazer até três refeições diárias e ter até cinco anos de hemodiálise. Para indivíduos saudáveis, vários são os fatores associados ou preditores do sub-relato. Os mais citados são o sexo feminino,1919 Novotny JA, Rumpler WV, Riddick H, Hebert JR, Rhodes D, Judd JT, et al. Personality characteristics as predictors of underreporting of energy intake on 24-hour dietary recall interviews. J Am Diet Assoc 2003;103:1146-51. PMID: 12963942 DOI: http://dx.doi.org/10.1016/S0002-8223(03)00975-1
http://dx.doi.org/10.1016/S0002-8223(03)...
,2020 Tooze JA, Subar AF, Thompson FE, Troiano R, Schatzkin A, Kipnis V. Psychosocial predictors of energy underreporting in a large doubly labeled water study. Am J Clin Nutr 2004;79:795-804.,2424 McGowan CA, McAuliffe. Maternal nutrient intakes anda levels of energy underreporting during early pregnancy. Eur J Clin Nutr 2012;66:906-13. DOI: http://dx.doi.org/10.1038/ejcn.2012.15
http://dx.doi.org/10.1038/ejcn.2012.15...
maior idade,2Gomes AA, Leão LSCS. Prevalência de sub-relato e super-relato de ingestão energética em população ambulatorial do Rio de Janeiro, Brasil. Cad Saúde Colet 2011;19:197-202. menor nível educacional e de renda,9Poslusna K, Ruprich J, de Vries JH, Jakubikova M, van't Veer P. Misreporting of energy and micronutrient intake estimated by food records and 24 hour recalls, control and adjustment methods in practice. Br J Nutr 2009;101:S73-85. PMID: 19594967 DOI: http://dx.doi.org/10.1017/S0007114509990602
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excesso de peso pelo IMC3Fasset RG, Robertson IK, Geraghty DP, Ball MJ, Coombes JS. Dietary intake of patients with chronic kidney disease entering the lord trial: adjusting for underreporting. J Ren Nutr 2007;17:235-42. DOI: http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2007.04.004
http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2007.04....

Bazanelli AP, Kamimura MA, Vasselai P, Draibe SA, Cuppari L. Underreporting of energy intake in peritoneal dialysis patients. J Ren Nutr 2010;20:263-9. DOI: http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2009.08.009
http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2009.08....
-5Avesani CM, Kamimura MA, Draibe SA, Cuppari L. Is energy intake underestimated in nondialyzed chronic kidney disease patients? J Ren Nutr 2005;15:159-65.,2020 Tooze JA, Subar AF, Thompson FE, Troiano R, Schatzkin A, Kipnis V. Psychosocial predictors of energy underreporting in a large doubly labeled water study. Am J Clin Nutr 2004;79:795-804.,2323 Pomperleau J, Ostbye T, Bright-See E. Potential underreporting of energy intake in the Ontario Health Survey and its relationship with nutrient and food intakes. Eur J Epidemiol 1999;15:553-7. DOI: http://dx.doi.org/10.1023/A:1007512420937
http://dx.doi.org/10.1023/A:100751242093...
,2424 McGowan CA, McAuliffe. Maternal nutrient intakes anda levels of energy underreporting during early pregnancy. Eur J Clin Nutr 2012;66:906-13. DOI: http://dx.doi.org/10.1038/ejcn.2012.15
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e elevada gordura corporal.7Mafra D, Moraes C, Leal VO, Farage NE, Stockler-Pinto MB, Fouque D. Underreporting of energy intake in maintenance hemodialysis patients: a cross-sectional study. J Ren Nutr 2012;22:578-83. DOI: http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2011.10.037
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,1919 Novotny JA, Rumpler WV, Riddick H, Hebert JR, Rhodes D, Judd JT, et al. Personality characteristics as predictors of underreporting of energy intake on 24-hour dietary recall interviews. J Am Diet Assoc 2003;103:1146-51. PMID: 12963942 DOI: http://dx.doi.org/10.1016/S0002-8223(03)00975-1
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,2020 Tooze JA, Subar AF, Thompson FE, Troiano R, Schatzkin A, Kipnis V. Psychosocial predictors of energy underreporting in a large doubly labeled water study. Am J Clin Nutr 2004;79:795-804. No estudo de Bazanelli et al.4Bazanelli AP, Kamimura MA, Vasselai P, Draibe SA, Cuppari L. Underreporting of energy intake in peritoneal dialysis patients. J Ren Nutr 2010;20:263-9. DOI: http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2009.08.009
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o IMC foi o único determinante do sub-relato em pacientes sob diálise peritoneal. Outros trabalhos realizados com portadores de doença renal crônica não avaliaram preditores do sub-relato.3Fasset RG, Robertson IK, Geraghty DP, Ball MJ, Coombes JS. Dietary intake of patients with chronic kidney disease entering the lord trial: adjusting for underreporting. J Ren Nutr 2007;17:235-42. DOI: http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2007.04.004
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,5Avesani CM, Kamimura MA, Draibe SA, Cuppari L. Is energy intake underestimated in nondialyzed chronic kidney disease patients? J Ren Nutr 2005;15:159-65.,8Kloppenburg WD, de Jong PE, Huisman RM. The contradiction of stable body mass despite low reported dietary energy intake in chronic haemodialysis patients. Nephrol Dial Transplant 2002;17:1628-33. DOI: http://dx.doi.org/10.1093/ndt/17.9.1628
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Mafra et al.7Mafra D, Moraes C, Leal VO, Farage NE, Stockler-Pinto MB, Fouque D. Underreporting of energy intake in maintenance hemodialysis patients: a cross-sectional study. J Ren Nutr 2012;22:578-83. DOI: http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2011.10.037
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não investigaram determinantes do sub-relato, porém, encontraram uma correlação negativa entre o Índice de Goldberg e IMC e entre a ingestão energética referida e o IMC para pacientes em hemodiálise.

O excesso de peso tem sido indicado como um importante fator associado ao sub-relato.9Poslusna K, Ruprich J, de Vries JH, Jakubikova M, van't Veer P. Misreporting of energy and micronutrient intake estimated by food records and 24 hour recalls, control and adjustment methods in practice. Br J Nutr 2009;101:S73-85. PMID: 19594967 DOI: http://dx.doi.org/10.1017/S0007114509990602
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,2020 Tooze JA, Subar AF, Thompson FE, Troiano R, Schatzkin A, Kipnis V. Psychosocial predictors of energy underreporting in a large doubly labeled water study. Am J Clin Nutr 2004;79:795-804.,2222 Mendez MA, Popkin BM, Buckland G, Schroder H, Amiano P, Barricarte A, et al. Alternative methods of accounting for underreporting and overreporting when measuring dietary intake-obesity relations. Am J Epidemiol 2011;173:448-58. PMID: 21242302 DOI: http://dx.doi.org/10.1093/aje/kwq380
http://dx.doi.org/10.1093/aje/kwq380...
,2525 Gemming L, Jiang Y, Swinburn B, Utter J, Mhurchu CN. Under-reporting remains a key limitation of self-reported dietary intake: an analysis of the 2008/09 New Zealand Adult Nutrition Survey. Eur J Clin Nutr 2014;68:259-64. PMID: 24300904 DOI: http://dx.doi.org/10.1038/ejcn.2013.242
http://dx.doi.org/10.1038/ejcn.2013.242...
,2626 Kye S, Kwon SO, Lee SY, Lee J, Kim BH, Suh HJ, et al. Under-reporting of Energy Intake from 24-hour Dietary Recalls in the Korean National Health and Nutrition Examination Survey. Osong Public Health Res Perspect 2014;5:85-91. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.phrp.2014.02.002
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Evidências apontam que um percentual considerável de indivíduos que sub-relatam apresentam IMC elevado.3Fasset RG, Robertson IK, Geraghty DP, Ball MJ, Coombes JS. Dietary intake of patients with chronic kidney disease entering the lord trial: adjusting for underreporting. J Ren Nutr 2007;17:235-42. DOI: http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2007.04.004
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,5Avesani CM, Kamimura MA, Draibe SA, Cuppari L. Is energy intake underestimated in nondialyzed chronic kidney disease patients? J Ren Nutr 2005;15:159-65.,7Mafra D, Moraes C, Leal VO, Farage NE, Stockler-Pinto MB, Fouque D. Underreporting of energy intake in maintenance hemodialysis patients: a cross-sectional study. J Ren Nutr 2012;22:578-83. DOI: http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2011.10.037
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,9Poslusna K, Ruprich J, de Vries JH, Jakubikova M, van't Veer P. Misreporting of energy and micronutrient intake estimated by food records and 24 hour recalls, control and adjustment methods in practice. Br J Nutr 2009;101:S73-85. PMID: 19594967 DOI: http://dx.doi.org/10.1017/S0007114509990602
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,2121 Anjos LA, Souza DR, Rossato SL. Desafios na medição quantitativa da ingestão alimentar em estudos populacionais. Rev Nutr 2009;22:151-61. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1415-52732009000100014
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,2424 McGowan CA, McAuliffe. Maternal nutrient intakes anda levels of energy underreporting during early pregnancy. Eur J Clin Nutr 2012;66:906-13. DOI: http://dx.doi.org/10.1038/ejcn.2012.15
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Em geral, há uma distorção entre a ingestão energética referida por aqueles com excesso de peso, sobretudo os obesos,9Poslusna K, Ruprich J, de Vries JH, Jakubikova M, van't Veer P. Misreporting of energy and micronutrient intake estimated by food records and 24 hour recalls, control and adjustment methods in practice. Br J Nutr 2009;101:S73-85. PMID: 19594967 DOI: http://dx.doi.org/10.1017/S0007114509990602
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,2121 Anjos LA, Souza DR, Rossato SL. Desafios na medição quantitativa da ingestão alimentar em estudos populacionais. Rev Nutr 2009;22:151-61. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1415-52732009000100014
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e o gasto energético avaliado pelo método da água duplamente marcada.2727 Goris AH, Westerterp KR. Improved reporting of habitual food intake after confrontation with earlier results on food reporting. Br J Nutr 2000;83:363-9. PMID: 10858694

A baixa ingestão energética encontrada nos pacientes com doença renal crônica geralmente não está associada com perda de peso a longo prazo, indicando que estes indivíduos consomem mais energia do que o relatado.3Fasset RG, Robertson IK, Geraghty DP, Ball MJ, Coombes JS. Dietary intake of patients with chronic kidney disease entering the lord trial: adjusting for underreporting. J Ren Nutr 2007;17:235-42. DOI: http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2007.04.004
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,5Avesani CM, Kamimura MA, Draibe SA, Cuppari L. Is energy intake underestimated in nondialyzed chronic kidney disease patients? J Ren Nutr 2005;15:159-65.,8Kloppenburg WD, de Jong PE, Huisman RM. The contradiction of stable body mass despite low reported dietary energy intake in chronic haemodialysis patients. Nephrol Dial Transplant 2002;17:1628-33. DOI: http://dx.doi.org/10.1093/ndt/17.9.1628
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Estudos de acompanhamento com pacientes estáveis em hemodiálise têm mostrado que, para parte destes, o IMC e o peso são mantidos ou aumentam com o tempo, apesar de uma ingestão energética referida menor que as 30 a 35 kcal/kg/dia recomendadas.8Kloppenburg WD, de Jong PE, Huisman RM. The contradiction of stable body mass despite low reported dietary energy intake in chronic haemodialysis patients. Nephrol Dial Transplant 2002;17:1628-33. DOI: http://dx.doi.org/10.1093/ndt/17.9.1628
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,2828 Schoenfeld PY, Henry RR, Laird NM, Roxe DM. Assesment of nutritional status of the National Cooperative Dialysis Study population. Kidney Int 1983;23:80-8.,2929 Thunberg BJ, Swamy AP, Cestero RV. Cross-sectional and longitudinal nutritional measurements in maintence hemodialysis patients. Am J Clin Nutr 1981;34:2005-12.

Neste estudo, verificou-se uma maior prevalência de sub-relato no grupo com excesso de peso, sendo o IMC a partir de 25 kg/m2 um fator associado ao sub-relato para os indivíduos avaliados. Apesar de não ter ocorrido seguimento dos pacientes avaliados para monitoramento dos parâmetros antropométricos, observou-se que a alta prevalência de sub-relato não condiz com a média da razão IE/TMB, nem com o elevado percentual de pacientes demonstrando excesso de peso pelo IMC. Estes resultados são concordantes com os de Avesani et al.5Avesani CM, Kamimura MA, Draibe SA, Cuppari L. Is energy intake underestimated in nondialyzed chronic kidney disease patients? J Ren Nutr 2005;15:159-65. e Bazanelli et al.,4Bazanelli AP, Kamimura MA, Vasselai P, Draibe SA, Cuppari L. Underreporting of energy intake in peritoneal dialysis patients. J Ren Nutr 2010;20:263-9. DOI: http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2009.08.009
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que observaram maior sub-relato, com prevalências de 80 e 83,3%, respectivamente, em pacientes renais crônicos com IMC ≥ 25 kg/m2.

É interessante notar que, em geral, indivíduos com excesso de peso submetem-se a restrições alimentares frequentes no intuito de redução ponderal.9Poslusna K, Ruprich J, de Vries JH, Jakubikova M, van't Veer P. Misreporting of energy and micronutrient intake estimated by food records and 24 hour recalls, control and adjustment methods in practice. Br J Nutr 2009;101:S73-85. PMID: 19594967 DOI: http://dx.doi.org/10.1017/S0007114509990602
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Dessa forma, acabam se tornando exímios conhecedores dos alimentos com maior teor energético3030 Lafay L, Basdevant A, Charles MA, Vray M, Balkau B, Bory JM, et al. Determinants and nature of dietary underreporting in a free-living population: the Fleurbaix Laventie Ville Santé (FLVS) Study. Int J Obes Relat Metab Disord 1997;21:567-73. DOI: http://dx.doi.org/10.1038/sj.ijo.0800443
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e desenvolvendo um sub-relato seletivo para alimentos ricos em carboidratos e lipídios,2Gomes AA, Leão LSCS. Prevalência de sub-relato e super-relato de ingestão energética em população ambulatorial do Rio de Janeiro, Brasil. Cad Saúde Colet 2011;19:197-202. que pode advir do maior acesso às informações sobre alimentação saudável, seja devido às políticas de saúde ou por esclarecimentos divulgados pelos meios de comunicação.2Gomes AA, Leão LSCS. Prevalência de sub-relato e super-relato de ingestão energética em população ambulatorial do Rio de Janeiro, Brasil. Cad Saúde Colet 2011;19:197-202.

O sexo feminino é outro fator comumente associado ao sub-relato.3Fasset RG, Robertson IK, Geraghty DP, Ball MJ, Coombes JS. Dietary intake of patients with chronic kidney disease entering the lord trial: adjusting for underreporting. J Ren Nutr 2007;17:235-42. DOI: http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2007.04.004
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,7Mafra D, Moraes C, Leal VO, Farage NE, Stockler-Pinto MB, Fouque D. Underreporting of energy intake in maintenance hemodialysis patients: a cross-sectional study. J Ren Nutr 2012;22:578-83. DOI: http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2011.10.037
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,9Poslusna K, Ruprich J, de Vries JH, Jakubikova M, van't Veer P. Misreporting of energy and micronutrient intake estimated by food records and 24 hour recalls, control and adjustment methods in practice. Br J Nutr 2009;101:S73-85. PMID: 19594967 DOI: http://dx.doi.org/10.1017/S0007114509990602
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,2222 Mendez MA, Popkin BM, Buckland G, Schroder H, Amiano P, Barricarte A, et al. Alternative methods of accounting for underreporting and overreporting when measuring dietary intake-obesity relations. Am J Epidemiol 2011;173:448-58. PMID: 21242302 DOI: http://dx.doi.org/10.1093/aje/kwq380
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,2525 Gemming L, Jiang Y, Swinburn B, Utter J, Mhurchu CN. Under-reporting remains a key limitation of self-reported dietary intake: an analysis of the 2008/09 New Zealand Adult Nutrition Survey. Eur J Clin Nutr 2014;68:259-64. PMID: 24300904 DOI: http://dx.doi.org/10.1038/ejcn.2013.242
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,2626 Kye S, Kwon SO, Lee SY, Lee J, Kim BH, Suh HJ, et al. Under-reporting of Energy Intake from 24-hour Dietary Recalls in the Korean National Health and Nutrition Examination Survey. Osong Public Health Res Perspect 2014;5:85-91. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.phrp.2014.02.002
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,2828 Schoenfeld PY, Henry RR, Laird NM, Roxe DM. Assesment of nutritional status of the National Cooperative Dialysis Study population. Kidney Int 1983;23:80-8. Novotny et al.1919 Novotny JA, Rumpler WV, Riddick H, Hebert JR, Rhodes D, Judd JT, et al. Personality characteristics as predictors of underreporting of energy intake on 24-hour dietary recall interviews. J Am Diet Assoc 2003;103:1146-51. PMID: 12963942 DOI: http://dx.doi.org/10.1016/S0002-8223(03)00975-1
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encontraram uma prevalência de sub-relato de 61% versus 85% para homens e mulheres, enquanto Gomes & Leão2Gomes AA, Leão LSCS. Prevalência de sub-relato e super-relato de ingestão energética em população ambulatorial do Rio de Janeiro, Brasil. Cad Saúde Colet 2011;19:197-202. identificaram 61% versus 79,5%, respectivamente. Entre algumas características do sexo feminino que podem explicar o maior sub-relato em mulheres, podem-se citar a insatisfação com o peso e com a imagem corporal (levando a restrições dietéticas repetidas), culpa,1919 Novotny JA, Rumpler WV, Riddick H, Hebert JR, Rhodes D, Judd JT, et al. Personality characteristics as predictors of underreporting of energy intake on 24-hour dietary recall interviews. J Am Diet Assoc 2003;103:1146-51. PMID: 12963942 DOI: http://dx.doi.org/10.1016/S0002-8223(03)00975-1
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medo de uma avaliação negativa9Poslusna K, Ruprich J, de Vries JH, Jakubikova M, van't Veer P. Misreporting of energy and micronutrient intake estimated by food records and 24 hour recalls, control and adjustment methods in practice. Br J Nutr 2009;101:S73-85. PMID: 19594967 DOI: http://dx.doi.org/10.1017/S0007114509990602
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e o desejo de aprovação social. A insatisfação com o peso, com a imagem corporal, culpa,1818 Kamimura MA, Avesani CM, Bazanelli AP, Baria F, Draibe AS, Cuppari L. Are prediction equations reliable for estimating resting energy expenditure in chronic kidney disease patients? Nephrol Dial Transplant 2010;26:544-50. medo de uma avaliação negativa8Kloppenburg WD, de Jong PE, Huisman RM. The contradiction of stable body mass despite low reported dietary energy intake in chronic haemodialysis patients. Nephrol Dial Transplant 2002;17:1628-33. DOI: http://dx.doi.org/10.1093/ndt/17.9.1628
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e restrições dietéticas repetidas na intenção de redução ponderal2323 Pomperleau J, Ostbye T, Bright-See E. Potential underreporting of energy intake in the Ontario Health Survey and its relationship with nutrient and food intakes. Eur J Epidemiol 1999;15:553-7. DOI: http://dx.doi.org/10.1023/A:1007512420937
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são características do sexo feminino apontadas como causas de sub-relato em mulheres. Outra explicação é o desejo de ajuste ou aprovação social, definido como a tendência em responder o que é aceito socialmente.2020 Tooze JA, Subar AF, Thompson FE, Troiano R, Schatzkin A, Kipnis V. Psychosocial predictors of energy underreporting in a large doubly labeled water study. Am J Clin Nutr 2004;79:795-804. Assim, no momento de responderem aos diários dietéticos,3Fasset RG, Robertson IK, Geraghty DP, Ball MJ, Coombes JS. Dietary intake of patients with chronic kidney disease entering the lord trial: adjusting for underreporting. J Ren Nutr 2007;17:235-42. DOI: http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2007.04.004
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as mulheres tendem a relatar um consumo que consideram adequado ao invés de declararem sua real ingestão.

O ato de comer menos vezes é uma característica de sub-relatadores.2020 Tooze JA, Subar AF, Thompson FE, Troiano R, Schatzkin A, Kipnis V. Psychosocial predictors of energy underreporting in a large doubly labeled water study. Am J Clin Nutr 2004;79:795-804. Na população avaliada, o menor número de refeições diárias foi associado ao sub-relato. Supõe-se que indivíduos que fazem um menor número de refeições, consumam maior volume, o que pode dificultar a lembrança das quantidades ingeridas9Poslusna K, Ruprich J, de Vries JH, Jakubikova M, van't Veer P. Misreporting of energy and micronutrient intake estimated by food records and 24 hour recalls, control and adjustment methods in practice. Br J Nutr 2009;101:S73-85. PMID: 19594967 DOI: http://dx.doi.org/10.1017/S0007114509990602
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e gerar um sub-registro, já que o recordatório de 24 horas depende da memória. A omissão de pequenos lanches2020 Tooze JA, Subar AF, Thompson FE, Troiano R, Schatzkin A, Kipnis V. Psychosocial predictors of energy underreporting in a large doubly labeled water study. Am J Clin Nutr 2004;79:795-804. e bebidas consumidos entre as refeições na forma de beliscos, que não são computados no cálculo do consumo energético diário, também pode contribuir para a subnotificação da ingestão.

O menor tempo de hemodiálise se apresentou como fator associado ao sub-relato nos indivíduos avaliados, o que não foi investigado em outros estudos com pacientes renais crônicos.3Fasset RG, Robertson IK, Geraghty DP, Ball MJ, Coombes JS. Dietary intake of patients with chronic kidney disease entering the lord trial: adjusting for underreporting. J Ren Nutr 2007;17:235-42. DOI: http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2007.04.004
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,5Avesani CM, Kamimura MA, Draibe SA, Cuppari L. Is energy intake underestimated in nondialyzed chronic kidney disease patients? J Ren Nutr 2005;15:159-65.,7Mafra D, Moraes C, Leal VO, Farage NE, Stockler-Pinto MB, Fouque D. Underreporting of energy intake in maintenance hemodialysis patients: a cross-sectional study. J Ren Nutr 2012;22:578-83. DOI: http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2011.10.037
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,8Kloppenburg WD, de Jong PE, Huisman RM. The contradiction of stable body mass despite low reported dietary energy intake in chronic haemodialysis patients. Nephrol Dial Transplant 2002;17:1628-33. DOI: http://dx.doi.org/10.1093/ndt/17.9.1628
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É possível que a presença do nutricionista em cada centro de diálise, que acompanha e indaga rotineiramente sobre a ingestão alimentar, possa ter condicionado o paciente com maior tempo de diálise a estar mais atento à sua ingestão e que isto ainda não tenha ocorrido nos indivíduos com menos tempo de tratamento, resultando em maior sub-relato nestes últimos.

O sub-relato é uma das principais limitações da investigação do consumo alimentar,7Mafra D, Moraes C, Leal VO, Farage NE, Stockler-Pinto MB, Fouque D. Underreporting of energy intake in maintenance hemodialysis patients: a cross-sectional study. J Ren Nutr 2012;22:578-83. DOI: http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2011.10.037
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,2525 Gemming L, Jiang Y, Swinburn B, Utter J, Mhurchu CN. Under-reporting remains a key limitation of self-reported dietary intake: an analysis of the 2008/09 New Zealand Adult Nutrition Survey. Eur J Clin Nutr 2014;68:259-64. PMID: 24300904 DOI: http://dx.doi.org/10.1038/ejcn.2013.242
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levando à imprecisão da ingestão dietética referida. Em pacientes em hemodiálise, a avaliação precisa do consumo de energia é crucial para a avaliação do estado clínico, intervenções nutricionais e os resultados de saúde.7Mafra D, Moraes C, Leal VO, Farage NE, Stockler-Pinto MB, Fouque D. Underreporting of energy intake in maintenance hemodialysis patients: a cross-sectional study. J Ren Nutr 2012;22:578-83. DOI: http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2011.10.037
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,2121 Anjos LA, Souza DR, Rossato SL. Desafios na medição quantitativa da ingestão alimentar em estudos populacionais. Rev Nutr 2009;22:151-61. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1415-52732009000100014
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Quando não detectado, pode interferir negativamente na nutrição e acompanhamento do paciente em hemodiálise. Assim, o nutricionista que acompanha esse público deve analisar criticamente1Scagliusi FB, Lancha Júnior AH. Subnotificação da ingestão energética na avaliação do consumo alimentar. Rev Nutr 2003;16:471-81. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1415-52732003000400010
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os dados de ingestão obtidos. Este cuidado será útil para evitar condutas inadequadas no plano de intervenção nutricional,2121 Anjos LA, Souza DR, Rossato SL. Desafios na medição quantitativa da ingestão alimentar em estudos populacionais. Rev Nutr 2009;22:151-61. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1415-52732009000100014
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como, por exemplo, a oferta de mais calorias, que, ao longo do tempo, pode contribuir para o surgimento do excesso de peso ou acúmulo de gordura corporal sem necessidade, ou, ainda, o estímulo ao consumo de determinados alimentos, para corrigir certo nutriente que "se julga estar em déficit", podendo gerar desequilíbrio dos níveis séricos de fósforo, potássio, glicemia, entre outros. A utilização da razão IE/TMB pode ser uma ferramenta útil, simples e viável para detecção do sub-relato na prática clínica, o que auxiliaria este profissional a interpretar de maneira mais segura e crítica os dados alimentares de pacientes em hemodiálise obtidos pelos métodos tradicionais de avaliação dietética. A remoção dos dados de sub-relatadores permite uma avaliação mais precisa da ingestão alimentar2424 McGowan CA, McAuliffe. Maternal nutrient intakes anda levels of energy underreporting during early pregnancy. Eur J Clin Nutr 2012;66:906-13. DOI: http://dx.doi.org/10.1038/ejcn.2012.15
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do grupo avaliado e confere maior segurança no aconselhamento nutricional realizado.7Mafra D, Moraes C, Leal VO, Farage NE, Stockler-Pinto MB, Fouque D. Underreporting of energy intake in maintenance hemodialysis patients: a cross-sectional study. J Ren Nutr 2012;22:578-83. DOI: http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2011.10.037
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O fato da TMB dos pacientes avaliados não ter sido medida e sim estimada por uma equação preditora do gasto energético foi uma limitação deste estudo. Apesar de ser mais indicada para cálculo da TMB em indivíduos com doença renal crônica, a equação de Harris Benedict pode superestimar esse cálculo em cerca de 5,8%,1818 Kamimura MA, Avesani CM, Bazanelli AP, Baria F, Draibe AS, Cuppari L. Are prediction equations reliable for estimating resting energy expenditure in chronic kidney disease patients? Nephrol Dial Transplant 2010;26:544-50. o que resultaria em uma maior prevalência de sub-relato na população avaliada. No entanto, observa-se que a prevalência de sub-relato encontrada não foi discrepante de outros estudos4Bazanelli AP, Kamimura MA, Vasselai P, Draibe SA, Cuppari L. Underreporting of energy intake in peritoneal dialysis patients. J Ren Nutr 2010;20:263-9. DOI: http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2009.08.009
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,5Avesani CM, Kamimura MA, Draibe SA, Cuppari L. Is energy intake underestimated in nondialyzed chronic kidney disease patients? J Ren Nutr 2005;15:159-65. que utilizam a calorimetria indireta para determinar o gasto energético e classificar os níveis de autorrelato da ingestão energética.

Outro ponto a ser considerado é a utilização do recordatório de 24 horas para a obtenção da ingestão dietética. Uma vez que métodos mais precisos, como a pesagem direta, não são viáveis para estudos com amostras maiores, em geral, o recordatório é um dos métodos de escolha por ser prático, de fácil execução, barato e que pode ser aplicado em indivíduos com diferentes níveis de instrução.2121 Anjos LA, Souza DR, Rossato SL. Desafios na medição quantitativa da ingestão alimentar em estudos populacionais. Rev Nutr 2009;22:151-61. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1415-52732009000100014
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Apesar das vantagens, este método apresenta limitações como a dependência da memória e sua aplicação em apenas um dia pode não representar a ingestão habitual.2121 Anjos LA, Souza DR, Rossato SL. Desafios na medição quantitativa da ingestão alimentar em estudos populacionais. Rev Nutr 2009;22:151-61. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1415-52732009000100014
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Neste estudo, procurou-se compensar estas desvantagens utilizando-se medidas caseiras, para auxiliar na identificação mais adequada das porções consumidas.9Poslusna K, Ruprich J, de Vries JH, Jakubikova M, van't Veer P. Misreporting of energy and micronutrient intake estimated by food records and 24 hour recalls, control and adjustment methods in practice. Br J Nutr 2009;101:S73-85. PMID: 19594967 DOI: http://dx.doi.org/10.1017/S0007114509990602
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Além desses cuidados, foram aplicados seis recordatórios, contemplando os dias de diálise e o período interdialítico, tornando-se mais representativo da ingestão alimentar habitual para os relatadores válidos.

Esse estudo teve como diferencial a avaliação do efeito de várias variáveis associadas do sub-relato em uma amostra representativa da população em hemodiálise, bem maior quando comparada a amostras de outros estudos que avaliaram o sub-relato em indivíduos com doença renal crônica.3Fasset RG, Robertson IK, Geraghty DP, Ball MJ, Coombes JS. Dietary intake of patients with chronic kidney disease entering the lord trial: adjusting for underreporting. J Ren Nutr 2007;17:235-42. DOI: http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2007.04.004
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,5Avesani CM, Kamimura MA, Draibe SA, Cuppari L. Is energy intake underestimated in nondialyzed chronic kidney disease patients? J Ren Nutr 2005;15:159-65.,7Mafra D, Moraes C, Leal VO, Farage NE, Stockler-Pinto MB, Fouque D. Underreporting of energy intake in maintenance hemodialysis patients: a cross-sectional study. J Ren Nutr 2012;22:578-83. DOI: http://dx.doi.org/10.1053/j.jrn.2011.10.037
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,8Kloppenburg WD, de Jong PE, Huisman RM. The contradiction of stable body mass despite low reported dietary energy intake in chronic haemodialysis patients. Nephrol Dial Transplant 2002;17:1628-33. DOI: http://dx.doi.org/10.1093/ndt/17.9.1628
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A utilização de análise multivariada permitiu identificar as variáveis que permaneceram associadas ao sub-relato, considerando a interdependência entre os fatores avaliados.

Conclusão

A população avaliada demonstrou elevada prevalência de sub-relato da ingestão energética, sobretudo entre indivíduos com excesso de peso pelo IMC e nos dias sem diálise. Os sub-relatadores apresentaram maior consumo proteico que os relatadores válidos e não foi detectado o super-relato da ingestão energética. Pertencer ao sexo feminino, apresentar excesso de peso, fazer um menor número de refeições diárias e ter menos tempo de hemodiálise foram fatores associados ao sub-relato.

Os achados desse estudo alertam para o fato de que a análise dos dados alimentares, sem levar em consideração o sub-relato, pode resultar em uma falsa interpretação da ingestão e até mesmo a inadequações na condução do tratamento dietético dos pacientes avaliados. Assim, sugere-se que a ingestão alimentar de pacientes do sexo feminino, com excesso de peso, com menor número de refeições diárias e menos tempo de hemodiálise seja investigada e interpretada com mais cautela pelo profissional nutricionista dos centros de diálise.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Set 2015

Histórico

  • Recebido
    02 Fev 2015
  • Aceito
    13 Mar 2015
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