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SUSTENTABILIDADE E MODA NO ENSINO DAS ARTES VISUAIS

SUSTAINABILITY AND FASHION IN TEACHING THE VISUAL ARTS

RESUMO

Este trabalho analisou a experiência com arte e moda na educação em artes visuais, desenvolvida em escola pública do nordeste brasileiro. Utilizou-se a abordagem metodológica de projetos pedagógicos em artes visuais, aplicando doze aulas teórico-práticas, criando experiências com arte têxtil a partir da reutilização de sacolas plásticas para a confecção de vestimentas utilizando as técnicas de moulage e crochê. As atividades levaram os estudantes a refletirem sobre o papel social da arte na moda e sua contribuição pessoal para a sustentabilidade a partir da customização de resíduos sólidos.

Palavras-chave
Ensino das Artes Visuais; Ensino Fundamental; Moda; Sustentabilidade

ABSTRACT

This paper analyzed the experience with art and fashion in visual arts education, developed in a public school in northeastern Brazil. The methodological approach of pedagogical projects in visual arts was used, applying twelve theoretical and practical classes, creating experiences with textile art from the reuse of plastic bags for the making of garments using the techniques of moulage and crochet. The activities led the students to reflect about the social role of art in fashion and their personal contribution to sustainability through the customization of solid residues.

Keywords
Teaching of Visual Arts; Elementary School; Fashion; Sustainability

Introdução

Por meio de diálogos, atividades experimentais e da pedagogia de projetos, a escola formal pode se tornar um laboratório vivo, capaz de formar sujeitos críticos e questionadores em relação a seu papel no mundo contemporâneo.

Escolhemos desenvolver o projeto “Criando moda: Uma alternativa possível” nas turmas do9º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Dr. Hélio Mamede de Freitas Galvão, localizada na região central do município de Goianinha, a 58 km da cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2021INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo Demográfico, 2021. Rio de Janeiro: IBGE, 2021. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rn/goianinha/panorama. Acesso em: 11 jan. 2021.
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), a cidade de Goianinha conta com aproximadamente 26.328 habitantes e 46,7% da população conta com uma renda mensal de até 1/2 salário mínimo. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) nos anos finais do ensino fundamental (rede pública) é de 3,6.

Ao propor um projeto de ensino das artes visuais para o 9º ano do Ensino Fundamental em uma escola municipal de Goianinha, objetivamos desenvolver aulas em que estudantes pudessem reaproveitar materiais descartados, como sacolas plásticas para aprender a produzir vestimentas, utilizando técnicas tradicionais como moulage e/ou crochê e refletir sobre o consumo consciente. Realizamos doze aulas no ano de 2019, entre os meses de abril e junho, com o intuito de experimentar na prática, todas as etapas para a confecção de uma vestimenta. O processo foi trabalhado com fundamentação teórica sobre moda e sustentabilidade, concepção de croqui, até a finalização das peças, produzidas com sacolas plásticas reutilizadas.

O projeto, baseado na pedagogia de projetos e na prática reflexiva dos(as) educadores(as), implica na experimentação e na análise de diferentes possiblidades de experimentação artística, entre elas a modelagem. Para Hernández (1998)HERNÁNDEZ, F. Transgressão e mudança na educação: Os projetos de trabalho. Porto Alegre: Artmed, 1998., os projetos pedagógicos permitem a estudantes se aproximarem de suas identidades e isso favorece a construção da subjetividade, por isso é importante pensar nas vivências fora da escola e as transformações sociais para tornar os aprendizados significativos para a vida.

Além disso, abordamos temas transversais presentes na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), como questões contemporâneas, valores básicos para cidadania, sustentabilidade ambiental e consumo consciente, colocando o(a) estudante como protagonista do processo de criação.

Sustentabilidade Ambiental

Desenvolvimento sustentável é um termo criado em 1983, pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, das Organizações das Nações Unidas (ONU). Com o intuito de debater e buscar alternativas para propiciar uma tríade entre desenvolvimento econômico, social e a conservação ambiental.

Na sua essência, o desenvolvimento sustentável é um processo de mudança no qual a exploração dos recursos, o direcionamento dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional estão em harmonia e reforçam o atual e futuro potencial para satisfazer as aspirações e necessidades humanas.

(COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1991COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO (CMMAD). Nosso futuro comum: Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. 2. ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1991., p. 43)

Em 1987, foi criado o Relatório de Brundtland, documento intitulado Nosso Futuro Comum (Our Common Future), que aponta para a incompatibilidade entre o ideal de desenvolvimento sustentável e os padrões de produção vigentes e o uso de recursos naturais (COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1991COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO (CMMAD). Nosso futuro comum: Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. 2. ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1991.). Nesse mesmo ano Lipovetsky lançou seu livro Império do Efêmero, destacando a volatidade do consumo. Em 2012, o autor afirmou em uma entrevista ao site Globo Universidade (2012)GLOBO UNIVERSIDADE. Entrevista: Gilles Lipovetsky aborda o papel do consumo na atualidade. Globo Universidade, 2012. Disponível em: http://redeglobo.globo.com/globouniversidade/noticia/2012/10/entrevista-gilles-lipovetsky-aborda-o-papel-do-consumo-na-atualidade.html. Acesso em: 21 out. 2021.
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, que nossa sociedade não é mais tradicional, apontando que esse fato nos libertou da repetição.

Dessa forma, o consumo se insere preenchendo lacunas de prazeres pessoais (LIPOVETSKY, 2007LIPOVETSKY, G. A Felicidade Paradoxal: Ensaio Sobre a Sociedade do Hiperconsumo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.). Não somos obrigados a usar a mesma roupa até que ela não nos caiba mais ou que não sirva mais para remendarmos. Essas pequenas tradições cotidianas que foram sendo extintas deram margem a uma infinidade de pequenos consumos. Para Lipovetsky (2007)LIPOVETSKY, G. A Felicidade Paradoxal: Ensaio Sobre a Sociedade do Hiperconsumo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007., o hiperconsumidor busca o encontro de si mesmo por meio do consumo, ou seja, sua identidade. Consequentemente, é um comportamento que desconsidera os impactos ambientais. Sendo importante destacar que os adolescentes em fase de construção de suas identidades são alvos de propagandas que incentivam o consumo nas redes sociais. Assim, dialogar com os(as) estudantes sobre o impacto do seu consumo nos parece ser um tema urgente e atual.

Ao olhar diretamente para o processo de produção de moda, vemos que água, energia e poluentes são a base da confecção têxtil. Ou seja, existe uma significativa produção de resíduos, desde a fabricação dos tecidos até a chegada do produto final nas prateleiras das lojas. Portanto “a fabricação de vestuário está altamente interligada com muitas questões ambientais e de sustentabilidade, por exemplo, uso de energia e água, corantes tóxicos, resíduos de matérias-primas, etc.” (NIU; CHEN; ZHANG, 2017NIU, B.; CHEN, L.; ZHANG, J. Punishing or subsidizing? Regulation analysis of sustainable fashion procurement strategies. Transportation Research Part E: Logistics and Transportation Review, Taipei, v. 107, p. 81-96, 2017. https://doi.org/10.1016/j.tre.2017.09.010
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, p. 81, tradução nossa). Dessa maneira, Lipovetsky (2007)LIPOVETSKY, G. A Felicidade Paradoxal: Ensaio Sobre a Sociedade do Hiperconsumo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. questionou as relações de consumo na moda e, fazendo uma analogia, podemos pensar em um espaço de reflexão possível no ambiente escolar, a partir da vestimenta e da sustentabilidade.

É importante, ao abordar a temática sustentabilidade em sala de aula, questionar a própria ideia de consumo humano e os materiais utilizados nas aulas. Desse modo, refletir com os(as) estudantes se é realmente necessário consumir todos os objetos propostos pela sociedade como bens indispensáveis. Questionar se é possível substituir os materiais sintéticos por materiais biológicos ou biodegradáveis e pensar em como reutilizá-los.

A sustentabilidade se contrapõe aos modos de habitar dos seres humanos na contemporaneidade e nos sistemas capitalistas. O consumo desenfreado e o descarte cotidiano de objetos plásticos reforçam a concepção de mundo líquido proposta por Bauman (2007)BAUMAN, Z. Tempos líquidos. Tradução: Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007., onde a liquidez é apenas o estado-base contínuo de mudança, causado pelas ações contínuas dos seres humanos sobre o planeta:

Num planeta negativamente globalizado, todos os principais problemas — os metaproblemas que condicionam o enfrentamento de todos os outros — são globais e, sendo assim, não admitem soluções locais. Não há nem pode haver soluções locais para problemas originados e reforçados globalmente. A união do poder e da política pode ser alcançada, se é que pode, no nível planetário.

(BAUMAN, 2007BAUMAN, Z. Tempos líquidos. Tradução: Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007., p. 31)

Atualmente, as sacolas plásticas têm sido uma das grandes vilãs na busca por sustentabilidade ambiental. Todos os dias, 1,5 bilhão de sacolas plásticas são utilizadas em todo o mundo, fenômeno que está causando danos irreparáveis ao meio ambiente3, pois se trata de um material que demora muito para se decompor (entre 100 e 400 anos) (SANTOS et al., 2012SANTOS, A. S. F.; FREIRE, F. H. O.; COSTA, B. L. N.; MANRICH, S. Sacolas plásticas: destinações sustentáveis e alternativas de substituição. Polímeros, São Carlos, v. 22, n. 3, p. 228-230, 2012. https://doi.org/10.1590/S0104-14282012005000036
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).

Moda e Meio Ambiente

A aplicabilidade da palavra moda é extremamente variada nas sociedades e nos tempos. Segundo Palomino (2003, p. 15)PALOMINO, É. A moda. 3. ed. São Paulo: Publifolha, 2003., “a palavra ‘moda’ vem do latim modus, significando ‘modo’, ‘maneira’. Em inglês, moda é fashion, corruptela da palavra francesa façon, que também quer dizer ‘modo’, ‘maneira’”.

Moda remete a um conceito eurocentrista iniciado no século XV, na corte de Borgonha. Nessa época, a urbanização das cidades levou as pessoas a se compararem, ao desejo de imitarem os mais enriquecidos e, em um ciclo vicioso, aprisionou-as dentro de uma necessidade urgente de parecer ter. Assim, ela está muito associada às questões estéticas e à aparência das pessoas.

Além dos puros critérios estilísticos, a moda baseia-se em precisos parâmetros de gostos e consumos, em sofisticados procedimentos e estratégias empresariais, comerciais e de imagem, em profundo conhecimento das transformações e das tendências culturais e sociais em curso. A moda, quando tratada dessa forma “revela-se menos fortuita do que poderia parecer. Coloca, com efeito, uma série de problemas: o problema das matérias-primas, o problema dos procedimentos e das estruturas de transformação, a questão dos custos e dos benefícios”, que se inserem em uma perspectiva econômica, social e antropológica, na qual o passado e suas culturas não são repetidamente expulsos e apagados de maneira definitiva.

(SORCINELLI, 2008SORCINELLI, P. Estudar a Moda: corpos, vestuários, estratégias. São Paulo: Senac, 2008., p. 12)

A moda realmente é nova? Não! A moda é cíclica. Então o que há de novo na moda? As tecnologias empregadas por meio do tecido e das técnicas de costura que seguem aprimorando antigos padrões. É na tecnologia que vive a novidade que Lipovetsky (2007, p. 33)LIPOVETSKY, G. A Felicidade Paradoxal: Ensaio Sobre a Sociedade do Hiperconsumo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. aponta como marca de excelência social, que desperta na sociedade a necessidade de adotar as últimas mudanças do momento, impondo um presente superficial mais prestigioso.

A área da Moda tem sido historicamente ligada ao luxo e ao descarte. A produção em larga escala pela indústria têxtil tem causado profundos impactos ambientais em todo o planeta; contratado em países em desenvolvimento mão de obra barata e até mesmo escrava; poluído rios e córregos com o tingimento e a lavagem de tecidos, etc. — tudo para manter a rentabilidade milionária das marcas internacionais.

Na cadeia de produção completa de uma simples camiseta t-shirt, estes vetores incidem desde a adubação e exaustão de um solo, no caso do plantio do algodão, a manutenção dos arbustos, o uso de pesticidas e fertilizantes, a fiação e a tecelagem da malha, o corte e a costura da camiseta, os seres humanos e as comunidades envolvidas nestas produções, a distribuição deste produto e sua logística, as mídias e engrenagens de moda que são usadas para promover sua venda no varejo até as questões identitárias, culturais e biológicas que envolvem a necessidade de sua compra, seu uso e seu descarte.

(BERLIM, 2012BERLIM, L. Moda e Sustentabilidade, Design Para Mudança. IARA: Revista de Moda, Cultura e Arte, São Paulo, v. 5, n. 2, p. 269-275, 2012., p. 269)

Tendo em vista o caráter urgente da moda, que se modifica a cada estação, o consumo de roupas e objetos segue esse fluxo. Para atender essa urgência na rotatividade das tendências e encarando a prática atual do descarte a cada coleção, a durabilidade dos produtos é comprometida. Pois, “a vida útil de um bem é entendida como o tempo decorrido desde a sua produção original até o momento em que o primeiro possuidor se desembaraçar dele” (LEITE, 2003LEITE, P. R. Logística Reversa: Meio Ambiente e Competitividade. São Paulo: Prentice Hall, 2003., p. 34).

As autoras Fletcher e Grase (2011)FLETCHER, K; GROSE, L. Moda e sustentabilidade: design para mudança. São Paulo: Editora Senac, 2011., no livro Moda & sustentabilidade: Design para mudança, afirmaram que o design de moda pode ser um excelente condutor para a construção de reflexões sobre sustentabilidade ambiental e consumo consciente.

Precisamos admitir que, embora isso contrarie parte do pensamento moderno, muitos problemas ambientais e sociais da indústria da moda são têm solução puramente técnica ou mercadológica: ao contrário, as soluções são morais e éticas, (valores que não são apreendidos pelos negócios e pelo mercado), e para isso precisamos tomar distância do modo convencional de fazer negócio e examinar o que define, dirige e motiva os sistemas maiores.

(FLETCHER; GRASE, 2011FLETCHER, K; GROSE, L. Moda e sustentabilidade: design para mudança. São Paulo: Editora Senac, 2011., p.75).

Anteriormente na história da moda, a roupa que um nobre descartava era doada a uma pessoa de classe econômica inferior e assim havia certa rotatividade. Quando as roupas não estavam mais dentro dos padrões da nobreza, elas eram doadas aos servos. Atualmente, o processo de descarte de uma roupa pode acontecer pela venda dessa peça em bazares de artigos de marcas ou de instituições e por descarte no lixo. Nesse momento, os questionamentos apresentados fazem referência à indumentária descartada por deterioração.

Ao propormos trabalhar com moda no ensino das artes visuais no Ensino Fundamental, pensamos no leque de possibilidades que ela oferece para sustentabilidade ambiental. Ao abordarmos o assunto em sala de aula, propomos aos(às) estudantes reflexões sobre a construção de sua própria identidade por meio de observações sobre consumo.

Criando Moda: Uma Alternativa Possível

O projeto “Criando moda: Uma alternativa possível” teve como principal objetivo conscientizar os(as) estudantes do 9º ano da Escola Municipal Dr. Hélio Mamede de Freitas Galvão sobre a temática da sustentabilidade por meio da criação em moda. O projeto foi desenvolvido na sala de aula e no laboratório de informática; para isso, todos os(as) estudantes do 9º ano foram convidados a participar, independentemente do sexo. Não houve distinção de funções pelos professores ou participantes, pois almejamos estimular a proatividade e a independência. O projeto foi dividido em doze aulas e em diversas etapas, práticas e teóricas. Cada etapa foi dividida em quatro aulas. Nas etapas teóricas todos participaram, mas nas etapas práticas nem todos(as) os(as) estudantes quiseram participar. Então, as etapas práticas foram opcionais. No que diz respeito à fase de confecção, os meninos se destacaram na produção em crochê e as meninas na produção dos fuxicos. Para a montagem das peças, todos trabalharam da mesma maneira.

Hernández (1998, p. 61)HERNÁNDEZ, F. Transgressão e mudança na educação: Os projetos de trabalho. Porto Alegre: Artmed, 1998. elucidou que “os projetos de trabalho constituem ‘um lugar’” simbólico que permite trabalhar qualidades que vão além da sala de aula, possibilitando a aproximação da identidade dos(as) estudantes e favorecendo a construção da subjetividade. Nesse ensejo, a sustentabilidade é uma necessidade iminente do planeta. Muni-los, por meio das aulas de arte, com o despertar do potencial criativo e propiciar a aprendizagem de técnicas com materiais pós-consumo, visando a liberdade para criar peças de vestuários é fazê-los entrar no problema, analisar limitações e criar novas possibilidades, tornando-os protagonistas nesse processo.

Considerando o panorama mencionado, a educação na visão de Dewey (2010)DEWEY, J. A Arte Como Experiência. São Paulo: Martins Fontes, 2010. deve estar em movimento, uma construção e reconstrução de experiências, ou seja, indo além do modelo reprodutivo, pois “cada um de nós assimila dentro de si algo dos valores e significados contidos em experiências anteriores” (p. 162). Assim, para fazer os(as) estudantes refletirem sobre moda e sustentabilidade de forma democrática, autônoma e pôr esses questionamentos em prática, começamos com uma questão que a moda já respondeu: se pudemos consumir novamente nossos próprios bens, como faríamos isso? A moda já ensinou e nomeou esse processo chamando-o de customização. Apontado como um processo de hiperpersonalização de produtos, a customização, que tem origem nos termos em inglês custom made, significa feito sob medida. Isso visa não apenas adaptar um produto a um único individuo, mas também visa saciar particularidades. Seria então a customização de produtos próprios, ou seja, uma reciclagem de objetos pessoais, repaginando-os, uma solução para o controle desenfreado do consumo? Tratam-se de questões que vão além do cotidiano escolar.

Primeira etapa: processo teórico

O que é moda?

A arte de tecer, costurar, bordar e outros elementos comumente encontrados na moda podem ser vistos em trabalho de diversos artistas e em diversas épocas, a exemplo dos detalhes evidenciando o tipo de tecido e bordado nas pinturas de Lebrun no século XVII. Na arte contemporânea, a versatilidade de materiais foi ampliada e estes integram as próprias obras, a exemplo de Jum Nakao, que, em 2004, fez um desfile com vestidos inspirados em modelos do século XIX feitos em papel, que foram rasgados ao final na passarela para uma plateia com mais de 1.200 pessoas. Apresentamos aos(às) estudantes o desfile de Jum Nakao, que evidencia uma estreita relação entre a efemeridade da sociedade contemporânea com as formas de fazer e pensar a moda. Ao mostrarmos para os(as) estudantes, eles questionaram o motivo que levou o artista a rasgar seu trabalho ao final do evento.

Aproveitamos a discussão para perguntar: o que é moda? Os(as) estudantes contribuíram para a discussão com sua opinião, evidenciando a aceitação social como fator que contribui para a vontade deles(as) quanto a estarem na moda. Neste contexto é importante ressaltar que uma estudante disse que já fez rasgos em sua calça jeans com lixa de parede. Nessa discussão, percebemos que uma roupa nunca está sozinha, ela agrupa uma forma de viver e sentir o mundo, desde o estilo musical ao consumo de alimentos. “Moda não é só ‘estar na moda’. Moda é muito mais do que a roupa” (PALOMINO, 2003PALOMINO, É. A moda. 3. ed. São Paulo: Publifolha, 2003., p. 14).

A consciência do mundo que implica a consciência de mim no mundo, com ele e com os outros, que implica também a nossa capacidade de perceber o mundo, de compreendê-lo, não se reduz a uma experiência racionalista. É como uma totalidade — razão, sentimentos, emoções, desejos — que meu corpo consciente do mundo e de mim capta o mundo a que se intenciona.

(FREIRE, 1995FREIRE, P. À Sombra Desta Mangueira. São Paulo: Olho D’água, 1995., p. 75-76)

A discussão em grupo sobre o tema mostrou-se necessária, pois a moda engloba tendências culturais e sociais em curso. Palomino (2003, p. 14)PALOMINO, É. A moda. 3. ed. São Paulo: Publifolha, 2003. apontou que “a moda é um sistema que acompanha o vestuário e o tempo, que integra o simples uso das roupas no dia a dia a um contexto maior, político, social, sociológico”. Compreender o que é moda para os(as) estudantes e suas implicações nos ajudou a traçar estratégias de aproximação. O desenho, por meio do croqui, foi usado posteriormente, na segunda parte do projeto como uma ferramenta onde os(as) estudantes puderam expressar a moda que permeia seu imaginário.

O que é sustentabilidade?

Em outra aula trouxemos o tema da sustentabilidade. Apresentamos algumas opções e soluções a exemplo do aluguel de roupas.

Até objetos que simbolizam um momento importante da vida podem ser alugados em vez de comprados. Eis um exemplo extremo: os vestidos de noiva Hess Natuur, inteiramente fabricados a partir de materiais naturais e renováveis. Em 1999, foi lançada uma campanha de locação gratuita; duzentas noivas foram beneficiadas. Os vestidos foram devolvidos após o uso, limpos, e foram alugados de novo.

(KAZAZIAN, 2005KAZAZIAN, T. Haverá a Idade das Coisas Leves: Design e Desenvolvimento Sustentável. São Paulo: Senac, 2005., p. 47)

E aproximamos esse tema da moda pontuando sobre os diversos materiais utilizados, exemplificando e aproximando da próxima etapa do projeto ao apontar o exemplo abaixo:

Desde 1986, o arquiteto japonês Shigeru Ban utiliza o papelão e o papel como materiais de construção. Inicialmente, à procura de um material barato para um de seus projetos de exposição, ele descobre que os tubos de papelão dentro dos quais os arquitetos guardam suas plantas apresentam qualidades estruturais notáveis.

(KAZAZIAN, 2005KAZAZIAN, T. Haverá a Idade das Coisas Leves: Design e Desenvolvimento Sustentável. São Paulo: Senac, 2005., p. 26)

O papel utilizado para divulgação da moda por meio de imagens em revistas e/ou jornais pode ser reapropriado e moldado, transformando-se em base para o corpo de um manequim com a técnica de moulage. Contemplando a terceira parte do projeto.

Segunda Etapa: Atividade Prática — Croqui

O croqui é uma parte importante de um projeto, é a materialização das ideias. Propomos aos(às) estudantes desenvolverem croquis com base no universo teórico apresentado (Figs. 1 e 2).

Figura 1
Aula de croqui de moda.
Figura 2
Croqui feito em aula.

Terceira Etapa: Atividades Práticas — Moulage e Crochê

Moulage é uma técnica da escultura a partir da ação de tirar o molde de algo que servirá de base para a produção de algo em várias cópias. Na moda, essa é uma técnica de costura que visa melhor acabamento. Consiste em montar, marcar e recortar o tecido diretamente no manequim, sem passar pelo molde de papel. A diferença dessa técnica para a modelagem plana, ou seja, no papel, é seu caráter tridimensional que permite uma visualização instantânea de como ficará a roupa.

Ao unir a concepção da moulage para a escultura e a moda concebemos os manequins do nosso projeto. Para produção dessa peça com a técnica da moulage foram feitos grupos com três participantes, sendo um o modelo vivo, no qual o manequim foi montado, e os outros dois responsáveis por organizar o jornal no busto.

Os manequins foram produzidos diretamente no corpo dos(as) participantes, aplicando jornais em vez de tecido. Para fixá-los utilizamos fita adesiva crepe, por obter aspectos porosos e maleáveis. Após a moulage desses materiais, jornal e fita adesiva crepe, no corpo do(a) participante, a forma foi retirada por meio de um corte na altura da coluna. Esse corte foi fechado e esse molde preenchido com mais jornal. Com os bustos prontos, os(as) estudantes começaram a criação da roupa.

Por ser um trabalho que envolve o corpo e, no caso, o contato e a percepção do corpo do(a) outro(a), ressaltamos que houve um respeito muito grande por parte dos(as) participantes, sempre sinalizando e questionando o modelo sobre seu bem-estar, se estava apertado, se estava machucando, pedindo ajuda da própria pessoa para passar o jornal e/ou a fita sobre os seios. Posteriormente surgiu uma admiração geral do manequim pela sua proposta plástica, por parte dos ajudantes e pela percepção de sua fisicalidade pelo próprio modelo (Fig. 3).

Figura 3
Processo de confecção de manequins (bustos) com o uso da técnica moulage. (a,b) coordenadores do projeto auxiliando a estudante na atividade. (c) bustos produzidos pelos estudantes finalizados, utilizando a técnica moulage.

O crochê é uma técnica de produção têxtil com diversas finalidades, entre elas o vestuário. Para sua confecção, além do domínio da técnica, são necessárias linha e uma agulha com bico. Em virtude do tema abordado, os(as) estudantes foram separados(as) em grupos e produziram a linha com sacolas plásticas.Um grupo ficou encarregado de desamassar, organizar e dobrar as sacolas para melhor aproveitamento; outro grupo pelo corte dessas sacolas; outro pelo entrelaçamento das sacolas para gerar um fio; e, por fim, um grupo para enrolar esse fio e prepará-lo em novelos para a etapa da produção.

De forma orgânica, cada participante se posicionou em algum desses grupos conformes suas preferências ou habilidades prévias. Para a confecção das peças em crochê foram disponibilizadas agulhas número 5 — agulhas grossas que facilitam o manuseio nessa técnica. Foram ensinados o ponto corrente, o ponto alto e o ponto baixo, sendo que o ponto corrente foi o mais produzido.

Apesar de terem tentado produzir as vestimentas com a técnica de crochê, nem todos(as) se adaptaram. Para que todos(as) os(as) estudantes pudessem participar dessa etapa de produção, inserimos um elemento que não estava previsto, o fuxico. Fuxicos são pequenos círculos costurados em suas extremidades que, quando finalizados, parecem trouxinhas e exigem apenas o domínio da técnica de costura convencional. Esse elemento foi utilizado para complementação das roupas.

Técnicas para utilização das sacolas plásticas em moda

Nesta etapa os(as) estudantes puderam experimentar a manipulação de sacolas plásticas como se fossem tecidos, para criação de elementos possíveis na confecção de roupas nas técnicas de crochê, fuxico e franjas. Para isso, as sacolas foram preparadas, sendo que passaram primeiramente por um processo de triagem pelo seu tamanho, posteriormente pela cor, para finalmente serem dobradas, cortadas e transformadas. As sacolas que iriam se transformar em fios, após o processo citado acima, sofreram amarrações, criando um fio contínuo, necessário para o trabalho com crochê. Os fios que foram descartados nesse processo, serviram para produção de franjas. Das sacolas descartadas por imperfeições, como furos e rasgos, foram recortados círculos, que serviram como base para o fuxico (Fig. 4).

Figura 4
Produção de fuxicos, crochê e franjas utilizando sacolas plásticas. (a) detalhe da estudanteproduzindo crochê com sacolas plásticas. (b,c) estudantes produzindo franjas com sacolas plásticas.(d) produção final dos estudantes de fuxicos feitos com sacolas plásticas.

Montagem das peças de roupas sobre o manequim de moulage

Após confeccionarem elementos, os(as) estudantes vivenciaram a montagem de suas roupas sobre o busto. Esse momento marcou o fechamento dessa proposta, solicitando dos(as) estudantes o exercício da criatividade de forma livre, pondo em prática todo conhecimento teórico e prático juntamente com seu repertório pessoal para montagem das peças sobre o busto (Figs. 5 a 8).

Figura 5
Montagem de roupas sobre o manequim de moulage. (a) autor e estudante cortando peças para montagem da roupa com sacolas plásticas. (b) estudantes costurando as roupas produzidas com sacolas plásticas sobre os manequins.
Figura 6
Roupas finalizadas sobre manequim de moulage. (a) frente de uma das roupas produzidas pelos estudantes utilizando sacolas plásticas. (b) verso de uma das roupas produzidas pelos estudantes utilizando sacolas plásticas.
Figura 7
Montagem de roupas sobre o manequim de moulage. (a) detalhe da costura da roupa finalizada no manequim. (b) estudante e autor na montagem da roupa finalizada no manequim. (c) detalhes de estudantes realizandoa montagem da roupa finalizada no manequim.
Figura 8
Roupas finalizadas sobre manequim de moulage. (a) Frente de uma das roupas finalizadas produzidas pelos estudantes utilizando sacolas plásticas. (b) Verso de uma das roupas finalizadas produzidas pelos estudantes utilizando sacolas plásticas.

Considerações Finais

Na sociedade do desejo de Lipovetsky (2003)LIPOVETSKY, G. O império do efêmero: A moda e seu destino nas sociedades modernas. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. ou líquida para Bauman (2007)BAUMAN, Z. Tempos líquidos. Tradução: Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. é preciso pensar a customização além da produção industrial e de massa, faz-se necessário aprender a fazer sua própria customização. Um aprender a fazer que possa ser vivenciado no ambiente escolar despertando a criatividade intelectual e produtiva. Nesse sentido a customização ampliaria sua percepção incluindo a valorização física, emocional e intelectual dos(as) estudantes em detrimento de conhecimentos puramente técnicos, adquiridos com base em repetições. O que complementaria a proposta de Dewey (2010)DEWEY, J. A Arte Como Experiência. São Paulo: Martins Fontes, 2010. para as experiências educacionais em Arte, em que as atividades manuais e criativas deveriam ganhar espaço, estimulando os(as) estudantes a pensar e produzir realizando atividades práticas associadas a conteúdos.

A execução do projeto Moda e Sustentabilidade teve seu início marcado por uma ação realizada em caráter experimental e, em seu decorrer, a proposta foi adaptada adquirindo um formato que possibilita aplicação com outras turmas. As aulas teóricas e práticas colaboraram para romper com estereótipos vinculados à concepção da moda relacionada à futilidade, passando a ser concebida como uma manifestação capaz de se inserir como interlocutora de debates e inclusão social. Imaginar roupas confeccionadas com material plástico fez os(as) estudantes refletirem sobre seu papel enquanto cidadãos(ãs) e agentes transformadores da sociedade.

Os resultados práticos obtidos foram positivos e os dois grupos formados no período matutino e vespertino conseguiram transpor seus croquis do papel para um protótipo de customização com o material disponibilizado vestindo os bustos de moulage. É importante compreender que o termo customização, apesar de versar sobre personalização, diferencia-se, pois o sentido aplicado foi o de refazer algo personalizado e não o de produzir algo personalizado. Nesse sentido, ao utilizar as sacolas de plástico como base para as roupas, os(as) estudantes estavam aplicando a personalização de um objeto com materiais próprios sendo utilizados para outros fins. Nesse sentido, o projeto é financeiramente viável, já que sua implementação é de baixo custo, requerendo dos(as) estudantes materiais pós-consumo, como jornais, revistas e sacolas plásticas, pois o único material não reciclável utilizado da instituição foi a fita crepe e a tesoura.

Por fim, o projeto demonstra caráter de viabilidade para ser repensado em novas oportunidades dentro do ambiente escolar, mais precisamente entre estudantes do Ensino Fundamental II, visto que foi observado que a articulação entre moda e sustentabilidade dentro da proposta teórico-prática desse projeto despertou interesse e curiosidade em sala de aula.

Agradecimentos

À Secretaria Municipal de Educação, Esporte e Lazer da Prefeitura Municipal de Goianinha/RN.

  • Financiamento

    Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
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  • Número temático organizado por: Lucia Reily e Selma Machado Simão

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Editado por

Editoras Associadas:

Elizabeth dos Santos Braga e Silvia Cordeiro Nassif

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    11 Abr 2022
  • Data do Fascículo
    Jan-Apr 2022

Histórico

  • Recebido
    06 Maio 2020
  • Aceito
    11 Dez 2021
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