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A TRAJETÓRIA DA PROFESSORA MARIA LUIZA RODRIGUES NA RESERVA INDÍGENA DE DOURADOS, MT (1951–1961)

TEACHER MARIA LUIZA RODRIGUES’ TRAJECTORY IN THE INDIGENOUS RESERVE OF DOURADOS, MT, BRAZIL (1951-1961)

RESUMO

Este artigo descreve a trajetória da professora Maria Luiza Rodrigues no exercício da docência na Reserva Indígena de Dourados, com ênfase no seu papel como professora e na sua atuação com as etnias Kaiowá, Guarani e Terena, no período de 1951 a 1961. Para o desenvolvimento dessa descrição, recorreu-se principalmente aos documentos provenientes do arquivo pessoal da professora, como a cartilha Kuatiañe’e moñe’?kuaarã: o papel que fala, entre outros.

Palavras-chave
História de mulheres; Professora; Educação; Indígenas; História da educação

ABSTRACT

This article describes the teacher Maria Luiza Rodrigues’ trajectory in teaching in the Dourados Indigenous Reserve, with emphasis on this woman’s role as a teacher and on her work with the Kaiowá, Guarani, and Terena ethnic groups, in the period from 1951 to 1961. To develop this description, we mainly used documents from the teacher’s personal archive, such as the booklet Kuatiañe’e moñe’?kuaarã: the paper that speaks, among others.

Keywords
Women’s history; Teacher; Education; Indigenous; History of education

Introdução

Os estudos a respeito da atuação das mulheres na educação contribuem com a escrita da história da educação no feminino, que, por meio de novas narrativas históricas, reconhece e valoriza as ações das mulheres na educação, no social e na política, à luz de novas discussões teórico-metodológicas que possibilitam a escrita acerca de diversos sujeitos em diferentes espaços. Logo, “a grande reviravolta da história nas últimas décadas, debruçando-se sobre temáticas e grupos sociais até então excluídos do seu interesse, contribui para o desenvolvimento de estudos sobre as mulheres” (Soihet, 2011SOIHET, R. História das mulheres. In: CARDOSO, C. F. (org.). Domínios da história. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. p. 263-283., p. 263).

Nesse sentido, o presente artigo descreve a trajetória da professora Maria Luiza Rodrigues no exercício da docência na Reserva Indígena de Dourados, com ênfase no seu papel como professora e na sua atuação com as etnias Kaiowá, Guarani e Terena, no período de 1951 a 1961. Para tanto, buscou-se responder à seguinte indagação: como a formação educacional e religiosa da professora Maria Luiza Rodrigues favoreceu a sua vinda à Missão Evangélica Caiuá e o seu ingresso nesta e, ainda, possibilitou a sua atuação com as etnias Kaiowá, Guarani e Terena, na Reserva Indígena de Dourados, conquistando um espaço antes ocupado apenas por mulheres de religião protestante, professoras e casadas?

O recorte temporal da pesquisa se centra entre os anos de 1951 e 1961, período em que a professora Maria Luiza Rodrigues iniciou e finalizou os trabalhos desenvolvidos na Missão Evangélica Caiuá e na Reserva Indígena de Dourados.

A professora seguiu caminhos diferentes daqueles trilhados pela maioria das jovens de Campos dos Goytacazes, no interior do Rio de Janeiro, que frequentaram a Escola Normal do Liceu de Humanidades de Campos dos Goytacazes e se formaram nela. Docente, solteira e educadora cristã vinculada à Igreja Presbiteriana de Campos dos Goytacazes, Maria Luiza Rodrigues não só atuou depois de formada na escola normal, em turmas de alfabetização no ensino primário, como também foi ativa em um movimento religioso vinculado à Igreja Presbiteriana Central do Rio de Janeiro. A instituição religiosa promoveu a sua vinda para o interior de Mato Grosso, mais especificamente para a Missão Evangélica Caiuá, para atuar com os indígenas Kaiowá, Guarani e Terena na Reserva Indígena de Dourados.

Diante disso, pode-se dizer que a escrita dessa trajetória se insere na história de uma mulher ativa, como esclarece Michelle Perrot (2007, p. 15-16)PERROT, M. Minha história das mulheres. São Paulo: Contexto, 2007., pois é “uma história das mulheres no espaço público da cidade, do trabalho, da política, da guerra, da criação [...] uma história das mulheres ativas, nas múltiplas interações que provocam as mudanças”. Nesse contexto, os estudos sobre mulheres, de acordo com Joan Scott (1995)SCOTT, J. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 71-99, jul./dez. 1995. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/71721. Acesso em: 4 nov. 2023.
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, propiciam, além da escrita de uma nova história de mulheres, a escrita de uma nova história que analisa a participação de mulheres nas relações sociais, educacionais e políticas.

Importa destacar que a Reserva Indígena de Dourados, denominada de Francisco Horta Barbosa, foi criada pelo Serviço de Proteção aos Índios no ano de 1917 pelo Decreto nº 404, de 3 de setembro, com extensão territorial de 3.539 hectares. Já a Missão Evangélica Caiuá se estabeleceu em Dourados (MT) em 1929, com os objetivos de evangelizar, alfabetizar, civilizar e integrar os indígenas Kaiowá, Guarani e Terena à sociedade não indígena.

Desse modo, o presente artigo discute o trabalho de alfabetização, evangelização e social desenvolvido pela professora Maria Luiza Rodrigues, contratada pela Missão Evangélica Caiuá para trabalhar com os indígenas da Reserva Indígena de Dourados nos anos de 1950. Nesse período estava sendo desenvolvido na região sul de Mato Grosso o processo de colonização e povoamento impulsionado pela Colônia Agrícola Nacional de Dourados, criada no ano de 1943 e que fez parte do projeto político de Getúlio Vargas (1930–1945). Nesse contexto de colonização e povoamento, a referida colônia contribuiu para o desenvolvimento demográfico, econômico e cultural da região de Dourados, tendo em vista a diversidade de imigrantes que se deslocaram para o sul de Mato Grosso (Menezes, 2011MENEZES, A. P. Colônia Agrícola Nacional de Dourados – história, memória: considerações acerca da construção de uma memória oficial sobre a Cand na região da Grande Dourados. Revista História em Reflexão, v. 5, n. 9, p. 1-16, jan./jun. 2011. Disponível em: https://ojs.ufgd.edu.br/index.php/historiaemreflexao/article/view/1165/697. Acesso em: 18 nov. 2022.
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).

Para essa análise, recorreu-se principalmente aos documentos provenientes do arquivo pessoal da professora, como fotografias e a cartilha Kuatiañe’e moñe’ẽkuaarã: o papel que fala, e ainda ao jornal O Puritano e a revista Missão Caiuá: a serviço do índio para a glória de Deus. Essas fontes documentais foram mobilizadas conforme os pressupostos teóricos da nova história cultural, em estudos de autores como Roger Chartier (1990CHARTIER, R. História cultural: entre práticas e representações. Tradução de Maria Manuela Galhardo. Lisboa: Difel; Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1990. (Memória e Sociedade.); 1991)CHARTIER, R. O mundo como representação. Estudos Avançados, São Paulo, v. 5, n. 11, p. 173-191, jan./abr. 1991. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/eav/article/view/8601. Acesso em: 21 nov. 2022.
https://www.revistas.usp.br/eav/article/...
.

Assim, a escrita da história de mulheres, como a da professora Maria Luiza Rodrigues, que atuou na educação para os indígenas, na evangelização e em ações sociais na Missão Evangélica Caiuá e na Reserva Indígena de Dourados, no século XX, conta com as contribuições da nova história cultural, a qual, de acordo com Roger Chartier (1991, p. 184)CHARTIER, R. O mundo como representação. Estudos Avançados, São Paulo, v. 5, n. 11, p. 173-191, jan./abr. 1991. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/eav/article/view/8601. Acesso em: 21 nov. 2022.
https://www.revistas.usp.br/eav/article/...
, “centra a atenção sobre as estratégias simbólicas que determinam posições e relações e que constroem, para cada classe, grupo ou meio, um ser-percebido constitutivo de sua identidade”. Além disso, essa escrita opera com os estudos sobre a história das mulheres elaborados por autoras como Joan Scott (1995)SCOTT, J. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 71-99, jul./dez. 1995. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/71721. Acesso em: 4 nov. 2023.
https://seer.ufrgs.br/index.php/educacao...
, Jane Almeida (2004)ALMEIDA, J. S. Mulheres na educação: missão, vocação e destino? A feminização do magistério ao longo do século XX. In: SAVIANI, D.; ALMEIDA, J. S.; SOUZA, R. F.; VALDEMARIN, V. T. (org.). O legado educacional do século XX no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2004. p. 59-94., Guacira Louro (2007)LOURO, G. L. Mulheres na sala de aula. In: DEL PRIORE, M. (org.). História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2007. p. 443-481., Michelle Perrot (2007)PERROT, M. Minha história das mulheres. São Paulo: Contexto, 2007. e Rachel Soihet (2011)SOIHET, R. História das mulheres. In: CARDOSO, C. F. (org.). Domínios da história. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. p. 263-283..

Para apresentar essa descrição, este artigo foi dividido em duas seções. Na primeira, aborda-se a história de vida de Maria Luiza Rodrigues. Já na segunda seção, é apresentada a atuação da professora na educação para os indígenas na Missão Evangélica Caiuá e na Reserva Indígena de Dourados.

História de Vida de uma professora protestante

Filha de Orcílio Rodrigues e Aurora Maria Rodrigues, Maria Luiza Rodrigues nasceu em 30 de agosto de 1926 em Alegre, Espírito Santo. Ainda pequena, com quatro anos, foi morar em Campos dos Goytacazes com seus pais. Como chegou ainda criança em Campos, considera-se campista.

Entre os anos de 1939 e 1940, desenvolveu seus estudos no Colégio Batista Fluminense, no qual cursou o 1º e o 2º ano ginasial, referentes aos 6º e 7º anos finais do ensino fundamental. No ano de 1945, formou-se para o exercício do magistério pela Escola Normal do Liceu de Humanidades de Campos dos Goytacazes e atuou como professora em turmas de alfabetização. Enquanto educadora cristã, realizou trabalhos em classes da Escola Bíblica Dominical e do ministério de ensino da Igreja Presbiteriana de Campos dos Goytacazes (Sales, 2019SALES, C. L. B. P. A. Da planície goitacá às tribos Kaiowá e Guarani – Maria Luiza Rodrigues: vida e obra em missão. 58f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Teologia) – Faculdade Batista do Estado do Rio de Janeiro, Campos dos Goytacazes, 2019.).

Dito isso, cabe refletir que “o trabalho feminino deixou de ser ditado apenas pelos atributos de vocação e missão, tornando-se, no cenário econômico do século XX, uma exigência ante os tempos que corriam, não somente pela profissão em si, como em relação ao ingresso financeiro” (Almeida, 2004ALMEIDA, J. S. Mulheres na educação: missão, vocação e destino? A feminização do magistério ao longo do século XX. In: SAVIANI, D.; ALMEIDA, J. S.; SOUZA, R. F.; VALDEMARIN, V. T. (org.). O legado educacional do século XX no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2004. p. 59-94., p. 83). Nesse contexto, as mulheres passaram a ocupar espaços sobretudo nas áreas da saúde e da educação, desenvolvendo trabalhos que contribuíram com a sociedade e com a construção da sua identidade pessoal e profissional, assim como com a independência financeira. Isso permite compreender que “gênero é um elemento constitutivo das relações sociais baseadas nas diferenças percebidas entre os sexos e o gênero é uma forma primária de dar significado às relações de poder [...] gênero é a organização social da diferença sexual” (Scott, 1995SCOTT, J. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 71-99, jul./dez. 1995. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/71721. Acesso em: 4 nov. 2023.
https://seer.ufrgs.br/index.php/educacao...
, p. 86).

No ano de 1951, a professora Maria Luiza Rodrigues chegou à Missão Evangélica Caiuá para atuar na educação para os indígenas Kaiowá, Guarani e Terena da Reserva Indígena de Dourados. Sua vinda para Dourados ocorreu após o diretor da missão, o Reverendo Orlando Andrade, apresentar, por meio de telegrama enviado ao Reverendo Benjamim César, da Igreja Presbiteriana Central do Rio de Janeiro, a necessidade de professores e professoras na missão.

Ao que tudo indica, Maria Luiza Rodrigues resolveu aceitar a proposta de trabalho feita pelo Reverendo Benjamim César e mudou-se de Campos dos Goytacazes para Dourados para trabalhar na missão com os indígenas como professora pelo fato de possuir tanto formação educacional quanto religiosa e, além disso, de poder atuar em uma profissão socialmente tida como feminina. Poderia trabalhar como professora por causa da sua formação na Escola Normal, como também como evangelizadora. Desse modo, a docente poderia contribuir tendo em vista sua experiência em classes da Escola Bíblica Dominical na Igreja Presbiteriana de Campos dos Goytacazes. O trabalho na missão, portanto, ao unir a docência e a evangelização dos povos indígenas, como adverte Cláudia Sales (2019)SALES, C. L. B. P. A. Da planície goitacá às tribos Kaiowá e Guarani – Maria Luiza Rodrigues: vida e obra em missão. 58f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Teologia) – Faculdade Batista do Estado do Rio de Janeiro, Campos dos Goytacazes, 2019., possibilitava a Maria Luiza atender a um chamado de Deus.

A Fig. 1 apresenta a professora Maria Luiza Rodrigues e a enfermeira Noemi, funcionárias na Missão Evangélica Caiuá.

Figura 1
Professora Maria Luiza e a enfermeira Noemi.

Na Fig. 1, a professora Maria Luiza Rodrigues é a mulher que se encontra à direita, e a enfermeira Noemi, a mulher que está posicionada à esquerda. O registro fotográfico foi tirado na entrada da sede da Missão Evangélica Caiuá. Uma fotografia que evidencia que as mulheres no século XX, nesse caso na segunda metade do século, desenvolveram trabalhos remunerados especificamente nas áreas da educação e saúde. É importante explicar aqui que, após a década de 1930, além da profissão docente, com o crescimento econômico desencadeado no país, novas oportunidades profissionais foram abertas para as mulheres – secretária, enfermeira, assistente social –, as quais se firmaram como carreiras essencialmente femininas (Demartini; Antunes, 1993DEMARTINI, Z. B. F.; ANTUNES, F. Magistério primário: profissão feminina, carreira masculina. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 86, p. 5-14, ago. 1993. Disponível em: https://publicacoes.fcc.org.br/cp/article/view/934/939. Acesso em: 19 dez. 2022.
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).

Na Missão Evangélica Caiuá, Maria Luiza Rodrigues permaneceu até o ano de 1961, quando voltou para Campos dos Goytacazes. Em seu retorno para o interior do Rio de Janeiro, “atuou no magistério estadual como professora, coordenadora, supervisora pedagógica, chefe da Região Escolar do Município de Campos dos Goytacazes, cargo da Secretaria de Educação do estado do Rio de Janeiro” (Sales, 2019SALES, C. L. B. P. A. Da planície goitacá às tribos Kaiowá e Guarani – Maria Luiza Rodrigues: vida e obra em missão. 58f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Teologia) – Faculdade Batista do Estado do Rio de Janeiro, Campos dos Goytacazes, 2019., p. 27). Desempenhou ainda a função de diretora adjunta e professora de ensino religioso evangélico na instituição de ensino secundário Liceu de Humanidades de Campos (Sales, 2019SALES, C. L. B. P. A. Da planície goitacá às tribos Kaiowá e Guarani – Maria Luiza Rodrigues: vida e obra em missão. 58f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Teologia) – Faculdade Batista do Estado do Rio de Janeiro, Campos dos Goytacazes, 2019.).

Em 1966, Maria Luiza Rodrigues formou-se em Bacharelado em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia de Campos, na qual ministrava a disciplina de Psicologia ainda sem ter concluído o curso. Após a sua conclusão, foi professora nas disciplinas de Didática Geral e Didática Especial. Nessa faculdade, permaneceu até a sua aposentadoria, no ano de 1982. Ao que se refere à sua formação continuada, especializou-se no método Montessori no Rio de Janeiro, pós-graduou-se em Metodologia do Ensino Superior pela Pontifícia Universidade Católica de Belo Horizonte (MG) e em Língua Guarani pela Universidade de Assunção, no Paraguai (Sales, 2019SALES, C. L. B. P. A. Da planície goitacá às tribos Kaiowá e Guarani – Maria Luiza Rodrigues: vida e obra em missão. 58f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Teologia) – Faculdade Batista do Estado do Rio de Janeiro, Campos dos Goytacazes, 2019.).

As atividades realizadas pela professora Maria Luiza Rodrigues demonstram que sua vida profissional foi construída na educação escolar e na religiosa, atuando como professora, coordenadora e diretora adjunta. Desse modo, é importante conhecer os trabalhos desenvolvidos por ela na Missão Evangélica Caiuá e na Reserva Indígena de Dourados.

Entre estratégias e resistências: A atuação da professora Maria Luiza Rodrigues na educação para os indígenas na Missão Evangélica Caiuá

A ida da professora Maria Luiza Rodrigues para a Missão Evangélica Caiuá, no ano de 1951, é atribuída à oração que a professora e diretora da Missão Loide Bonfim Andrade teria realizado para que Deus enviasse uma professora para alfabetizar suas filhas, Sarita, Mary e Mirtes (Missão Caiuá, 2018MISSÃO CAIUÁ: a serviço do índio para a glória de Deus. 3. ed. Missão Evangélica Caiuá, ago. 2018.).

Assim, como membro da Igreja Presbiteriana, Maria Luiza Rodrigues interpretou o convite feito pelo diretor da Missão Evangélica Caiuá, o Reverendo Orlando Andrade, como uma missão a ser cumprida entre os indígenas da Reserva Indígena de Dourados e saiu de Campos dos Goytacazes para morar em Dourados. Ao chegar à Missão Evangélica Caiuá, foi morar com outras professoras e enfermeiras. No ano seguinte, em 1952, além de professora alfabetizadora, foi nomeada diretora da escola da missão (Missão Caiuá, 2018MISSÃO CAIUÁ: a serviço do índio para a glória de Deus. 3. ed. Missão Evangélica Caiuá, ago. 2018.).

É importante frisar aqui que a atribuição da docência feminina como um processo de doação, afetividade e amor se articula “à tradição religiosa da atividade docente, reforçando a idéia de que a docência deve ser percebida mais como sacerdócio do que como uma profissão” (Louro, 2007LOURO, G. L. Mulheres na sala de aula. In: DEL PRIORE, M. (org.). História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2007. p. 443-481., p. 450). Esse contexto relaciona-se aos objetivos dos missionários protestantes da Missão Evangélica Caiuá, que, por meio da educação, evangelização, assistência médica e social, afirmavam que “a obra tem sido feita, mostrando amor no trabalho, na dedicação em socorrê-los e ensinar-lhes o caminho da salvação” (O Puritano, 1953O PURITANO. São Paulo, n. 2030, 10 abr. 1953., p. 8).

Antes propriamente de explicar a atuação de Maria Luiza Rodrigues na educação para os indígenas, convém lembrar que, na década de 1930, na região conhecida como Farinha Seca, localizada na aldeia Bororó, foi construída uma escola provisória feita de pau a pique e sapé para atender às crianças indígenas que moravam na aldeia Bororó.

Essa região, reconhecida como Farinha Seca, na aldeia Bororó, era a mais populosa da Reserva, com presença maior dos Kaiowá. Devido à distância entre a região e a sede do Posto, não havia a frequência de alunos dessa localidade. Diante disso, foi construído um rancho improvisado para atender aos alunos da região da Farinha Seca

(Peres, 2022PERES, C. P. Educação e religiosidade na Reserva Indígena de Dourados/MT (1929-1969): práticas, representações e apropriações. 224f. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, 2022., p. 122).

Tal escola foi mantida pela Missão Evangélica Caiuá, e nela Maria Luiza Rodrigues ministrou aulas de alfabetização até o ano de 1961 para alunos de 1ª a 4ª série. Aos alunos dessa escola, já ministrava aulas nas línguas guarani e portuguesa. A Fig. 2 apresenta a professora Maria Luiza Rodrigues ministrando aulas na escola da região da Farinha Seca.

Figura 2
Escola da região da Farinha Seca. Professora Maria Luiza e alunos.

É possível observar que a estrutura da escola foi construída de forma improvisada, com os recursos que havia na Reserva Indígena de Dourados. Na sala, há uma divisão entre meninos e meninas na organização das carteiras, e as crianças em sua maioria se sentam em duplas. Maria Luiza Rodrigues encontra-se à frente da sala, no centro, próxima à lousa, improvisada, que contém o alfabeto em língua portuguesa. Na mesa da professora, há materiais, possivelmente cadernos e livros que utilizava para ministrar as aulas. Nesse período, as carteiras eram fabricadas com caixotes de querosene. O alfabeto em língua portuguesa evidencia a alfabetização no idioma não indígena, um aprendizado de que os indígenas se apropriaram para conviver com os não indígenas e resistirem à assimilação, civilização e integração à sociedade não indígena. Assim, continuavam com seus saberes tradicionais, suas culturas, crenças, religião e línguas.

A professora Maria Luiza Rodrigues desenvolveu entre os Kaiowá, Guarani e Terena os trabalhos de alfabetização nas línguas portuguesa e guarani. Seu objetivo “era ensinar o índio a ler e escrever, para que pudesse ler as Escrituras Sagradas e conhecer a Cristo Jesus em suas vidas pessoais” (Sales, 2019SALES, C. L. B. P. A. Da planície goitacá às tribos Kaiowá e Guarani – Maria Luiza Rodrigues: vida e obra em missão. 58f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Teologia) – Faculdade Batista do Estado do Rio de Janeiro, Campos dos Goytacazes, 2019., p. 29). Ao iniciar o processo de alfabetização com as crianças indígenas, Maria Luiza Rodrigues teve muitas dificuldades pelo processo bilíngue, por isso buscou aprender a língua guarani.

O aprendizado da língua guarani pela convivência com os indígenas pode ser observado na entrevista realizada por Cláudia Sales (2019, p. 36)SALES, C. L. B. P. A. Da planície goitacá às tribos Kaiowá e Guarani – Maria Luiza Rodrigues: vida e obra em missão. 58f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Teologia) – Faculdade Batista do Estado do Rio de Janeiro, Campos dos Goytacazes, 2019. com a professora Maria Luiza Rodrigues:

Depois que passei a falar em guarani, os próprios índios me aceitaram mais espontaneamente. “Você agora é nossa, porque fala a língua do coração”, eles diziam. É uma língua musical, criativa e verdadeira. Lembro-me a primeira vez que os índios viram um avião, objeto, evidentemente, sem palavra na língua deles. Não perderam tempo. Batizaram-no “pepoatã” (pepo = asa + atã = dura), ou seja, pássaro que não flexiona as asas para voar. Era realmente um pássaro de asa dura!

Percebe-se que o aprendizado da língua guarani por parte da professora Maria Luiza Rodrigues acabou tornando-se uma estratégia adotada pela docente, pois, como ela mesma lembra em entrevista concedida a Cláudia Sales (2019)SALES, C. L. B. P. A. Da planície goitacá às tribos Kaiowá e Guarani – Maria Luiza Rodrigues: vida e obra em missão. 58f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Teologia) – Faculdade Batista do Estado do Rio de Janeiro, Campos dos Goytacazes, 2019., ao falar a língua guarani, os próprios indígenas a aceitaram de forma mais espontânea. Isso pode ser entendido como uma estratégia, no sentido de que acaba por representar as capacidades, conforme assinala Michel de Certeau (1998, p. 100)CERTEAU, M. A invenção do cotidiano: artes de fazer. Tradução de Ephraim Ferreira Alves. Petrópolis: Vozes, 1998., de “produzir, mapear, impor o ‘lugar de poder’ almejado pelo estrategista, que busca meios de manutenção dentro de relações externas”. No caso dessa circunstância, tratava-se de uma estratégia para ser aceita e manter-se como docente na educação entre os indígenas Kaiowá, Guarani e Terena.

Ainda na busca pelo aprendizado da língua guarani, a professora Maria Luiza Rodrigues foi realizar um curso na Universidade de Assunção, no ano de 1954. Isso demonstra a elaboração de outra estratégia, segundo Michel de Certeau (1998)CERTEAU, M. A invenção do cotidiano: artes de fazer. Tradução de Ephraim Ferreira Alves. Petrópolis: Vozes, 1998., que marcou a sua atuação na educação dos povos indígenas. Mesmo tendo encontrado alguns percalços, principalmente em relação à língua guarani, segundo suas possibilidades, essa mulher professora conseguiu e soube “resistir, existir, construir seus poderes” (Perrot, 2007PERROT, M. Minha história das mulheres. São Paulo: Contexto, 2007., p. 166).

Um exemplo dessa resistência, existência e construção de poder em sua atuação na educação dos povos indígenas Kaiowá, Guarani e Terena nos trabalhos de alfabetização, conforme assinala Michelle Perrot (2007)PERROT, M. Minha história das mulheres. São Paulo: Contexto, 2007., é a elaboração da primeira cartilha na língua guarani, intitulada Kuatiañe’e moñe’ẽkuaarã: o papel que fala. A escrita da cartilha foi iniciada após o término do curso em Assunção e seu retorno para a Missão Caiuá, ao final do ano de 1954. Essa resistência esteve relacionada aos desafios de alfabetizar e evangelizar na língua indígena. Assim, aprender guarani foi uma estratégia encontrada pela professora Maria Luiza Rodrigues para desenvolver a alfabetização e a evangelização na Reserva Indígena de Dourados, atendendo ao projeto protestante de assimilação, civilização e integração dos indígenas à sociedade não indígena.

A cartilha Kuatiañe’e moñe’ẽkuaarã: o papel que fala contém 61 páginas e foi elaborada entre os anos de 1955 e 1957, sendo finalizada em 1959.

As ilustrações que compõem o conteúdo da Cartilha foram elaboradas pela professora Loide Bonfim. Tais ilustrações são referentes às palavras ensinadas na Língua Guarani, como: po (mão), tapiti (coelho), juru (boca), jyva (braço), ãkã (cabeça), tĩ (nariz), tata (fogo), kururu (sapo), angu’a (pilão)

(Peres, 2022PERES, C. P. Educação e religiosidade na Reserva Indígena de Dourados/MT (1929-1969): práticas, representações e apropriações. 224f. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, 2022., p. 110).

A cartilha foi elaborada por meio dos conhecimentos que a professora Maria Luiza Rodrigues obteve no curso de língua guarani, no Paraguai, e na convivência com os indígenas na Reserva Indígena de Dourados, na escola e nos cultos. A Fig. 3 ilustra a capa da cartilha.

Figura 3
Cartilha Kuatiañe’e moñe’?kuaarã: o papel que fala.

Essa cartilha, escrita na língua guarani pela professora Maria Luiza Rodrigues, buscou desenvolver a alfabetização na missão e na reserva e, também, a evangelização. Para isso, foi elaborada com palavras e frases do cotidiano dos indígenas. Além de frases relacionadas à saúde e higiene, há textos com mensagens moralizantes, como “Oka’úva rekove – a vida de um bêbado”, e religiosas, com trechos da Bíblia. A capa, representada na Fig. 3, é composta de um desenho que simboliza caminho, tape na língua guarani. Esse desenho compõe a primeira lição da cartilha, juntamente com o desenho e a escrita do “tata – fogo”, “pela relação familiar, social, cultural e religiosa que os indígenas possuem com o fogo” (Peres, 2022PERES, C. P. Educação e religiosidade na Reserva Indígena de Dourados/MT (1929-1969): práticas, representações e apropriações. 224f. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, 2022., p. 150). “O pertencimento a um fogo é pré-condição para a existência humana entre os Kaiowa” (Pereira, 2008PEREIRA, L. M. A criança kaiowa, o fogo doméstico e o mundo dos parentes: espaços de sociabilidade infantil. In: ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS, 32., 2008, Caxambu. Anais [...]. Caxambu, 2008. p. 1-24. Disponível em: https://www.anpocs.com/index.php/papers-32-encontro/gt-27/gt16-23/2454-levipereira-a-crianca/file. Acesso em: 10 dez. 2022.
https://www.anpocs.com/index.php/papers-...
, p. 7).

Logo, cabe destacar que essa cartilha acabava por facilitar a comunicação entre a professora Maria Luiza Rodrigues e os indígenas, mas ao mesmo tempo, por meio dos seus conteúdos, sobretudo aqueles com trechos da Bíblia, com mensagens moralizantes e com os valores e a cultura dos não indígenas, acabava tendo o interesse de evangelizar os indígenas e, assim, favorecia os objetivos da Missão Evangélica Caiuá na Reserva Indígena de Dourados. A relação mantida pela professora com os Kaiowá, Guarani e Terena fez com que aprendesse sobre suas línguas, culturas, saberes, tradições, religião, formas de plantio e relações familiares e sociais. As aprendizagens possibilitaram elaborar uma cartilha de alfabetização com as referências indígenas e desenvolver o projeto social, educacional, evangelizador, político e cultural dos protestantes.

Considerações finais

Um artigo dessa natureza, que buscou descrever a trajetória da professora Maria Luiza Rodrigues no exercício da docência na Reserva Indígena de Dourados, com ênfase no seu papel como professora e na sua atuação com as etnias Kaiowá, Guarani e Terena, no período de 1951 a 1961, permitiu refletir sobre, investigar e escrever a trajetória de uma mulher professora que atuou em uma região longínqua dos grandes centros urbanos brasileiros, juntamente com os povos indígenas. Além disso, possibilitou revisitar o passado, bem como desvelar um percurso histórico que dá visibilidade tanto a fatos quanto a acontecimentos acerca dos quais é possível desenvolver uma análise que perpassa pela história das mulheres, pela história da profissão docente e pela história da educação para os povos indígenas no Brasil.

Por meio da trajetória de atuação da professora Maria Luiza Rodrigues com os povos indígenas na Reserva Indígena de Dourados, situada no sul de Mato Grosso, no interior do Brasil, também foi possível enxergar posições de enfrentamento em relação aos papéis sociais atribuídos às mulheres, ainda no início da segunda metade do século XX, uma vez que no próprio trabalho desenvolvido pela Missão Caiuá na Reserva Indígena a presença e a atuação da professora Maria Luiza Rodrigues já representavam uma quebra de valores tradicionais dos protestantes. A missão até então apenas aceitava como professoras mulheres aquelas que fossem casadas e, principalmente, as esposas dos próprios missionários. Esse não era o caso dessa professora, que, além de recém-formada pela Escola Normal do Liceu de Humanidades de Campos dos Goytacazes, era uma jovem solteira que iria para o sul de Mato Grosso morar longe da família, embora fosse uma educadora cristã, pertencente à Igreja Presbiteriana de Campos dos Goytacazes.

Igualmente, vale a pena ressaltar que, ao investigar a trajetória da professora Maria Luiza Rodrigues na Missão Caiuá, focaliza-se na história de uma mulher professora que teve seu percurso de atuação marcado por percalços não apenas relacionados a papéis sociais atribuídos ainda à mulher no início da segunda metade do século XX, mas também às dificuldades existentes do fazer docente em sala de aula enquanto professora que desenvolveu o seu trabalho de evangelização e alfabetização nas línguas portuguesa e guarani com os Kaiowá, Guarani e Terena. Foi possível notar que, mesmo diante desses percalços, sobretudo em relação à língua guarani, Maria Luiza Rodrigues conseguiu adotar estratégias, conforme menciona Michel de Certeau (1998)CERTEAU, M. A invenção do cotidiano: artes de fazer. Tradução de Ephraim Ferreira Alves. Petrópolis: Vozes, 1998., ao aprender a língua guarani com os próprios indígenas e por meio de um curso na Universidade de Assunção. Isso favoreceu a essa mulher professora conseguir e saber resistir e superar os obstáculos e, ainda, manter-se como docente e evangelizadora na Reserva Indígena de Dourados.

Desse modo, a trajetória formativa e de atuação da professora Maria Luiza Rodrigues possibilita a escrita da trajetória de uma mulher ativa, como diz Michelle Perrot (2007)PERROT, M. Minha história das mulheres. São Paulo: Contexto, 2007., que resistiu aos desafios e teve papel importante na atuação com os povos indígenas Kaiowá, Guarani e Terena, na Reserva Indígena de Dourados, com o trabalho desenvolvido pela Missão Caiuá, principalmente na área da educação, até mesmo com a elaboração e a escrita de uma cartilha na língua guarani. Assim, trata-se de uma mulher professora, de formação protestante e que chegou solteira à Missão Evangélica Caiuá para exercer uma profissão socialmente tida como feminina, que permaneceu solteira, tendo um perfil diferente de todas as outras professoras que lá trabalhavam e eram esposas dos próprios pastores da missão. Ao retornar ao Rio de Janeiro, Maria Luiza Rodrigues voltou a estudar, fez curso superior e ingressou como docente no ensino superior, em que permaneceu até se aposentar.

Diante da trajetória da professora Maria Luiza Rodrigues, com destaque ao seu trabalho docente e ao de evangelização na Missão Evangélica Caiuá, ficou evidente que no trabalho missionário com os povos indígenas o processo de civilização caminhava juntamente com a proposta de educação escolar e evangelização dos protestantes, o que de fato se pode dizer que favorecia os objetivos da própria missão, que tinha o interesse de evangelizar os indígenas.

Cabe enfatizar que compreender essa trajetória possibilita entender a história de mulheres e a necessidade de mais pesquisas que tratem dessas temáticas. Assim, será possível conhecer outras trajetórias percorridas por diferentes mulheres professoras que atuaram em diversas regiões do Brasil, especialmente em outros tempos e, também, em outros lugares longe dos grandes centros brasileiros e que igualmente atuaram na educação para os povos indígenas.

Agradecimentos

À Professora Maria Luiza Rodrigues

  • Número temático organizado por: Lia Machado Fiuza Fialho https://orcid.org/0000-0003-0393-9892, Hugo Heredia Ponce https://orcid.org/0000-0003-3657-1369, Manuel Francisco Romero Oliva https://orcid.org/0000-0002-6854-0682.
  • Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
    Processo no: 403658/2021-7
    Coordenação de Aperfeicoamento de Pessoal de Nível Superior
    Processo: CAPES/FUNDECT_51005018005P1[UFMG]

Disponibilidade de dados da pesquisa

Todos os dados foram gerados/analisados no presente artigo.

Referências

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Editoras Associadas:

Elizabeth dos Santos Braga https://orcid.org/0000-0002-8115-249X e Rita de Cassia Gallego https://orcid.org/0000-0003-4465-8173

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Fev 2024
  • Data do Fascículo
    Jan-Apr 2024

Histórico

  • Recebido
    04 Mar 2023
  • Aceito
    15 Set 2023
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