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Esportes de ação: notas para uma pesquisa acadêmica

Action sports: notes for academic research

Deportes de acción: notas de investigación académica

Resumos

Este artigo tem como objetivo sugerir alguns caminhos possíveis para se pensar, academicamente, acerca da inserção dos esportes de ação no Brasil, tomando como referência principal a prática do skateboard a partir de uma abordagem histórica. São discutidos alguns elementos acerca do início dessa atividade no país como também a tensão provocada por questões que transitam entre sua marginalização e esportivização

Esportes de ação; skateboard; estudos acadêmicos; história


This article aims to suggest some possible ways to think, academically, about the inclusion of action sports in Brazil, taking as main reference the skateboard from a historical approach. Some elements are discussed about the beginning of this activity in the country but also the stress caused by issues that pass between their marginalization and esportivization

Action sports; skateboard; academic studies; history


Este artículo tiene la finalidad de sugerir algunas posibles formas de pensar, académica, acerca de la inclusión del deportes de acción en Brasil, tiendo por referencia a la práctica del skateboard a partir de un enfoque histórico. Algunos elementos se discuten acerca del comienzo de esta actividad en el país, sino también el estrés causado por las cuestiones que pasan entre su marginación y esportivização

Deportes de acción; skateboard; estudios académicos, historia


ARTIGOS ORIGINAIS

Esportes de ação: notas para uma pesquisa acadêmica* * Este artigo é fruto de algumas reflexões surgidas inicialmente em minha dissertação de mestrado e aprofundadas na elaboração de meu projeto de doutorado em história. As entrevistas realizadas foram feitas através da Internet (e-mail) e autorizadas a publicação pelos depoentes. O presente artigo não contou com apoio financeiro de nenhuma natureza, tampouco houve conflitos de interesses para sua realização.

Action sports: notes for academic research

Deportes de acción: notas de investigación académica

MS. Leonardo Brandão

Doutorando em história na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Mestre em história pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Bacharel em história pela Universidade Estadual de Santa Catarina (Udesc). Bolsista CNPq (São Paulo - Brasil). E-mail: brandaoleonardo@uol.com.br

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Leonardo Brandão Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Secretaria de Alunos da Pós-Graduação em História Social Rua Ministro Godói, 969, 4º andar, sala 4B-03 - Perdizes São Paulo-SP, CEP 05015-000

RESUMO

Este artigo tem como objetivo sugerir alguns caminhos possíveis para se pensar, academicamente, acerca da inserção dos esportes de ação no Brasil, tomando como referência principal a prática do skateboard a partir de uma abordagem histórica. São discutidos alguns elementos acerca do início dessa atividade no país como também a tensão provocada por questões que transitam entre sua marginalização e esportivização.

Palavras-chave: Esportes de ação; skateboard; estudos acadêmicos; história.

ABSTRACT

This article aims to suggest some possible ways to think, academically, about the inclusion of action sports in Brazil, taking as main reference the skateboard from a historical approach. Some elements are discussed about the beginning of this activity in the country but also the stress caused by issues that pass between their marginalization and esportivization.

Key words: Action sports; skateboard; academic studies; history.

RESUMEN

Este artículo tiene la finalidad de sugerir algunas posibles formas de pensar, académica, acerca de la inclusión del deportes de acción en Brasil, tiendo por referencia a la práctica del skateboard a partir de un enfoque histórico. Algunos elementos se discuten acerca del comienzo de esta actividad en el país, sino también el estrés causado por las cuestiones que pasan entre su marginación y esportivização.

Palabras claves: Deportes de acción; skateboard; estudios académicos, historia.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Este artigo tem como objetivo sugerir alguns caminhos possíveis para se pensar, academicamente, acerca da inserção dos esportes de ação no Brasil, tomando como referência principal a prática do skateboard (ou somente skate, como é mais conhecido no país). De origem norte-americana, o skateboard (em português, "skate" significa "patinar" e "board" significa "tábua", sendo então skateboard o ato de patinar sobre uma tábua) é uma atividade física - incluída no que atualmente se passou a denominar "esportes radicais de ação" (Pereira et al., 2008) - que, embora tenha tido seu desenvolvimento marcado por questões ligadas à marginalização dos seus praticantes, vem conquistando nos últimos anos um aumento significativo na quantidade de adeptos tanto em seu país de origem quanto no Brasil. Segundo recentes dados divulgados pela National Sporting Goods Association1 1 . Disponível em: < www.nsga.or www.oenpr.com>. Acesso em: 3 jun. 2008. (NSGA), houve um aumento de 5,8 milhões para 10,1 milhões no número de praticantes de skateboard na América do Norte entre os anos de 1998 e 2007, o que equivale a um crescimento percentual de 74,1%. No Brasil, de acordo com uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em associação com a Datafolha, os adeptos dessa atividade já ultrapassam os 3 milhões2 2 . Ver nota divulgada pela Confederação Brasileira de Skate (CBSk) com base em uma pesquisa realizada pelo Datafolha. Fonte: < http://www.cbsk.com.br/asp/dados.htm>. Acesso em: 20 dez. 2008. , fato suficiente para que algumas pesquisas o apontem como o segundo esporte mais praticado em regiões metropolitanas brasileiras3 3 . Revista Isto É, n. 1.944, 2007, p. 57. .

Mas toda essa popularização do skate, embora possa indicar a formação de um campo esportivo (Bourdieu, 1987), ela não significa uma total modificação nos sistemas de representação, que, em um passado recente (década de 1980), associavam essa prática à marginalidade. Em 2007, por exemplo, o jornal Estado de Minas noticiou um evento envolvendo policiais e skatistas: uma câmera de vídeo de segurança urbana filmou jovens skatistas sendo agredidos por policiais no centro de Belo Horizonte. Esse episódio entrou no ar pela TV Alterosa (filiada da SBT) e acabou na Câmara Municipal e na Assembleia Legislativa da cidade4 4 . É possível assistir às cenas de agressão contra os skatistas acessando o link: < http://uaimidia.com.br/html/webs/Módulos/streaming/getstreaming?fire=200707D0925485984.wmv>. . Mais recentemente, no ano de 2008, um jovem foi proibido de entrar em um shopping center na cidade de Curitiba (PR) porque estava usando "roupas de skatista"5 5 . Disponível em: < http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u409566.shtml>. Acesso em: 13 jun. 2008. . Se a marginalização e a discriminação, embora em menor escala, ainda persistem, talvez seja possível pensar o skate, para utilizar um termo sociológico proposto por Zygmunt Bauman (1999), como um objeto ambivalente. De acordo com esse autor, considera-se ambivalente todo e qualquer objeto que a ele são possíveis de serem identificadas variações antagônicas de representação social.

Diante dessas questões, este artigo busca evidenciar, além de alguns depoimentos acerca da introdução do skate no país, questões relativas tanto à marginalização quanto à popularização dessa atividade, sugerindo, desse modo, alguns caminhos possíveis para se pensar, no âmbito acadêmico, em uma maior inserção dos esportes de ação nas pesquisas universitárias.

A INTRODUÇÃO DO SKATE NO BRASIL

Em um estudo coletivo sobre a prática social e corporal do skate, realizado por professores ligados à Universidade de Concepción, no Chile, e coordenado pelo professor doutor Miguel Cornejo Améstica, é colocado ser nos Estados Unidos da América, mais especificamente na Califórnia, o lugar "donde se produce un explosión de prácticas corporales que van recorrer el mundo. Estas prácticas se les denominan Deportes Californianos y incluyen el Skate, Surf, WindSurf etc." (Améstica et al., 2006, p. 42).

De fato o skate foi uma invenção estritamente norte-americana, de jovens californianos que - segundo a versão mais divulgada pelos meios de comunicação específicos sobre skate - passaram a improvisar tábuas sobre rodas para "curtir" no asfalto em épocas de maré baixa para o surf. Embora associado ao surf e tendo seu desenvolvimento ligado aos surfistas nas décadas de 1960 e 1970, o pesquisador norte-americano Michael Brooke (1999), autor do livro The concrete wave: the history of skateboarding, aponta que, antes desses jovens de praia praticarem o "surf de asfalto", havia outra espécie de skate, que, de forma rudimentar, já vinha sendo praticado por jovens norte-americanos. Tratava-se das scooters, nome em inglês dado para aqueles patinetes de madeira - alguns feitos até com caixas de laranja - que continham um guidão como um ponto de equilíbrio. Segundo o jornalista Marco Antonio Lopes6 6 . Disponível em: < http://super.abril.com.br/superarquivo/2005/conteudo_102868.shtml>. Acesso em: 5 dez. 2008. , sem esse "leme", jovens norte-americanos já deslizavam pelas ruas nas décadas de 1920 e 1930.

Também outro pesquisador norte-americano, Rhyn Noll (2000), afirma em seu livro Skateboard retrospective que o primeiro skate foi patenteado em 1936, contando com um shape (prancha de madeira), quatro rodas e dois eixos. A descoberta de Rhyn Noll fornece um tempo de existência ao skate que já ultrapassa meio século, mas o que não significa, como o próprio autor sustenta, que ele era uma prática constante entre os jovens do período, afirmando ser somente a partir das décadas de 1950 e 1960 que o skate começa a acontecer com maior intensidade junto aos jovens estadunidenses.

No Brasil, é possível inferir que, da mesma forma que o skate seduziu jovens surfistas nas décadas de 1960 e 1970 em regiões litorâneas como o Rio de Janeiro, o mesmo aconteceu com o pessoal adepto do carrinho de rolimã em cidades onde não havia praia7 7 . Também jovens que praticam rolimã em cidades de praia podem ter-se interessado pelo skate, ou, conforme coloca Cesinha Chaves, "em outros lugares pode ter havido também uma infiltração do skate, talvez através de alguns surfistas paulistas que frequentavam o litoral". Fonte: Entrevista concedida em 18 de maio de 2005 (arquivo pessoal). . Segundo recorda Carlos Eduardo Tassara, skatista da cidade de Guaratinguetá (SP), no ano de 1974 um jovem - amigo seu - ganhou de uma tia que voltava dos Estados Unidos um skate, o objeto foi visto como uma imensa novidade pelos adeptos do carrinho de rolimã e pela juventude em geral da cidade. Segundo Tassara, um dos primeiros lugares praticados pelos jovens de Guaratinguetá foi o Itaguará Country Club, "que tinha uma descida recém-asfaltada, onde a prática do skate era perfeita". "Passamos a andar lá", recorda o skatista8 8 . Entrevista para o autor em 20 de novembro de 2008 (arquivo pessoal). .

A introdução do skate no Brasil ocorreu, de acordo com César Chaves (2000), um dos primeiros skatistas do país, durante a década de 1960 na cidade do Rio de Janeiro, por intermédio de alguns surfistas cariocas que surfavam no Arpoador e que acabaram por descobrir a existência do skate nas páginas de revistas norte-americanas destinadas ao surf, como a Surfer e a Surfing, as quais passaram a exibir, além do surf, também imagens de skate. De acordo com o pesquisador Tony Honorato, "há rumores do surgimento do skate no Rio de Janeiro em 1964, mas como nada foi documentado torna-se difícil apontar o ano de forma precisa" (2004, p. 1).

Embora o ano exato de introdução do skate no Brasil seja difícil de determinar com clareza, não há dúvidas de que sua prática teria começado durante a década de 1960. O próprio César Chaves - ou Cesinha Chaves, como ficou mais conhecido entre os skatistas - relata que seu envolvimento com o skate começou no ano de 1968, e na época o skate era mais conhecido como "surfinho", pois eram os surfistas "que tentavam imitar no asfalto as manobras praticadas nas ondas do mar"9 9 . Revista Tribo Skate, n. 50, p. 37, 1999. . Em uma entrevista para o jornalista Cauê Muraro, Cesinha Chaves revelou:

Meu primeiro interesse com o skate foi em 1968, quando comecei a surfar. Naquela época a gente fazia o nosso surfinho da maneira que dava, cortávamos compensados e tábuas com formas de pranchinhas e pregávamos patins com rodas de borracha, que usávamos com a regulagem do eixo super solto, pra fazer as curvas de surf no asfalto. Nessa época fui com meus pais para Petrópolis, que é serra e não tem praia. Fui andar de skate num

rink

de patinação e me lembro do impacto que o skate causou naquele pessoal

10 10 . Entrevista com Cesinha Chaves por Cauê Muraro. Disponível em: < www.ncanal.com.br/busca/main.cgi?target=http://www.brasilskate.com/50.html>. Acesso em: 3 dez. 2008.

.

Outros depoimentos semelhantes ao de César Chaves ajudam a compreender a influência do surf nesse momento inicial do skate. Leonides Melo, por exemplo, um surfista que começou nessa atividade ainda na primeira metade da década de 1970, tornando-se posteriormente membro de uma equipe de skatistas conhecida no Rio de Janeiro como Jeckle, também associa seu início no skatismo em função de seu envolvimento com o surf. De acordo com suas lembranças:

Comecei a andar de

skate

em dezembro de 1974 em pleno verão carioca, e, assim como na Califórnia, aqui no Rio de Janeiro, quando o mar não estava bom, os surfistas como eu ficávamos buscando alguma coisa que nos animasse, quando descobrimos o

skate

, o entusiasmo foi geral e contagiante

11 11 . Em entrevista realizada no dia 2 de dezembro de 2008.

.

Depoimentos colhidos por skatistas na cidade de São Paulo também indicam essa associação entre as duas modalidades. Em uma entrevista realizada com Jun Hashimoto, um dos skatistas mais influentes da década de 1970 e que chegou a se profissionalizar nessa atividade, ele lembra que seu "primeiro contato com o skate foi motivado pela vontade de deslizar no asfalto e plagiar as manobras do surf", afirmando também que, no início, "um par de Havaianas (chinelos) nas mãos, camiseta Hang Ten, bermuda florida, colar de conchas e o skate embaixo do braço eram o equipamento nos dias das ladeiras de asfalto"12 12 . Em entrevista realizada no dia 22 de maio de 2009. .

Nesse contexto de introdução de práticas californianas no Brasil, como a do surf e a do skate, deve-se compreender que, segundo narrativas analisadas por Nízia Villaça sobre o Rio de Janeiro, havia desde a década de 1950 - principalmente em Copacabana - um clima de renovação e liberalidade que engendrava "uma cultura de massas hedonista-juvenil" (Villaça, 2008). Além disso, como coloca o historiador Rafael Fortes, foi a partir das décadas de 1950 e 1960 que o surf se consolidou nas areias de Copacabana e do Arpoador, e em 1965 teria surgido uma Federação Carioca de Surf, o que bem possibilitaria um intercâmbio de práticas entre surfistas e skatistas. Num artigo em que aborda aspectos da história do surf no Brasil, Fortes coloca que a construção dessa atividade ocorreu de forma paralela a de outras práticas, como a do skate ou a do body-board, e afirma que "diversos agentes se envolveram com mais de um esporte, de maneira que houve intensa circulação" (2008, p. 14).

A chegada e o desenvolvimento do skate no Brasil durante as décadas de 1960 e 1970 e sua proliferação enquanto prática cultural, atividade física ou esportiva compreende, portanto, um fluxo de entrada de diversos aspectos da cultura estadunidense no Brasil, ou, mais especificamente, da introdução e do desenvolvimento dos "esportes radicais de ação" no país.

CULTURA E CONTRACULTURA

De uma maneira geral, os esportes - em geral - passaram a difundir-se depois das guerras mundiais, mas foi mais precisamente a partir de 1970 que eles adquirem um caráter mais massificado. Em termos estatísticos, por exemplo, a pesquisadora Sophie Body-Gendrot nota que a quantidade de praticantes de atividades físicas de caráter esportivo aumentou consideravelmente durante a segunda metade do século XX, e, "entre 1960 e 1980, o número de americanos que praticam um esporte passou de 50 milhões para 100 milhões" (1991, p. 559).

Para o historiador Georges Vigarello, a partir das últimas décadas do século XX houve um acelerado processo de aprimoramento de novos materiais e técnicas corporais, que, conjugadas com um período de grandes revoluções culturais nas sociedades ocidentais, acabaram por ramificar as atividades esportivas em práticas que se desenvolveram ligadas a movimentos juvenis e sem muita relação com os outros esportes de caráter já mais tradicional. Assim, o skate, o surf, o esqui, entre outros, seriam para esse historiador a expressão de novas manifestações esportivas ligadas tanto à invenção de máquinas lúdicas quanto ao aumento do hedonismo nas sociedades contemporâneas. Essas práticas, portanto, ter-se-iam desenvolvido de forma muito singular, distante das demais atividades esportivas conhecidas desde o século XIX ou início do século XX. De acordo com Vigarello,

[...] muitas práticas novas, desde as décadas de 1970 e 1980, se desenvolveram à margem dos esportes tradicionais. Muitas delas reivindicam uma "contracultura", uma pertença específica, essa resistência às instituições que a sociedade mais individualista parece manifestar nos dias de hoje (2008, p. 238).

Embora não se possa aceitar integralmente a colocação de Vigarello acerca de uma "sociedade mais individualista", haja vista que os próprios jovens indicados para pesquisa revelam mais um caráter "tribal" que "individual", concorda-se com o autor no cuidado em grafar o termo "contracultura" entre aspas. Inventada e banalizada pelo jornalismo norte-americano (Pereira, 1986, p. 13), a palavra "contracultura" é utilizada geralmente para invocar o conjunto dos movimentos de rebelião juvenil ocorridos, principalmente, durante a década de 1960 nos Estados Unidos e em alguns países da Europa. No entanto, como também sugerem Ken Goffman e Dan Joy, seria possível utilizar o termo para outros momentos históricos e em sentido mais amplo (2007).

Embora a maioria das práticas citadas por Georges Vigarello venha passando por uma intensificação de seu processo de esportivização13 13 . Entende-se por "esportivização", segundo Gonzáles, o processo de transformação de práticas corporais em atividades de competição (González, 2005). nos últimos anos e sendo normatizadas pela imposição de algumas regras sociais, como a delimitação ou a elaboração de espaços artificiais para os treinos, alguns estudiosos do fenômeno esportivo, como o professor Christian Pociello, ligado ao Centro de Pesquisas da Cultura Esportiva da Universidade de Paris, defendem que essas novas atividades representam uma mudança no registro das práticas culturais normalmente incluídas entre os exercícios físicos de caráter esportivo e que, por isso, elas trariam não só uma proposta diferenciada de exercícios como também uma mudança no que se convencionou a classificar como "esporte" (Pociello, 1995, p. 117).

Talvez pelas diferenças que esses novos esportes passaram a manter em relação aos esportes tradicionais e pelo fato de eles terem sido engendrados no ambiente de revolução cultural juvenil, não foram poucas as pessoas que enxergaram nessas novas atividades físicas uma transgressão às normas sociais. O psiquiatra Içami Tiba, por exemplo, em um livro dedicado a questões sobre educação e adolescência, afirma que em grupo os jovens "chegam a fazer o que jamais fariam sozinhos ou na presença dos pais. Praticam atos de vandalismo, abusam das drogas, expõem-se a perigos como rachas e praticam esportes radicais" (1998, p. 96).

SKATE: ENTRE A MARGINALIZAÇÃO E A ESPORTIVIZAÇÃO

Ao se analisar historicamente a prática do skate, é possível perceber no passado dessa atividade que, ao longo de seu desenvolvimento, ocorreram fortes relações tanto com movimentos (contra)culturais de música quanto com diversos tipos de arte, comportamento e moda urbana. Esses fatos ajudam a associar essa prática à escolha de um estilo de vida, conceito antropológico que, segundo Rita Amaral, seria a "forma pela qual uma pessoa ou um grupo de pessoas vivenciam o mundo e, em consequência, se comportam e fazem escolhas" (Amaral, 2008). De acordo com Flavia Baptista Faiola,

[...] o skate emprestou e tomou emprestadas referências da arte pop, do hip hop, do punk e da maioria dos movimentos culturais que nasceram e cresceram em meio ao descrédito. [...] Trata-se de uma prática esportiva que, como poucas, criou um estilo de vida e um universo cultural em torno de si (2006).

Em função de articulações entre o skate e os movimentos contraculturais - exercidos muita vezes pela adoção de um vestuário mais "agressivo", como o da moda punk - e da apropriação que os skatistas passaram a exercer nos espaços urbanos em busca de mais "liberdade de movimento", constituiu-se um imaginário social14 14 . O conceito de imaginário social deve ser aqui entendido, de acordo com Bronislaw Baczko, como os sistemas simbólicos de ideias e imagens de representação coletiva (Baczko, 1984). que tendeu a associar os skatistas à marginalidade. Ao longo de seu desenvolvimento como esporte, é possível perceber diversos tipos de problemas envolvendo skatistas com policiais, familiares, transeuntes ou demais citadinos em geral. Em muitos casos, essas situações de "enfrentamento" podem ser discutidas em função das cartas que muitos skatistas enviavam para as revistas especializadas nessa atividade no país. Assim, somente para ilustrar o que se está apontando, um trecho da carta do skatista Marco Aurélio Tavares, de Rondônia, diz o seguinte:

[...] Ao andarmos de skate na rua as pessoas nos discriminam, nos tratam como vadios e até já nos chamaram de trombadinhas. Já cansei de ver amigos meus apanhando da polícia nas portas das lojas. É sempre o mesmo sermão: "Isto é coisa para vagabundo que não tem o que fazer", "Meu filho, Deus me livre que eu o veja nessa coisa" (Revista

Skatin

, n. 1, p. 12, 1989).

Toda essa problemática gerada pela prática do skate levou à adoção de slogans, veiculados pelas próprias revistas de skate, que o viam como uma prática para além de seu tempo. "Skate é o esporte do futuro", anunciava em 1988 uma campanha publicitária veiculada na segunda edição da revista Overall (Revista Overall, n. 2, p. 3, 1988). Nesse mesmo ano, entretanto, o skate foi proibido na cidade de São Paulo pelo então prefeito Jânio Quadros. Skatistas não podiam transitar pelas ruas, por praças ou por qualquer outro lugar público da cidade. "Venho criticar Jânio Quadros pelo que fez com os skatistas em São Paulo, proibindo o skate nas ruas, pois estou descontente com a repressão das autoridades para com os skatistas" (Revista Overall, n. 10, p. 68, 1988), reclamava um leitor dessa revista.

A partir, no entanto, da virada do milênio e início do século XXI, diversas questões ligadas tanto ao desenvolvimento interno do skate quanto a outras de maior alcance social, dada pela consolidação de uma sociedade cada vez mais hedonista e voltada aos desejos de liberdade e lazer, acabaram por possibilitar transformações na forma como essa atividade passou a ser representada socialmente. Os skatistas foram deixando de ser caracterizados como marginais e começaram a ser identificados com esportistas, pessoas saudáveis, criativas e modernas. Muitas lojas de skate começaram a abrir suas portas no interior de shopping centers, produtos alimentares, como o achocolatado Nescau ou companhias de celulares, como o da Vivo, passaram a trazer em suas publicidades fotos e imagens com skatistas em ação. Em 2007, a Rede Globo, a maior emissora de televisão do Brasil, elegeu o skate como componente central das tramas da novela Malhação15 15 . Disponível em: < http://malhacao.globo.com/Novela/Malhacao/0,,AA1135730-4139,00.html>. Acesso em: 11 jan. 2009. , destinada ao público adolescente, passando também a entrevistar e dar destaque a skatistas em programas como o Altas Horas16 16 . Como exemplo, ver a entrevista com o skatista brasileiro Bob Burnquist no dia 4 de janeiro de 2009. ou o Programa do Jô17 17 . Como exemplo, ver a entrevista com a skatista Karen Jones, no dia 26 de setembro de 2008. . Outros canais de televisão, como o Sport TV18 18 . Como exemplo, ver o programa Zona de Impacto, apresentado por Diana Bouth e Marcos Bocayuva. ou a ESPN19 19 . Como exemplo, ver o programa Planeta EXPN, apresentado por Vivian Mesquita. , passaram a exibir frequentemente manobras de skate ou campeonatos, muito deles patrocinados por grandes empresas multinacionais como a Nike ou a Adidas. Além disso, marcas mundialmente famosas de outros segmentos, como a Ferrari no automobilismo, começaram a fabricar também skates20 20 . Disponível em: < http://cemporcentoskate.uol.com.br/blogLer.php?categoria=14&id=326>. Acesso em: 11 jan. 2009. , e outras, como a japonesa Nissan, passaram a associar o skate a seus potentes veículos motorizados21 21 . Disponível em: < http://comunicadores.info/2007/02/21/skate-car-nissan/>. Acesso em: 11 jan. 2009. . Com o aumento no número de praticantes, em várias cidades do país os órgãos públicos começaram a construir pistas de skate e apoiar a organização e realização de eventos. Em poucas palavras, o skate se tornou um dos grandes símbolos22 22 . O símbolo faz parte da classe dos signos que mantêm uma relação de convenção com seu referente. Desse modo, nas últimas décadas, quando se pensa em skate, logo se pensa em juventude. É essa associação que torna possível eleger o skate como um objeto historiográfico e representá-lo enquanto um componente na formação de uma cultura juvenil no Brasil contemporâneo. Para uma melhor compreensão do conceito de símbolo, ver Joly (1996, p. 36). da juventude brasileira. Em 2004 ele já era praticado por mais de 2,7 milhões de jovens no país23 23 . Disponível em: < www.folha.uol.com.br/folha/esporte/ult92ul02808.shtml>. Acesso em: 15 jun. 2006. , passado poucos anos, o número de praticantes, de acordo com uma pesquisa do IBGE em associação com a Datafolha, já ultrapassa os 3 milhões24 24 . Ver nota divulgada pela Confederação Brasileira de Skate (CBSk) com base em uma pesquisa realizada pelo Datafolha. Disponível em: < http://cbsk.com.br/asp/dados.htm>. Acesso em: 20 dez. 2008. . Em São Paulo, cidade onde outrora ele havia sido proibido, um projeto de lei (lei municipal n. 11.812-95), proposto pelo deputado estadual Alberto Hiar - conhecido por apoiar manifestações da cultura juvenil -, deu vida ao Dia do Skate, comemorado pelos jovens todo dia 3 de agosto (Revista 100% Skate, n. 79, p. 86, 2004).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base no que foi exposto até aqui, é possível notar que o contraste entre a marginalização e a esportivização do skate possibilita para o pesquisador diversas pistas para a compreensão do "tempo presente" por meio de uma análise pautada na segunda metade do século XX e início do XXI. Diante dessa questão e em função do pouco recuo temporal, pesquisas nessa linha enquadram-se no que comumente se considera, segundo os historiadores Agnès Chauveau e Philippe Tétart, como "história do tempo presente" (1999, p. 17). Diferentemente do jornalista, que usualmente se especializa em escrever sobre o aqui-agora, ou do antropólogo, que, segundo assinala Marc Augé (1994, p. 14), se interessa pela interpretação do "outro" e o estuda por intermédio do trabalho de campo, o historiador presenteísta não isola seus objetos nem aborda apenas o instante; como qualquer outro historiador, ele lida com o tempo e inscreve a operação historiográfica na duração que seu objeto de pesquisa solicita.

A principal crítica lançada contra os historiadores do presente é a de que, por analisarem eventos transcorridos durante a segunda metade do século XX, não haveria a possibilidade de distanciamento temporal e, por isso, as análises ficariam fadadas a um trato passional com a história. Contra essa objeção, o historiador Phillipe Tétart argumenta que a relação passional e subjetiva com a história pode ocorrer tanto com períodos antigos quanto com períodos recentes (2000, p. 136). Mas a questão também vai por outros meandros. É preciso perceber que as próprias mudanças na história representam também mudanças nas práticas historiográficas e no posicionamento político e individual dos historiadores na sua escrita. Como argumentam os autores mencionados, o fim da Guerra Fria apontou também para uma escrita menos politizada e ideológica da história, o que possibilitou aos historia dores uma compreensão mais interpretativa e antropológica do passado. Não tanto compreender ou julgar a história a partir de ideais políticos cristalizados, mas sim debater aspectos culturais contidos em formações políticas e sociais diferenciadas.

Importante realçar, todavia, de que não se trata de pensar uma história meramente descritiva do skate ou dos demais esportes de ação, mas sim de problematizar questões relacionadas a imaginários e representações sociais sobre práticas culturais juvenis. De acordo com Peter Burke (2005, p. 78), sabe-se que muitos historiadores europeus passaram a estudar com maior intensidade as manifestações esportivas a partir das contribuições teóricas de alguns pensadores, em especial as de Pierre Bourdieu, Michel Foucault, Mikhail Bakhtin e Norbert Elias. As obras desses quatro estudiosos, somadas às contribuições do historiador Roger Chartier à historiografia, sobretudo suas elaborações complementares às noções de "práticas" e "representações", propiciaram novos caminhos a serem trilhados na constituição desse domínio histórico.

O que é importante ressaltar, no entanto, é que, se até pouco tempo atrás, como lembra a historiadora Patrícia Falco Genovez (1998), os esportes não eram percebidos como fenômenos históricos, esse quadro vem passando por intensas modificações atualmente, e a própria Associação Nacional de História (Anpuh/Nacional) chegou a sugerir ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) a inclusão da "história do esporte" como uma nova área de conhecimentos. De acordo com Victor Andrade de Melo (1999), é a partir do final da última década do século XX que se pode notar, no Brasil, um aumento exponencial no número de estudos históricos ligados ao esporte e às práticas corporais em função, objetivamente, tanto de fatores relacionados aos desdobramentos internos da historiografia quanto do aumento na quantidade de cursos de pós-graduação no país.

Para finalizar, faz-se necessário lembrar que, ao analisar um fenômeno contemporâneo como é o caso dos esportes de ação, as pesquisas sobre eles podem (e devem) partir de uma perspectiva interdisciplinar. Sem dúvida, ao avançar nos domínios de uma história do esporte, do corpo e da juventude, e em função das dimensões que o tema - visto de um presente historicizado - incita, ele pode ser mais bem analisado pela quebra, como colocou o sociólogo Renato Ortiz, "das fronteiras tradicionalmente estabelecidas nos departamentos e universidades" (2006, p. 175). Trata-se, portanto, de um esforço para se pensar nas zonas de interface, ou, em outras palavras, na busca por um conhecimento que não seja exclusivamente monodisciplinar, aspecto que o tornaria, de forma obediente, também um conhecimento disciplinado (Santos, 1987, p. 74).

REFERÊNCIAS

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ENTREVISTAS

Carlos Eduardo Tassara, 20/11/2008.

César Chaves, 18/5/2005.

Jun Hashimoto, 22/5/2009.

Leonides Melo, 2/12/2008.

Recebido: 15 jan. 2009

Aprovado: 12 abr. 2010

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  • Revista Tribo Skate, n. 50, 1999.
  • Endereço para correspondência:
    Leonardo Brandão
    Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Secretaria de Alunos da Pós-Graduação em História Social
    Rua Ministro Godói, 969, 4º andar, sala 4B-03 - Perdizes
    São Paulo-SP, CEP 05015-000
  • *
    Este artigo é fruto de algumas reflexões surgidas inicialmente em minha dissertação de mestrado e aprofundadas na elaboração de meu projeto de doutorado em história. As entrevistas realizadas foram feitas através da Internet (e-mail) e autorizadas a publicação pelos depoentes. O presente artigo não contou com apoio financeiro de nenhuma natureza, tampouco houve conflitos de interesses para sua realização.
  • 1
    . Disponível em: <
    www.oenpr.com>. Acesso em: 3 jun. 2008.
  • 2
    . Ver nota divulgada pela Confederação Brasileira de Skate (CBSk) com base em uma pesquisa realizada pelo Datafolha. Fonte: <
    http://www.cbsk.com.br/asp/dados.htm>. Acesso em: 20 dez. 2008.
  • 3
    . Revista Isto É, n. 1.944, 2007, p. 57.
  • 4
    . É possível assistir às cenas de agressão contra os skatistas acessando o link: <
  • 5
    . Disponível em: <
  • 6
    . Disponível em: <
  • 7
    . Também jovens que praticam rolimã em cidades de praia podem ter-se interessado pelo skate, ou, conforme coloca Cesinha Chaves, "em outros lugares pode ter havido também uma infiltração do skate, talvez através de alguns surfistas paulistas que frequentavam o litoral". Fonte: Entrevista concedida em 18 de maio de 2005 (arquivo pessoal).
  • 8
    . Entrevista para o autor em 20 de novembro de 2008 (arquivo pessoal).
  • 9
    . Revista
    Tribo Skate, n. 50, p. 37, 1999.
  • 10
    . Entrevista com Cesinha Chaves por Cauê Muraro. Disponível em: <
  • 11
    . Em entrevista realizada no dia 2 de dezembro de 2008.
  • 12
    . Em entrevista realizada no dia 22 de maio de 2009.
  • 13
    . Entende-se por "esportivização", segundo Gonzáles, o processo de transformação de práticas corporais em atividades de competição (González, 2005).
  • 14
    . O conceito de imaginário social deve ser aqui entendido, de acordo com Bronislaw Baczko, como os sistemas simbólicos de ideias e imagens de representação coletiva (Baczko, 1984).
  • 15
    . Disponível em: <
  • 16
    . Como exemplo, ver a entrevista com o skatista brasileiro Bob Burnquist no dia 4 de janeiro de 2009.
  • 17
    . Como exemplo, ver a entrevista com a skatista Karen Jones, no dia 26 de setembro de 2008.
  • 18
    . Como exemplo, ver o programa Zona de Impacto, apresentado por Diana Bouth e Marcos Bocayuva.
  • 19
    . Como exemplo, ver o programa Planeta EXPN, apresentado por Vivian Mesquita.
  • 20
    . Disponível em: <
  • 21
    . Disponível em: <
  • 22
    . O símbolo faz parte da classe dos signos que mantêm uma relação de convenção com seu referente. Desse modo, nas últimas décadas, quando se pensa em skate, logo se pensa em juventude. É essa associação que torna possível eleger o skate como um objeto historiográfico e representá-lo enquanto um componente na formação de uma cultura juvenil no Brasil contemporâneo. Para uma melhor compreensão do conceito de símbolo, ver Joly (1996, p. 36).
  • 23
    . Disponível em: <
  • 24
    . Ver nota divulgada pela Confederação Brasileira de Skate (CBSk) com base em uma pesquisa realizada pelo Datafolha. Disponível em: <
    http://cbsk.com.br/asp/dados.htm>. Acesso em: 20 dez. 2008.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      13 Maio 2011
    • Data do Fascículo
      Set 2010

    Histórico

    • Aceito
      12 Abr 2010
    • Recebido
      15 Jan 2009
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