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Efeito da experiência desportiva e do grupo etário na satisfação e nos ativos de desenvolvimento de jovens futebolistas

Sport experience and age group effects on enjoyment and development assets of youth soccer athletes

Los efectos de la experiencia deportiva y la categoría de edad en las fuentesde satisfacción y los activos de desarrollo de jóvenes futbolistas

Resumo

Durante a prática desportiva os atletas estão sujeitos a situações disposicionais que podem afetar a sua satisfação e os ativos de desenvolvimentos. Pretende-se: a) verificar os efeitos da experiência desportiva e do grupo etário nas fontes de satisfação e nos ativos de desenvolvimento de jovens futebolistas; b) analisar as relações e efeitos preditores dos ativos de desenvolvimento nos fatores de satisfação. Participaram 308 futebolistas com idades entre os 12 e 18 anos, que responderam ao DAP e SEYSQ. Procedeu-se à Anova, Manova e análise de regressão linear. O grupo etário influencia as fontes de satisfação e os ativos de desenvolvimento. O apoio familiar, a identidade positiva e os valores positivos revelam-se como preditores de satisfação.

PALAVRAS-CHAVE
Motivação; Valores sociais; Apoio; Esportes

Abstract

During sport practice the athletes are submitted to dispositional situations that may influence their enjoyment and developmental assets. We aim to: a) verify the sport experience and age group effects on sources of enjoyment and development assets of youth soccer players. Participated 308 players, with ages between 12 and 18 participated, which responded to DAP and SEYSQ. An ANOVA, MANOVA and linear regression were performed. The age category influences the sources of satisfaction and development assets, and the measure factors between them are correlated. The family support, positive identity and positive values are predictors of sources of enjoyment in youth sport.

KEYWORDS
Motivation; Social values; Support; Sport

Resumen

Durante la práctica deportiva, los atletas están sujetos a situaciones de disposición que pueden afectar su satisfacción y los activos de desarrollo. El objetivo fue: a) verificar los efectos de la experiencia deportiva y la categoría de edad en la satisfacción y los activos de desarrollo de jóvenes futbolistas; b) analizar la relación y los efectos predictivos de los activos de desarrollo en los factores de satisfacción. Participaron 308 futbolistas con edades entre los 12 y los 18 años, que respondían a DAP y SEYSQ. Los datos se analizaron mediante ANOVA, MANOVA y análisis de regresión lineal. La categoría de edad influye en la satisfacción y en los activos de desarrollo. El apoyo familiar, la identidad positiva y los valores positivos se revelaron como factores predictivos de satisfacción.

PALABRAS CLAVE
Motivación; Valores sociales; Apoyo; Deporte

Introdução

A prática desportiva regular, no decorrer de um período longo de tempo, pode contribuir para um adulto de sucesso, por meio da transmissão de valores pró-sociais e saudáveis, a promoção de ativos de desenvolvimento e a redução de comportamentos de risco (Menestrel e Perkins, 2007Menestrel S, Perkins DF. An overview of how sports, out-of-school time, and youth well-being can and do intersect. New Dir Youth Dev 2007;115:13-25.), bem como o sucesso escolar (Rasberry et al., 2011Rasberry CN, Lee SM, Robin L, Laris BA, Russell LA, Coyle KK, et al. The association between school-based physical activity, including physical education, and academic performance: a systematic review of the literature. Prev Med 2011;52(Suppl 1):S10-20.). No entanto, o envolvimento no esporte, principalmente em esportes coletivos (e.g., futebol), pode ter efeitos negativos como altos níveis de agressividade e de comportamentos antissociais (O’brien et al., 2012O’brien KS, Kolt GS, Martens MP, Ruffman T, Miller PG, Lynott D. Alcohol-related aggression and antisocial behaviour in sportspeople/athletes. J Sci Med Sport 2012;15(4):292-7.) e consumo de drogas (Martha et al., 2009Martha C, Grélot L, Peretti-Watel P. Participants’ sports characteristics related to heavy episodic drinking among French students. Int J Drug Policy 2009;20(2):152-160.; Lorente et al., 2005Lorente FO, Peretti-Watel P, Grelot L. Cannabis use to enhance sportive and non-sportive performances among French sport students. Addict Behav 2005;30(7):1382-91.; Primack et al., 2010Primack BA, Fertman CI, Rice KR, Adachi-Mejia AM, Fine MJ. Waterpipe and cigarette smoking among college athletes in the United States. J Adolesc Health 2010;46(1):45-51.).

Para ocorrerem influências provenientes do contexto de prática é necessário que os jovens estejam envolvidos na atividade esportiva. A satisfação é um preditor da adesão (Scanlan e Lewthwaite, 1986Scanlan TK, Lewthwaite R. Social psychological aspects of competition for male youth sport participants: IV. Predictors of enjoyment. J Sport Exerc Psychol 1986;8(1):25-35.) e manutenção da atividade física (Guillet et al., 2002Guillet E, Sarrazin P, Carpenter PJ, Trouilloud D, Cury F. Predicting persistence or withdrawal in female handballers with social exchange theory. International Journal of Psychology 2002;37(2):92-104.), está incluída nas definições de teorias de motivação intrínseca, como é o caso da teoria da autodeterminação de Deci e Ryan (1990)Deci EL, Ryan RM. Intrinsic motivation and self-determination in human behavior. New York: Plenum Press; 1990 e do conceito de flow1 1 Flow é um estado de consciência no qual o indivíduo se torna completamente absorvido no que está a executar, exclui outras emoções ou pensamentos. Essa é uma harmoniosa experiência na qual a mente e o corpo estão a trabalhar sem esforço, levam o indivíduo a sentir que algo especial acabou de ocorrer. (Jackson e Csikszentmihalyi, 1999, p. 5) (Jackson e Csikszentmihalyi, 1999Jackson S, Csikszentmihalyi M. Flow in sports. Champaign, Il: Human Kinetics; 1999.). Já Chelladurai e Riemer (1997)Chelladurai P, Riemer HA. A classification of facets of athlete satisfaction. Journal of Sport Management 1997;11(2):133-59. referem que a satisfação é um estado afetivo positivo, relativo a um processo de avaliação das estruturas, processos e resultados associados à experiência desportiva. Enquanto Scanlan et al. (1993)Scanlan TK, Carpenter PJ, Lobel M, Simons JP. Sources of enjoyment for youth sport athletes. Pediatr Exerc Sci 1993;5(3):275-85. definiram a satisfação como uma resposta afetiva positiva à experiência desportiva que reflete sentimentos, tais como prazer, gosto e diversão. Kimiecik e Harris (1996)Kimiecik JC, Harris AT. What is enjoyment? A conceptual/definitional analysis with implications for sport and exercise psychology. J Sport Exerc Psychol 1996;18(1):247-63. fizeram uma análise das diferentes definições de satisfação existentes, bem como os conceitos e as implicações na avaliação dessa, e concluíram que está associada a sensações positivas.

Para avaliar a satisfação no esporte, Riemer e Chelladurai (1998)Riemer HA, Chelladurai P. Development of the Athlete Satisfaction Questionnaire. J Sport Exerc Psychol 1998;20(2):127-56. desenvolveram o Athlete Satisfaction Questionnaire (ASQ), mas que apresenta algumas limitações na aplicação a esportes individuais. Wiersma (2001)Wiersma LD. Conceptualization and development of the sources of enjoyment in youth sport questionnaire. Meas Phys Educ Exerc Sci 2001;5(3):153-77., fundamentado na definição de satisfação de Scanlan et al. (1993)Scanlan TK, Carpenter PJ, Lobel M, Simons JP. Sources of enjoyment for youth sport athletes. Pediatr Exerc Sci 1993;5(3):275-85., desenvolveu o instrumento Sources of Enjoyment in Youth Sport Questionnaire (SEYSQ), o qual foi obtido para a população portuguesa por Santos e Gonçalves (2012)Santos AJ, Gonçalves CE. Tradução do Sources of Enjoyment in Youth Sport Questionnaire e do Development Assets Profile para jovens atletas portugueses. Annals of Research in Sport and Physical Activity 2012;3(1):11-38. e demonstrou sua aplicabilidade em esportes individuais e coletivos, bem como o potencial para analisar micro e meso contextos. O estudo da satisfação do atleta revela-se de interesse por essa se correlacionar positivamente com a coesão grupal (Turman, 2008Turman P. Coaches’ immediacy behaviors as predictors of athletes’ perceptions of satisfaction and team cohesion. West J Commun 2008;72(2):162-79.), a autoestima (Shaffer e Wittes, 2006Shaffer DR, Wittes E. Women's precollege sports participation, enjoyment of sports, and self-esteem. Sex Roles 2006;55(3-4):225-32.) e a perceção de competências (Fairclough, 2003Fairclough S. Physical activity, perceived competence and enjoyment during high school physical education. Eur J Phys Educ 2003;8(1):5-18.) e negativamente com fatores da prática desportiva considerados negativos, como abandono (Molinero et al., 2006Molinero O, Salguero A, Tuero C, Alvarez E, Marquez S. Dropout reasons in young spanish athletes: relationship to gender, type of sport and level of competition. Journal of Sport Behavior 2006;29(3):255-69.), esgotamento (Schmidt e Stein, 1991Schmidt GW, Stein GL. Sport commitment: a model integrating enjoyment, dropout, and burnout. J Sport Exerc Psychol 1991;13(3):254-265.) e ansiedade (Grossbard et al., 2009Grossbard JR, Smith RE, Smoll FL, Cumming SP. Competitive anxiety in young athletes: differentiating somatic anxiety, worry, and concentration disruption. Anxiety Stress Coping 2009;22(2):153-66.).

Anteriormente foram verificadas diferenças nas fontes de satisfação de acordo com características pessoais, como por exemplo, o grupo etário (Strachan et al., 2009Strachan L, Côté J, Deakin J. An evaluation of personal and contextual fators in competitive youth sport. J Appl Sport Psychol 2009;21(3):340-55.), bem como, de características contextuais, como é o caso do envolvimento parental (Scanlan e Lewthwaite, 1986Scanlan TK, Lewthwaite R. Social psychological aspects of competition for male youth sport participants: IV. Predictors of enjoyment. J Sport Exerc Psychol 1986;8(1):25-35.) e as relações com os pares (Lim et al., 2011Lim SY, Warner S, Dixon M, Berg B, Kim C, Newhouse-Bailey M. Sport participation across national contexts: a multilevel investigation of individual and systemic influences on adult sport participation. European Sport Management Quarterly 2011;11(3):197-224.). Nesse sentido, é relevante a análise das fontes de satisfação dos jovens atletas de acordo com o grupo etário para compreender as intenções dos jovens para se envolverem na prática desportiva.

As diversas disposições do jovem atleta provenientes de diferentes contextos (e.g., familiar, escolar e desportivo) exercem influências no seu desenvolvimento. A teoria de desenvolvimento positivo do jovem, fomentada por Benson (2002)Benson PL. Adolescent development in social and community context: a program of research. New Dir Youth Dev 2002;95(1):123-47., é fundamentada numa vasta revisão de estudos de crianças e jovens e pode ser definida como crescimento, cultivação, nutrição de ativos de desenvolvimento, habilidades e potencialidades dos adolescentes. Dá relevância a fatores de proteção, resiliência e prevenção. O uso dos ativos de desenvolvimento em programas desportivos pode contribuir para a promoção da liderança, comportamentos e atitudes pró-sociais, autoestima e confiança (Lerner et al., 2003Lerner RM, Alberts AE, Jelicic H, Smith LM. Young People Are Resources to Be Developed: promoting positive youth development through adult-youth relations and community assets. In E. G. Clary & J. E. Rhodes (Org.), Mobilizing Adults for Positive Youth Development: Strategies for Closing the Gap between Beliefs and Behaviors. New York: Springer, 2003. p. 19-39.), interesse escolar (Sandford et al., 2008Sandford R, Duncombe R, Armour K. The role of physical activity/sport in tackling youth disaffection and anti-social behaviour. Educational Review 2008;60(4):419-35.), autonomia (Sibthorp e Morgan, 2011Sibthorp J, Morgan C. Adventure-based programming: exemplary youth development practice. New Dir Youth Dev 2011;130(1):105-19.), sentimentos de pertença e segurança (Daud e Carruthers, 2008Daud R, Carruthers C. Outcome study of an after-school program for youth in a high-risk environment. Journal of Park and Recreation Administration 2008;26(2):95-114.). O recurso a esse modelo no âmbito das atividades organizadas pode auxiliar no funcionamento da organização, uma vez que pode servir como referência para a definição de metas, objetivos e estratégias (Imm et al., 2006Imm PS, Kehres R, Wandersman A. Mobilizing Communities for Positive Youth Development: lessons learned from neighborhood groups and community coalitions. In E. G. Clary & J. E. Rhodes (Org.), Mobilizing Adults for Positive Youth Development: strategies for closing the gap between beliefs and behaviors. New York: Springer. v.1, n. 4, 2006. p. 137-157.), bem como a demonstração de resultados a parceiros ou patrocinadores (Berlin et al., 2007Berlin RA, et al. The role of developmental assets in predicting academic achievement: A longitudinal study. New Dir Youth Dev 2007;115(1):85-106.). Revela-se assim de interesse averiguar os níveis de ativos de desenvolvimento de jovens atletas em formação no futebol.

O esporte é a principal atividade extracurricular dos jovens (Guèvremont et al., 2008Guèvremont A, Findlay L, Kohen D. Organized extracurricular activities of Canadian children and youth [Internet]. Quebec, Canada; 2008. Disponível em: http://www.statcan.gc.ca/pub/82-003-x/2008003/article/10679-eng.pdf. Acesso em: 19 de setembro de 2013.
http://www.statcan.gc.ca/pub/82-003-x/20...
). O futebol tem um especial destaque no contexto português e pode servir de meio complementar ao sistema educativo formal no desenvolvimento do jovem, pelo que é relevante verificar as sensações e os valores positivos do jovem atleta de futebol. Nesse sentido, o presente estudo pretende: a) analisar os efeitos da experiência desportiva e do grupo etário nas fontes de satisfação e nos ativos de desenvolvimento de jovens futebolistas; b) analisar as relações e potenciais efeitos preditores dos ativos de desenvolvimento sobre os fatores de satisfação desportiva.

Metodologia

Amostra

A amostra foi selecionada aleatoriamente. Participaram do estudo 308 jovens futebolistas masculinos, do distrito de Coimbra (Portugal), entre 12 e 18 anos (M = 14,88; DP = 1,8). Os atletas provêm de diversos clubes que participam na competição distrital (várzea) organizada pela Associação de Futebol de Coimbra e são referentes às categorias etárias – Sub-15, Sub-17, Sub-19. Os participantes apresentam uma experiência desportiva média de 6,61 anos (DP = 3,1) e se consideraram como atletas experientes os que estão envolvidos há cinco anos ou mais.

Instrumentos

Questionário de fontes de Satisfação no Desporto Jovem – Sources of Enjoyment in Youth Sport Questionnaire [SEYSQ] (Wiersma, 2001Wiersma LD. Conceptualization and development of the sources of enjoyment in youth sport questionnaire. Meas Phys Educ Exerc Sci 2001;5(3):153-77.) – obtido para a versão portuguesa por Santos e Gonçalves (2012)Santos AJ, Gonçalves CE. Tradução do Sources of Enjoyment in Youth Sport Questionnaire e do Development Assets Profile para jovens atletas portugueses. Annals of Research in Sport and Physical Activity 2012;3(1):11-38., o qual é composto, na versão portuguesa, por uma introdução e 20 itens, que avaliam cinco fatores associados à satisfação. As respostas são classificadas por meio da escala de Likert, de 1 a 5, em que 1 significa discordo totalmente e 5 concordo totalmente. A versão portuguesa contempla quatro quadrantes (não realização-intrínseca; realização-intrínseca; não realização-extrínseca; realização-extrínseca) e cinco fatores: 1) Competências autorreferenciadas (CAR) – relativo às percepções de mestria e realização derivadas do alcance de objetivos de desempenho pessoal; 2) Competências referenciadas por outros e reconhecimento (CROR) – percepções de competência e controle provenientes de terceiros, tal como reconhecimento social pelos resultados desportivos e consideração social positiva; 3) Esforço exercido (EE) – percepção do esforço despendido, que reflete o compromisso e o trabalho; 4) Afiliação com os pares (AP) – relações sociais positivas com colegas; 5) Envolvimento parental positivo (EPP), relações sociais positivas com pais, tal como apoio.

Perfil de Ativos de Desenvolvimento – Development Assets Profile [DAP] (SEARCH INSTITUTE, 2005Search Institute. Developmental assets profile preliminary user manual. Minneapolis, MN: Search Institute; 2005.) – obtido para a versão portuguesa por Santos e Gonçalves (2012)Santos AJ, Gonçalves CE. Tradução do Sources of Enjoyment in Youth Sport Questionnaire e do Development Assets Profile para jovens atletas portugueses. Annals of Research in Sport and Physical Activity 2012;3(1):11-38., constituído por 20 itens, os quais são precedidos por uma introdução. Esses avaliam duas dimensões de ordem superior (externos, internos), por meio de fatores pessoais (apoio, limites e expectativas, compromisso para a aprendizagem, valores positivos, identidade positiva), e medem quatro fatores numa perspectiva contextual (social, familiar, escolar e comunitária). As respostas são classificadas em escala de Likert, de 1 a 4, com o seguinte significado: 1 – Nunca ou raramente, 2 – Por vezes, 3 – Frequentemente e 4 – Quase sempre. A versão portuguesa agrega os seguintes ativos internos: compromisso para a aprendizagem (gosto pela leitura e aprendizagem; preocupação com a escola; fazer trabalhos de casa; ser encorajado a experimentar novas coisas); valores positivos (defender as suas crenças; assumir responsabilidades; evitar álcool, tabaco e drogas; valorizar a honestidade e ajudar e respeitar os outros) e identidade positiva (otimismo; lócus de controle e autoestima). Os ativos internos são: apoio (apoio dos pais, da família e de outros adultos; comunicação pais-jovem; vizinhos prestáveis) e limites e expectativas (bons modelos; regras claras na escola e em casa; monitoração da família e vizinhos). A título de exemplo de um item que avalia o apoio temos “Uma família que dá carinho e apoio”, enquanto para o fator identidade positiva temos o exemplo do item “Sinto que controlo a minha vida e o meu futuro”.

Procedimentos

O estudo foi aprovado pela Comissão de Ética da instituição dos investigadores. Os dirigentes, treinadores e atletas foram contatados para a aplicação dos questionários com a garantia de anonimato e a confidencialidade dos resultados. Esses foram preenchidos no fim da época desportiva de 2010-2011, antes do treino, e demoraram aproximadamente 20 minutos, com a respetiva explicação introdutória sobre a finalidade e a forma de preenchimento pelo investigador principal.

Análise de dados

Recorreu-se à estatística Anova para verificar os efeitos da experiência desportiva e à Manova para analisar os efeitos de acordo com as categorias etárias (em conformidade com o respetivo escalão dos atletas – Sub-15, Sub-17 e Sub-19), após verificação dos pressupostos de normalidade e homogeneidade das variâncias (Tabachnick e Fidell, 2007Tabachnick BG, Fidell LS. Using multivariate statistics. 5 ed. Boston: Pearson Education, Inc; 2007.). Usou-se ainda a correlação linear de Pearson e a regressão linear múltipla para a totalidade da amostra, com um nível de significância de p <0,05. Para efetuar a análise estatística usou-se o programa SPSS 19.0.

Resultados

Não se verificam diferenças entre os grupos da amostra, de acordo com a experiência desportiva, nos diversos fatores e dimensões avaliadas por meio dos questionários SEYSQ e DAP, à exceção dos fatores limites e expectativas, familiar, escola, comunitária e social, medidos por meio do DAP. A tabela 1 pretende caracterizar a amostra por nível de experiência desportiva em medidas de tendência central e de dispersão.

Tabela 1
Estatística descritiva (média e desvio padrão) e resultados da Anova para as variáveis do SEYSQ e do DAP de acordo com a experiência desportiva

O teste de Levene de homogeneidade de variâncias da Manova, de acordo com o grupo etário, revela que existem diferenças na homogeneidade da variância da amostra nos fatores CROR (p = 0,003) e EPP (p = 0,001) e nas dimensões extrínseca (p = 0,004) e realização (p = 0,019) do SEYSQ.

Desse modo, recorremos ao teste não paramétrico de Kolmogorov-Smirnov para a assunção da normalidade da distribuição da amostra de acordo com o grupo etário. Isso revelou que os fatores CROR e EPP, bem como as dimensões extrínseca e realização, não apresentam uma distribuição normal, de acordo com a idade, com exceção da dimensão extrínseca na categoria Sub-15 (p = 0,083). O teste Skewness-Kurtosis revela que há um enviesamento da distribuição à direita em todos os escalões etários para CROR e EPP e nos escalões sub-15 e sub-17 da dimensão extrínseca e do escalão sub-15 na dimensão realização. No que respeita ao achatamento, esse é considerado normal, mesocúrtico, com excepção do escalão sub-15, o qual apresenta um achatamento leptocúrtico. As tabelas 2 e 3 caracterizam as categorias etárias em medidas de tendência central e de dispersão.

Tabela 2
Estatística descritiva (média e desvio padrão) e resultados da Manova das variáveis do SEYSQ de acordo com o grupo etário
Tabela 3
Estatística descritiva (média e desvio padrão) e resultados da Manova das variáveis do DAP de acordo com o grupo etário

O Lambda de Wilk revela diferenças de acordo com o grupo etário (p = 0,004). Verificam-se diferenças significativas entre as categorias etárias nos fatores AP e na dimensão não realização do SEYSQ, bem como nos fatores e nas dimensões avaliados por meio do DAP. Os níveis dos fatores de satisfação e dos ativos de desenvolvimento diminuem com o avançar da idade e registram, na maioria dos fatores avaliados, valores mais baixos na categoria Sub-19, com exceção das CAR, intrínseca. Por meio do teste post-hoc LSD verificamos que as diferenças são, essencialmente, entre a categoria de Sub-15 e os outros dois escalões, não se verificaram diferenças significativas entre a categoria Sub-17 e a categoria Sub-19. Pode-se considerar que os participantes do estudo apresentam níveis altos nos fatores de satisfação, mas esses diminuem significativamente com o aumento da idade.

Relativamente às correlações entre as variáveis de satisfação e dos ativos de desenvolvimento (tabela 4), verifica-se que os diversos fatores se correlacionam entre si, de modo moderado (0,30 a 0,70) ou fraco (0 a 0,30), com a correlação entre o CAR e EE (r = 0,622) mais forte no presente estudo. No entanto, não se verificam correlações entre: CROR e CA (p = 0,45), CAR e valores positivos (VP) (p = 0,55), esforço exercido (EE) e VP (p = 0,42).

No sentido de aprofundar essas relações e procurar perceber em que medida os fatores da satisfação podem ser preditos pelos ativos de desenvolvimento, fizemos uma análise da regressão múltipla (com o método Stepwise) para a totalidade da amostra (tabela 5). Por meio do R 2 verificamos que a identidade positiva explica 8% da variância das competências autorreferenciadas (CAR). Mas ao associar o modelo variáveis como o apoio, é aumentada para 11% e com a adição dos valores positivos a variância passa para 13%. No caso do CROR, o modelo com identidade positiva e valores positivos explica 9% da variância. Ao analisar o EE como variável dependente, verificamos que o modelo constituído pelas variáveis apoio, IP e VP e explica 16% da variância. Ao fazer a regressão e definir como variável dependente o EPP, os resultados revelam um modelo com as variáveis apoio e identidade positiva, que explica 17% da variância.

Tabela 4
Correlação de Pearson das variáveis do SEYSQ e do DAP
Tabela 5
Regressão linear das variáveis do SEYSQ e do DAP

Discussão

Um dos objetivos do estudo era analisar os efeitos da idade na satisfação e nos ativos de desenvolvimento de jovens futebolistas portugueses. Dessa análise verificamos uma diminuição dos níveis de satisfação no desporto de acordo com o escalão etário, o que pode ser resultado de mudanças contextuais no processo de treino e competição (e.g., diferentes estilos de treinador, envolvimento parental) ou das diferentes ofertas e exigências de atividades concorrentes ao esporte (e.g., saídas noturnas com os amigos, resultados escolares) no período da adolescência do jovem indivíduo. Estudos anteriores haviam verificado diferenças entre sexos nos níveis de satisfação (Rosado et al., 2009Rosado A, Mesquita I, Correia A, Colaço C. Relação entre esgotamento e satisfação em jovens praticantes desportivos. Rev Port Cien Desp 2009;9(2):56-67.) e motivação dos atletas (Murcia et al., 2007Murcia JA, Blanco MLSR, Galindo CM, Villodre NA, Col DG. Effects of the gender, the age and the practice frequency in the motivation and the enjoyment of the physical exercise. Fit Perf J 2007;6(3):140-6.), com o sexo masculino a demonstrar mais orientação para o reconhecimento e o rendimento e o sexo feminino a privilegiar a orientação para a tarefa e as relações estabelecidas por meio do desporto. Será interessante verificar no futuro as influências da idade em ambos os sexos. Relativamente aos ativos de desenvolvimento também se verificou uma diminuição desses à medida que o escalão etário aumentava. Isso vai de encontro às conclusões de Benson (2002)Benson PL. Adolescent development in social and community context: a program of research. New Dir Youth Dev 2002;95(1):123-47. e aparenta uma tendência transcultural, não só das características dos adolescentes como das influências contextuais. Porém, no presente estudo, essa diminuição acontece especialmente nos limites e nas expetativas, no compromisso para a aprendizagem e na identidade positiva. Investigações futuras devem averiguar quais os efeitos do tempo de envolvimento na prática desportiva na variação dos ativos de desenvolvimento e recorrer a estudos longitudinais.

A estruturação das categorias em dois anos cria uma diferença física entre atletas nascidos no primeiro ano competitivo e aqueles nascidos no segundo ano, o que potencia os efeitos da idade relativa (Penna et al., 2012Penna EM, Costa VT, Ferreira RM, Moraes LCCA. Efeito da idade relativa no futsal de base de Minas Gerais. Rev Bras Ciênc Esporte 2012;34(1):41-51.). No entanto, considerando a média por escalão, são notórias as diferenças das fontes de satisfação entre categorias etárias.

A análise das relações entre os ativos de desenvolvimento e a satisfação no desporto era outro objetivo deste estudo. Os fatores que melhor se correlacionam pertencem à dimensão intrínseca do mesmo instrumento, o que era esperável, pois revelam uma dependência da capacidade de autopercepção das competências de controle, mestria e habilidade do jovem, bem como do esforço exercido na atividade desportiva. Os ativos externos e as fontes externas de satisfação no desporto refletem uma dependência dos atletas relativamente à sua aceitação enquanto indivíduo e das mensagens transmitidas pelos adultos, principalmente dos pais, transversal aos diferentes contextos (escola, comunidade, clube) em que o jovem está inserido.

O meio familiar é relevante na educação e formação do jovem, pelo que se deve envolver e orientar a atuação dos pais nos diferentes contextos nos quais os seus filhos agem. Um maior apoio social dos pais dos atletas e da comunidade também pode contribuir para uma maior percentagem de vitórias (Myers et al., 2005Myers N, Vargas-Tonsing TM, Feltz DL. Coaching efficacy in intercollegiate coaches: sources, coaching behavior, and team variables. Psychology of Sport & Exercise 2005;6(1):129-43.).

Anteriormente, Strachan, Côté e Deakin (2009) analisaram a relação entre ativos de desenvolvimento e promoção da satisfação, com o apoio a ter um papel importante na redução do esgotamento, a autonomia a potenciar a satisfação e a identidade positiva a ter um papel de mediação entre esses. E Shaffer e Wittes (2006)Shaffer DR, Wittes E. Women's precollege sports participation, enjoyment of sports, and self-esteem. Sex Roles 2006;55(3-4):225-32. haviam verificado uma relação positiva entre autoestima e satisfação. O presente estudo reforça a importância do apoio e da identidade positiva nas fontes de satisfação, isto é, a afirmação, aprovação e aceitação pelos outros, bem como a autoestima e a visão do atleta relativamente ao propósito da sua existência e do seu futuro para obter a satisfação no decorrer da prática desportiva.

O desenvolvimento da identidade do jovem pode ser influenciado pelo tipo de envolvimento parental, que, se não for adequado, pode limitar e inibir o desenvolvimento do jovem e afetar os ativos de desenvolvimento e a satisfação no desporto. O fato de a maioria dos atletas participantes deste estudo ser experiente também pode levá-los a associar a sua identidade pessoal à identidade atlética e, consequentemente, à assunção de valores e atitudes promovidos no grupo. A qualidade das relações entre o atleta, colegas e treinadores pode afetar a identidade positiva e a autoestima do atleta (Coatsworth e Conroy, 2006Coatsworth JD, Conroy DE. Enhancing the self-esteem of youth swimmers through coach training: Gender and age effects. Psychology of Sport and Exercise 2006;7(2):173-92.). O treinador deve ter um papel na moderação das vivências desportivas do jovem.

É de realçar a integração dos valores positivos nos modelos preditores por meio de uma relação negativa com os fatores esforço exercido e competências autorreferenciadas, o que pode refletir um antagonismo entre a centralização da percepção do atleta nas competências auto e hetero referenciadas, isto é, no seu eu, e os valores de integridade, honestidade, equidade e igualdade. Contudo, o presente estudo está limitado pela ausência de alguns fatores do DAP na sua versão portuguesa, como é o caso das competências sociais, do uso construtivo do tempo e da autonomia.

Os resultados vêm reforçar a ideia de Russo e Daolio (2011)Russo GL, Daolio J. O jogo de futebol no contexto escolar e extraescolar: encontro, confronto e atualização. Rev Bras Ciênc Esporte 2011;33(1):69-86. de que o jovem ao aprender futebol o faz pelo interesse em interações sociais de amizades e parentesco, com vistas a dinâmicas sociais no decorrer da vivência e compreensão do jogo. Nesse sentido, o contexto desportivo pode contribuir para a promoção dos ativos de desenvolvimento, que deve providenciar, segundo Perkins e Noam (2007)Perkins DF, Noam GG. Characteristics of sports-based youth development programs. New Dir Youth Dev 2007;115:75-84., segurança física e psicológica, relações de apoio e interajuda, normas sociais positivas, oportunidades para pertencer, desenvolver habilidades e competências por meio de uma aprendizagem ativa. Além disso, é importante a integração de esforços da família e comunidade em programas estruturados de forma apropriada, deve existir uma preocupação com o modo de atuação dos meios de comunicação enquanto transmissores de comportamentos e valores da cultura esportiva dominante e relegar as diversas formas de manifestações das práticas esportivas (Lippi et al., 2008Lippi BG, Souza DA, Neira MG. Mídia e futebol: contribuiçoes para a construção de uma pedagogia crítica. Rev Bras Ciênc Esporte 2008;30(1):91-106.).

Os clubes podem recorrer a um modelo lógico referido por Wells e Arthur-Banning (2008)Wells MS, Arthur-Banning SG. The logic of youth development: constructing a logic model of youth development through sport. J Park Recreat Admi 2008;26(2):189-202. para programar as suas ações com o objetivo de uma melhoria do envolvimento parental e de potenciar os ativos de desenvolvimento e a satisfação no desporto. Podem aproveitar para angariar colaboradores voluntários ou mais atletas para as suas atividades.

O ambiente em que o jovem vive no contexto desportivo é essencialmente influenciado pelas ações dos treinadores, colegas e pais, pelo que a demonstração de comportamentos positivos por esses pode contribuir para reduzir o medo de falhar (Smith e Cushion, 2006Smith M, Cushion J. An investigation of the in-game behaviours of professional, top-level youth soccer coaches. J Sports Sci 2006;24(4):355-66.) e potenciar a vivência desportiva. Apesar de a aplicação de instrumentos psicométricos permitir-nos obter uma perspectiva das vivências do indivíduo, essa é limitada pela percepção, pelo que será interessante recorrer a outras metodologias qualitativas para verificar os processos e as experiências dos atletas no decorrer do envolvimento na prática desportiva.

Conclusão

Em suma, no presente estudo verificou-se uma relação entre os ativos de desenvolvimento e a satisfação no desporto, pelo que a promoção cumulativa dos ativos nos diferentes contextos contribui para o aumento dos níveis de satisfação do jovem atleta. Daí a relevância de uma ação concertada entre os diversos agentes educativos, que interagem com o indivíduo nos diferentes contextos no qual esse está inserido. Os treinadores, ao desempenhar um papel considerado de relevo no ambiente de prática, no seu relacionamento com os pais e atletas, devem estar conscientes das diferenças motivacionais dos atletas de acordo com o escalão etário, bem como do interesse em promover os ativos de desenvolvimento e a satisfação no exporte, para potenciar o desenvolvimento e envolvimento do jovem.

Porém, a relação entre os ativos de desenvolvimento e a satisfação no desporto demonstram que toda a comunidade educativa tem um papel a desempenhar no desenvolvimento do atleta, deve estar em consonância com o intuito de potenciar o indivíduo para se tornar um adulto de sucesso, pró-social e com hábitos saudáveis. É, ainda, realçada a importância dos pais no apoio ao desenvolvimento do jovem e da satisfação no desporto. O estudo dos fatores que influenciam a satisfação e os ativos de desenvolvimento permitirá ajudar a desenvolver métodos de treino e programas desportivos mais efetivos, capazes de prolongar a prática desportiva dos jovens e, consequentemente, permitir a ocorrência de processos proximais com vistas a um desenvolvimento positivo dos atletas enquanto indivíduos.

  • Financiamento
    Fundação para a Ciência e Tecnologia, no âmbito do Programa Operacional Potencial Humano do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) e cofinanciamento do Fundo Social Europeu (FSE), por meio da bolsa de doutoramento (SFRH/BD/71534/2010).
  • 1
    Flow é um estado de consciência no qual o indivíduo se torna completamente absorvido no que está a executar, exclui outras emoções ou pensamentos. Essa é uma harmoniosa experiência na qual a mente e o corpo estão a trabalhar sem esforço, levam o indivíduo a sentir que algo especial acabou de ocorrer. (Jackson e Csikszentmihalyi, 1999Jackson S, Csikszentmihalyi M. Flow in sports. Champaign, Il: Human Kinetics; 1999., p. 5)

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Apr-Jun 2016

Histórico

  • Recebido
    27 Out 2012
  • Aceito
    5 Out 2013
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