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O apoio dos pais ao desenvolvimento da carreira de atletas masculinos de basquetebol

The parents support the career development of male basketball athletes

El apoyo de los padres en el desarrollo de la carrera de los jugadores masculinos de baloncesto

Resumo

O estudo verificou se o apoio oriundo dos pais aos atletas profissionais é diferente em relação aos atletas da categoria sub-19 anos de Minas Gerais durante a categoria de base. Comparou-se também tal apoio de acordo com as fases de desenvolvimento. Buscou-se a opinião dos treinadores da categoria sub-19 de MG sobre tal assunto. Participaram do estudo atletas profissionais e da categoria sub-19 de MG, além de treinadores mineiros. Os pais financiavam a carreira dos filhos em ambos os grupos, porém poucos frequentavam os jogos e treinamentos. Os pais dos atletas mineiros preferem que os filhos abandonem o esporte para estudar ou trabalhar, já que na opinião deles a profissão de jogador de basquetebol muitas vezes não é um caminho viável.

PALAVRAS-CHAVE
Basquetebol; Relações pais-filhos; Esportes; Treinamento

Abstract

The study found if the support from the professional athletes parents is different for the athletes of the category under-19 years of Minas Gerais during the category of base. This support was compared also according to developmental stages. It was also considered the opinion of the coaches of the category under-19 of MG about this topic. Participated in the research professional athletes and players of the category under-19 of MG, in addition to coaches of MG. The parents have financed the career of the children in both groups, however few attended the games and trainings. Parents of athletes of MG prefer that the children leave the sport to study or work, whereas in their opinion the profession of basketball player often is not a viable path.

KEYWORDS
Basketball; Parents-sons relations; Sports; Training

Resumen

En el estudio se verificó que existen diferencias entre el apoyo de los padres de los jugadores profesionales y el que brindan los padres a los jugadores de la categoría sub-19 de Minas Gerais durante la categoría de base. Se comparó también ese apoyo de acuerdo con las fases del desarrollo. Se buscó la opinión de los entrenadores de la categoría sub-19 de MG sobre ese tema también. Los participantes del estudio fueron los jugadores profesionales y los de la categoría sub-19 de MG, además de entrenadores de MG. Los padres financiaban la carrera de los hijos en los dos grupos. Sin embargo, pocos asistían a los partidos y los entrenamientos. Los padres de los jugadores de MG prefieren que los jóvenes dejen el deporte por motivos de trabajo o estudio ya que, en su opinión, la profesión de jugador de baloncesto muchas veces no es una solución de futuro viable.

PALABRAS CLAVE
Baloncesto; Relaciones padres-hijos; Deportes; Entrenamiento

Introdução

Intuitivamente, muitas famílias costumam apoiar seus filhos durante o início e desenvolvimento da carreira esportiva, sem ter o conhecimento do grau de importância desse apoio e quais as melhores maneiras de apoiar. Diversos pesquisadores (Côté et al., 1995Côté J, Salmela JH, Trudel P, Baria A, Russell SJ. The coaching model: a grounded assessment of expert gymnastic coaches’ knowledge. J Sport Exerc Psychol 1995;17(1):1-17.; Moraes, Durand-Bush e Salmela, 1999Moraes LC, Durand-Bush N, Salmela JH. Modelo de Desenvolvimento de Talentos. In: Samulski D, editor. Novos conceitos em treinamento esportivo. Belo Horizonte: Cenespe/UFMG, Publicações Indesp, Ministério do Esporte e Turismo; 1999. p. 171-90.; Moraes, Rabelo e Salmela, 2004Moraes LC, Sousa CD. As diferentes influências da tríade atletas-treinadores-pais na trajetória de desenvolvimento de judocas brasileiros de nível internacional. In: Silami-Garcia E, Lemos KLM. (Org). Temas Atuais em Educação Física e Esporte. Belo Horizonte, Editora Gráfica Silveira Ltda., 2004.; Moraes e Sousa, 2004Moraes LC, Sousa CD. As diferentes influências da tríade atletas-treinadores-pais na trajetória de desenvolvimento de judocas brasileiros de nível internacional. In: Silami-Garcia E, Lemos KLM. (Org). Temas Atuais em Educação Física e Esporte. Belo Horizonte, Editora Gráfica Silveira Ltda., 2004.; Ferreira e Moraes, 2012Ferreira RM, Moraes LC. Influência da família na primeira fase de desenvolvimento da carreira de nadadores medalhistas olímpicos brasileiros. Motricidade 2012;8(2):42-51.; Ferreira, 2012Ferreira MC. Modelo brasileiro de treinamento expert de saltos ornamentais. 2012, 88f. Dissertação (Mestrado em Ciências do Esporte) Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2012.) observaram que para o desenvolvimento do indivíduo em determinada modalidade, além da estrutura adequada de treinamento, bons treinadores e vontade de praticar com determinação, era necessário também o apoio social e dentro desse a família é, sem dúvida, o de maior peso.

Estudos de expert performance (Moraes e Salmela, 2003Moraes LC, Salmela JH. Expertise no esporte: considerações contextuais In: Garcia ES, Lemos KLM (Org.). Temas Atuais VII Educação Física e Esportes. Belo Horizonte: Health, v. 7, 2003, p. 159-172.; Moraes e Medeiros-Filho, 2009Moraes LC, Medeiros Filho E. Expertise no esporte: desenvolvimento da excelência. In: Samulski DM, editor. Psicologia do esporte: conceitos e novas perspectivas. 2 ed. Barueri: Manole; 2009. p.429-46.), que visam à análise de todas as nuances que cercam atletas de alto nível, também descrevem que mesmo com desportistas expoentes a necessidade de apoio familiar continua quase que a mesma de quando eles iniciaram, o que modifica é apenas o tipo de apoio, que muitas vezes não é mais financeiro, e sim moral (Ferreira e Moraes, 2012Ferreira RM, Moraes LC. Influência da família na primeira fase de desenvolvimento da carreira de nadadores medalhistas olímpicos brasileiros. Motricidade 2012;8(2):42-51.).

Uma pesquisa feita por Marques e Samulski (2009)Marques MP, Samulski DM. Análise da carreira esportiva de jovens atletas de futebol na transição da fase amadora para a fase profissional: escolaridade, iniciação, contexto sociofamiliar e planejamento da carreira. Rev Bras Educ Fís Esporte 2009;2(23):103-19. sobre a transição de carreira da fase amadora para profissional de jogadores de futebol mostrou que a maioria dos jogadores pertencia a famílias de renda média baixa e baixa, ou seja, tinham que cedo (± 12 anos) perder o contato com seus parentes para seguir a carreira. No entanto, a grande maioria dos jogadores afirmou ter grande apoio por parte da família no sentido emocional.

Ferreira e Moraes (2012)Ferreira RM, Moraes LC. Influência da família na primeira fase de desenvolvimento da carreira de nadadores medalhistas olímpicos brasileiros. Motricidade 2012;8(2):42-51. verificaram que para indivíduos que alcançaram a excelência esportiva o apoio dos pais para o desenvolvimento esportivo foi fundamental. Tais pesquisadores entrevistaram nadadores que conquistaram medalhas em olimpíadas pelo Brasil e constataram que, na iniciação no esporte, a maior parte das famílias ofereceu apoio e incentivo para o início e manutenção da prática. Tal apoio foi importante para que esses atletas tivessem condições financeiras para frequentar um clube e começar a nadar. O apoio dos pais se manteve ao longo da carreira, tanto na parte financeira quanto na parte emocional, e esse fator foi decisivo para que os atletas se mantivessem na prática. Muitos deles tiveram condições de até mesmo treinar nos Estados Unidos, em busca de melhores condições de treinamento.

Bloom (1985)Bloom BS. Developing talent in young people. New York: Ballentine; 1985. e Côté (1999)Côté J. The influence of the family in the development of talent in sport. The Sport Psychologist 1999;13:395-417. pesquisaram a vida de atletas experts e verificaram que esses indivíduos passam por fases de desenvolvimento até atingir a excelência de desempenho. Na primeira fase, denominada anos iniciais de aprendizagem ou fase de experimentação, que vai até os 13 anos, é quando o atleta inicia a prática esportiva. Essa fase é marcada pelo grande encorajamento dos pais e fornecimento de recursos aos filhos esportistas. Eles são os principais responsáveis pela inserção das crianças nos esportes. Os pais geralmente estão presentes aos jogos e treinamentos dos filhos e dão grande apoio financeiro e emocional para que o filho continue na prática esportiva.

Na segunda fase, denominada anos intermediários de aprendizagem ou fase de especialização, que vai até os 15 anos, a intensidade da prática aumenta consideravelmente. Os praticantes apresentam um maior compromisso com os treinos e as metas traçadas e há um aumento na intensidade dos treinos. Nessa fase o sujeito é “fisgado” para um determinado esporte. Os atletas passam a se dedicar a no máximo duas modalidades. A presença dos pais nos treinamentos dos filhos diminui consideravelmente, porém o envolvimento financeiro e o apoio emocional são ainda comuns.

Na fase de investimento ou anos finais de aprendizagem, depois dos 16 anos, a prática se pauta pela busca do sucesso e da perfeição. Nem sempre os treinos se apresentam prazerosos e as horas de dedicação à prática aumentam consideravelmente. Vários fatores podem influenciar o abandono da modalidade nesse período, como a premência de tempo e a falta de recursos financeiros e estruturais. Muitas vezes, por pressão dos pais ou falta de apoio familiar, os atletas não conseguem atingir o profissionalismo e precisam sair do esporte para trabalhar ou estudar. Nessa fase, o indivíduo apresenta maturidade física e psicológica para começar treinar o esporte de forma deliberada (Côté, Lidor e Hackfort, 2009Côté J, Lidor R, Hackfort D. ISSP position stand: to sample or to specialize: seven postulates about youth sports activities that lead to continued participation and elite performance. J Sport Exerc Psychol 2009;9(1):7-17.).

Hellstedt (1987)Hellstedt JC. The coach/parent/athlete relationship. The Sport Psychologist 1987;1(2):151-60., ao investigar a relação entre atletas, treinadores e pais, percebeu que o apoio dos pais pode se manifestar de três formas diferentes. A falta de um envolvimento maior na vida esportiva do filho, no que tange a aspectos como apoio financeiro, emocional e comparecimento em jogos e treinamento dos filhos, é denominada subenvolvimento. O envolvimento moderado é considerado o mais adequado, pois os pais são ponderados em suas orientações, deixam livre para o filho a decisão de continuar ou não no esporte. Os pais também dão grande apoio emocional, auxiliam os filhos a passar por momentos difíceis durante a trajetória esportiva. Porém muitos pais colocam uma enorme pressão para que os filhos se tornem atletas profissionais e muitas vezes causam danos emocionais aos filhos, o que leva até ao abandono do esporte e ao desprazer pela atividade. Tal situação é denominada superenvolvimento.

O basquetebol brasileiro apresenta problemas estruturais de organização. Instituições esportivas brasileiras não apresentaram as condições ideais para a formação de atletas rumo ao alto desempenho (Moreira; de Souza e Oliveira, 2003)Moreira M, de Souza M, Oliveira PR. A velocidade de deslocamento do basquete. Rev Bras Ciênc Esporte 2003;24(2):201-15.. Porém, existem poucas informações na literatura esportiva brasileira que descrevam o apoio dos pais aos filhos jogadores de basquetebol. Portanto, o objetivo deste estudo é verificar, quantitativamente, se o apoio oriundo dos pais aos atletas profissionais é diferente em relação aos atletas da categoria sub-19 anos de Minas durante a categoria de base. O estudo também pretende observar se há diferenças no apoio dos pais, para ambos os grupos, na comparação entre as faixas etárias. Além disso, este estudo também buscou a opinião dos treinadores da categoria sub-19 anos de Minas Gerais sobre o apoio dados pelos pais aos atletas mineiros de basquetebol durante a categoria de base.

Materiais e métodos

Tipo de estudo

De acordo com Thomas, Nelson e Silverman (2007)Thomas JR, Nelson JK, Silverman SJ. Métodos de pesquisa em atividade física. 5 ed. Porto Alegre: Artmed; 2007., este tipo de pesquisa se enquadra como um estudo descritivo, que permite determinar práticas ou opiniões de uma população específica. Apresenta-se uma abordagem qualitativa e quantitativa, que segundo Miles e Huberman (1994)Miles MB, Huberman AM. Qualitative data analysis. 2 ed. California: Thousand Oaks; 1994. possibilita a confirmação e corroboração dos dados coletados e estabelecer-se uma visão holística acerca do fenômeno.

Participantes

Participaram do estudo os atletas das instituições esportivas mineiras que tinham equipes masculinas da categoria sub-19 anos em 2011. De cinco equipes, quatro disputavam campeonatos organizados pela Federação Mineira de Basquetebol e uma delas disputou campeonatos organizados pela Federação Paulista de Basquetebol. Também participaram atletas profissionais pertencentes às cinco equipes e essas instituições esportivas atuaram nos play-offs da NBB (Novo Basquete Brasil) da temporada 2010-2011, principal competição do basquetebol masculino brasileiro. Participaram do estudo 47 atletas profissionais e 47 atletas do basquetebol mineiro. Também tiveram participação nesta pesquisa os cinco treinadores das equipes da categoria sub-19 anos de Minas Gerais. Todos os participantes são do sexo masculino.

Este estudo teve como critério de inclusão dos participantes: para os atletas juvenis, pertencerem a equipes da categoria sub-19 anos de instituições vinculadas à Federação Mineira de Basquetebol; para os atletas profissionais, pertencerem a equipes que participaram do play-offs da NBB da temporada 2010-2011. Assim, no estudo pretendeu-se ter como participantes os melhores atletas sub-19 anos de Minas Gerais e atletas profissionais pertencentes às equipes melhores classificadas na temporada 2010-2011. Já os treinadores deveriam trabalhar nas equipes sub-19 anos de instituições vinculadas à Federação Mineira de Basquetebol.

Instrumentos

Questionário sobre o apoio dos pais aos atletas de basquetebol (Questionário sobre o Contexto da Prática para Atletas de Basquetebol)

Este questionário é originário do Questionário sobre o Contexto da Prática para Atletas de Basquetebol (QCP-Basq), desenvolvido pelo laboratório de Psicologia do Esporte da UFMG em 2010. No questionário o apoio dos pais foi verificado de acordo com as fases de desenvolvimento propostas por Bloom (1985)Bloom BS. Developing talent in young people. New York: Ballentine; 1985. e Côté (1999)Côté J. The influence of the family in the development of talent in sport. The Sport Psychologist 1999;13:395-417.. Esses autores dividem o período de desenvolvimento dos atletas na categoria de base em três fases: dos seis aos 13 anos, anos iniciais ou fase de experimentação; dos 14 aos 15, anos intermediários ou fase de especialização; e dos 16 aos 19, considerados anos finais ou anos de investimento. Então, com a aplicação deste questionário é possível verificar se os pais apoiavam seus filhos financeiramente para prática de basquetebol e se estavam presentes com frequência aos jogos e treinamentos dos filhos, dos seis aos 19 anos. Este instrumento também é baseado no modelo do treinador (Côté et al., 1995Côté J, Salmela JH, Trudel P, Baria A, Russell SJ. The coaching model: a grounded assessment of expert gymnastic coaches’ knowledge. J Sport Exerc Psychol 1995;17(1):1-17.)

Entrevista semiestruturada

A entrevista semiestruturada foi feita com os treinadores da categoria sub-19 anos de Minas Gerais, para que se entendesse a opinião deles sobre como se procede o apoio dos pais aos filhos atletas de basquetebol em Minas Gerais. O critério para se estabelecer as perguntas foi baseado nos modelos de desenvolvimento de talentos de Bloom (1985)Bloom BS. Developing talent in young people. New York: Ballentine; 1985. e Côté (1999)Côté J. The influence of the family in the development of talent in sport. The Sport Psychologist 1999;13:395-417. e no modelo do treinador de Côté et al. (1995)Côté J, Salmela JH, Trudel P, Baria A, Russell SJ. The coaching model: a grounded assessment of expert gymnastic coaches’ knowledge. J Sport Exerc Psychol 1995;17(1):1-17..

Foi feita aos treinadores a seguinte pergunta, juntamente com uma lista de itens que deveriam ser comentados durante a fala dos entrevistados:

Como os pais têm contribuído, em Minas Gerais, para o desenvolvimento dos atletas de basquetebol?

  • Presença dos pais em jogos e treinos

  • Apoio financeiro

  • Cobrança

Análise dos dados

Para os dados quantitativos, foi aplicado o teste não paramétrico de qui-quadrado, por meio do programa estatístico SPSS for Windows versão 17.0, com um nível de significância de 5%. Para as entrevistas semiestruturadas, foram adotados os seguintes passos:

TranscriçãoFoi usado, para a gravação das entrevistas, o aparelho da marca Philips Digital Pocket Meno. Depois as entrevistas foram transcritas com ajuda de um pedal da marca Philips Transcription Set, que permitia o controle da gravação sem o uso das mãos. Procurou-se manter a fidelidade dos diálogos, só foram feitas correções ortográficas para o melhor entendimento do texto. Foi enviado aos treinadores o texto das entrevistas para consentimento e atestado da veracidade das informações.

Organização dos dados As entrevistas com os treinadores da categoria sub-19 anos de Minas Gerais foram divididas em pequenos trechos, ou miniunidades, denominadas meaning units (MUs) (Tesch, 1990Tesch R. Qualitative research: analysis types and software tools. New York: Falmer Press; 1990. p. 330.). Elas são consideradas as menores partes compreensíveis de um texto que expressam uma ideia ou informação. Para prevalecer o anonimato dos cinco entrevistados em questão, cada MU foi identificada com a letra T (treinador) e um número de 1 a 5. Além disso, elas foram rotuladas para a identificação do conteúdo de suas informações.

Cuidados éticos

Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais, sob o número de protocolo 0226.0.203.000-11, para aplicação do Questionário sobre o Apoio dos Pais aos Atletas de Basquetebol (QAP-Basq), e 0454.0.203.000-11 para aplicação da entrevista semiestruturada. Além disso, todos os voluntários desta pesquisa assinaram um Termo de Consentimento Livre Esclarecido.

Resultados e discussão

A tabela 1 mostra que, dos seis aos 13 anos e dos 14 e 15, a maior parte dos atletas profissionais recebia o apoio financeiro dos pais. Porém, não dá para afirmar que a maior parte dos pais estava presente nos jogos e treinos dos filhos. Depois dos 16 anos, não houve prevalência do número de atletas que recebiam o apoio, tanto financeiro quanto com a presença dos pais, nos jogos e treinos.

Tabela 1
Apoio dos pais aos atletas profissionais por faixa etária

Na comparação entre as faixas etárias, entende-se que tanto o apoio financeiro dos pais quanto a presença deles nos jogos e treinamentos dos filhos, para os atletas profissionais, foi menor a partir dos 16 anos (tabela 2).

Tabela 2
Comparação entre as faixas etárias do apoio dos pais aos jogadores profissionais

A mesma constatação feita com os atletas profissionais em relação ao apoio dos pais, por faixa etária, pode ser transportada para o desenvolvimento dos atletas da categoria sub-19 anos de MG. Ou seja, a maior parte deles recebia apenas o apoio financeiro dos pais até os 15 anos (tabela 3).

Tabela 3
Apoio dos pais, por faixa etária, aos atletas da categoria sub-19 anos de MG

Na comparação entre as faixas etárias, pode entender que tanto o apoio financeiro dos pais quanto a presença deles nos jogos e treinamentos dos filhos, para os atletas da categoria sub-19 anos de MG, foi menor a partir dos 16 anos (tabela 4).

Tabela 4
Comparação entre as faixas etárias, do apoio dos pais aos atletas da categoria sub-19 anos de MG

Na comparação entre os atletas da categoria sub-19 anos de Minas Gerais e jogadores profissionais, pôde-se observar que não houve diferença significativa do apoio dos pais, tanto financeiramente quanto com a presença em jogos e treinos dos filhos, em nenhuma faixa etária (tabela 5).

Tabela 5
Comparação entre os grupos do apoio dos pais para cada faixa etária

O papel dos pais, tanto no apoio aos filhos financeiramente ou com a presença em jogos e treinos, para ambos os grupos, decrescia a partir dos 16 anos. As instituições esportivas, em teoria, geralmente dão um maior apoio financeiro aos atletas depois dos 16 anos, período em que o atleta aumenta a dedicação ao esporte (Bloom, 1985Bloom BS. Developing talent in young people. New York: Ballentine; 1985., Côté, 1999Côté J. The influence of the family in the development of talent in sport. The Sport Psychologist 1999;13:395-417.). Um dos treinadores da categoria sub-19 anos disse que o apoio dos pais aos seus filhos é mais no sentido de dar apoio financeiro, porém poucos acompanham jogos e treinos ou conversam com os treinadores para saber sobre o desenvolvimento dos seus filhos. Não há uma prevalência do número de pais que estão presentes na vida cotidiana esportiva dos filhos, para ambos os grupos. Outro treinador ressalta que a partir dos 16 anos os pais fazem pressão para que o atleta dê preferência aos estudos, pois eles acham que jogar basquetebol muitas vezes não é um futuro viável para filho. De acordo com Falk et al. (2004)Falk B, Lidor R, Lander Y, Lang B. Talent identification and early development of elite water-polo players: A 2-year follow-up study. J Sports Sci 2004;22(4):347-55., a falta de apoio dos pais muitas vezes impede os filhos de atingirem o alto desempenho esportivo. Essa situação corrobora a dificuldade de os atletas conciliarem os estudos com a carreira profissional, já que no Brasil, de acordo com Alves e Pieranti (2007)Alves JA, Pieranti OP. O Estado e a Formulação de uma Política Nacional de Esporte no Brasil. RAE electron 2007;6(1). Available from: www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-56482007000100002&lng=en&nrm=iso [cited 23 May 2016].
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_artt...
, não há um esporte universitário organizado que propicie para o jovem um desenvolvimento atlético e acadêmico adequados.

Eu vejo, infelizmente, por os atletas terem um perfil socioeconômico mais precário, poucos pais assistindo a jogos dos filhos e mesmo nos treinamentos a presença é pouca. Mas mesmo o pai que tem uma condição financeira melhor deixa de carro o menino no treino e depois pega o atleta, mas não acompanha o treinamento. E os pais não têm muito conhecimento esportivo para ajudar. É mais numa rifa, em um levantamento de dinheiro para uma viagem, uma festa… Mas um incentivo direto, até para conversar com os treinadores, para acompanhar melhor a trajetória do atleta, essas coisas faltam ainda. (T1) Papel dos pais no desenvolvimento dos atletas.

... Quem tem uma qualidade diferente no sub-16 anos para frente, os pais acompanham, mais diminui bastante… O pai já faz pressão para que o menino continue estudando. É um problema de base familiar e do clube também. E muitas vezes os pais não veem a profissão “jogador de basquetebol” como uma coisa viável ou importante para o filho. (T5) Papel dos pais no desenvolvimento dos atletas.

Tais achados corroboram os estudos encontrados na literatura que indicam que o apoio dos pais para o desenvolvimento dos filhos atletas é um fator recorrente até os 16 anos (Bloom, 1995Bloom BS. Developing talent in young people. New York: Ballentine; 1985.; Côté, 1999Côté J. The influence of the family in the development of talent in sport. The Sport Psychologist 1999;13:395-417.; Wylleman et al., 2000Wylleman P, De Knop P, Ewing ME, Cumming SP. Transitions in youth sport: a developmental perspective on parental involvement. In: Lavallé D, Wylleman P, editors. Career transitions in sports: international perspectives. Morgantow, WV: Fit Publications; 2000. p. 143-60.; Ferreira, 2012Ferreira MC. Modelo brasileiro de treinamento expert de saltos ornamentais. 2012, 88f. Dissertação (Mestrado em Ciências do Esporte) Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2012.). Entretanto, a maior parte dos atletas da categoria sub-19 anos de Minas Gerais, de acordo com a fala dos treinadores, recebia geralmente apenas o apoio financeiro por parte dos pais para jogar basquetebol. Os pais, geralmente, não se interessavam em ir aos jogos e treinos dos filhos. Esse envolvimento parcial pode ser atribuído ao pouco conhecimento que os pais têm sobre o esporte e à diminuta possibilidade de esses atletas se tornarem profissionais. Porém, o estudo de Ferreira e Moraes (2012)Ferreira RM, Moraes LC. Influência da família na primeira fase de desenvolvimento da carreira de nadadores medalhistas olímpicos brasileiros. Motricidade 2012;8(2):42-51. mostrou que os pais apoiavam os seus filhos nadadores ao longo do desenvolvimento da carreira de forma mais ampla, até atingirem o nível de medalhistas olímpicos. Um dos nadadores comentou que os pais o ajudavam também na questão administrativa da carreira, como alimentação, transporte, moradia e parte financeira, no período em que esse indivíduo já era considerado atleta profissional.

Uma maior cumplicidade entre os pais e os treinadores, ou seja, uma melhor comunicação entre eles ajudaria muito na formação desses atletas. Hellstedt (1990)Hellstedt JC. Early adolescent perceptions of parental pressure in the sport environment. J Sport Behav 1990;13(3):135-44. considera que os pais podem ter um subenvolvimento na vida esportiva dos filhos e essa situação é marcada também pelo pouco envolvimento em atividades e contato com os treinadores. Conforme a fala dos treinadores, uma maior presença dos pais no cotidiano esportivo de seus filhos em Minas Gerais não está ligada à origem socioeconômica da família. O estudo de Götze e Becker Jr. (2002)Götze MM, Becker JR. A comunicação entre crianças, pais e treinadores na escolinha esportiva de basquete em aulas e eventos esportivos – a perspectiva a partir dos sujeitos. Movimento 2002;8(3):5-18. com atletas de escolinhas de iniciação ao basquetebol de um programa da Secretaria Municipal de Esportes de Porto Alegre também mostrou que os pais estavam poucos presentes no cotidiano de treinamentos dos filhos. Porém, neste estudo os pais estavam presentes com frequência nos jogos dos filhos, situação essa que permitia uma maior integração dos pais com os filhos e seus treinadores.

Contudo, estudos que procuraram investigar a influência dos pais na formação atlética dos filhos mostraram resultados que indicam que o envolvimento dos pais está intimamente ligado ao nível socioeconômico da família. Viana Júnior et al. (2001)Vianna NS Jr, Mourthé K, Salmela JH. The Role of Parents in the Development of Young Athletes in Rhythmic Gymnastics. In: ASSOCIATION FOR THE ADVANCEMENT OF APPLIED SPORT PSYCHOLOGY–2001, Orlando. Conference Proceedings, Orlando, Flórida. RonJon Publishing, Inc, p. 61, 2001., ao investigar o papel dos pais de classe média no desenvolvimento de atletas brasileiras de ginástica rítmica de nível nacional, ressaltaram que os pais apresentaram altos níveis de participação no treinamento das filhas e as apoiavam emocional e economicamente. Achados semelhantes foram encontrados, no contexto de classes favorecidas economicamente, por Moraes et al. (2004)Moraes LC, Sousa CD. As diferentes influências da tríade atletas-treinadores-pais na trajetória de desenvolvimento de judocas brasileiros de nível internacional. In: Silami-Garcia E, Lemos KLM. (Org). Temas Atuais em Educação Física e Esporte. Belo Horizonte, Editora Gráfica Silveira Ltda., 2004. ao pesquisar jovens tenistas brasileiros, por Ferreira e Moraes (2012)Ferreira RM, Moraes LC. Influência da família na primeira fase de desenvolvimento da carreira de nadadores medalhistas olímpicos brasileiros. Motricidade 2012;8(2):42-51. ao estudar nadadores medalhistas olímpicos brasileiros, por Ferreira (2012)Ferreira MC. Modelo brasileiro de treinamento expert de saltos ornamentais. 2012, 88f. Dissertação (Mestrado em Ciências do Esporte) Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2012. ao investigar o contexto dos atletas de saltos ornamentais de alto rendimento e Moraes et al. (2001)Moraes LC, Salmela JH, Rabelo AS, Lima MSO, Lôbo ILB. O Desenvolvimento de Jovens Atletas de Voleibol. In: VIII Congresso Brasileiro de Psicologia do Esporte. Anais. Belo Horizonte, 2001. ao verificarem o envolvimento dos pais com atletas de vôlei de classe média.

Moraes, Rabelo e Salmela (2004)Moraes LC, Rabelo AS, Salmela JH. Papel dos pais no desenvolvimento de jovens futebolistas. Psicologia: Reflexão e Crítica 2004;17(2):211-222., ao investigar o papel dos pais no desenvolvimento de atletas de categoria de base de futebol em Minas Gerais, relataram que os pais tiveram pouco envolvimento nas atividades dos filhos, de forma que o desenvolvimento desses atletas não pode ser atribuído à atuação dos pais. Os pais não participaram diretamente na escolha profissional dos filhos, nem tampouco estão envolvidos diretamente no processo de treinamento e, além disso, não alteraram suas rotinas para facilitar o crescimento dos filhos nos esporte. Muitos desses pais moravam longe do local de treinamento. A paixão dos filhos pelo esporte, vinculada com uma possível ascensão social por se tornar um jogador profissional, foi o principal motivo do envolvimento desses indivíduos no futebol. Tais famílias que participaram deste estudo foram identificadas como de baixo padrão socioeconômico.

Conclusão

O estudo mostrou que, tanto para os atletas profissionais quanto para os atletas da categoria sub-19 anos de Minas Gerais, o apoio dos pais, independentemente do nível socioeconômico da família, ao desenvolvimento esportivo dos filhos durante a categoria de base aconteceu de forma parcial, já que os pais apoiam os filhos financeiramente, mas não estão com frequência presentes a jogos e treinamentos. Não houve diferença do apoio dos pais no que se diz respeito à presença em jogos e treinamentos e apoio financeiro, entre os grupos, na comparação entre as fases de desenvolvimento. Os dados mostram que tanto o apoio financeiro dos pais quanto a presença deles nos jogos e treinamentos dos filhos, em ambos os grupos, foi menor a partir dos 16 anos, o que corrobora com o modelo de desenvolvimento de talentos de Bloom (1985)Bloom BS. Developing talent in young people. New York: Ballentine; 1985. e Côté (1999)Côté J. The influence of the family in the development of talent in sport. The Sport Psychologist 1999;13:395-417.. Os atletas prosseguiam no esporte mesmo com menos aportes financeiros dos pais. Uma das possibilidades para tal situação decorre de um maior recurso financeiro cedido pelas instituições esportivas.

Pode-se observar também que os pais dos atletas de basquetebol em Minas Gerais, de acordo como os treinadores da categoria sub-19 anos, fazem muita pressão para que os filhos deixem o basquetebol, principalmente aos 19 anos, para estudar ou trabalhar, já que na opinião da família a profissão de jogador de basquetebol muitas vezes não é um caminho viável.

Uma limitação deste tipo de estudo é que as respostas ao questionário representam uma estimativa acerca de um fenômeno, já que atletas responderam sobre o apoio dos pais de forma retrospectiva, de acontecimentos que se passaram no desenvolvimento de suas carreiras. Novas pesquisas, que colham a opinião dos atletas de basquetebol e seus respectivos pais podem auxiliar o entendimento sobre o apoio dos pais aos filhos atletas de basquetebol no contexto brasileiro.

Referências

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Apr-Jun 2016

Histórico

  • Recebido
    17 Out 2012
  • Aceito
    31 Ago 2013
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