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A voz de um gol: a narração de Víctor Hugo Morales do “Gol do século” de Maradona

The voice of a goal: the sports broadcasting by Víctor Hugo Morales of Maradona’s “Goal of the Century”

La voz de un gol: la narración de Víctor Hugo Morales de “Gol del Siglo” de Maradona

RESUMO

Este artigo objetiva analisar a narração de um dos mais aclamados gols da história do futebol mundial, o segundo gol de Diego Maradona contra a seleção da Inglaterra na Copa do Mundo FIFA de 1986 de Futebol Masculino. A partida de quartas de final do campeonato carregava, além da tradicional rivalidade esportiva, desavenças diplomáticas entre os dois países em decorrência da guerra das Malvinas, ocorrida alguns anos antes. Levando em consideração esse cenário, a narração de Víctor Hugo Morales evoca, através de uma linguagem do radialismo, diversos elementos representativos da trama esportiva: os desencadeamentos dos lances, suas imprevisibilidades e emoções despertadas. Através de sua análise foi possível identificar, além do intenso nacionalismo, aspectos que expressam fascínio e arrebatamento diante do instante esportivo presenciado e relatado.

Palavras-chave:
Futebol; Copa do Mundo; Rádio; História do esporte

ABSTRACT

This paper aims to analyze the broadcasting of one of the most considered celebrate goals in the history of global soccer, Diego Maradona’s second goal against the England national team during the 1986 men’s FIFA World Cup. This quarterfinal match carried, besides the traditional sporting rivalry, the diplomatic disagreement between the two nations due to the Falklands War, which occurred few years before. Considering this context, the Víctor Hugo Morales’ broadcasting of the second goal of the Argentina national team, brings up many representative elements to compose the sportive dynamics: the game highlights, the unpredictability and emotions aroused. Through the analyzes, it was possible to identify the intense nationalism, but also aspects that show the fascination and the rapture in face of the sporting moment witnessed and reported.

Keywords:
Soccer; World Cup; Radio; History of sport

RESUMEN

Este artículo objetiva analizar la narración de uno de los goles más aclamados en la historia del fútbol mundial, el segundo gol de Diego Maradona contra la selección de Inglaterra en la Copa Mundial de la FIFA de 1986. El partido de cuartos de final acarreó, además de la tradicional rivalidad deportiva, desavenencias diplomáticas entre los países como resultado de la Guerra de las Malvinas, que tuvo lugar unos años antes. Teniendo en cuenta este escenario, la narración de Víctor Hugo Morales evoca, a través de un lenguaje de la radiodifusión, varios elementos representativos de la trama deportiva: los resultados de los movimientos, su imprevisibilidad y emociones despiertas. A través de su análisis, fue posible identificar, además de un nacionalismo intenso, aspectos que expresan fascinación y éxtasis ante el momento deportivo presenciado y reportado.

Palabras-clave:
Fútbol; Copa del Mundo; Radio; Historia del deporte

INTRODUÇÃO

O esporte possui diversas narrativas. Algumas baseada em aspectos inerentes à natureza do jogo, isto é, aplicações de regras, lances diversos, modificações de jogadores, pontuações. Possui ainda narrativas que lhe são extrínsecas, embora também determinantes, que não pertencem essencialmente à esfera do tempo e espaço do jogo, como a fase do campeonato, a importância da partida, a rivalidade com o adversário, o momento político da equipe, da cidade, do país o qual ou a qual se representa.

O “Gol do século”1 1 Este gol foi eleito em 2002 pelo site da FIFA o “Gol do século”. Ver em: Folha de S. Paulo (2002). Para assistir ao gol ver: YouTube (2011). , como ficou conhecido o segundo gol de Diego Armando Maradona contra a seleção da Inglaterra nas quartas de final da Copa do Mundo FIFA de 1986 de Futebol Masculino, é rico em narrativas a partir de diversos prismas. Dois episódios destacam-se para preambular a narrativa desse gol, são eles a guerra das Malvinas e o primeiro gol da partida, também conhecido como “La mano de Dios” (YouTube, 2017Youtube. Víctor Hugo: La mano de Dios y el después. 22 jun. 2017 [citado 2021 abr 30]. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=qjb0PtbTjx0
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).

Quatro anos antes da Copa do Mundo FIFA de 1986, os exércitos da Argentina e do Reino Unido se enfrentavam no conflito armado que ficou conhecido como guerra das Malvinas, em que se disputava a soberania sobre os arquipélagos localizados no sul do Atlântico. O desfecho da guerra foi favorável ao Reino Unido, sendo a Inglaterra sua maior potência. Por outro lado, o exército argentino foi derrotado, resultando inclusive na queda da Junta Militar então no poder do país.

A partida, certamente, não era mais uma batalha da guerra, mas não considerar sua contextualização do evento esportivo é destituí-la de parte da sua narrativa. A guerra não estava em continuação, entretanto ela estava ali presente, no imaginário, acirrando a disputa, acentuando a rivalidade, e, assim como o futebol, operando nos ritos de cultivo das identidades nacionais em enfrentamento. De fato, há interpretações, como a de Sedda (2010)Sedda F. Maradona e a explosão: das mãos de Deus ao poema de gol. dObra[s] Rev Assoc Bras Estud Pesqui Moda. 2010;4(9):92-9. http://dx.doi.org/10.26563/dobras.v4i9.211.
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, de que o episódio remontava, ainda que de forma transfigurada, à questão mais antiga do colonialismo europeu. Mais que dois países, era possível estender os sentidos da guerra e, em alguma medida, também da partida, para relação de poder entre dois continentes: as antigas metrópoles-dominadoras (Europa) e as colônias-dominadas (América).

O outro episódio bastante marcante que antecedeu o “Gol do século” foi o primeiro gol da mesma partida marcado também por Diego Maradona, o gol de mão, que iria evocar a guerra numa discussão que passou a ter como tema central a ética. Um gol de mão ilegal validado pela arbitragem nas quartas de final de uma Copa do Mundo FIFA certamente seria majoritariamente reprimido pela imprensa, pela organização, por parte da torcida, às vezes pelo próprio jogador, mas não foi o caso. O gol era contra a seleção da Inglaterra quatro anos após uma guerra que havia devastado o exército argentino. A vingança, ainda que não estivesse sendo feita sobre princípios das regras do jogo, tinha conotações de justiça. Afinal, a guerra, do ponto de vista argentino, não havia sido justa diante da desproporção que separava a expressão econômico-militar de ambos os países envolvidos. Evidentemente não se vingava a guerra, mas um mesmo código simbólico e linguístico entre jogo e guerra, bastante explorado por Huizinga (2004)Huizinga J. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 5. ed. São Paulo: Perspectiva; 2004., se operava: da conquista, do domínio, do avanço e, por outro lado, da derrota, da eliminação, da frustração.

A aproximação dos eventos era feita, como indica Ciccone (2019)Ciccone CS. Entre “pibes”, “héroes” y una “graciosa majestad”. Crónica y las representaciones sociales de actores extra-deportivos argentinos e ingleses en la cobertura del Mundial de México 86. In: VI Jornadas de Investigación en Humanidades: Homenaje a Cecilia Borel; 2019; Bahía Blanca. Anales. Bahía Blanca: Editorial de la Universidad Nacional del Sur; 2019. p. 1577-1587., pela imprensa que explicitamente politizava a Copa do Mundo FIFA de 1986 no México, fundamentalmente essa partida entre Argentina e Inglaterra. Vínculos eram estabelecidos através do sentimento de um conflito no resuelto e a possibilidade de um desfecho distinto. Inclusive, acionou-se ex-combatentes sobreviventes de confrontos da guerra das Malvinas como depoentes em reportagens esportivas que antecediam o jogo2 2 No contexto da imbricação dos eventos bélicos e esportivos entre Argentina e Inglaterra, o autor ainda sugere que expressões de alteridade, como os otros em oposição de nosostros, remetiam não só aos ingleses, mas também aos membros do Regime Civil Militar, que estava então no poder na Argentina. Parte dos combatentes e da sociedade civil culpabilizava decisões do regime no desfecho da guerra das Malvinas. Em alguma medida, esse sentimento de ressentimento em relação ao regime ditatorial argentino foi estendido também ao evento esportivo (Ciccone, 2019). .

O gol de mão, portanto, deve ser pensado nesse cenário. Se para os ingleses a mão de Maradona representava irregularidade, imoralidade, injustiça, na perspectiva argentina ela irrompia como reparação. “La mano de Dios”, como o confessou seu autor3 3 No final da partida, ao ser perguntado sobre o uso da mão, Diego Armando Maradona teria respondido com a seguinte frase: “Lo marqué un poco con la cabeza y un poco con la mano de Dios”. Ver em: Palumbo (2016). , evocava a justiça para além do sentido vingativo da guerra, era a justiça divina, superior, irreparável, precisa e pura que passava a compor a trama:

Existe, realmente, tudo naquela definição calorosa dada por Maradona – “a mão de Deus” – que passará a ser a “voz do povo” (seguramente do povo argentino). Reivindicada assunção de um gesto irregular, imprevisível, imoral, delega, aquele mesmo gesto, a uma unidade sagrada, um destinatário – traduzindo semioticamente – que vai avante rompendo as regras, por um bem e uma justiça superior, para reconstruir a trama de uma narração que é muito mais – inicia antes e vai além – daquela partida de futebol. (Sedda, 2010Sedda F. Maradona e a explosão: das mãos de Deus ao poema de gol. dObra[s] Rev Assoc Bras Estud Pesqui Moda. 2010;4(9):92-9. http://dx.doi.org/10.26563/dobras.v4i9.211.
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, p. 94).

Entretanto, a famosa denominação do gol e sua maior repercussão em relação à mobilização da noção de justiça não estavam estabelecidas no momento do segundo gol. Afinal, foram apenas cinco minutos que os separaram. Cabe, contudo, diante desse preâmbulo, considerar que a narração de Víctor Hugo Morales do segundo gol de Maradona era atravessada por narrativas complexas. Em síntese, era um duelo esportivo que evocava o recente conflito bélico, amalgamando-se os eventos sob um mesmo dispositivo emocional da nacionalidade argentina. Adiciona-se no decorrer da partida o gol de mão, complexificando ainda mais a trama ao suscitar ao evento noções de justiça.

VÍCTOR HUGO MORALES E A NARRAÇÃO ESPORTIVA COMO FONTE

Evidenciados aspectos essenciais do preâmbulo do gol aqui analisado, cabe apresentar o produtor da fonte e o caráter dessa fonte oral, já que é a partir deles que a narrativa se desenrola. A fonte oral designada é uma narração de rádio produzida por Víctor Hugo Morales, jornalista uruguaio radicado na Argentina desde o começo da década de 1980. Saído de seu país de origem por perseguição política decorrente da ditadura civil militar no poder entre os anos de 1973 até 1985, Morales dá seguimento à carreira de jornalista esportivo no país vizinho. Apesar da jornada em outras emissoras anteriormente e posteriormente à 1986, ano do mundial no México, no período sua narração foi transmitida pela Rádio Argentina, uma emissora tradicional e de grande circulação no país (Milito, 2017Milito, C. Relatores El Fútbol va con vos: de la radio a la aplicación. El relato deportivo en la radio. Actas de Periodismo Commun. 2017;3(2).).

Embora atualmente Víctor Hugo Morales seja um jornalista bastante conhecido na Argentina, seja pela notoriedade de suas narrações nos momentos célebres do futebol nacional, seja por suas colocações políticas e envolvimento nos conflitos contra o monopólio midiático do grupo Clarín, no período da Copa do Mundo FIFA, sua atuação concentrava-se sobretudo na esfera esportiva, com popularidade certamente mais circunscrita.

Em entrevistas, Morales não esconde seu gosto pela literatura. Rememora, inclusive, à Revista Anfibia uma conversa que tivera com Maradona em escala de um voo nas eliminatórias da Copa do Mundo FIFA de 1986 no México. Ao encontrar o jornalista no fundo do avião lendo um livro de Julio Cortázar, o jogador teria perguntado de qual autor tratava-se, e após a resposta teriam começado ali, às três horas da manhã, uma conversa sobre o escritor argentino (Fornaro e Becerra, 2021Fornaro A, Becerra M. El lado VH de la vida. Anfíbio [Internet]. 2021 [citado 2021 abr 30]. Disponível em: http://revistaanfibia.com/cronica/el-lado-vh-de-la-vida/
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). De fato, Morales confessa gostar muito de arte, frequentar teatros, óperas, museus. Em boa medida, é um sujeito que reúne cultura de massa e “alta cultura” em suas transmissões. Em suas próprias palavras:

Para mí es todo parte de lo mismo. Porque lo mío no es el fútbol, lo mío es la radio. Yo no sé si iría al fútbol habitualmente, lo dudo. De hecho no es mi deporte favorito ni mucho menos. Mi hijo fue mucho más conmigo a la ópera que al fútbol. Me cuesta decirlo porque parezco un ingrato. No hay una ruptura real entre el relato y la ópera. Es todo parte de mi mundo. (Fornaro e Becerra, 2021Fornaro A, Becerra M. El lado VH de la vida. Anfíbio [Internet]. 2021 [citado 2021 abr 30]. Disponível em: http://revistaanfibia.com/cronica/el-lado-vh-de-la-vida/
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).

Não à toa a força poética da narração do “Gol do século” chamou atenção pela sua fluidez extasiante, pelo uso de metáforas e expressões de forte carga emocional e estética. O narrador, portanto, é conhecido, de acordo com Milito (2017)Milito, C. Relatores El Fútbol va con vos: de la radio a la aplicación. El relato deportivo en la radio. Actas de Periodismo Commun. 2017;3(2)., por sua inquietude cultural, sua busca por caminhos criativos e pelo apelo à beleza das palavras, ao mesmo tempo que não renuncia à precisão da informação e o aparato crítico.

Nesse sentido, além de aspectos das idiossincrasias de Morales, o rádio é um meio em que a emoção, a eloquência, a expressividade por meio da oralidade são essenciais na sua composição (César, 2005César C. Rádio: a mídia da emoção. São Paulo: Summus; 2005.; Ferraretto, 2014Ferraretto LA. Rádio: teoria e prática. 1. ed. São Paulo: Summus; 2014.). Sobretudo no futebol, em que a instantaneidade e o dinamismos são intensificados pelo aspecto imprevisível do jogo, dos desfechos dos lances, da imprecisão entre o que ocorre no campo e o que se vê da cabine. Ao ser os olhos do ouvinte e o motor de sua comoção, o locutor combina, de acordo com Soares (1994Soares E. A bola no ar: radio esportiva em São Paulo. São Paulo: Summus; 1994., p. 61), a “[...] criação de códigos de fácil compreensão por quem tenha um conhecimento prévio do futebol (dimensões e desenho do campo, posição e formato do gol, regras do jogo)”, usando uma linguagem que recria “[...] o ambiente e os movimentos da partida, acrescentando-lhes entusiasmo e multiplicando suas emoções”.

Ao eleger a narração de um gol transmitida na rádio como fonte oral, deve-considerar o caráter do que é relatado. No caso, uma partida de futebol de Copa do Mundo prenhe de êxtase, euforia, arrebatamento, características tão caras aos jogos, conforme Roger Callois (2017)Callois R. Os jogos e os homens: a máscara e a vertigem. Petrópolis: Vozes; 2017.. O rádio, como meio tecnológico utilizado na narração do jornalista Morales, possui linguagem própria, reunindo o discurso descritivo com a retórica criativa, expressiva e emotiva. Diferentemente de outras fontes orais, as quais a relação entre memória e história são justapostas, a locução no rádio tem caráter de simultaneidade, instantaneidade, espontaneidade em relação ao evento, embora evidentemente isso não torne a fonte menos ou mais verossímil. Afinal, o que se privilegia aqui no trato do documento, conforme o diferencia Voldman (2006)Voldman D. Definições e usos. In: Ferreira M, Amado J, editores. Usos & abusos da história oral. Rio de Janeiro: Editora FGV; 2006, p. 33-43., é menos a precisão factual e a informação do evento em si, e mais a revelação dos interstícios dos discursos, os modos de dizer.

O instante do gol, narrado por Víctor Hugo Morales, compartilhado com diversos sujeitos e reproduzido inúmeras vezes significou a apresentação do fato, mas também a interpretação do locutor, afinal “[...] acontecimentos e significações aparecem de forma imbricada” (Cardoso, 2010Cardoso, H. Nos caminhos da História Social: os desafios das fontes orais no trabalho do historiador. História & Perspectivas (UFU). 2010; 23:31-47., p. 47). Ao relatar o gol, o símbolo máximo do futebol, o locutor evocou através do que é dito e como é dito aspectos duplos e complementares: por um lado, o gol como inspiração à narração, por outro a narração como representação daquele gol.

ES PARA LLORAR: O “GOL DO SÉCULO” POR VÍCTOR HUGO MORALES

A ampla popularidade do futebol vem sendo explicada por sua capacidade de integração, identificação, coesão. Esporte coletivo, com diversidades de funções e qualidades dentro do campo, foi uma prática de identificação dos desterritorializados dentro das metrópoles desde o final do século XIX, segundo a visão do historiador Nicolau Sevcenko (1994)Sevcenko N. Futebol, metrópoles e desatinos. Rev USP. 1994;(22):30-7. http://dx.doi.org/10.11606/issn.2316-9036.v0i22p30-37.
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Décadas depois, a adesão menor no exercício da prática em si, e mais na sua espetacularização, vai ter um sentido ritualístico na medida em que o drama que se desenrola no campo é compartilhado entre jogadores e torcedores. O espetáculo não é só íntimo aos que estão ali presentes no estádio, mas também a todos que acompanham a cobertura transmitida pelos veículos da imprensa (Byington, 1982Byington CA. O arquétipo da alteridade e a riqueza simbólica do futebol: uma contribuição da Psicologia Simbólica Jungiana. Rev Psicol Atual. 1982;25:1-24.). O rádio, como importante intermediador, ativa e alimenta essa identificação dramática, antes, durante e após as partidas4 4 Carlos Milito (2017) destaca a importância do rádio e transmissões sonoras até os dias atuais no contexto do futebol argentino. .

De acordo com Byington (1982)Byington CA. O arquétipo da alteridade e a riqueza simbólica do futebol: uma contribuição da Psicologia Simbólica Jungiana. Rev Psicol Atual. 1982;25:1-24., o gol é o maior símbolo do futebol, pois é nele que se manifestam indícios norteadores de sua dinâmica emocional. O gol remonta, para quem o sofreu, a uma morte simbólica ao mesmo tempo que permite a continuidade do ciclo com um reinício, uma ressureição ao bater o centro novamente. A vivência de sofrer e a vivência de fazer um gol são polos inseparáveis, capilarizando-se em sentimentos de alegria e tristeza, euforia e depressão, realização e frustração.

A propósito, outras antíteses acrescentavam-se no caso analisado. Primeiramente, os sentimentos de justiça e injustiça no primeiro gol. Enquanto jogadores argentinos celebravam, na narração de Morales, “[...] los ingleses entregaban todo tipo de justificadas protestas para mi” (YouTube, 2017Youtube. Víctor Hugo: La mano de Dios y el después. 22 jun. 2017 [citado 2021 abr 30]. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=qjb0PtbTjx0
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). Já o segundo gol, regular, com os pés, vai legitimar o êxtase do narrador, se comparado com o tom de autorrepreensão diante do gol de mão. Algo de engasgado aparecia no tom de Morales instantes após esse gol:

El gol fue con la mano, lo grito con el alma pero tengo que decirles lo que pienso./Solo espero que me digan desde Buenos Aires, si están mirando el partido en televisión ahora mismo, por favor si fue válido el gol de Maradona, aunque el árbitro lo vio. /Argentina está ganando por 1 a 0. Y que Dios me perdone lo que voy a decir. Contra Inglaterra hoy, aún así, con un gol con la mano, ¿que quiere que le diga? (YouTube, 2017Youtube. Víctor Hugo: La mano de Dios y el después. 22 jun. 2017 [citado 2021 abr 30]. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=qjb0PtbTjx0
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).

Nesse trecho, Morales confronta seus dispositivos emocionais com os racionais, expressos sobretudo na frase grito en el alma, pero tengo que decirles lo que pienso. Ainda que tenha uma opinião em relação ao lance, demanda uma revisão a partir da televisão e solidariza-se com o árbitro. É uma celebração com ressalvas, um êxtase não consumado, inexoravelmente Morales prioriza um tom escrupuloso nessa narração. Pede indulgência divina frente à irregularidade, como se estivesse pedindo perdão pela felicidade proibida, mas, conformado, não foge à ambivalência a qual está submetido quando pergunta com embaraço: ¿que quiere que le diga?

O segundo gol, portanto, viria cinco minutos após a euforia sufocada do primeiro. Se no gol de mão o tom conformado e judicioso predomina, no gol posterior a narração expressa-se com um progressivo entusiasmo culminando, após o fato consumado, em uma apoteose inflamada:

La va a tocar para Diego, ahí la tiene Maradona, lo marcan dos, pisa la pelota Maradona/ Arranca por la derecha el genio del fútbol mundial, y deja el terceiro y va a tocar para Burruchaga /¡Siempre Maradona!/ ¡Genio! ¡Genio! ¡Genio! Ta-ta-ta-ta-ta-ta-ta/ ¡¡GOOOOOOOOL!!! ¡¡¡¡GOOOOOL!!!! /¡Quiero llorar!/ ¡Dios Santo, viva el fútbol!/ ¡Golaaazooo! /¡Diegoooool! /¡Maradona!/ Es para llorar, perdónenme/ Maradona, en recorrida memorable, en la jugada de todos los tempos/ Barrilete cósmico/¿De qué planeta viniste para dejar en el camino a tanto inglés, para que el país sea un puño apretado gritando por Argentina?/ Argentina 2 - Inglaterra 0/ Diegol, Diegol, Diego Armando Maradona/ Gracias, Dios, por el fútbol, por Maradona, por estas lágrimas, por este Argentina 2 - Inglaterra 0 (Youtube, 2011YouTube. Maradona Goal of the Century – Víctor Hugo Morales commentary – Argentina-England 2-1 1986. 10 jul. 2011 [citado 2021 abr 30]. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=1wVho3I0NtU
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).

No início do relato, desde quando a bola chega a Maradona até a expressão ¡Siempre Maradona!, a narração é de caráter ainda bastante descritiva e visual, modelada pela emoção na aceleração da voz na medida em que o jogador aproxima-se da área. Depois de ter a posse de bola, diversos lances e seus desfechos se desenrolam numa velocidade que mal cabe em uma oração, mas que captam a destreza do jogador. De início é marcada a situação de inferioridade em que se encontra Maradona (lo marcan dos), em seguida pisa na bola, como sendo um desfecho de desvencilhar-se da marcação dupla, e arranca pela direita, driblando um terceiro jogador. Após os dribles, o próprio narrador é driblado ao anunciar um lance não consumado: y va a tocar para Burruchaga; mas prontamente contradiz-se e anuncia que é Maradona que segue com a bola, sempre ele.

A gradação, como recurso estilístico bastante utilizado por narradores conforme Götz (2015)Götz CAF. Narração de futebol no rádio: uma proposta de análise retórica. Revista Rádio-Leituras. 2015;7(1):60-85., segue no discurso de Morales em ritmo ascendente. A intensidade aproxima-se do clímax quando o narrador então começa a usar outro recurso expressivo: a repetição. Ao pronunciar três vezes ¡Genio!, certamente está enfatizando tudo que antecedeu esse instante, os lances que Maradona percorreu e enfrentou para estar ali, além da fama que o jogador já possuía. Seguidamente, outra repetição desponta, a sílaba ta enunciada sete vezes em tom também ascendente: Ta-ta-ta-ta-ta-ta-ta-ta. Nesses dois momentos, bem como posteriormente, o discurso de Morales deixa de ser predominantemente visual e descritivo. Um duplo sentido manifesta-se no recurso da repetição: a expectativa e a intensidade. A expectativa porque é nesse momento que se opera a intermediação do início do lance, que no futebol majoritariamente é insignificante dada a variabilidade da posse de bola, com o seu possível desfecho decisivo. E a intensidade, expressa pela crescente tônica na pronúncia, pois se está diante de um instante incontornável, porém efêmero. O esporte como triunfo do instante, que não se repetirá mais em tempo real já que são “[...] movimentos que convergem numa forma que se revela no momento que em que começa a desaparecer” (Gumbrecht, 2007Gumbrecht HU. Elogio da beleza atlética. São Paulo: Companhia das Letras; 2007., p. 22-23).

A expressão silábica quase infantil ta-ta-ta de Morales é a voz do instante esportivo decisivo experienciado, não enunciável senão pela emoção. Nada mais importava naquele momento, nada mais podia ser dito, era a exclamação máxima da expectativa e da intensidade do lance.

A intensidade do instante ia avultando-se conforme Maradona aproximava-se da área e, consequentemente, do gol. No esforço de pensar o símbolo da meta, Byington (1982Byington CA. O arquétipo da alteridade e a riqueza simbólica do futebol: uma contribuição da Psicologia Simbólica Jungiana. Rev Psicol Atual. 1982;25:1-24., p. 11) explora seu sentido dramático na narrativa do futebol: “Ela está dentro e fora do campo, assim como o goleiro faz parte do time, mas se situa fora das regras dos outros. É que a meta se acha associada ao centro do espetáculo e, por isso, é a parte mais sagrada e íntima de todo o espaço dramático”. Ela é o lugar onde o espetáculo atinge o êxtase, é o altar, o espaço sacralizado da dinâmica emocional do jogo.

Após o desfecho do lance, o berro vibrante de gol ecoa alongado e repetido por duas vezes. A partir desse momento, uma espécie de frenesi, de arroubamento invade a narração de Morales. A comoção desmedida, a apoteose de Maradona e a gratidão divina misturam-se no discurso com a capacidade expressiva e um tanto poética do narrador, nitidamente admirado por aquele instante que acabava de testemunhar. Não só anunciava, como realçava a sua comoção na sequência progressiva: ¡Quiero llorar!, com sentido de intenção; Es para llorar, com sentido imperativo; Gracias Dios (...) por estas lágrimas, com sentido consumado.

O pedido de perdão quando se entrega ao choro, ao mesmo tempo que expressa a autorrepreensão do narrador diante de seu ímpeto emocional, demonstra o próprio fracasso diante dessa repreensão. Diferentemente do primeiro gol, em que certa sobriedade se sobrepõe após o grito do gol, nessa narração a tentativa de comedimento é falha, o que em certa medida torna a narrativa ainda mais dramática, pois as lágrimas caíram apesar da sua resistência. De fato, anos depois Víctor Hugo Morales declarou em entrevista que passou anos sentindo vergonha diante de seu suposto descontrole no momento da narração desse gol: “Hubo una época que, ante el gol, tenía la sensación de que alguien me había filmado corriendo, desnudo y borracho por la calle. Me daba temor descubrirme de esa manera. El gol es como un striptease espiritual” (Cazon, 2011Cazon P. Com el gol sentí como si me hubiesen filmado borracho y desnudo. Más Fútbol; 20 abr. 2011 [citado 2021 Abr 30]. Disponível em: https://as.com/futbol/2011/04/20/mas_futbol/1303280861_850215.html021
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).

Além de sua comoção, em seu discurso, como numa oração, Morales agradece a Deus, como se alguma providência divina houvesse sido responsável pelo fantástico acontecido. Há também o agradecimento e o brado de viva, palavra de sentido festivo, celebrativo. Os enunciados Viva el fútbol e Gracias Dios por el fútbol demonstram o maravilhamento do narrador diante do gol a ponto de expandir seu sentido para fora da partida, ele é o que há de mais sublime no futebol, é o supremo da beleza daquele esporte.

Em investigação sobre o fascínio pelo esporte, Hans Ulrich Gumbrecht (2007)Gumbrecht HU. Elogio da beleza atlética. São Paulo: Companhia das Letras; 2007. questiona interpretações que não invocam a estética como elemento essencial na atração de milhares de indivíduos, preferindo explicações que se restringem à alívio de tensões, compensação de outras formas de perda ou como apenas uma expressão do entretenimento capitalista. Em suas palavras, “[...] ao que parece, não achamos apenas difícil elogiar o esporte, também achamos difícil admitir que o fascínio pelo esporte possa ter raízes respeitáveis no âmbito do apelo estético” (Gumbrecht, 2007Gumbrecht HU. Elogio da beleza atlética. São Paulo: Companhia das Letras; 2007., p. 36).

A narração de Morales é farta de admiração diante do belo, do improvável. De forma apoteótica, o narrador clama pelo seu autor e então estabelece que algo grandioso acabava de se suceder, inclusive seu relato pode ter sido decisivo para o título adotado de “Gol do século” décadas depois, ao anunciar Maradona, en recorrida memorable, en la jugada de todos los tempos. Em seguida, faz uso de mais um recurso expressivo a partir de uma figura retórica, um tipo de metonímia chamada de antonomásia, que consiste na substituição de um nome próprio por um comum, bastante utilizada por radialista, de acordo com Götz (2015)Götz CAF. Narração de futebol no rádio: uma proposta de análise retórica. Revista Rádio-Leituras. 2015;7(1):60-85.. A expressão Barrilete Cósmico para referir-se a Maradona é um apelido que, além de adornar a narrativa, demonstra admiração e carinho por parte do narrador, que representa nesse momento apoteótico o lugar também do torcedor. O barrilete, que em português do Brasil significa pipa, um brinquedo que voa e, portanto, exprime leveza e liberdade, vai atribuir ao jogador características similares realocadas ao campo em agilidade, ligeireza e destreza. O adjetivo cósmico vai remeter ao sentido sobre-humano, enigmático, misterioso do gênio. A imprevisibilidade à vista do jogo desenvolve-se principalmente com os pés, membros cujo controle é menos refinado se comparado com os membros superiores, vai muitas vezes atribuir ao acaso, à chance, ao destino, à criatividade mais destaque do que explicações lógicas. O gol, então, surge como uma espécie de revelação, uma solução misteriosa, sobretudo gols inacreditáveis e improváveis vão assimilar-se à sensação da efetivação de um milagre (Byington, 1982Byington CA. O arquétipo da alteridade e a riqueza simbólica do futebol: uma contribuição da Psicologia Simbólica Jungiana. Rev Psicol Atual. 1982;25:1-24.). Esta parece ser a representação de Víctor Hugo Morales a respeito do gol de Maradona, a partir da fonte eleita.

Endossando o tom enigmático, mas, ao mesmo tempo, articulando-o com outro elemento, o narrador lança a seguinte pergunta: ¿De qué planeta viniste para dejar en el camino a tanto inglés, para que el país sea un puño apretado gritando por Argentina? Se na primeira frase a admiração ainda está voltada para o êxtase da jogada, dos tantos dribles e obstáculos enfrentados pelo jogador, na segunda as consequências de seu feito reverberam para além da esfera do jogo. O sentimento nacionalista é afirmado através de um enunciado bastante imagético de uma multidão de punho fechado gritando pelo nome de seu país. Certamente, sentimento que estava potencializado dado o cenário de enfrentamento bélico das duas nações poucos anos antes na guerra das Malvinas.

É curioso notar, entretanto, que ainda assim subsiste algo de enigmático na narrativa ao atentar-se à pergunta ¿De qué planeta viniste? A colocação da pergunta sugere que Maradona não seja argentino, e sim algo superior a isso, é um salvador além do dispositivo da nacionalidade, de outro planeta inclusive, embora tenha tido a providência a favor de um país. No relato, apesar da intensa carga nacionalista bastante comum nas narrações esportivas, conservou-se ainda o caráter universalista do esporte, e não só tendo em vista o compartilhamento da prática sob instância das mesmas regras, mas também em grande medida no fascínio diante da beleza do instante esportivo e da incredulidade que ele desperta.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Evidenciaram-se neste artigo os interstícios da narração radialista de Víctor Hugo Morales do segundo gol de Maradona na partida entre as seleções de Argentina e Inglaterra nas quartas de final da Copa do Mundo FIFA de 1986 no México. Muito mais que uma descrição do gol, analisar essa fonte oral revelou o imbricamento daquele instante com outros eventos de cunho geopolíticos, nomeadamente a guerra das Malvinas, que havia ocorrido anos antes da partida. A complexificação do evento intensifica-se com introjeção na narrativa do gol de mão, “La mano de Dios”, do mesmo jogador Diego Maradona, apenas cinco minutos antes.

A partir do prisma da guerra e do sentimento de nacionalismo, o “Gol do século”, evento aqui analisado a partir da narração de Morales, emerge como uma reparação legítima diante desses dois fatos que o antecederam. Era um gol regular segundo as regras, executado com os pés, parte do corpo mais representativa para o futebol, e fruto de uma jogada excepcional de avanço ao campo adversário pelo jogador mais aclamado da seleção argentina. Portanto, era o grito legítimo dos vencidos no terreno do esporte transfigurado a partir da memória latente da guerra.

Por outro lado, devido ao encontro das genialidades de Maradona com a de Víctor Hugo Morales, o gol desperta ainda o sentimento de fascínio diante do instante esportivo intensificado pela capacidade narrativa do locutor. Se Maradona encanta com sua destreza ao driblar tantos jogadores ingleses, de forma consonante, o jogo com as palavras que se valeu Morales, sujeito de formação cultural afeito à arte em sua expressão popular e erudita, criou uma áurea efusiva e célebre para o instante. A sincronia entre o que ocorria em campo e o era transmitido na rádio possibilitou a exteriorização da forte carga emocional do momento, através de uma linguagem intensamente expressiva, criativa e original. Ao mesmo tempo que era uma manifestação do sujeito narrador diante do ocorrido, ao ser compartilhada com os ouvintes produziu uma experiência comum, o que evidencia a importância da mídia como mecanismo de representação do esporte.

A análise da narração de Víctor Hugo Morales do “Gol do século” de Maradona na Copa do Mundo FIFA de 1986, portanto, permitiu uma interpretação do episódio em que se considera a expressão de duas narrativas. Uma extrínseca à natureza própria do jogo, para além da esfera esportiva, no caso o uso político para incitação do sentimento nacionalista argentino. A outra narrativa é expressão intrínseca ao jogo, o arrebatamento, o maravilhamento, a intensidade da concentração, elementos que a excelência da beleza atlética proporciona, segundo Gumbrecht (2007)Gumbrecht HU. Elogio da beleza atlética. São Paulo: Companhia das Letras; 2007., e que são característicos no fascínio pelo esporte moderno.

FINANCIAMENTO

  • 1
    Este gol foi eleito em 2002 pelo site da FIFA o “Gol do século”. Ver em: Folha de S. Paulo (2002). Para assistir ao gol ver: YouTube (2011)YouTube. Maradona Goal of the Century – Víctor Hugo Morales commentary – Argentina-England 2-1 1986. 10 jul. 2011 [citado 2021 abr 30]. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=1wVho3I0NtU
    https://www.youtube.com/watch?v=1wVho3I0...
    .
  • 2
    No contexto da imbricação dos eventos bélicos e esportivos entre Argentina e Inglaterra, o autor ainda sugere que expressões de alteridade, como os otros em oposição de nosostros, remetiam não só aos ingleses, mas também aos membros do Regime Civil Militar, que estava então no poder na Argentina. Parte dos combatentes e da sociedade civil culpabilizava decisões do regime no desfecho da guerra das Malvinas. Em alguma medida, esse sentimento de ressentimento em relação ao regime ditatorial argentino foi estendido também ao evento esportivo (Ciccone, 2019Ciccone CS. Entre “pibes”, “héroes” y una “graciosa majestad”. Crónica y las representaciones sociales de actores extra-deportivos argentinos e ingleses en la cobertura del Mundial de México 86. In: VI Jornadas de Investigación en Humanidades: Homenaje a Cecilia Borel; 2019; Bahía Blanca. Anales. Bahía Blanca: Editorial de la Universidad Nacional del Sur; 2019. p. 1577-1587.).
  • 3
    No final da partida, ao ser perguntado sobre o uso da mão, Diego Armando Maradona teria respondido com a seguinte frase: “Lo marqué un poco con la cabeza y un poco con la mano de Dios”. Ver em: Palumbo (2016Palumbo, B. Maradona 56 anos: confira narrações históricas do gol “la mano de Dios”. Torcedores.com; 30 out. 2016 [citado 2021 Abr 30]. Disponível em: https://www.torcedores.com/noticias/2016/10/maradona-56-anos-do-gol-la-mano-de-dios
    https://www.torcedores.com/noticias/2016...
    ).
  • 4
    Carlos Milito (2017)Milito, C. Relatores El Fútbol va con vos: de la radio a la aplicación. El relato deportivo en la radio. Actas de Periodismo Commun. 2017;3(2). destaca a importância do rádio e transmissões sonoras até os dias atuais no contexto do futebol argentino.
  • O presente trabalho não contou com apoio financeiro de nenhuma natureza para sua realização.

REFERÊNCIAS

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    03 Dez 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    30 Out 2021
  • Aceito
    02 Nov 2021
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