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Satisfação no trabalho e qualidade de vida de docentes de Educação Física da Grande Florianópolis

Job satisfaction and quality of life of teachers of Physical Education in Grande Florianópolis

Satisfacción laboral y calidad de vida de los maestros de Educación Física de la Grande Florianópolis

RESUMO

Objetivou-se correlacionar a satisfação no trabalho e a qualidade de vida de 297 docentes de Educação Física. Os instrumentos utilizados foram os questionários sociodemográfico, QVT-PEF e WHOQOL-bref, empregando-se os testes Friedman e correlação de Spearman. Os resultados indicaram correlação positiva e significativa na comparação interna, tanto da satisfação no trabalho quanto da qualidade de vida. Contudo, a correlação entre os construtos foi considerada insuficiente para indicar relação entre eles. Em conclusão, os docentes de Educação Física apresentaram-se satisfeitos no trabalho e avaliaram positivamente os domínios da qualidade de vida, apesar de se constatar que a satisfação no trabalho não influenciou a percepção da qualidade de vida destes docentes.

Palavras-chave:
Satisfação no emprego; Qualidade de vida; Professores escolares; Educação física

ABSTRACT

The objective was to correlate job satisfaction and quality of life of 297 Physical Education teachers. The instruments used were the sociodemographic, QVT-PEF and WHOQOL-bref questionnaires, using the Friedman and Spearman correlation tests. The results indicated a positive and significant correlation in the internal comparison, both for job satisfaction and quality of life. However, the correlation between the constructs was considered insufficient to indicate a relationship between them. In conclusion, Physical Education teachers were satisfied at work and positively evaluated the domains of quality of life, despite the fact that job satisfaction did not influence the perception of quality of life by these teachers.

Keywords:
Job satisfaction; Quality of life; School teachers; Physical education

RESUMEN

El objetivo fue correlacionar la satisfacción en el trabajo y la calidad de vida de 297 maestros de Educación Física. Los instrumentos utilizados fueron los cuestionarios sociodemográficos, QVT-PEF y WHOQOL-bref, utilizando las pruebas de correlación de Friedman y Spearman. Los resultados indicaron una correlación positiva y significativa en la comparación interna, tanto para la satisfacción laboral como para la calidad de vida. Sin embargo, la correlación entre los constructos se consideró insuficiente para indicar una relación entre ellos. En conclusión, los maestros se mostraron satisfechos en el trabajo y evaluaron positivamente los dominios de calidad de vida, aunque se constató que la satisfacción laboral no influyó en la percepción de calidad de vida.

Palabras-clave:
Satisfacción laboral; Calidad de vida; Profesores de escuela; Educación física

INTRODUÇÃO

O trabalho é um dos meios que permite ao ser humano reconhecimento social enquanto sujeito único. A partir da profissão exercida, o indivíduo tende a buscar satisfação tanto pessoal quanto profissional e garantir a sua qualidade de vida (Wisniewski et al., 2015Wisniewski D, Silva ES, Évora YDM, Matsuda LM. The professional satisfaction of the nursing team vs. work conditions and relations: a relational study. Texto Contexto Enferm. 2015;24(3):850-8. http://dx.doi.org/10.1590/0104-070720150000110014.
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). Por um lado, a satisfação no trabalho, que diz respeito à afetividade no contexto laboral, corresponde ao estado emocional prazeroso ou desagradável que resultará da avaliação realizada pelo sujeito sobre os diferentes aspectos que constituem o mesmo trabalho (Locke, 1969Locke EA. What is job satisfaction? Organ Behav Hum Perform. 1969;4(4):309-36. http://dx.doi.org/10.1016/0030-5073(69)90013-0.
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).

Por outro lado, a qualidade de vida é influenciada de forma complexa pela saúde física, estado psicológico, por valores e crenças pessoais, pelas relações sociais e por aspectos do meio ambiente (Fleck et al., 2000Fleck MP, Louzada S, Xavier M, et al. Aplicação da versão em português do instrumento abreviado de avaliação da qualidade de vida “WHOQOL-bref”. Rev Saude Publica. 2000;34(2):178-83. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102000000200012. PMid:10881154.
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). Na percepção de Nahas (2017)Nahas MV. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. Londrina: Midiograf; 2017., são múltiplos os fatores que determinam a qualidade de vida das pessoas, os quais envolvem estado de saúde, longevidade, satisfação no trabalho, salário, lazer, relações familiares, disposição, prazer e espiritualidade. O autor descreve que pelo menos duas realidades se interpõem no cotidiano e podem ser consideradas no que tange à qualidade de vida, quais sejam: a realidade da vida social/familiar e a do trabalho. Para este estudo buscou-se enfatizar, a realidade laboral, inferida pela satisfação no trabalho, enquanto um fator que pode ser determinante na qualidade de vida dos professores de Educação Física.

No que concerne ao trabalho docente na educação básica, reflete-se que as incumbências dos professores no desempenho de sua atividade profissional vão desde a participação no planejamento escolar, na elaboração de propostas pedagógicas e na participação da gestão escolar, até a articulação entre escola, família e comunidade. O que significa uma dedicação mais ampla, exercendo funções que transcendem o processo de ensino formal (Pereira, 2017Pereira EA Jr. Condições de trabalho docente nas escolas de educação básica no Brasil: uma análise quantitativa [tese], Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais; 2017.). No contexto específico da Educação Física também são muitos os desafios atribuídos aos professores, como mudanças no conteúdo curricular, novas orientações de formação e qualificação profissional, desmotivação dos alunos para a prática e falta de apoio administrativo (Darido, 2004Darido SC. A educação física na escola e o processo de formação dos não praticantes de atividade física. Rev Bras Educ Fís Esporte. 2004;18(1):61-80. ).

Observa-se, no caso particular da docência, a divulgação de pesquisas sobre satisfação no trabalho associada às doenças ocupacionais como síndrome de Burnout (Kroupis et al., 2017Kroupis I, Thomas K, Kouli O, Tzetzis G. Job satisfaction and burnout among Greek PE teachers: a comparison of educational sectors, level and gender. Cult Cienc Deporte. 2017;12(34):5-14. http://dx.doi.org/10.12800/ccd.v12i34.827.
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) e estresse (Simone et al., 2016Simone S, Cicotto G, Lampis J. Occupational stress, job satisfaction and physical health in teachers. Eur Rev Appl Psychol. 2016;66(2):65-77. http://dx.doi.org/10.1016/j.erap.2016.03.002.
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), indicando que a baixa satisfação no trabalho prediz significativamente a presença da síndrome e que o alto nível de estresse entre os professores está correlacionado à baixa satisfação no trabalho. Apesar dos avanços científicos para compreensão dos fatores associados à satisfação no trabalho de professores, identificou-se uma lacuna de investigação com a propositiva de análise da repercussão do estado emocional dos professores de Educação Física diante do seu trabalho, na vida em geral, especificamente, na avaliação da sua qualidade de vida.

Nesse sentido, considerando a complexidade do trabalho docente e a relação cada vez mais estreita entre a vida e o trabalho e visando contribuir com a ampliação do entendimento das potencialidades e das limitações da relação entre os construtos, este estudo teve como objetivo correlacionar a satisfação no trabalho e a qualidade de vida de professores de Educação Física que atuam na educação básica da mesorregião da Grande Florianópolis.

MATERIAIS E MÉTODO

Trata-se de uma pesquisa descritiva com delineamento transversal e com abordagem quantitativa dos dados. A população do estudo correspondia a 368 professores de Educação Física de escolas estaduais (150) e municipais (218) da Grande Florianópolis. O levantamento do quantitativo de professores foi obtido por meio de informação fornecida pelas próprias redes de ensino (estadual e municipais). A amostra foi composta por 297 professores de Educação Física, os quais representaram 80,7% da população.

As informações sobre satisfação no trabalho foram coletadas por meio da “Escala de avaliação da Qualidade de Vida no Trabalho percebida por Professores de Educação Física do ensino fundamental e médio” (QVT-PEF), construída e validada por Both et al. (2006)Both J, Nascimento JV, Lemos CAF, Donegá AL, Ramos MHKP, Petroski EFS. Qualidade de vida no trabalho percebida por professores de Educação Física. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum. 2006;8(2):45-52. . A escala é composta por 34 questões distribuídas em oito dimensões (remuneração e compensação; condições de trabalho; autonomia no trabalho; progressão na carreira, relações sociais; leis e normas do trabalho; trabalho e espaço total de vida; relevância social do trabalho), que são respondidas em uma escala ordinal de um a sete (1- discordo totalmente a 7 - concordo totalmente).

Para aferição da qualidade de vida, aplicou-se o “World Health Organization Quality of Life” (WHOQOL-bref), validado e traduzido para o Brasil por Fleck et al. (2000)Fleck MP, Louzada S, Xavier M, et al. Aplicação da versão em português do instrumento abreviado de avaliação da qualidade de vida “WHOQOL-bref”. Rev Saude Publica. 2000;34(2):178-83. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102000000200012. PMid:10881154.
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. O questionário é composto por 26 questões respondidas de acordo com as duas últimas semanas de vida do indivíduo, sendo duas questões referentes à qualidade de vida geral e 24 questões referentes aos domínios físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente. As respostas são dadas em uma escala de intensidade (nenhum pouco - extremamente), capacidade (nenhum pouco - totalmente), frequência (nunca - sempre) e avaliação (muito insatisfeito - muito satisfeito - muito ruim - muito bom).

Os participantes também responderam a um questionário de dados sociodemográficos e ocupacionais, contendo questões sobre: sexo; idade; estado conjugal; titulação acadêmica; rede de ensino (municipal ou estadual); principal fonte de renda; tempo de docência e carga horária de trabalho.

Para o desenvolvimento do estudo, foram contatadas as Secretarias Municipais de Educação dos 21 municípios da mesorregião da Grande Florianópolis (Figura 1), para apresentar a proposta da pesquisa e consultar quais possuíam professores de Educação Física atuando nas escolas públicas municipais. Deste modo, 17 Secretarias Municipais de Educação afirmaram haver estes professores em seu quadro de profissionais. Para a participação dos professores de Educação Física da rede estadual, foi contatada a Coordenadoria Regional da Grande Florianópolis, gerencia e supervisiona as escolas estaduais dos 13 municípios que a compõem. Após a autorização dessas instâncias, mediante assinatura da ‘Declaração de Ciência e Concordância das Instituições Envolvidas’, o projeto foi submetido e obteve aprovação do Comitê de Ética de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos, sob o parecer 2.339.574/2017.

Figura 1
Mapa dos municípios da mesorregião da Grande Florianópolis (SC). Fonte: Elaborado pelos autores (2023).

A coleta de dados foi realizada de três formas, de acordo com o interesse manifestado por cada rede de ensino: (1) Mala Direta - via Secretaria Municipal de Educação, em que os questionários e os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foram entregues, dentro de envelopes avulsos, em 14 Secretarias Municipais de Educação e na Coordenadoria Regional da Grande Florianópolis (rede estadual), as quais distribuíram para os professores de Educação Física de suas unidades educativas. Após estarem preenchidos, os envelopes foram lacrados pelos professores e retornaram às Secretarias e à Coordenadoria, sendo retirados em datas previamente agendadas; (2) Encontro de Formação Continuada, ocorreu em duas Secretarias Municipais de Educação, conforme acordado com estas, nos quais foram destinados 40 minutos para preenchimento individual dos questionários e assinatura do TCLE pelos docentes que voluntariamente aceitaram participar da pesquisa; (3) Nas escolas, por intermédio da direção escolar de 39 escolas da rede estadual e de seis escolas de redes municipais. A direção escolar distribuiu os questionários e o TCLE aos professores, os quais, depois de preenchidos e assinado, retornaram à direção em envelopes lacrados. Posteriormente, estes foram retirados nas escolas também em datas agendadas.

Na análise estatística, primeiramente realizou-se o teste Kolmogorov-Smirnov para verificar a normalidade dos dados. Ao constatar que os dados não apresentaram distribuição normal foi empregado o teste de Friedman com post hoc de comparação múltipla de Dunn para comparação interna dos construtos. Para avaliar a correlação interna das dimensões/domínios e das avaliações gerais dos construtos satisfação no trabalho e qualidade de vida foi empregada a correlação de Spearman. Para todos os testes estatísticos, adotou-se o nível de significância de 95% (p<0,05). Ressalta-se que, para avaliar o nível de correlação, empregou-se uma adaptação dos pontos de corte de Mitra e Lankford (1999)Mitra A, Lankford S. Research methods in park, recreation and leisure services. Champaign: Sagamore Publishing; 1999., os quais eram: 0,0 a 0,19: correlação muito fraca; 0,20 a 0,39: correlação fraca; 0,40 a 0,59 correlação moderada; 0,60 a 0,79 correlação forte; 0,80 a 1,00 correlação muito forte.

RESULTADOS

Os professores de Educação Física da Grande Florianópolis possuíam média de idade de 37,9 anos, sendo que 51,3% eram mulheres e 48,7% eram homens, 66,2% tinham companheiro e 62,3% possuíam pós-graduação. Ainda, 84,4% dos professores tinham a docência como principal fonte de renda e 15,6% desenvolviam outras atividades remuneradas além da docência e 53,4% eram vinculados à rede municipal e 46,6% à rede estadual.

Na apresentação da comparação interna dos construtos (Tabela 1), observou-se que a maioria das dimensões da satisfação no trabalho e da qualidade de vida apresentaram diferenças internas significativas (p<0,05). Destaca-se que as dimensões autonomia no trabalho, relevância social e leis e normas do trabalho apresentaram maiores índices de satisfação. Por outro lado, a dimensão remuneração/compensação e condições de trabalho demonstraram os menores índices de satisfação. Em relação à qualidade de vida, o maior valor de escore identificado foi no domínio relações sociais, enquanto o escore mais baixo foi apresentado no domínio físico.

Tabela 1
Comparação interna dos construtos satisfação no trabalho e qualidade de vida.

Nas análises de correlação do construto satisfação no trabalho (Tabela 2), a maioria das dimensões apresentou forte correlação com a avaliação global da satisfação no trabalho, exceto remuneração/compensação e trabalho e espaço total de vida, que apresentaram correlação moderada. As análises das associações entre as dimensões do construto identificaram predominância de correlações fortes e moderadas. A dimensão autonomia no trabalho apresentou o maior número de correlações fortes com as demais dimensões, enquanto a dimensão condições de trabalho apresentou maior número de correlações moderadas. Por sua vez, a dimensão remuneração/compensação apresentou maior número de correlações fracas com as dimensões do construto satisfação no trabalho.

Tabela 2
Correlações internas do construto satisfação no trabalho.

Na Tabela 3 são apresentadas as correlações internas do construto qualidade de vida, constatando-se correlação positiva e moderada entre os domínios. No entanto, quando comparado os indicadores com a qualidade de vida geral, verificou-se fortes correlações com magnitude positiva, sendo que o melhor índice de correlação foi identificado no domínio meio ambiente (r = 0,794).

Tabela 3
Correlações internas do construto qualidade de vida.

Na avaliação da correlação entre satisfação no trabalho e qualidade de vida (Tabela 4), não houve associação estatisticamente significativa entre as avaliações gerais de ambos os construtos, bem como das dimensões que compõem as matrizes de análises.

Tabela 4
Correlação entre satisfação no trabalho e qualidade de vida de professores de Educação Física.

DISCUSSÃO

O propósito deste estudo foi correlacionar a satisfação no trabalho e a qualidade de vida de professores de Educação Física da Grande Florianópolis. Muito embora, os professores estivessem satisfeitos no trabalho e com a qualidade de vida geral, as informações obtidas revelaram que não há correlação significativa entre os construtos. Desta forma, não se pode afirmar, a partir dos resultados desta pesquisa, que a satisfação no trabalho influencia na percepção da qualidade de vida destes docentes.

Quanto à avaliação da satisfação no trabalho, a maioria dos professores de Educação Física mostrou-se satisfeita com a autonomia no trabalho, a relevância social e com as leis e normas do trabalho. Tais evidências corroboram os dados expostos em estudos realizados no Brasil (Franciosi et al., 2023Franciosi AP, Vieira SV, Both J. Satisfação no trabalho e Síndrome de Burnout em professores de Educação Física da Educação Básica. Rev Cienc Activ Fís UCM. 2023;24(1):1-18. ; Nascimento et al., 2016Nascimento RK, Folle A, Rosa AI, Both J. Job satisfaction among physical education teachers from the municipal network of São José-SC. J Phys Educ (Maringá). 2016;27(1):e2740. http://dx.doi.org/10.4025/jphyseduc.v27i1.2740.
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; Farias et al., 2015Farias GO, Both J, Folle A, Pinto MG, Nascimento JV. Satisfação no trabalho de professores de educação física do magistério público municipal de Porto Alegre. Rev Bras Ciênc Mov. 2015;23(3):5-13. http://dx.doi.org/10.18511/0103-1716/rbcm.v23n3p5-13.
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; Both et al., 2013Both J, Nascimento JV, Sonoo CN, Lemos CAF, Borgatto AF. Bem-estar do trabalhador docente em educação física ao longo da carreira. Rev. Educ. Fís. 2013;24(2):233-46. ) e na Espanha (Muñoz-Méndez et al., 2017Muñoz-Méndez T, Gómez-Mármol A, Martínez BJS. A job satisfaction among preschool, elementary and secondary school teachers. Rev Gest. Educación (Lima). 2017;7(1):161-77.), nos quais os professores consideraram-se satisfeitos com estes aspectos do trabalho, que dizem respeito às leis e normas que regem o trabalho docente, à autonomia para o exercício profissional e o reconhecimento social.

A análise destes resultados evidencia que, de maneira geral, os professores estão satisfeitos com a oportunidade que têm de aplicar diariamente seu conhecimento e suas habilidades, assim como com a liberdade e a independência para elaborar, planejar e executar seu trabalho (Walton, 1973Walton RE. Quality of working life: what is it? Sloan Manage Rev. 1973;15(1):11-21.). Além disso, indica que os professores estão satisfeitos com o cumprimento de seus direitos nas instituições e com a possibilidade de expressar seus pontos de vista aos níveis hierárquicos mais elevados, sem medo de retaliação (Walton, 1973Walton RE. Quality of working life: what is it? Sloan Manage Rev. 1973;15(1):11-21.; Mclnerney et al., 2018Mclnerney DM, Korpershoek H, Wang H, Morin AJS. Teachers’ occupational atributes and their psychological wellbeing, job satisfaction, occupational self-concept and quitting intentions. Teach Teach Educ. 2018;71:144-58. ).

Os dados revelaram ainda que a satisfação da maioria dos professores relaciona-se com à responsabilidade social da instituição na comunidade e à sua valorização e participação na instituição, a partir da política de gestão de pessoas e do desenvolvimento das tarefas (Walton, 1973Walton RE. Quality of working life: what is it? Sloan Manage Rev. 1973;15(1):11-21.). Na pesquisa de Furtado e Medeiros (2019)Furtado SCO, Medeiros T. Satisfação profissional dos professores em pré-reforma. Rev Port Educ. 2019;32(2):24-39. http://dx.doi.org/10.21814/rpe.14153.
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, pode-se observar que a maior média de satisfação dos professores, refere-se às relações interpessoais e institucionais. De acordo com Both et al. (2013)Both J, Nascimento JV, Sonoo CN, Lemos CAF, Borgatto AF. Bem-estar do trabalhador docente em educação física ao longo da carreira. Rev. Educ. Fís. 2013;24(2):233-46. , as garantias legais do estatuto do magistério e o reconhecimento da atuação dos professores são aspectos positivos para compreender a satisfação do trabalhador docente de escolas de educação básica.

Em contrapartida, grande parte dos professores demonstrou estar insatisfeita com a remuneração/compensação e com as condições de trabalho. Notoriamente, estas dimensões têm prevalecido em estudos brasileiros e internacionais, nos quais, constantemente, os professores deste componente curricular têm apresentado um sentimento de insatisfação com os salários (Franciosi et al., 2023Franciosi AP, Vieira SV, Both J. Satisfação no trabalho e Síndrome de Burnout em professores de Educação Física da Educação Básica. Rev Cienc Activ Fís UCM. 2023;24(1):1-18. ; Balga e Antala, 2022Balga T, Antala B. The mediating role of job satisfaction in the effect of leader-member exchange on burnout: a study on Physical Education Teachers. Sport Mont. 2022;20(2):89-94. http://dx.doi.org/10.26773/smj.220614.
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; Oh et al., 2022Oh Y, Braun S, Stringer J, Kapusta Z, Stockhaus D. Qualitative study of secondary physical education teachers’ job satisfaction in Japan, South Korea, and the United States. J Health Sport Kinesiol. 2022;3(2):32-43. http://dx.doi.org/10.47544/johsk.2022.3.2.32.
http://dx.doi.org/10.47544/johsk.2022.3....
; Both et al., 2017Both J, Nascimento JV, Sonoo CN, Lemos CAF, Borgatto AF. Bem‐estar do trabalhador docente de educação física do sul do Brasil. Rev Bras Ciênc Esporte. 2017;39(4):380-8. http://dx.doi.org/10.1016/j.rbce.2016.01.002.
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; Muñoz-Méndez et al., 2017Muñoz-Méndez T, Gómez-Mármol A, Martínez BJS. A job satisfaction among preschool, elementary and secondary school teachers. Rev Gest. Educación (Lima). 2017;7(1):161-77.; Nascimento et al., 2016Nascimento RK, Folle A, Rosa AI, Both J. Job satisfaction among physical education teachers from the municipal network of São José-SC. J Phys Educ (Maringá). 2016;27(1):e2740. http://dx.doi.org/10.4025/jphyseduc.v27i1.2740.
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), com as instalações físicas e com os materiais e os equipamentos disponíveis nas unidades de educação básica (Franciosi et al., 2023Franciosi AP, Vieira SV, Both J. Satisfação no trabalho e Síndrome de Burnout em professores de Educação Física da Educação Básica. Rev Cienc Activ Fís UCM. 2023;24(1):1-18. ; Farias et al., 2015Farias GO, Both J, Folle A, Pinto MG, Nascimento JV. Satisfação no trabalho de professores de educação física do magistério público municipal de Porto Alegre. Rev Bras Ciênc Mov. 2015;23(3):5-13. http://dx.doi.org/10.18511/0103-1716/rbcm.v23n3p5-13.
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).

No cenário brasileiro, a remuneração de professores é relativamente baixa e varia bastante entre regiões (Matijascic, 2017Matijascic M. Professores da educação básica no Brasil: condições de vida, inserção no mercado de trabalho e remuneração. Brasília: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada; 2017 [citado 2022 Jul 30]. Disponível em: http://hdl.handle.net/10419/177520
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). Nesse sentido, pode-se compreender por que a maioria dos professores investigados mencionou estar insatisfeita com a remuneração/compensação, haja vista que, apesar de possuírem vínculos empregatícios em distintas redes de ensino (distinção nos planos de carreira, especialmente, no aspecto salarial), em diferentes municípios catarinenses, a profissão docente no país, de forma geral, sofre com a falta de investimentos em remuneração.

No que tange às condições de trabalho, ressalta-se que a Educação Física é um componente curricular na educação básica que requer tanto infraestrutura adequada (a exemplo de quadras poliesportivas, espaços cobertos, ginásios) quanto materiais específicos, devido ao caráter prático de seus conteúdos. No entanto, grande parte das redes públicas de ensino carece de recursos para a manutenção de espaços e a reposição de materiais, evidenciando condições estruturais desfavoráveis, muitas vezes, para o desenvolvimento do trabalho pedagógico (Ribeiro et al., 2021Ribeiro JAB, Rosa MR, Afonso MR, Both J. Fatores organizacionais e laborais relacionados ao Burnout: um estudo com professores de Educação Física. Rev Human Inov [Internet]. 2021 [citado 2022 Jul 30];8(44):73-87. Disponível em: https://revista.unitins.br/index.php/humanidadeseinovacao/article/view/4098
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).

Os domínios da qualidade de vida compreendidos pelo WHOQOL-bref colaboram no entendimento de quais componentes da vida do sujeito influenciam positiva ou negativamente sua autopercepção de qualidade de vida (Tavares et al., 2015Tavares DDF, Oliveira RAR, Mota RJ Jr, Oliveira CEP, Marins JCB. Qualidade de vida de professoras do ensino básico da rede pública. Revista Brasileira em Promoção da Saúde. 2015;28(2):191-7.). No que se refere à qualidade de vida dos professores de Educação Física da Grande Florianópolis, os maiores e menores escores médios foram encontrados nos domínios relações sociais e físico, respectivamente.

Os professores perceberem mais positivamente o domínio das relações sociais é um dado semelhante aos resultados encontrados em estudos com professores brasileiros da educação básica. Todavia, no que tange ao domínio com menor valor médio de escore os achados das investigações tem revelado o meio ambiente (Alencar et al., 2022Alencar GP, Ferreira JS, Rabacow FM, Cury ERJ, Carvalho AMA. Comportamento sedentário e qualidade de vida de professores da Educação Básica. Perspectiva em Diálogo Rev Educ Soc. 2022;9(20):339-59. http://dx.doi.org/10.55028/pdres.v9i20.15515.
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; Monteiro et al., 2020Monteiro CEB, Dantas FM, Chamy NCL, Gomes CA, Maciel TS. Qualidade de vida em professores da rede municipal de Coari no Amazonas, Brasil. Braz J Dev. 2020;6(7):49825-37. http://dx.doi.org/10.34117/bjdv6n7-581.
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; Tavares et al., 2015Tavares DDF, Oliveira RAR, Mota RJ Jr, Oliveira CEP, Marins JCB. Qualidade de vida de professoras do ensino básico da rede pública. Revista Brasileira em Promoção da Saúde. 2015;28(2):191-7.; Pereira et al., 2013Pereira ÉF, Teixeira CS, Lopes AS. Qualidade de vida de professores de educação básica do município de Florianópolis, SC, Brasil. Ciênc Saúde Colet (Barueri). 2013;18(7):1963-70. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232013000700011. PMid:23827900.
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) ao invés do domínio físico, como vislumbrado no presente estudo.

Neste caso, a divergência pode ter ocorrido por algumas distinções no exercício profissional desempenhado pelos professores de Educação Física, em comparação aos demais professores da educação básica. Destacadamente, o fato de eles se deslocarem mais pela escola com as turmas, permanecerem em pé durante as aulas e realizarem demonstrações práticas no ensino dos conteúdos da Educação Física. Além de que, os ambientes externos da escola, diferentemente da sala de aula, requerem a elevação da voz (principal recurso de comunicação) e deixam os professores expostos às condições climáticas adversas, como luz do sol e vento (Pedersen e Dragone, 2018Pedersen VJ, Dragone MLS. Peculiaridades do uso da voz por professores de educação física escolar: origem e função interativa. Rev Disturb. Comum. 2018;30(1):201-7. http://dx.doi.org/10.23925/2176-2724.2018v30i1p201-207.
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). Evidentemente, a função desempenhada por estes professores exige maior esforço físico e mobilidade, o que pode ter influenciado na avaliação menos positiva do domínio físico. Nesse sentido, Rocha et al. (2017)Rocha RER, Prado K Fo, Silva FN, Boscari M, Amer SAK, Almeida DC. Sintomas osteomusculares e estresse não alteram a qualidade de vida de professores da educação básica. Fisioter Pesqui. 2017;24(3):259-66. http://dx.doi.org/10.1590/1809-2950/16447524032017.
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destacam que o fato do domínio físico, enquanto um dos indicadores da qualidade de vida, ser o que apresenta menor escore pelos professores de Educação Física, aponta a necessidade de atentar-se à saúde destes profissionais, evitando possíveis afastamentos das suas atividades no âmbito escolar.

No que diz respeito às correlações entre as próprias dimensões da satisfação no trabalho, a autonomia no trabalho esteve fortemente associada à progressão na carreira, relações sociais, leis e normas, relevância social e avaliação global do trabalho. Todas as correlações foram positivas, o que significa que quanto mais satisfeitos com a autonomia no trabalho, mais satisfeitos os professores de Educação Física estavam com essas dimensões. Assim, reconhece-se que possibilidades de progressão na carreira, valorização profissional, trabalho coletivo, diálogo e garantia das leis e normas constituem um conjunto de ações que podem explicar a satisfação no trabalho de professores de Educação Física (Farias et al., 2015Farias GO, Both J, Folle A, Pinto MG, Nascimento JV. Satisfação no trabalho de professores de educação física do magistério público municipal de Porto Alegre. Rev Bras Ciênc Mov. 2015;23(3):5-13. http://dx.doi.org/10.18511/0103-1716/rbcm.v23n3p5-13.
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).

Por sua vez, a dimensão remuneração apresentou correlação fraca com as demais dimensões e com a avaliação geral do trabalho. Além disso, a insatisfação com os aspectos salariais, é constantemente reforçada nas investigações com professores de Educação Física (Franciosi et al., 2023Franciosi AP, Vieira SV, Both J. Satisfação no trabalho e Síndrome de Burnout em professores de Educação Física da Educação Básica. Rev Cienc Activ Fís UCM. 2023;24(1):1-18. ; Balga e Antala, 2022Balga T, Antala B. The mediating role of job satisfaction in the effect of leader-member exchange on burnout: a study on Physical Education Teachers. Sport Mont. 2022;20(2):89-94. http://dx.doi.org/10.26773/smj.220614.
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; Oh et al., 2022Oh Y, Braun S, Stringer J, Kapusta Z, Stockhaus D. Qualitative study of secondary physical education teachers’ job satisfaction in Japan, South Korea, and the United States. J Health Sport Kinesiol. 2022;3(2):32-43. http://dx.doi.org/10.47544/johsk.2022.3.2.32.
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; Muñoz-Méndez et al., 2017Muñoz-Méndez T, Gómez-Mármol A, Martínez BJS. A job satisfaction among preschool, elementary and secondary school teachers. Rev Gest. Educación (Lima). 2017;7(1):161-77.; Nascimento et al., 2016Nascimento RK, Folle A, Rosa AI, Both J. Job satisfaction among physical education teachers from the municipal network of São José-SC. J Phys Educ (Maringá). 2016;27(1):e2740. http://dx.doi.org/10.4025/jphyseduc.v27i1.2740.
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) no entanto, não aparece como determinante para uma insatisfação geral do trabalho, evidenciando que as dimensões avaliadas de forma satisfatória têm maior impacto na avaliação global do trabalho do que a remuneração.

Na análise de correlação da qualidade de vida, identificou-se que os quatro domínios estavam fortemente associados com a qualidade de vida geral, especialmente, o domínio meio ambiente. Tal constatação sugere que a avaliação realizada pelos professores de Educação Física, referente aos domínios, pode influenciar diretamente na qualidade de vida geral destes, destacando a importância de os professores obterem um equilíbrio nos aspectos físicos, psicológicos, relacionais e ambientais de suas vidas. De modo similar, estudo desenvolvido com professores da educação básica, de diferentes áreas do conhecimento, da região da Grande Florianópolis, apresentou o domínio meio ambiente como um dos responsáveis pelo maior percentual de explicação da qualidade de vida dos professores (Pereira et al., 2013Pereira ÉF, Teixeira CS, Lopes AS. Qualidade de vida de professores de educação básica do município de Florianópolis, SC, Brasil. Ciênc Saúde Colet (Barueri). 2013;18(7):1963-70. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232013000700011. PMid:23827900.
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). Nessa perspectiva, os indicadores do domínio meio ambiente como segurança, oportunidades de adquirir informações e de lazer, ambiente físico (poluição, ruído, trânsito, clima e transporte) e recursos financeiros (Fleck et al., 2000Fleck MP, Louzada S, Xavier M, et al. Aplicação da versão em português do instrumento abreviado de avaliação da qualidade de vida “WHOQOL-bref”. Rev Saude Publica. 2000;34(2):178-83. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102000000200012. PMid:10881154.
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) são apresentados como aspectos importantes para que as condições de vida dos professores sejam mais satisfatórias (Penteado e Pereira, 2007Penteado RZ, Pereira IMTB. Qualidade de vida e saúde vocal de professores. Rev Saude Publica. 2007;41(2):236-43. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102007000200010. PMid:17384799.
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).

Observou-se, na correlação entre ambos os construtos, que a satisfação no trabalho não estava significativamente relacionada à qualidade de vida. Esta pode ser uma forte indicação de que os professores de Educação Física avaliaram os construtos independentemente um do outro, de modo que, a resposta emocional dada ao trabalho (satisfação, indecisão ou insatisfação) não influenciou na avaliação da qualidade de vida.

O resultado obtido se apresenta como uma tendência inversa em relação às inferências, até então, apresentadas na literatura, de que o ambiente de trabalho e os fatores psicológicos estariam interferindo na qualidade de vida de professores (Andrade e Cardoso, 2012Andrade PS, Cardoso TAO. Prazer e dor na docência: revisão bibliográfica sobre a Síndrome de Burnout. Saude Soc. 2012;21(1):129-40. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-12902012000100013.
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). Além disso, diverge da indicação de que a satisfação no trabalho pode influenciar diretamente alguns domínios da qualidade de vida, impactando positiva ou negativamente nas esferas familiar e social (Ellmer et al., 2016).

Entretanto, Gomes et al. (2017)Gomes KK, Sanchez HM, Sanchez EGM, et al. Qualidade de vida e qualidade de vida no trabalho em docentes da saúde de uma instituição de ensino superior. Rev Bras Med Trab. 2017;15(1):18-28. http://dx.doi.org/10.5327/Z1679443520177027.
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constataram no contexto universitário correlação positiva entre a satisfação com a qualidade de vida no trabalho e a qualidade de vida dos professores de uma instituição de ensino superior. A divergência entre os resultados pode estar relacionada aos aspectos remuneração e condições de trabalho, avaliados satisfatoriamente pelos professores universitários e insatisfatoriamente por professores da educação básica. Neste caso, os autores apontam que tais aspectos, no ensino superior, influenciaram diretamente na qualidade de vida percebida pelos docentes, por serem capazes de atender as necessidades pessoais e sociais, oportunizando melhor percepção de saúde, de vida emocional e de equilíbrio entre trabalho e lazer. Nesse sentido, Ellmer et al. (2016)Ellmer A, Santos AJ, Batiz EC. Análise da qualidade de vida e da qualidade de vida no trabalho entre docentes, visando a satisfação pessoal e profissional. Rev Espacios [Internet]. 2016 [citado 2022 Jul 30];37(29):1-13. Disponível em: https://www.revistaespacios.com/a16v37n29/16372901.html
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refletem que a compensação justa e adequada é uma dimensão que os docentes atuantes na educação básica avaliam negativamente, em comparação aos docentes do ensino superior.

CONCLUSÕES

A maioria dos professores de Educação Física da Grande Florianópolis, estava satisfeita na avaliação global do trabalho e com as dimensões das leis e normas, autonomia e relevância social do trabalho, assim como insatisfeita com a remuneração/compensação e condições de trabalho. Quanto à qualidade de vida, avaliaram mais positivamente o domínio relações sociais e menos positivamente o domínio físico, apresentando-se satisfeitos com a qualidade de vida geral.

Observaram-se correlações significativas e positivas na análise pormenorizada das matrizes analíticas tanto da satisfação no trabalho quanto da qualidade de vida, enquanto construtos independentes. No entanto, não houve correlação entre ambos os construtos, concluindo que a satisfação no trabalho percebida pelos professores de Educação Física não influenciou diretamente na avaliação dos domínios da qualidade de vida.

Em se tratando da limitação do estudo, depreende-se que a satisfação no trabalho e a qualidade de vida foram mensuradas por meio de questionários (QVT-PEF e WHOQOL-bref) validados e relevantes para investigação dos construtos, mas que avaliaram os fenômenos distintamente, podendo ter interferido na percepção individualizada dos professores de Educação Física sobre a implicação da natureza do seu trabalho na sua qualidade de vida. Sugere-se assim, que futuros estudos busquem verificar como os professores de Educação Física percebem e avaliam a relação da satisfação no trabalho com a qualidade de vida, adotando outras abordagens metodológicas, que permitam a análise direta da relação entre estas variáveis, analisando-se assim diretamente a percepção da relação entre estes construtos.

FINANCIAMENTO

  • O presente trabalho contou com o apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) – código de financiamento 001.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Nov 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    18 Mar 2023
  • Aceito
    06 Set 2023
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