POEMAS
Francisco Alvim
ENTRANHA
Irei com prazer, senhor embaixador
Mas antes preciso saber
se aquela putinha também
vai
- Seu filho da puta
O coronel saca a pistola
Não teve medo
- Atira, seu filho da puta
atira
A demissão não tarda
foi parar em parte
alguma
(alguém ajudou, senão...)
Lá se aposenta
Dias depois, de regresso
já em Madri
aluga o carro para um passeio
sofre o enfarte e morre
na estrada
fica nu - roubam
tudo
Não tinha família
Leva uns dias no necrotério
até que o acham
Deixou setecentos mil dólares
um apartamento
Da aposentadoria
não desfrutou um só
dia
TREMURA
Quis passar tudo
na mesma tarde
Ah é porque fez
sol
a roupa secou
Minha mãe
a vida é sua
você faz dela
o
que quiser
Você chegou?
está aí?
quase
não me encontrava
viva
A CASA É SUA
Um abraço frontal
para as câmaras
O braço esquerdo
sobre o ombro esquerdo
a mão direita
cerrando a outra
De permeio
o Tratado
Um sopro gélido
de fornalha
E o jeito de sair
da cena
de costas
(se é que as tem)
ao afastar-se tão a vontade
quem não vê
que o palácio é de um outro
mas sempre será sua
a casa
CAPELA
cabaré bom
nu artístico
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
27 Abr 2011 -
Data do Fascículo
Mar 2011