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"Uni por Uni, eu escolhi a que era do lado da minha casa": Deslocamentos cotidianos e o acesso, a permanência e a fruição da universidade por bolsistas do ProUni no Ensino Superior privado

Resumos

Este artigo investiga e discute os modos pelos quais os deslocamentos diários empreendidos pelos prounistas, na cidade de São Paulo, interagem com as dimensões de acesso, permanência e fruição do Ensino Superior. Para tanto, em primeiro lugar, espacializa-se os campi das instituições privadas que aderiram ao Programa Universidade para Todos (ProUni) na cidade. Depois, apresenta e analisa evidências com base em entrevistas realizadas com 31 prounistas.

ProUni; educação superior; acesso e permanência; deslocamentos


This paper is focused on analyzing the ways in which daily displacements made by ProUni's (University for All Program) beneficiaries in the city of São Paulo interact with access and permanence to tertiary education. At first, the private institutions campi linked to ProUni are located on the map. Then, evidence from 31 interviews with beneficiaries are presented and analyzed.

ProUni; tertiary education; access and permanence; displacements


- Descobri que a minha coisa é palco, sabe? Tô em formação também, que nem você. Só que eu mesmo pago a minha [. . . ]. Não tenho pai rico. [. . . ] enquanto não me descobrem, continuo encoberta e balconista. [. . . ] ué. Alguém tem que ser balconista nesta vida.

Moraes, Reinaldo. Vidadois. In: Umidade: histórias. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

INTRODUÇÃO

As reflexões que seguem consistem em desdobramentos da pesquisa Políticas de inclusão e transição no mercado de trabalho: o caso do ProUni, coordenada pela Profa. Dra. Márcia Lima, e realizada no Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) ao longo dos anos de 2009 e 2010 1 [1] Participamos da pesquisa, respectivamente, como coordenador executivo/pesquisador e assistente de pesquisa. Ela foi realizada no Cebrap, com financiamento da Fundação Ford e apoio do Centro de Estudos da Metrópole (CEM). Gostaríamos de agradecer a Alvaro Comin, Antonio Sérgio Guimarães, Nadya Araújo Guimarães e Ana Maria Almeida pela participação no workshop de discussão dos resultados parciais; a Márcia Lima pelo incentivo e comentários a uma versão preliminar deste artigo; a Daniel Waldvogel pela confecção das cartografias; e a toda equipe da pesquisa (Cristina Helena Almeida de Carvalho, Flavia Rios, Danilo Torini, Bruno Komatsu, Thiago Soares, Maíra Etzel e Paula Kaufmann) pelas discussões, comentários e esforço na realização das entrevistas, na coleta de informações para a composição dos bancos de dados. . Essa pesquisa teve o objetivo de reconstruir o Programa Universidade para Todos (ProUni), como política pública de acesso ao Ensino Superior, e também de avaliar o programa em termos de alargamento das oportunidades no mercado de trabalho para seus beneficiários.

Um dos elementos que obteve forte destaque ao longo das entrevistas foi a questão da mobilidade dos beneficiários do programa. Para grande parte deles, deslocar-se entre casa, escola e trabalho, na cidade de São Paulo, era um ponto de fundamental importância para a definição da qualidade da experiência de Ensino Superior auferida, chegando, muitas vezes, a condicionar as possibilidades de acesso e permanência no Ensino Superior. É exatamente sobre esse ponto, que surgiu de forma espontânea nas entrevistas, que nos debruçamos neste artigo.

Visamos, assim, investigar em quais condições (para estudantes com variadas características de moradia e ocupação) as distâncias percorridas na cidade envolvendo idas e vindas à Instituição de Ensino Superior (IES) constituem uma questão relevante e a ser considerada no momento da tomada de decisão por ingressar no nível superior e em qual instituição e curso. Buscamos, também, compreender como os deslocamentos diários, em uma grande cidade como São Paulo, estão relacionados com a qualidade da experiência de Ensino Superior desses estudantes.

Em outros termos, nossas preocupações são:

  • localização do campus/IES desempenha algum papel para essa escolha? Se sim, qual?

  • Há diferenças significativas, do ponto de vista dos deslocamentos cotidianos, entre o sistema privado e o público?

  • Quais significados são atribuídos a tais deslocamentos?

  • Como esse tempo é utilizado?

  • Como os deslocamentos diários impactam na experiência universitária do prounista2 [2] A partir daqui, chamaremos o beneficiário do ProUni pelo termo "prounista". ?

O ProUni é um programa do Ministério da Educação (MEC) que concede bolsas de estudos integrais ou parciais, presenciais ou a distância, para alunos egressos do Ensino Médio da rede pública. Além desse, os critérios de elegibilidade são:

  • renda bruta familiar de até 1,5 salário-mínimo (bolsa integral) ou três salários mínimos (bolsa parcial);

  • pessoas portadoras de deficiência; ou

  • professores da rede pública.

Por fim, o programa também deve ser considerado uma política de ação afirmativa, já que reserva vagas (cotas) para os autodeclarados pretos ou pardos de acordo com a respectiva proporção desses grupos de cor ou raça na população total de cada unidade da federação. Existente desde 2004, o ProUni já distribuiu mais de 1 milhão de bolsas de estudos.

O argumento de fundo que sustentamos ao longo do artigo é que para quem mora nas regiões mais afastadas do "eixo universitário público" da cidade de São Paulo - corredor Vila Mariana-Centro- -Butantã 3 [3] Nesse eixo estão o campus Oeste USP e suas faculdades de Medicina e Direito, e o campus Unifesp. , que contém os principais campi das IES públicas da capital paulista -, a dispersão territorial dos campi das IES privadas em São Paulo e sua presença em regiões mais próximas das áreas periféricas facilita o acesso dos estudantes e, principalmente, a permanência deles no Ensino Superior. Além disso, o sistema superior privado está mais próximo do transporte público, sobretudo das estações de metrô e de trem e terminais rodoviários4 [4] A linha 4 Amarela, que serve o campus Oeste da USP pela estação Butantã, foi entregue em maio de 2010. Mesmo com ela, para chegar ao seu destino, o usuário deve tomar um ônibus em um trajeto de 15 a 30 minutos ou caminhar por pelo menos 30 minutos. . Esse dado contribui para a composição dos elementos que viabilizam o acesso e a permanência, e propiciam uma experiência menos extenuante de Ensino Superior 5 [5] A variável distância, no sentido aqui tratado, não se restringe à distância física (quilômetros) entre dois pontos. Mas é função da interação entre a distância física e a facilidade de acesso, expressa, por exemplo, na proximidade à rede de transporte público; no número de conduções e/ou baldeações tomadas; e no tempo total do percurso. .

Contudo e apesar de a disposição do sistema superior privado na cidade favorecer o acesso e a permanência nesse nível de ensino, suas características, associadas ao perfil e às condicionantes estruturais dos próprios estudantes, podem levar a um tipo de experiência (fruição) de ensino relativamente precária ou insuficiente. Concretamente, destacamos algumas características da oferta privada, como a predominância de cursos noturnos em IES de grande porte e de qualidade mediana, cujas estratégias competitivas são majoritariamente dependentes de preço e processos de padronização e massificação do ensino para a obtenção de economias de escala6 [6] Cf. Garcia, Maurício. "Três grandes tendências para o Ensino Superior privado no Brasil". Revista de Ensino Superior, n. 77. Campinas: Unicamp, 2005. Sécca, Rodrigo Ximenes; Leal, Rodrigo Mendes. "Análise do setor de Ensino Superior privado no Brasil". Rio de Janeiro: BNDES Setorial, n. 30, 2011. Para uma caracterização da educação superior privada no Brasil, ver: Nunes, Edson de Oliveira; Carvalho, Márcia de; Albrecht, Julia Vogel de. "A singularidade brasileira: Ensino Superior privado e dilemas estratégicos da política pública". n. 87. Rio de Janeiro: Observatório Universitário, 2009. Hoper. "Análise setorial do Ensino Superior privado: Brasil 2013". Foz do Iguaçu: Hoper, 2013. Para o estado de São Paulo, ver: Hoper. "Análise setorial do Ensino Superior privado: São Paulo 2010". Foz do Iguaçu: Hoper, 2010. . Algumas poucas IES, capazes de competir qualitativamente (independentemente de seu preço), fogem a esse padrão. Na cidade de São Paulo, podemos citar, entre outras, as escolas de Economia, Direito e Administração da Fundação Getulio Vargas (FGV), a Faculdade Cásper Líbero, a Universidade Presbiteriana Mackenzie e Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Dessas citadas, só as duas últimas aderiram ao ProUni.

Do ponto de vista dos candidatos/estudantes, argumentamos que a capacidade da variável distância - concebida como interação entre distância física e a acessibilidade (por transporte público) - em condicionar o acesso e a permanência de prounistas7 [7] Ou de estudantes com desvantagens socioeconômicas e educacionais. A esse respeito, ver: Almeida, Wilson Mesquita de. "Estudantes com desvantagens econômicas e educacionais e fruição da universidade". Cadernos CRH, vol. 20, n. 49. Salvador: CRH/UFBA, 2007. no Ensino Superior, por um lado, e a escolha do campus/IES, por outro, cresce na medida em que certas barreiras são vencidas. Nesse sentido, não afirmamos que a variável distância é o fator mais importante, mas apenas que cresce em importância em condições específicas.

Dentre as barreiras existentes, destacamos:

  • "passar" no vestibular e/ou obter nota no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) suficiente para o ingresso em um curso de alguma IES privada;

  • essa possibilidade de ingresso acontecer simultaneamente em mais de um curso/IES;

  • obter uma bolsa de estudo, seja do ProUni ou não, caso o ingresso seja em IES particular; e

  • ter a possibilidade de realizar o curso no período noturno.

Em outras palavras, argumentamos que o peso da variável distância para a escolha do campus/IES e para a permanência tende a crescer a partir do momento em que o candidato/estudante passa a desfrutar de alguma possibilidade de escolha.

Nesse sentido, a forma pela qual o fenômeno é aqui abordado está em conformidade com outros estudos sobre o tema. Diversos estudos8 [8] Por exemplo: Almeida, Wilson Mesquita de., op. cit., 2007. Carvalho, José Carmello. "O ProUni como política de inclusão". Anpocs, 2007. Apresentado no GT Política de educação superior. Faceira, Lobelia da Silva. O ProUni como política pública em suas instâncias macroestruturais, mesoinstitucionais e microssocias. Tese (doutorado). Rio de Janeiro: PUC-RJ, 2009. Sotero, Edilza. Negro no Ensino Superior. Dissertação (mestrado). São Paulo: FFLCH-USP, 2009. Comin, Alvaro e Barbosa, Rogério. "Trabalhar para estudar: sobre a pertinência da noção de transição escola-trabalho no Brasil". In: Novos Estudos, n. 91. São Paulo: Cebrap, 2011. apontam para alguns fatos:

  • os prounistas são membros da primeira geração de sua família, ou mesmo a primeira pessoa da família a alcançar o Ensino Superior;

  • a realização desse nível de ensino ser concebido como "sonho"; e

  • a percepção e/ou experiência concreta da grande dificuldade que é ser aprovado no vestibular de uma universidade pública.

Em geral, em decorrência desses fatos apontados, o que está em jogo é ingressar em um curso de alguma IES. Assim, a "escolha" por um curso/campus/IES é apenas o segundo momento, não acessível a todos, de um processo no qual o fundamental é ingressar o mais rápido possível em algum curso/campus/IES. Para aqueles que desfrutam do "luxo" da escolha - seja entre mais de um curso/campus/IES, seja entre o ingressar agora ou posteriormente - a distância desde o local de moradia e/ou de trabalho tende a se tornar um elemento de crescente importância, principalmente quando a qualidade dos cursos/IES possíveis é percebida como semelhante9 [9] Concretamente, vencer grandes distâncias para chegar à PUC-SP ou à Universidade Presbiteriana Mackenzie exemplos de IES privadas percebidas como de excelência constitui esforço que talvez não seja levado a cabo para outras IES percebidas como de qualidade mediana ou inferior. .

Além disso, a disponibilidade de cursos noturnos é fundamental, uma vez que o prounista - ou o estudante com desvantagens econômicas e educacionais - tem uma dupla posição de trabalhador-estudante. Muitas vezes, a posição de estudante é função da posição de trabalhador, seja porque o trabalho é de suma importância para o custeio da permanência, mesmo para aqueles que não pagam a faculdade 10 [10] Por exemplo, trabalha-se para comprar livros, tirar cópias, pagar o transporte, alimentação etc. ; seja porque, devido à experiência no mercado, o Ensino Superior é percebido como uma estratégia de mobilidade social, mesmo que limitada, e/ou de sobrevivência no mercado de trabalho, sendo a obtenção do título, qualquer título, aspecto de suma relevância.

Dessa dupla condição deriva a necessidade de compatibilizar o trabalho com a faculdade/universidade, o chefe com o professor. O trabalhador-estudante padece de uma ausência de tempo crônica, expressa em falta de tempo para, além de estudar, realizar atividades inerentes ao Ensino Superior e importantes para a formação universitária. Exemplos são a participação na atlética, centro acadêmico ou movimento estudantil, atividades artísticas (teatro, coral etc. ), happy hours e festas, ciclos de seminários e colóquios e outras atividades extracurriculares. Muitas vezes, o trabalhador-estudante não tem outra saída a não ser criar tempo para cumprir as exigências mínimas do curso, como estudar no ônibus, nas refeições, no intervalo e nas horas que deveriam ser de sono.

Afirmamos, assim, que os prounistas, em particular, e os estudantes com desvantagens socioeconômicas e educacionais, em geral, fazem parte de segmentos da população passíveis de ser caracterizados como "nova classe trabalhadora"11 [11] Souza, Jessé. Os batalhadores brasileiros: nova classe média ou nova classe trabalhadora? Belo Horizonte: UFMG, 2012. . Em que pese a recente inclusão nas esferas de produção e consumo, esses segmentos da população permanecem relativamente excluídos do acesso e/ou das possibilidades plenas de desfrute de bens e serviços mais valorizados pela sociedade, inclusive da educação. Para os fins deste artigo, suas características mais relevantes são a necessidade precoce de trabalhar, a relação pragmática com a formação escolar e a constante pressão exercida pelo tempo, expressa na sensação de urgência ("não há tempo a perder").

Um aspecto que reforça a percepção da educação superior, pública, sobretudo, como um bem escasso, não disponível a todos, é o paradoxo das políticas de inclusão12 [12] Lima, Márcia. "Acesso à universidade e mercado de trabalho: o desafio das políticas de inclusão". In: Martins, Heloisa; Collado, Patricia (Orgs.). Trabalho e sindicalismo no Brasil e Argentina. São Paulo: Hucitec, 2012. . Nos últimos dez anos, apesar de políticas de ação afirmativa terem se disseminado pelo Ensino Superior público, propiciando acesso a uma grande variedade de cursos em IES de boa qualidade, em termos absolutos, o ProUni beneficia um número muito maior de pessoas, promovendo, contudo, acesso a uma variedade restrita de cursos em IES de qualidade mediana. Com base em dados apresentados no artigo "Juventude negra e educação superior"13 [13] Silva, Adailton de; Silva, Josenilton da; Rosa, Waldemir. "Juventude negra e educação superior". In: Castro, Jorge A.; Aquino, Luceni M. C.; Andrade, Carla C. (Orgs.). Juventude e políticas sociais no Brasil. Brasília: Ipea, 2009. , pode-se inferir que, até 2008, para cada dez bolsas fornecidas pelo ProUni, aproximadamente uma pessoa era beneficiada por algum programa voltado para IES públicas.

Os estudos que, de alguma forma, abordaram a questão dos deslocamentos e da distância14 [14] Ver: Almeida, Wilson Mesquita de., op. cit., 2007. Costa, Fabiana de Souza. Políticas públicas de educação superior: ProUni. Dissertação (mestrado). São Paulo: PUC-SP, 2008. Faceira, Lobelia da Silva, op. cit., 2009. Sotero, Edilza, op. cit., 2009. identificaram um padrão no qual o transporte é concebido, ao mesmo tempo, como custo monetário e de tempo. Além de ser relativamente caro, toma horas preciosas do dia/noite do estudante. Remete, portanto, a dificuldades de permanência de ordem financeira e material.

Com relação às estratégias de pesquisa, empregamos uma dupla abordagem, que combina produção cartográfica com técnicas qualitativas. Primeiro, e com o objetivo de analisar a distribuição espacial dos campi das IES que ofertam cursos com bolsas ProUni na cidade de São Paulo, espacializamos um banco de dados de tais cursos, construído no âmbito da pesquisa citada15 [15] Para construir esse banco de dados, a equipe realizou uma coleta primária de informações nos dois períodos de inscrição no programa, em 2010, por meio da sua página de inscrição. As informações são fornecidas semestralmente ao MEC pelas próprias IES vinculadas ao ProUni, sendo, portanto, oficiais. Contabilizamos mais de 2 mil cursos presenciais na capital paulista ligados ao ProUni, dispersos em cerca de 70 IES e 120 campi. . Também identificamos, nas cartografias, a malha de transportes de trens e metrô da cidade, traçamos os trajetos que nossos entrevistados faziam para o campus/IES em que estudavam e estimamos como seriam tais percursos caso tivessem ingressado no mesmo curso, mas na IES pública mais próxima de sua residência.

Depois, com a intenção de investigar os significados associados às distâncias percorridas na cidade, bem como a forma pela qual essas distâncias pesaram na escolha do campus/IES dos prounistas, voltamos-nos para o conjunto das entrevistas realizadas ao longo da pesquisa. No total, foram 32 entrevistas com beneficiários e ex-beneficiários do programa que cursaram o Ensino Superior na cidade de São Paulo. Posteriormente, uma entrevista foi descartada, pois o entrevistado 23 morava em São Paulo e estudava em Jundiaí. Por isso, consideramos que nossa amostra de informantes é de 31 pessoas. A seguir apresentamos um quadro-síntese com informações sobre gênero, cor/raça, idade, local de moradia, curso, IES e trabalho.

Tabela 1
Quadro-síntese: 31 informantes

O método utilizado para identificar os entrevistados foi heterodoxo. A fim de alcançar a maior variedade possível de informantes em termos de gênero, idade, cor e, principalmente, curso e IES, optamos por iniciar o contato em redes sociais. Concretamente, a partir da identificação das maiores comunidades do Orkut de prounistas16 [16] Em 2010, as duas maiores comunidades identificadas possuíam, respectivamente, 70 mil e 30 mil membros. , com o apoio de um software que captura os e-mails disponibilizados pelos próprios usuários na rede social, enviamos um questionário eletrônico para o autopreenchimento via Google Docs. Além de filtros que permitiam a seleção de perfis que dessem conta da variedade desejada, havia uma pergunta sobre a disponibilidade para uma entrevista qualitativa e presencial17 [17] Obtivemos taxas de respostas que consideramos satisfatórias. Aproximadamente, a cada dez membros das redes sociais, um disponibilizava e-mail. Para cada dez e-mails enviados, um ou dois eram respondidos. E dos respondidos, metade aceitava fazer a entrevista. . Em geral, aqueles que se mostraram disponíveis para tal entrevista forneceram telefone para contato, o que permitiu marcar as entrevistas18 [18] A maior parte das entrevistas foi realizada em lugares públicos ou coletivos, como a própria IES na qual o informante estudava ou estudou, a USP campus Oeste ou o Centro Cultural São Paulo. Uma pequena parte nos recebeu no trabalho ou em sua residência. Todas as entrevistas foram gravadas, tiveram duração de cerca de uma hora e foram conduzidas por dois entrevistadores (um pesquisador e um assistente). . Por fim, completamos nossa amostra de informantes por meio de "bola de neve".

ANÁLISE ESPACIAL DA OFERTA DE CURSOS

Esta seção dedica-se à análise da distribuição territorial dos campi de IES particulares que tiveram cursos oferecidos com bolsa ProUni na cidade de São Paulo em 2010, bem como das trajetórias moradia-escola feitas pelos nossos entrevistados. Além disso, estimaremos quais e como seriam essas mesmas trajetórias na hipótese de terem ingressado no mesmo curso, só que na IES pública mais perto de sua residência.

Na próxima seção, nos voltamos para o conjunto das entrevistas e investigamos a forma específica pela qual as distâncias a serem percorridas nos deslocamentos diários influenciam na escolha do campus/IES, os significados associados a tais deslocamentos e os desdobramentos sobre as possibilidades de fruição do Ensino Superior.

Trabalhamos com a hipótese enunciada no início do artigo e desenvolvida nesta e na próxima seção de que a rede de campi do sistema privado de Ensino Superior na cidade de São Paulo, em razão de sua dispersão relativamente maior e de se poder chegar ao local por meio de transporte público, facilita o acesso e a permanência daqueles que moram nas regiões mais distantes da cidade (ou mesmo fora da cidade). Nesse sentido, e na medida em que há alguma possibilidade de escolha, tende-se a "preferir" IES mais próximas (ou menos distantes) do local de moradia ou trabalho, principalmente quando a qualidade dessas IES é percebida como semelhante. Muitas vezes, principalmente para aqueles que além de "morar longe" não têm opção a não ser conjugar trabalho com escola, essa "proximidade" pode revelar-se determinante para a viabilização do curso superior.

O Mapa 1 traz a territorialização, na capital paulista, dos campi das IES privadas que, em 2010, ofertavam bolsas ProUni. Nele, além dos campi(pontos pretos preenchidos), vislumbram-se os campi das IES públicas19 [19] São eles: campus Oeste e Leste e Faculdade de Medicina e Direito da USP, Instituto de Artes da Unesp, campus São Paulo da Unifesp e Fatec São Paulo. (triângulos sem preenchimento), o sistema metroferroviário paulistano (linhas finas e pretas)20 [20] A recém-inaugurada linha 4 Amarela não foi inclusa na cartografia. O trecho já inaugurado liga a estação da Luz (região central) ao Butantã (Zona Oeste, próxima ao campus Oeste da USP), passando pela avenida Paulista e Faria Lima. e a demarcação do centro expandido21 [21] O centro expandido é delimitado pelas marginais Tietê e Pinheiros e pelas avenidas Salim Farah Maluf, Professor Luiz Ignácio Anhaia Mello, das Juntas Provisórias, Tancredo Neves, Complexo Viário Maria Maluf, Don Affonso Taunay e dos Bandeirantes. (linhas grossas e cinzas). Já o Mapa 2 traz a composição de renda dos distritos da capital paulista (proporção de domicílios com renda mensal inferior a 2 salários-mínimos).

Mapa 1
Distribuição dos campi de IES privadas vinculadas ao ProUni, SP, 2010 Fonte: Inep/MEC, 2010.

A observação dos mapas revela um padrão de localização dos campi no qual três critérios fundamentais se associam:

• concentração no centro expandido e em suas imediações;

• sub-representação nos distritos com maior concentração de pobreza e situados nos extremos da cidade;

• disposição ao longo do traçado das linhas de trem e metrô.

Destacamos que esses padrões são bastante consistentes, havendo poucas exceções. Juntos, conformam uma tendência segundo a qual certa desconcentração dos campiconvive com espaços vazios de IES e de metrô ou trem, mas densos em população e no qual predomina famílias com renda menor, como o leste da Zona Leste e a maior parte da Zona Norte (exceto Santana, Tucuruvi, Vila Guilherme e Mandaqui).

Mapa 2
Distribuição dos domicílios com renda inferior a dois salários mínimos, SP, 2010

Pode-se constatar a grande concentração de campi ao longo das linhas Azul (trecho Vila Mariana-São Bento), Verde (trecho Ana Rosa-Sumaré) e Vermelha (trecho Sé-Barra Funda), constituindo um eixo densamente povoado de campi de IES privadas22 [22] Bessa, Vagner et al. "Território e desenvolvimento econômico". In: Comin, Alvaro et al. (Orgs.). Metamorfoses paulistanas. São Paulo: Sempla/Cebrap/Imprensa Oficial/Unesp: 2012. , o que coincide com as áreas da cidade com uma proporção grande de domicílios com patamar de renda médio ou alto. Nesse sentido, sugerimos que a distribuição espacial do setor privado na cidade de São Paulo reflete a sua demanda potencial (clientela pagante). Entretanto, não necessariamente reflete a demanda potencial de prounistas, cujos patamares de renda familiar são inferiores. Nesse sentido, se o sistema de Ensino Superior privado é relativamente mais disperso que o público, não é suficientemente disperso para tornar a variável distância irrelevante aos prounistas.

No Mapa 3, identificamos o percurso residência-IES realizado cotidianamente pelos nossos entrevistados. Optamos pelo traçado entre local de moradia e de estudo pelo fato de a moradia ser mais fixa que o local de trabalho e, na maioria dos casos, anterior ao ingresso no Ensino Superior; ao passo que o local de trabalho muda com mais frequência, inclusive sendo afetado pela entrada no Ensino Superior. Diversos entrevistados, que já tinham vasta experiência no mercado de trabalho, passaram a estagiar durante a faculdade e/ou mudaram de emprego graças ao fato de terem se tornado "estudantes universitários" e/ou "conquistado" o diploma.

Mapa 3
Percursos casa-IES, 31 entrevistados, SP, 2010 Fonte: Entrevistas. Elaborado pelos autores.

Optamos por traçar as linhas retas entre os pontos em detrimento dos trajetos reais, dado o intuito de apenas indicar as distâncias a serem vencidas e não assinalar, rua por rua, os trajetos percorridos. De qualquer forma, na Tabela 2, estimamos tempos e distâncias médios por transporte público dos percursos casa-escola dos entrevistados, o que ajuda a dimensionar melhor o tamanho dos trajetos23 [23] As estimativas foram obtidas com a ferramenta de rotas do Google Maps. Embora tenhamos assinalado a hora de saída como 17h45 de um dia de semana, é provável que os tempos estimados para os percursos estejam subestimados, por causa do trânsito da cidade. .

Por fim, explicitamos nosso entendimento de que se, por um lado, nossos resultados não são estatisticamente generalizáveis, por outro, podem ser considerados indicações dos esforços dos prounistas para se deslocar até a faculdade e, nesse sentido, constituem-se em bons casos exploratórios24 [24] Sobre as possibilidades e os limites de generalizações com base em dados obtidos de forma qualitativa e de estudos de caso, ver: Yin, Robert K. Case Study Research: Design and Methods. Londres: Sage, 2003. . Com eles é possivel de levantar hipóteses para pesquisas futuras.

O primeiro ponto a ser observado no mapa refere-se ao local de residência dos informantes. Muitos moram nos extremos da capital paulista ou mesmo em municípios vizinhos, configurando um padrão de residência consistente com as informações obtidas no Mapa 2. Um segundo ponto diz respeito à localização dos campi e à escolha do campus(esse ponto será aprofundado na próxima seção).

Como já dito, há um padrão de dispersão dos campi das IES privadas que privilegia o traçado do sistema metroferroviário, do centro expandido e da distribuição da renda. Em contrapartida, os cursos ofertados por IES públicas em São Paulo estão concentrados, sobretudo, no campus São Paulo da Unifesp (Vila Mariana), na Faculdade de Direito e de Saúde Pública da USP (Centro) e na USP Oeste, conformando o eixo Vila Mariana-Centro-Butantã.

A articulação entre local de moradia e de estudo sugere haver um padrão no qual prounistas tendem a "escolher" (sempre que houver mais de uma opção disponível) campimais próximos de sua residência ou do trabalho ou, de alguma forma, mais acessíveis. Importante dizer que isso não significa necessariamente distâncias curtas (informantes 9, 10, 15, 16, 29 e 30, por exemplo). E nem que prounistas estão dispostos a deixar a distância em segundo plano, o que ocorre somente em condições especiais, como ingressar em IES de qualidade elevada (informantes 4, 6, 7, 8 e 31, por exemplo).

A Tabela 2 fornece evidência suficiente para iniciar essa discussão, a qual será aprofundada na próxima seção, com base na análise das entrevistas com prounistas. A tabela, além de estimar tempos, distâncias e número de conduções necessárias para o percurso entre casa e escola, traz essas mesmas variáveis para a hipótese de cada entrevistado ter cursado o mesmo curso na IES pública mais próxima de sua residência.

Tabela 2
Estimativa de percursos casa-escola reais e hipotéticos, 31 entrevistados prounistas, São Paulo, 2010

Como resultado, temos que o tempo médio de deslocamento entre casa e escola real é de cerca de 1 hora e a distância de 16 quilômetros. Já entre o local de moradia e a escola fictícia levaria-se 1h20 e 24 quilômetros. Para 18 dos 28 casos com informações disponíveis, o trajeto para a IES fictícia é mais demorado, em 5 casos o tempo de trajeto é semelhante e em apenas 5 é inferior. Com relação à distância, em 24 de 31 casos, a IES real é mais perto que a fictícia, em 5 é semelhante e em apenas 3 é inferior. Além disso, observamos que 3 dos nossos entrevistados eram vizinhos da faculdade e iam a pé.

Certamente, a grande concentração de cursos do sistema público de Ensino Superior na USP Oeste (Butantã), nas suas faculdades de Direito (Centro) e de Saúde Pública (Pinheiros), e na Unifesp (Vila Mariana) contribui para esse resultado. Mas queremos chamar a atenção para os impactos disso para a permanência de prounistas que moram em localidades distantes das áreas mais valorizadas da cidade e que dependem diretamente de transporte público e precisam conciliar trabalho com estudo. Desse ponto de vista, a "proximidade" que o sistema privado de ensino proporciona, em que pese a sua menor qualidade em comparação com o sistema público, facilita a permanência.

OS DESLOCAMENTOS DIÁRIOS, O PROCESSO DE ESCOLHA DO CAMPUS/IES E SEUS SIGNIFICADOS

Nesta seção, debruçamo-nos sobre o conjunto das entrevistas, a fim de buscar, na fala de nossos informantes, em quais condições a proximidade teve influência na escolha do campus/IES e com qual peso, bem como os significados que associam a seus percursos cotidianos entre casa, trabalho e escola. Partimos do ponto em que paramos na seção anterior, ou seja, de que há uma grande heterogeneidade nos trajetos, com prounistas vizinhos à faculdade e outros que moram a duas horas da faculdade. E que, mesmo para esses estudantes que não moram tão perto, a rotina de deslocamentos poderia ser ainda mais demorada e longa caso tivessem ingressado na IES pública com o mesmo curso.

O ponto central para o aumento do peso da variável distância no processo de tomada de decisão é a possibilidade de dispor de alguma escolha. Em outras palavras, constituem-se em determinantes da influência que a distância terá na definição do campus/IES, o fato de:

  • obter nota no Enem suficiente para o ingresso em mais de um curso/IES;

  • haver disponibilidade de curso noturno;

  • existir alguma margem de negociação com o sentimento de "urgência" em cursar o Ensino Superior (derivada de um sonho e/ou das exigências do mercado de trabalho).

Aliada a isso, a percepção da qualidade da instituição é algo fundamental, uma vez que, quanto mais as IES são entendidas como possuidoras de qualidade semelhante, fatores alternativos tendem a ganhar peso. Considerando as IES que ofertaram bolsas ProUni na capital paulista no ano de 2010, talvez valesse a pena enfrentar grandes distâncias para estudar na PUC ou no Mackenzie, mas, para estudar em IES consideradas medianas, com oferta perto de casa ou do trabalho, esse esforço não se justificaria. Veja, nas palavras de um dos três entrevistados que se declararam vizinhos da faculdade, os motivos que o levaram a estudar na instituição escolhida:

Escolhi porque era a [IES] mais próxima de casa. Já que eu ia fazer Uni mesmo, Uni por Uni, eu escolhi a que era do lado da minha casa, aí eu não ia gastar com condução.

Entrevistado 14. Vizinho da faculdade.

Na fala de outro vizinho, ao justificar a escolha da IES, mais uma vez aparece a articulação de forma bastante clara entre qualidade e proximidade. Note-se que ele não foi aprovado em sua primeira opção, mas foi em todas as outras:

Era a PUC [a primeira opção de IES na inscrição do ProUni], aí depois a UniSant'Anna, que era perto da minha casa, a Uninove, que também tem aqui perto, e a Uniban, que também tem aqui próximo ao Campo de Marte. Então eu escolhi pela proximidade e pela qualidade, na verdade a minha primeira opção era a PUC, ficaria um pouco mais longe.

Entrevistado 24. Vizinho da faculdade.

Este entrevistado justifica por que escolheu a IES na qual estuda:

Entrevistado: [a escolha da IES] foi mais uma questão de proximidade do serviço. Por exemplo, a Unip aqui. . . e tinha em vários lugares. Tinha aqui em Alphaville, tinha a da av. Marquês de São Vicente, que fica perto de metrô, e com um monte de ônibus.

Entrevistador: Desculpe, qual Unip você faz?

Entrevistado: Eu tinha colocado na inscrição a de Alphaville e a da Marquês, que era perto do metrô. Aí, eu tô na da Marquês. Não é perto do meu serviço, mas como eu trabalho dia sim, dia não, fica melhor porque tem metrô, ônibus, tem tudo.

Entrevistado 16. Morador de Morro Doce/Anhanguera, trabalhava em Barueri.

O próximo justifica a escolha do campus, tendo a IES já definida:

Escolhi essa unidade da Uninove porque a faculdade era próxima do serviço, era mais fácil para eu ir embora e tal.

Entrevistado 17. Morador da Vila Nova Cachoeirinha, estudava próximo ao Memorial da América Latina.

Com relação a IES com muitos campi, como a Unip e a Uninove25 [25] A Unip tinha dez campi e a Uninove quatro campi na cidade de São Paulo, em 2010, com cursos presenciais. Outras IES com grande número de unidades eram: Radial, com dez; Uniban, com oito; e PUC-SP, Universidade Anhembi Morumbi, Unicsul e Universidade São Marcos, com quatro. , a dispersão territorial das unidades parece ser uma vantagem competitiva importante, pois apresenta condições de recrutar estudantes de várias regiões da cidade. Mais um entrevistado que, já tendo o curso decidido (Ciências da Computação), justifica a ordenação de suas opções de IES no processo de inscrição no ProUni e acabou cursando a Unip:

No ProUni eu optei pela Unip, Uninove, Cruzeiro do Sul e UniSant'Anna. A quinta opção eu não lembro, mas escolhi por causa da proximidade de acesso, né? As faculdades com transporte que saíam do meu bairro pra ir até lá.

Entrevistado 28. Morador de Guarulhos, estudava na Vila Guilherme.

Nesse sentido, a noção de proximidade envolve margem para negociação. Morar ou trabalhar próximo da escola não necessariamente significa ser seu vizinho e ir caminhando. Significa estar em um lugar acessível por transporte público, com trem, metrô ou corredores de ônibus, e suficientemente próximo a ponto de não chegar atrasado quando, por exemplo, o horário de saída do serviço é às 18h e o de entrada na faculdade é às 19h.

Fiz cursinho em 2008 no Centro, trabalho na av. Santo Amaro e moro no Jabaquara. Aí, eu via a dificuldade de chegar até o cursinho: eu saía às seis da tarde, então, tinha que chegar lá às sete. Aí, eu falei assim: "Se eu fizer uma faculdade, tem que ser na minha região, que eu saio daqui do trabalho e tenho um acesso rápido". Aí, eu optei por essa faculdade que eu tô [Uniasp]. Fica em Santo Amaro, fica show de bola. Estou na Santo Amaro e de qualquer lugar vou andando.

Entrevistado 20. Morador do Jabaquara, trabalhava e estudava em Santo Amaro.

Nos trechos seguintes, os informantes ressaltaram como a variável proximidade foi positiva para a escolha do campus/IES. Mas tal variável pode também atuar de uma forma negativa, levando à desistência ou postergamento do sonho ou necessidade do Ensino Superior, principalmente se as condições de estudo forem quase inviáveis ou quando há alguma opção de estudo percebida como mais adequada:

Quando fiz esse cursinho, eu prestei um curso técnico [informática]. Nesse mesmo ano que eu fiz cursinho [2005], eu tinha conseguido a bolsa do ProUni para Letras na Uninove. Gostava de Português e tudo mais, só que o curso técnico era em Guarulhos e a faculdade era em São Paulo. Pela proximidade, pela oportunidade e também por algumas dificuldades, porque eu não teria o valor da passagem, eu acabei fazendo o curso técnico.

Entrevistado 28. Morador de Guarulhos, só foi ingressar no Ensino Superior no fim do curso técnico.

O que eu consegui [na primeira vez em que tentou o ProUni] foi uma bolsa de 50% na São Judas, em Psicologia. Faltava R$ 400,00 para pagar a mensalidade e ainda era na Mooca. E transporte, né? Pensei: "vamos mais para frente, ver se eu consigo alguma coisa depois".

Entrevistado 3. Morador de Taboão da Serra, só foi ingressar no Ensino Superior no ano subsequente.

O próximo entrevistado fala sobre os momentos nos quais trabalho e estudo se tornam antagônicos. Neste caso, havia certa margem para abdicar do emprego, mas não para parar de trabalhar, uma vez que continuou fazendo "bicos":

Não tava conseguindo conciliar o trabalho com a faculdade, não dava tempo, né? Eu não conseguia sair do trabalho e chegar a tempo na faculdade. Uma vez eu tentei fazer isso. Cheguei, fiquei meia hora e já era hora de ir embora. Cheguei às 9h30 da noite na faculdade, 10h acaba, né? E outra, ia perder a bolsa, né? E eu ia ficar de DP de todas as disciplinas e aí eu resolvi sair do trabalho pra poder me dedicar mais.

Entrevistado 23. Bolsista parcial, largou o emprego e ficou fazendo "bicos". A escola ficava a vinte minutos da residência.

Ainda em relação à escolha do campus/IES destacamos que diversos cursinhos, ao orientar seus alunos sobre o ingresso no Ensino Superior, tocam na questão da distância e dos deslocamentos, contribuindo para esse tema ser objeto de reflexão. Por exemplo:

Na Educafro [cursinho popular] eles falam pros alunos que você tem que pesar muita coisa [na hora de escolher a faculdade]. Se a faculdade é perto, quantas horas você tem? Não adianta trabalhar no Centro e ir pra Zona Leste pra estudar e morar na Zona Sul.

Entrevistado 20. Fez um ano de cursinho e seguiu as orientações recebidas.

Passando para temas derivados do anterior e que surgiram durante a discussão, destacamos que o transporte é percebido como custo de tempo e monetário, o qual, muitas vezes, inviabiliza ou dificulta a permanência. É o caso do entrevistado que declarou que, além de ter de arcar com metade da mensalidade, pois havia obtido apenas a bolsa parcial, ia ter de se deslocar até a Mooca e pagar a passagem, o que foi a "gota d'água" que o levou a postergar o ingresso no Ensino Superior. Segundo um entrevistado que ia a pé para a faculdade a fim de economizar:

Eu vinha da Vila Maria [onde trabalhava] todo dia a pé para a faculdade [em Santana] pra poder pagar todos os meus compromissos.

Entrevistado 27. Passou por dificuldades financeiras durante o curso.

E outro, que ao chegar a São Paulo, vindo da Bahia, mesmo tendo a bolsa do ProUni e moradia garantida na casa do irmão, viu-se compelido a buscar urgentemente um emprego para custear, entre outras coisas, o transporte:

Vim para São Paulo sem experiência [de trabalho] nenhuma. Quando eu cheguei aqui, eu precisava de alguma coisa, qualquer coisa porque o ProUni paga a mensalidade, né? Mas tem outros custos com trabalho de faculdade, com transportes.

Entrevistado 19. Veio da Bahia para estudar em São Paulo; morava em São Mateus, na casa do irmão e estudava no Tatuapé.

Há ainda um entrevistado que, em um momento de descontração, ao avaliar o ProUni e outras políticas públicas, elenca o ProUni e o Bilhete Único como as duas melhores "coisas" feitas pelo governo. Salientamos que a menção ao Bilhete Único remete diretamente à redução dos tempos de deslocamento e à redução dos valores gastos com passagens:

Fora o Bilhete Único [risos], o ProUni foi uma das melhores coisas que o governo fez.

Entrevistado 16. Ao avaliar o ProUni.

Além disso, a falta de tempo e a necessidade de conciliar trabalho com estudo levam o estudante a utilizar o tempo gasto no metrô, trem e ônibus, mesmo sabendo que não é o ideal e nem o mais confortável para estudar:

Estudo, em média, 1h, 1h30 dentro do ônibus e dentro do metrô também.

Entrevistado 2. Leva 1h30 para chegar à faculdade e pega ônibus e metrô com uma baldeação.

Na minha casa, eu estudo, gosto de ler os textos e outras coisas que muitas vezes nem é proposto pelos professores. E eu estudo no ônibus quando estou sentada, mas eu gosto mais de estudar na minha casa.

Entrevistado 7. Leva 1h20 para chegar à faculdade e pega dois ônibus.

Sim, estudo no ônibus e no metrô também [risos] e no trem principalmente, mas, assim, eu aprendi. No começo me dava dor de cabeça, mas eu acabei me acostumando.

Entrevistado 6. Leva 1h30 para chegar à faculdade e pega ônibus, trem e metrô.

Não tinha tempo para estudar. Principalmente porque, como eu moro longe, eu tenho um grande tempo de viagem de trem. Então aproveitava esse tempo pra estudar.

Entrevistado 29. Morador de Rio Grande da Serra, na região do ABC, estudava no Tatuapé e trabalhava em Santo Amaro.

Se por um lado, o transporte público e o tempo nele despendido fazem as vezes de biblioteca, envolvendo uma atividade que demanda concentração e esforço, por outro é, ao mesmo tempo, ponto extremo e símbolo de uma rotina deveras cansativa. Isso é particularmente verdade para aqueles que conjugam trabalho com estudos e estão longe de serem vizinhos da faculdade:

Eu fazia a faculdade de manhã e trabalhava das 2h tarde às 10h noite em um bicicletário em São Bernardo. Chegava podre em casa. Tinham que me acordar para ir à faculdade porque era longe de casa.

Entrevistado 12. Sobre uma época em que trabalhava em São Bernardo, estudava na Mooca e morava no Jabaquara.

Agora estou com o tempo mais livre, mas quando estou trabalhando aí é mais complicado. Trabalho o dia inteiro e faço faculdade à noite. . . Você chega em casa à meia-noite.

Entrevistado 17. Desempregado no momento da entrevista, morava na Vila Nova Cachoeirinha e estudava próximo ao Memorial da América Latina.

Pego o trem para voltar para casa na hora que o trem abre: às 4h, pois trabalho no turno da madrugada. E chego em casa às 7h da manhã, vou dormir, acordo meio-dia e à 1h da tarde já tenho que estar vindo para a faculdade.

Entrevistado 29. Morador de Rio Grande da Serra, na região do ABC, estudava no Tatuapé e trabalhava em Santo Amaro.

Por fim, há mais um ponto que deve ser levantado, não diretamente relacionado aos anteriores, mas que se refere ao local de moradia. A maior parte de nossos entrevistados declarou que era uma informação quase pública, porque ninguém escondia quem era prounista e quem não era. Mas como saber no início das aulas, quando as pessoas ainda não se conheciam minimamente, quem era prounista e quem não era? Um entrevistado apontou um método "infalível", pelo menos para a IES na qual estudava, cujo alunado era caracterizado por uma origem abastada e um alto nível socioeconômico:

[Prounista] tem cara de medo, assim. . . Não é cara de medo, cara muito pra dentro, né? Então, você vê o cara, o pessoal ali bagunçando, e o cara meio pra dentro, meio escondido. Aí você puxa conversa: "Onde você mora?". Aí, o cara falava que morava ali na periferia. . . aí eu sacava: "Vocês são do ProUni, né?!", "Ah, você também é?".

Entrevistado 5. Estudava Sistemas de Informação no Mackenzie.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste artigo empreendemos diversas tarefas. Em primeiro lugar, espacializamos as unidades que oferecem cursos com bolsas do ProUni na cidade de São Paulo no ano de 2010. Depois, estimamos os trajetos rotineiros casa-IES dos entrevistados. Também investigamos em que medida esse quadro se alteraria caso nossos informantes tivessem ingressado em curso análogo, mas na IES pública mais perto de casa. Por fim, analisamos em quais condições as distâncias entre casa, trabalho e escola influenciam o processo de escolha do campus/IES e os significados associados a tais percursos.

A disposição dos campi nos quais esses cursos estavam contidos na cidade obedecia a uma lógica que articulava três critérios básicos: centro expandido e suas imediações, traçado do sistema metroferroviário e entorno com nível médio ou alto de renda. Entretanto, os prounistas (pelo menos aqueles entrevistados por nós, mas que em algum sentido expressam o perfil de estudantes com desvantagens econômicas e educacionais) tendiam a morar em regiões mais afastadas desse "centro expandido universitário", muitas vezes em cidades da Grande São Paulo. Na medida em que comparamos os percursos reais por eles empreendidos, identificamos que tais percursos seriam ainda maiores caso estudassem no mesmo curso da IES pública mais próxima de sua residência. Os cursos de IES públicas estão concentrados, sobretudo, em um eixo formado pela USP (campus Oeste), faculdades de Direito e de Saúde Pública da USP e campus São Paulo da Unifesp.

Com relação ao processo de escolha do campus/IES, concluímos que a proximidade do local de moradia e/ou de trabalho é um critério bastante utilizado e que tende a ganhar importância quando o candidato ao benefício tem alguma possibilidade de escolha entre diferentes campi/IES e/ou perceba a qualidade de suas possibilidades como semelhante.

Com isso, não pretendemos afirmar que a proximidade é o fator mais importante para a escolha do campus/IES, embora ganhe importância nas condições discutidas. Para uma população que, em geral, é a primeira geração de sua família a ter acesso ao Ensino Superior e que articula simbolicamente o Ensino Superior como sonho e expectativa de mobilidade social, o fundamental é "fazer a faculdade", seja ela qual for.

Por fim, e em que pese o aspecto positivo de novas camadas sociais estarem alcançando o Ensino Superior, particularmente com forte incentivo de programas como o ProUni, cabe considerar as características dessa inclusão e a qualidade da experiência de ensino que proporcionam. Sendo assim, destacamos, em primeiro lugar, que a inclusão via setor privado segue seus vícios estruturais. Ou seja, se, por um lado, a sua maior dispersão territorial favorece o acesso e, principalmente, a permanência, por outro, a qualidade mediana das IES, a padronização e a massificação do ensino e a concentração dos cursos nas áreas de Humanidades e Ciências Sociais Aplicadas concorre para uma relativa precariedade e insuficiência da experiência de Ensino Superior.

Em segundo lugar, o caráter imperativo da conciliação entre trabalho e estudos, aliado ao senso de urgência e visão pragmática perante os estudos, próprios dessa nova classe trabalhadora, impõe uma série de constrangimentos que também concorrem para a insuficiência dessa experiência. Tais constrangimentos estão associados tanto à conformação de um processo de escolha do curso/IES pautado pela pressa e pela redução do tempo de dedicação aos estudos, como a quase impossibilidade de realização de atividades não diretamente relacionadas à sala de aula, mas importantes para a formação (como a participação em grupos de estudos, seminários extraclasse, centro acadêmico ou movimento estudantil, atlética, festas e happy hours etc. ).

Do ponto de vista específico da ProUni, reconhecemos a sua grande eficiência em prover acesso ao Ensino Superior, sobretudo para camadas da população tradicionalmente dele excluídos. Agora, do ponto de vista da política para o Ensino Superior como um todo, entendemos haver a manutenção de questões não resolvidas pelo programa ou até ampliadas pelo seu sucesso. Uma refere-se à crescente segmentação do ensino, dentro do qual cada vez mais convivem instituições com patamares diferentes de qualidade e estudantes com formação de qualidade muito diferente. Outra diz respeito a uma crescente concentração dos estratos de baixa renda, recém-chegados ao Ensino Superior, em IES que não prezam pela excelência, conformando um círculo vicioso segundo o qual os lugares (IES e cursos) mais concorridos permanecem com grandes barreiras de acesso, especialmente para os mais pobres.

  • [1]
    Participamos da pesquisa, respectivamente, como coordenador executivo/pesquisador e assistente de pesquisa. Ela foi realizada no Cebrap, com financiamento da Fundação Ford e apoio do Centro de Estudos da Metrópole (CEM). Gostaríamos de agradecer a Alvaro Comin, Antonio Sérgio Guimarães, Nadya Araújo Guimarães e Ana Maria Almeida pela participação no workshop de discussão dos resultados parciais; a Márcia Lima pelo incentivo e comentários a uma versão preliminar deste artigo; a Daniel Waldvogel pela confecção das cartografias; e a toda equipe da pesquisa (Cristina Helena Almeida de Carvalho, Flavia Rios, Danilo Torini, Bruno Komatsu, Thiago Soares, Maíra Etzel e Paula Kaufmann) pelas discussões, comentários e esforço na realização das entrevistas, na coleta de informações para a composição dos bancos de dados.
  • [2]
    A partir daqui, chamaremos o beneficiário do ProUni pelo termo "prounista".
  • [3]
    Nesse eixo estão o campus Oeste USP e suas faculdades de Medicina e Direito, e o campus Unifesp.
  • [4]
    A linha 4 Amarela, que serve o campus Oeste da USP pela estação Butantã, foi entregue em maio de 2010. Mesmo com ela, para chegar ao seu destino, o usuário deve tomar um ônibus em um trajeto de 15 a 30 minutos ou caminhar por pelo menos 30 minutos.
  • [5]
    A variável distância, no sentido aqui tratado, não se restringe à distância física (quilômetros) entre dois pontos. Mas é função da interação entre a distância física e a facilidade de acesso, expressa, por exemplo, na proximidade à rede de transporte público; no número de conduções e/ou baldeações tomadas; e no tempo total do percurso.
  • [6]
    Cf. Garcia, Maurício. "Três grandes tendências para o Ensino Superior privado no Brasil". Revista de Ensino Superior, n. 77. Campinas: Unicamp, 2005. Sécca, Rodrigo Ximenes; Leal, Rodrigo Mendes. "Análise do setor de Ensino Superior privado no Brasil". Rio de Janeiro: BNDES Setorial, n. 30, 2011. Para uma caracterização da educação superior privada no Brasil, ver: Nunes, Edson de Oliveira; Carvalho, Márcia de; Albrecht, Julia Vogel de. "A singularidade brasileira: Ensino Superior privado e dilemas estratégicos da política pública". n. 87. Rio de Janeiro: Observatório Universitário, 2009. Hoper. "Análise setorial do Ensino Superior privado: Brasil 2013". Foz do Iguaçu: Hoper, 2013. Para o estado de São Paulo, ver: Hoper. "Análise setorial do Ensino Superior privado: São Paulo 2010". Foz do Iguaçu: Hoper, 2010.
  • [7]
    Ou de estudantes com desvantagens socioeconômicas e educacionais. A esse respeito, ver: Almeida, Wilson Mesquita de. "Estudantes com desvantagens econômicas e educacionais e fruição da universidade". Cadernos CRH, vol. 20, n. 49. Salvador: CRH/UFBA, 2007.
  • [8]
    Por exemplo: Almeida, Wilson Mesquita de., op. cit., 2007. Carvalho, José Carmello. "O ProUni como política de inclusão". Anpocs, 2007. Apresentado no GT Política de educação superior. Faceira, Lobelia da Silva. O ProUni como política pública em suas instâncias macroestruturais, mesoinstitucionais e microssocias. Tese (doutorado). Rio de Janeiro: PUC-RJ, 2009. Sotero, Edilza. Negro no Ensino Superior. Dissertação (mestrado). São Paulo: FFLCH-USP, 2009. Comin, Alvaro e Barbosa, Rogério. "Trabalhar para estudar: sobre a pertinência da noção de transição escola-trabalho no Brasil". In: Novos Estudos, n. 91. São Paulo: Cebrap, 2011.
  • [9]
    Concretamente, vencer grandes distâncias para chegar à PUC-SP ou à Universidade Presbiteriana Mackenzie exemplos de IES privadas percebidas como de excelência constitui esforço que talvez não seja levado a cabo para outras IES percebidas como de qualidade mediana ou inferior.
  • [10]

    Por exemplo, trabalha-se para comprar livros, tirar cópias, pagar o transporte, alimentação etc.
  • [11]

    Souza, Jessé. Os batalhadores brasileiros: nova classe média ou nova classe trabalhadora? Belo Horizonte: UFMG, 2012.
  • [12]

    Lima, Márcia. "Acesso à universidade e mercado de trabalho: o desafio das políticas de inclusão". In: Martins, Heloisa; Collado, Patricia (Orgs.). Trabalho e sindicalismo no Brasil e Argentina. São Paulo: Hucitec, 2012.
  • [13]

    Silva, Adailton de; Silva, Josenilton da; Rosa, Waldemir. "Juventude negra e educação superior". In: Castro, Jorge A.; Aquino, Luceni M. C.; Andrade, Carla C. (Orgs.). Juventude e políticas sociais no Brasil. Brasília: Ipea, 2009.
  • [14]

    Ver: Almeida, Wilson Mesquita de., op. cit., 2007. Costa, Fabiana de Souza. Políticas públicas de educação superior: ProUni. Dissertação (mestrado). São Paulo: PUC-SP, 2008. Faceira, Lobelia da Silva, op. cit., 2009. Sotero, Edilza, op. cit., 2009.
  • [15]

    Para construir esse banco de dados, a equipe realizou uma coleta primária de informações nos dois períodos de inscrição no programa, em 2010, por meio da sua página de inscrição. As informações são fornecidas semestralmente ao MEC pelas próprias IES vinculadas ao ProUni, sendo, portanto, oficiais. Contabilizamos mais de 2 mil cursos presenciais na capital paulista ligados ao ProUni, dispersos em cerca de 70 IES e 120 campi.
  • [16]

    Em 2010, as duas maiores comunidades identificadas possuíam, respectivamente, 70 mil e 30 mil membros.
  • [17]

    Obtivemos taxas de respostas que consideramos satisfatórias. Aproximadamente, a cada dez membros das redes sociais, um disponibilizava e-mail. Para cada dez e-mails enviados, um ou dois eram respondidos. E dos respondidos, metade aceitava fazer a entrevista.
  • [18]

    A maior parte das entrevistas foi realizada em lugares públicos ou coletivos, como a própria IES na qual o informante estudava ou estudou, a USP campus Oeste ou o Centro Cultural São Paulo. Uma pequena parte nos recebeu no trabalho ou em sua residência. Todas as entrevistas foram gravadas, tiveram duração de cerca de uma hora e foram conduzidas por dois entrevistadores (um pesquisador e um assistente).
  • [19]

    São eles: campus Oeste e Leste e Faculdade de Medicina e Direito da USP, Instituto de Artes da Unesp, campus São Paulo da Unifesp e Fatec São Paulo.
  • [20]

    A recém-inaugurada linha 4 Amarela não foi inclusa na cartografia. O trecho já inaugurado liga a estação da Luz (região central) ao Butantã (Zona Oeste, próxima ao campus Oeste da USP), passando pela avenida Paulista e Faria Lima.
  • [21]

    O centro expandido é delimitado pelas marginais Tietê e Pinheiros e pelas avenidas Salim Farah Maluf, Professor Luiz Ignácio Anhaia Mello, das Juntas Provisórias, Tancredo Neves, Complexo Viário Maria Maluf, Don Affonso Taunay e dos Bandeirantes.
  • [22]

    Bessa, Vagner et al. "Território e desenvolvimento econômico". In: Comin, Alvaro et al. (Orgs.). Metamorfoses paulistanas. São Paulo: Sempla/Cebrap/Imprensa Oficial/Unesp: 2012.
  • [23]

    As estimativas foram obtidas com a ferramenta de rotas do Google Maps. Embora tenhamos assinalado a hora de saída como 17h45 de um dia de semana, é provável que os tempos estimados para os percursos estejam subestimados, por causa do trânsito da cidade.
  • [24]

    Sobre as possibilidades e os limites de generalizações com base em dados obtidos de forma qualitativa e de estudos de caso, ver: Yin, Robert K. Case Study Research: Design and Methods. Londres: Sage, 2003.
  • [25]

    A Unip tinha dez campi e a Uninove quatro campi na cidade de São Paulo, em 2010, com cursos presenciais. Outras IES com grande número de unidades eram: Radial, com dez; Uniban, com oito; e PUC-SP, Universidade Anhembi Morumbi, Unicsul e Universidade São Marcos, com quatro.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul 2014
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