Resumos
O estudo do impacto de ciclo econômico no bem-estar dos indivíduos de uma economia é um assunto de grande importância teórica. Ao considerarmos a economia brasileira, em que grande maioria dos indivíduos não dispõe de mecanismos de crédito, ele torna-se ainda mais relevante. Se os agentes não são capazes de suavizar consumo segundo a hipótese da renda permanente de Friedman, é de se esperar que estes sofram impactos ainda maiores diante de flutuações na renda. Utilizamos o modelo proposto por Imrohoroglu (1989) para os dados da economia brasileira a fim de mensurar a perda de bem-estar causada por um ciclo econômico. A partir de resultados que mostram o significativo custo dos ciclos econômicos, propomos a introdução do governo no modelo. Agindo no sentido de completar mercados, o governo se mostrou eficiente. Apesar de simples, nosso experimento mostrou a importância de investigarmos a ação governamental como opção para a elevação do bem-estar em economias restritas ao crédito ao longo de flutuações econômicas.
ciclos econômicos; custo de bem-estar; restrição a crédito
This article studies the welfare cost of business cycles fluctuation in Brazil. We use a model, due to Imrohoroglu (1989), in which agents are ex-post heterogeneous with respect to employment and cannot smooth perfectly consumption as they are credit restricted. This is highly relevant as the evidence is that at least 75% of Brazilian population has no access to credit markets so that their consumption path tend to be highly sensitive to economic variability. Our simulations show that in fact welfare losses due to output fluctuations are significant in Brazil and much higher than the losses found for the US economy. We introduce in the model public policies that tend to complete markets and act as an (imperfect) insurance. With a very simple tax and transfer mechanism we show that the government can increase considerably welfare.
business cycles; welfare cost; credit restriction
Custo de ciclo econômico no Brasil em um modelo com restrição a crédito
Bárbara Vasconcelos Boa Vista da CunhaI; Pedro Cavalcanti FerreiraII
IUniversidade de Chicago
IIEPGE-Fundação Getulio Vargas
RESUMO
O estudo do impacto de ciclo econômico no bem-estar dos indivíduos de uma economia é um assunto de grande importância teórica. Ao considerarmos a economia brasileira, em que grande maioria dos indivíduos não dispõe de mecanismos de crédito, ele torna-se ainda mais relevante. Se os agentes não são capazes de suavizar consumo segundo a hipótese da renda permanente de Friedman, é de se esperar que estes sofram impactos ainda maiores diante de flutuações na renda. Utilizamos o modelo proposto por Imrohoroglu (1989) para os dados da economia brasileira a fim de mensurar a perda de bem-estar causada por um ciclo econômico. A partir de resultados que mostram o significativo custo dos ciclos econômicos, propomos a introdução do governo no modelo. Agindo no sentido de completar mercados, o governo se mostrou eficiente. Apesar de simples, nosso experimento mostrou a importância de investigarmos a ação governamental como opção para a elevação do bem-estar em economias restritas ao crédito ao longo de flutuações econômicas.
Palavras-chave: ciclos econômicos, custo de bem-estar, restrição a crédito.
ABSTRACT
This article studies the welfare cost of business cycles fluctuation in Brazil. We use a model, due to Imrohoroglu (1989), in which agents are ex-post heterogeneous with respect to employment and cannot smooth perfectly consumption as they are credit restricted. This is highly relevant as the evidence is that at least 75% of Brazilian population has no access to credit markets so that their consumption path tend to be highly sensitive to economic variability. Our simulations show that in fact welfare losses due to output fluctuations are significant in Brazil and much higher than the losses found for the US economy. We introduce in the model public policies that tend to complete markets and act as an (imperfect) insurance. With a very simple tax and transfer mechanism we show that the government can increase considerably welfare.
Key words: business cycles, welfare cost, credit restriction.
JEL Classification
E32, H53, E27
Texto completo disponível apenas em PDF.
Full text available only in PDF format.
BIBLIOGRAFIA
(Recebido em janeiro de 2003. Aceito para publicação em abril de 2004).
Os autores gostariam de agradecer os comentários de Fernando de Holanda Barbosa e Roberto Ellery, bem como o financiamento do CNPq.
- BARRETO, F.; OLIVEIRA, L. G. Aplicaçăo de um modelo de geraçőes superpostas para a reforma da previdęncia no Brasil: uma análise de sensibilidade no estado estacionário. Anais do XVII Encontro Brasileiro de Econometria, 1995.
- BURNS, A.; MITCHELL, W. Measuring business cycles New York: National Bureau of Economic Research, 1946.
- CAMPBELL, J.; MANKIW, N. Consumption, income and interest rates: reinterpreting the times series evidence. NBER Macroeconomics Annual, p. 185-216, 1989.
- CAVALCANTI, C., Intertemporal substitution in consumption: an empirical investigation for Brazil. Revista de Econometria, p. 203-229, 1993.
- ELLERY, R. Restriçăo ao crédito, choques idiossincráticos e volatilidade do consumo no Brasil. Anais do XXVIII Encontro Nacional de Economia, ANPEC, 2000.
- GLEIZER, D. Saving and real interest rate in Brazil. Revista de Econometria, v. 11, p. 63-92, 1991.
- GREEN, E. Lending and the smoothing of uninsurable income. In: PRESCOTT, Edward; WALLACE, Neil (eds.), Contractual arrangements for intertemporal trade Minnesota Studies in Macroeconomics, vol 1, 1987.
- IMROHORUGLU, A. Cost of business cycles with indivisibilities and liquidity constraint. Journal of Political Economy 97, p. 1364-1383, 1989.
- ISSLER, J.; ROCHA, F. Consumo, restriçăo a liquidez e bem-estar no Brasil. Economia Aplicada, v. 4, n. 4, p. 637-665, out./dez. 2000.
- KYDLAND, F.; PRESCOTT, E. Time to build and aggregate flutuations. Econometrica, v. 50, p. 1345-1370, 1982.
- LUCAS, Robert E. Models of business cycle New York: Blackwell, 1987.
- MEHRA, R.; PRESCOTT, E. The equity premium: a puzzle. Journal of Monetary Economics, 15, p. 145-161, 1985.
- NERI, M.; THOMAS, M. Household responses to labor-market shocks in Brazil, 1982-99. Anais do XXVIII Encontro Nacional de Economia, Săo Paulo: ANPEC, 2000.
- NERI, M.; COELHO, D.; ANCORA, M.; PINTO, A. Aspectos dinâmicos do desemprego e da posiçăo na ocupaçăo. Boletim Conjuntural n. 38, IPEA, 1997.
- REIS, E.; ISSLER, J. V.; BLANCO, F.; CARVALHO, L. Renda permanente e poupança precaucional: evidęncias empíricas para o Brasil no passado recente. Pesquisa e Planejamento Econômico, v. 28, p. 233-272, 1998.
- SCHEINKMAN, J.; WEISS, L. Borrowing constraints and aggregate economic activity. Econometrica 54, p. 23-45, 1986.
- STOCK, J.; WATSON, M. Business cycle flutuations in U.S. macroeconomics time series. In: TAYLOR, J. B.; WOODFORD, M. (eds.), Handbook of macroeconomics North-Holland, 1999.
- TOWNSEND, R. Information constrained insurance: the revelation principle extended. Journal of Monetary Economics, v. 21, p. 411-450, 1988.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
06 Out 2009 -
Data do Fascículo
Jun 2004
Histórico
-
Recebido
Jan 2003 -
Aceito
Abr 2004