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O tecido como assunto: os têxteis e a conservação nas revistas e catálogos dos museus da USP (1895 - 2000)

BIBLIOGRAFIA

O tecido como assunto: os têxteis e a conservação nas revistas e catálogos dos museus da USP (1895 - 2000)

Teresa Cristina Toledo de Paula

Divisão de Acervo e Curadoria do Museu Paulista da USP

RESUMO

O texto apresenta todos os conteúdos originais publicados sobre os tecidos e sobre conservação enquanto assuntos de interesse e pesquisa dos atuais museus da Universidade de São Paulo no período 1895-2000.

Palavras-chave: Têxteis no Brasil. Têxteis. Roupas. Fibras. Conservação de Têxteis.

ABSTRACT

The text presents all the original published contents on textiles and conservation as issues of interest and research by the present museums of São Paulo University (USP) in the period of 1895 to 2000.

Keywords: Textiles in Brazil. Textiles. Dress. Fibres. Textile Conservation.

Encontram-se aqui citados e brevemente comentados todos1 1 . A bibliografia comentada em nosso mestrado, em 1998, apresentou uma parte bastante precisa da literatura disponível na àrea de conservação de têxteis. Interessava-nos, então, definir e apontar os conteúdos disponíveis na biblioteca e no Setor de Têxteis do Museu Paulista que nortearam os trabalhos institucionais desenvolvidos a partir de 1993. Podemos afirmar, inclusive, que essa bibliografia não se modificou substancialmente desde 1998 tendo sido acrescida de alguns títulos apenas. os conteúdos publicados relativos aos têxteis nas revistas e catálogos dos acervos e museus que hoje formam o Museu de Arqueologia e Etnologia (novo MAE/USP)2 2 . O extinto Instituto de Pré-História da USP não foi considerado já que não havia nenhum têxtil naquela coleção. e o Museu Paulista (MP/USP). Dos textos específicos aos comentários gerais, incluindo aquisições e doações de unidades de acervo, cursos e levantamentos bibliográficos, tudo foi incluído. Nosso objetivo principal, com este levantamento, foi quantificar e qualificar o tema nos interesses curatoriais nestes mais de cem anos de atividade museológica, facilitando futuros estudos e levantamentos.

A bibliografia reunida se encontra organizada por antigüidade da publicação e, então, a partir de sua própria cronologia. A Revista do Museu Paulista (1895-1988), durante quase um século de existência, passou por momentos distintos e várias interrupções editoriais. Seus principais editores e contribuidores foram, quase sempre, os respectivos diretores do museu: o naturalista Hermann von Ihering, os historiadores Affonso d´Escragnolle Taunay, Sérgio Buarque de Hollanda e Mario Neme, dentre outros. Nos próprios textos da revista, entretanto, apenas dois momentos editoriais aparecem comentados: o primeiro, já em 1918, quando Taunay assume o Museu Paulista e avalia a publicação3 3 . "Durante vinte annos (1895-1915), redigida a Revista pelos Srs.Dr. Hermann Von Ihering e Rodolpho Von Ihering, dos summarios dos nove tomos que a este antecedem ressalta a noção da preferencia dos dous naturalistas pelos asumptos em que se especialisaram, angariando justa e dilatada nomeada. Até agora, quase exclusivamente, foi uma revista de Zoologia. Dos cento e oito artigos que nella figuram oitenta e dous correspondem a assumptos zoologicos, de systematica, quasi sempre, quinze a anthropologicos e ethnographicos, oito a questões paleo-zoologicas. Sobre mineralogia, geologia e botanica nenhuma contribuição jamais se inseriu a não ser umas summarias considerações para o estabelecimento de um museu botânico [...]. Assumindo a redacção da Revista, pretendemos modificar-lhe um pouco os moldes. Nella publicaremos, sem distincção especial, contribuições que se refiram não só a todas as sciencias naturaes como á biologia em geral e á archeologia paulista." (Vol. X, 1918, p.VIII). . E o segundo, em 1947, com o texto de Sérgio Buarque de Hollanda que apresenta um histórico e efetiva as vocações diferenciadas da Revista do Museu Paulista e dos Annaes do Museu Paulista4 4 . "Destinando-se a Revista, dóravante, aos estudos antropológicos, enquanto os Anais continuam dedicados, de preferência, a assuntos históricos, consagra-se nitidamente essa separação." ( Revista do Museu Paulista – Nova Série, v. I, 1947, p. 10). . Em 1964, aparece impresso pela primeira vez, na página de rosto da revista, o brasão da Universidade de São Paulo5 5 . Revista do Museu Paulista – Nova Série, v. XV, 1964. .

Merece destaque especial, nesse contexto específico, a então surpreendente publicação integral, em 1951, de A moda no século XIX: ensaio de sociologia estética, tese de Gilda Rocha de Mello e Souza, reeditada como livro somente em 19876 6 . Revista do Museu Paulista – Nova Série, v. X, 1951, p. 7-94 . Outro texto a ser destacado, em um de seus últimos números, é o artigo sobre conservação de artefatos plumários do restaurador Carlos Régis Leme Gonçalves7 7 . Invólucro para conservação de artefatos plumários. Revista do Museu Paulista – Nova Série, v. XXXII, 1987, p. 251-262. .

Os Annaes do Museu Paulista (1922-1987) e posteriormente os Anais do Museu Paulista: história e cultura material (1993-) surgem, ambos, com diretrizes bem claras. Em 1922, Taunay, seu criador e principal autor até então, apresenta a publicação como orgão da Seção de História do Brasil destinado à publicação de documentos da instituição8 8 . "Enceta-se com o presente volume a série dos Annaes do Museu Paulista, orgão da secção de Historia do Brasil, e especialmente de São Paulo, do Museu Paulista, destinado particularmente á divulgação de trabalhos da secção, e á publicação de documentos incorporados ao acervo do Instituto. O grande desenvolvimento tomado, ultimamente, pelos assumptos de historia brasileira, e de São Paulo, no Museu Paulista, levaram o Governo do Estado de São Paulo, em dezembro de 1922, a nelle crear uma secção especial destinada a incrementar o estudo das cousas da nossa tradição. Tivemos a honra de ser investidos na chefia deste departamento." ( Annaes do Museu Paulista, t. I. Commemorativo do Primeiro Centenário da Independencia Nacional, 1922. São Paulo, Officinas do Diário oficial, 1922,Prefacio,p.III). , vocação reiterada, em 1949, por Sergio Buarque de Hollanda9 9 . "A reforma que em 1946 deu nova estrutura interna ao Museu Paulista não afetou essencialmente sua antiga Secção de História Nacional. [...] essa especialização já se refletia, aliás, na publicação que, instituída em 1922,visava a divulgar os trabalhos da secção, criada em Dezembro do mesmo ano. Sob a dedicada e sábia direção do Dr Afonso de E Taunay, meu ilustre antecesssor, os Anais do Museu Paulista constituíram desde seu volume inicial, publicação de consulta necessária para estudiosos de questões de história. Não competiria, pois, à nova diretoria mudar o bom rumo do órgão da Secção de História. Ao contrário do que sucedeu no caso da Revista do Museu Paulista, que ressurgiu em 1947 com especialização definida, passando a abranger unicamente assuntos de Etnologia, Arqueologia, Antropologia Física e outras disciplinas afins [...] aos Anais não cabia senão persistir na orientação primitiva." (t. XIII, 1949, Introdução, p.V-VI). . O mesmo seria feito por Ulpiano Bezerra de Meneses, em 1993, quando a Nova Série foi publicada10 10 . "[...] a revista nada tinha que pudesse vinculá-la especificamente a um museu. Não por coincidência, o acervo museológico da instituição nunca fora utilizado para a pesquisa histórica – e nem tinha sido concebida para esse fim. Aliás, tirando três ou quatro estudos, dentre os bem mais de duzentos publicados, todo o referencial tinha como tônica as fontes escritas. [...]. Ao se incorporar o Museu Paulista á Universidade de São Paulo, em 1963, têm-se dois periódicos que convivem lado a lado e, muitas vezes, se superpõem – sem contar a nova Revista do Instituto de Estudos Brasileiros/USP, lançada em 1966, e que também tinha a História do Brasil em seu horizonte. [...] Ora, o periódico do Museu Paulista, agora museu histórico, não poderia absolutamente desvincular-se dos compromissos que a instituição assume como um todo. Assim, como herdeiros de uma revista com larga folha de serviços prestados aos estudos históricos os Anais em Nova Série. O subtítulo, História e Cultura Material, deixa explícita sua nova faixa de atuação."( Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material. Nova Série, n1, 1993, p. 5-7). .

Muitos artigos publicados nos diversos volumes contêm indicações preciosas para futuras pesquisas, tão necessárias, sobre a indumentária no Brasil, sobre o custo de fios e tecidos e sobre fibras, hoje inexistentes, como é o caso da aramina, que chegou inclusive a participar de feiras agrícolas11 11 ." No Anuário da Escola Politécnica de São Paulo para 1901 publicou Silva Telles extensa nota prévia sobre os seus trabalhos, artigo que o Jornal do Comercio transcreveu na integra. Neste interim o nosso ensaista prosseguira com as demonstrações de industrialização da fibra da aramina, valendo-se da fábrica de cordas e barbantes do Sr.Henrique Maggi, no bairro da Barra Funda na cidade de São Paulo. [...] As experiências [...] haviam demonstrado a incontestavel superioridade da aramina sobre a juta. [...]. Contava Dr Silva Telles obter em 1902 dessas plantações regulares e da colheita do arbusto selvagem [...] cerca de 300 toneladas de fio [...]."(p. 39-40); Um paulista eminente e benemérito (Augusto Carlos da Silva Telles ,1851-1923). Ensaio Biográfico, de Affonso de E. Taunay, t.XXII 1945. Comemorativo do primeiro cincoentenário da Fundação do Museu, p. 39-40). . Merece destaque, ainda na série inicial, o artigo de Mario Neme sobre a utilização cultural de acervos e a importância da atividade de conservação12 12 . "As coleções dão a razão de ser ao museu, determinam sua existência e a sua manutenção, exigem que ele funcione. E nisto consiste a primeira forma de utilização cultural de material de museu. Trata-se exatamente da função precípua dos museus, aquela que se define pela obrigação de conservar o seu acervo de peças. Função cultural das mais importantes, a conservação das coleções é a atividade das mais importantes, a conservação das coleções é a atividade a que por definição se destinam as instituições do gênero [...]. Conservar as peças e transmiti-las às gerações futuras, no seu estado de autenticidade e pureza original, é pois a primeira modalidade de utilização cultural a que tem de dedicar-se o museu. [...] E,ainda que,se por escassez de meios a conservação do material de um museu tiver de ser prejudicada, em favor, por exemplo de mais ricas exposições públicas, isto não se fará sem grave delito contra os altos interêsses da cultura." (Utilização cultural de material de museu, t. XVIII, 1964, p. 10- 11). .

Na Nova Série, merecem destaque, dentro dos objetivos específicos deste estudo, o texto e o ensaio bibliográfico sobre conservação de têxteis e a seleção bibliográfica sobre indumentária e moda13 13 . Na ordem em que foram citados: Restauração e conservação: algumas questões para os conservadores. A perpectiva da conservação de têxteis, de Mary Brooks, Caroline Clark, Dinah Eastop e Carla Petschek,Nova Série, nº2, 1994, p. 235-250.- Conservação de têxteis históricos: uma bibliografia introdutória, de Teresa Cristina Toledo de Paula, Nova Série, nº 2, 1994 p. 301-319. Indumentária e moda: seleção bibliográfica em português, de Adilson José de Almeida, Nova Série, nº 3, 1995, p. 251-296. .

O Dédalo, diferentemente das publicações anteriores – ambas de um mesmo museu –, foi uma publicação de dois museus: entre 1965-1968 era chamada Revista de Arte e Arqueologia do então criado Museu de Arte e Arqueologia (MAA), e, a partir de 1970 e até 1989, tornou-se a Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia (antigo MAE). Seus primeiros números preocuparam-se, sobretudo, em apresentar textos enfatizando e esclarecendo as diferenças conceituais e metodológicas entre as áreas de sua competência. Destaque-se o texto de Vera Coelho comentando o pequeno número de estudos sobre os têxteis14 14 . "Em comparação com o número de publicações sobre vários outros assuntos, os estudos sobre tecidos ainda receberam pouca atenção por parte dos especialistas. Desejaríamos que no futuro o número desses estudos pudesse aumentar, e, o que é mais, que não se concentrassem apenas nessa especialidade, mas pudessem tratar comparativamente de outras técnicas. Para as interpretações iconográficas tal abordagem teria um significado fundamental." (A Cultura Nasca – Bibliografia Seletiva Ano IV,VOL Nº *, dez. de 1968 p. 72). . E também, o texto de Hugues de Varine-Bohan, então diretor do Icom, que analisa os museus de sete países latino-americanos por ele visitados naquele ano, inclusive o Brasil e a USP15 15 . "Em regra geral,os museus situados nas cidades mais importantes (Rio de Janeiro e São Paul) o são os mais atrasados, embora disponham teoricamente das maiores facilidades. Talvez se possa explicar tal fato pela existência de numerosas atividades culturais nessas cidades, onde o museu é considerado como uma instituição do passado, a exemplo do que acontece em certas grandes cidades européias. Geralmente, a tendência é de anexarem-se os museus mais importantes às universidades, o que traz como consequência a limitação de suas atividades à pesquisa.A frequência é excepcionalmente fraca e nada se faz para incentivá-la. O pessoal é geralmente de muito boa qualificação científica mas sem formação museológica.[...] Os problemas de conservação e restauração são muito graves em razão do clima e da má adaptação dos edifícios, mas existe um notável centro nacional que é utilizado sómente para salvaguarda do patrimônio monumental (DEPHAN). Uma das razões dêste estado de coisas é o pequeno número de pessoas que a isto está ligado, outra é a má informação do pessoal dos museus no que diz respeito às exigências da conservação. [...] "Se existem no Brasil coleções riquíssimas de Etnologia (sobretudo indígena) sua conservação e apresentação não mereceram muita atenção. Somente o pequeno museu que existe em São Paulo pode ser considerado moderno (Museu de Artes e Técnicas Populares, da Associação Brasileira de Folclore, no Ibirapuera). Haveria muito trabalho a fazer nesse campo.[...] A Universidade de São Paulo criou recentemente um museu de arqueologia geral, único de seu gênero na América. [...] Seria preciso igualmente que o Brasil solicitasse à UNESCO a concessão de uma bôlsa de viagem ao Conservador do museu para o estabelecimento de negociações com os museus interessados." (Museus da América Latina, de Hugues de Varine-Bohan, anno III. vol.I nº 5, junho de 1967, p.58- 59). .

Em sua segunda fase foram poucos os artigos de interesse desse estudo, geralmente breves inserções. Destaque-se um texto dedicado aos problemas freqüentemente encontrados na curadoria de acervos de arte africana16 16 . Termos classificatórios do objeto de arte africana nas coleções: um problema para os acervos museográficos no Brasil, de Marta Heloísa Leuba Salum, nº 26, 1988. p. 43-60. . Mais importante que os artigos, nesse contexto, são os informes sobre a criação do serviço de museologia e a implantação de um serviço de conservação e restauração em 198717 17 . nº 26, 1988, p. 7, Crônicas. .

A Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia (1991- ), publicação do novo MAE, traz, já em sua apresentação, seus objetivos de órgão divulgador da produção científica nas áreas de Arqueologia, Etnologia e Museologia18 18 . "O surgimento do novo MUSEU DE ARQUEOLOGIA E ETNOLOGIA DA USP exigia uma nova revista que o representasse perante a comunidade científica do país e do exterior. De fato, a decisão da Reitoria da Universidade de São Paulo, no final do ano de 1989, em promover a fusão de instituições afins visando a racionalização de atividades ligadas á pesquisa em Arqueologia e Etnologia, bem como a curadoria dos respectivos acervos, teve como resultado a reunião de pesquisadores, técnicos e funcionários do Instituto de Pré-História,do antigo Museu de Arqueologia e Etnologia, do acervo arqueológico e etnográfico do Museu Paulista e do Acervo Plinio Ayrosa, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Uma coleção de mais de cem mil peças, envolvendo uma centena de interessados, transformava os antigos museus ou acervos numa das mais importantes instituições de pesquisa na área de Arqueologia e Etnologia, impondo o desaparecimento dos antigos periódicos que os representavam (DÉDALO, REVISTA DE PRÉ-HISTÓRIA E REVISTA DO MUSEU PAULISTA) e sua consolidação numa única publicação: REVISTA DO MUSEU DE ARQUELOGIA E ETNOLOGIA. A presente revista é, portanto, orgão de comunicação oficial da nova instituição. Sua finalidade precípua é dar vazão à produção científica realizada dentro e fora da Instituição nas áreas de Arqueologia, Etnologia e Museologia, especificamente naqueles segmentos nos quais o NOVO MAE se encontra vocacionado, isto é, nos setores americano (com destaque para o Brasil), africano, mediterrâneo e médio-oriental." ( Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia. São Paulo,Universidade de São Paulo, publicação anual. nº 1, 1991, Apresentação). .

Tornaram-se mais freqüentes os estudos de coleções foram publicados, nesses mais de 10 anos, três textos sobre conservação, de especialistas da instituição e, um quarto texto, de autoria de uma docente, também do museu19 19 . Conservação preventiva e patrimônio arqueológico e etnográfico: ética, conceitos e critérios, de Yacy-Ara Froner, p. 291-301. O trabalho de conservação e restauro do acervo destinado à exposiçao de longa duração do MAE: a preservação das Formas de Humanidade, de Yacy-Ara Froner, nº7,1997,p.143-152. Serviço Técnico de Curadoria: gerenciamento documental e armazenagem das coleções etnográficas e arqueológicas do MAE na área de reserva técnica, de Elaine Hirata et alli, nº 7, 1997, p. 193-198.A conservação preventiva e as reservas técnica, de Gedley Belchior Braga, p. 269-277. . Na área de documentação merece ser destacado o texto de Marilucia Bottallo que dimensiona as diferenças qualitativas e quantitativas na documentação das coleções do novo MAE20 20 . "O Museu Paulista e o antigo MAE tiveram a oportunidade de tratar seus acervos sob o ponto de vista da documentação museológica, pois, evidentemente, ambas tinham uma preocupação institucional explícita em função dos processos de comunicação e extroversão. O Instituto de Pré-História, sob o ponto de vista da extroversão,contava com programas museológicos que atuavam nos aspectos da comunicação (por meio de exposições) e de ação educativa. Quanto ao Acervo Plinio Ayrosa, que também mantinha exposições museológicas, o tratamento do acervo priorizava uma documentação científica, na qual a comunicação segue os padrões da academia (redação de teses e artigos, palestras, conferências, aulas e outros fins), porém com a atenção voltada para os estudos sobre a coleção, o que permite um conhecimento bastante otimizado dos grupos étnicos representados. Seu sistema documental, semelhante, mas não idêntico, ao utilizado no Museu Paulista, reflete tal preocupação. Isso significa que o MAE 'herda' quatro estruturas organizadas de maneiras diferentes em relação aos processos de catalogação, organização e gerenciamento de seu material coletado. Ao mesmo tempo, a fusão transformou coleções de pequeno e médio porte em uma única coleção,a partir de então, considerada grande para o perfil das instituições do gênero no meio museológico nacional." (As coleções de arqueologia pré-colonial brasileira do MAE/USP: um exercício de documentação museológica, de Marilucia Bottallo, p. 257-268). .

Por último, na bibliografia comentada que se segue, apresentamos o Catálogo do Acervo Plinio Ayrosa (APA), inédito, de 1988, organizado pela Profª Drª Dominique T. Gallois, sua única "publicação". O texto é um documento importante para a compreensão das origens das diversas coleções do APA, suas diferentes sedes, critérios de catalogação e estado de conservação de vários têxteis, hoje, acervo do MAE. Sua impressão seria de extrema importância.

Optamos ainda por incluir, em um último e único item da bibliografia, outras publicações do Museu Paulista e da Universidadede São Paulo que trazem textos ou outros elementos pertinentes ao assunto.

I - Revista do Museu Paulista

Vol. I, 1895

História do Monumento do Ypiranga e do Museu Paulista de Hermann von Ihering p. 9-15 relata os primeiros tempos daquela instituição e traz carta da Commissão Geographica e Geologica de S. Paulo com a história da coleção. A maior parte do número é dedicada, já, ao estudo de determinadas coleções (zoológicas e botânicas). Menciona-se, ao final, uma sala dedicada à Etnologia e Arqueologia.

A disposição geral do Museu é a seguinte: o andar terreo serve para a administração, laboratórios, officinas, bibliotheca e collecção de estudos; o primeiro andar é destinado às collecções expostas ao publico as quaes occupam 16 salas que hoje são abertas a excepção de uma, destinada aos insectos, a qual só mais tarde podera ficar prompta.

O fim destas collecções é dar uma boa e instructiva idéia da rica e interessante natureza da America do Sul e do Brazil em especial, como do homem sul-americano e de sua historia.

[...] Por ora nota-se certa desegualdade nas collecções dos diversos grupos, mas temos a observar que apenas estamos no principio, e quem conheceu estas collecções antigamente, desde logo convencer-se-á, de que já se augmentaram e completaram, assim como da mudança na preparação, collocação e determinação. Uma das collecções que ainda não nos satisfaz e cujo desenvolvimento recommendo especialmente a esta illustre reunião é a secção historica.

[...] Será assim a nossa tarefa completar as collecções existentes, eliminar os exemplares feios substituindo-os por outros mais perfeitos, tudo conforme plano combinado, e do outro lado reunir quanto mais material de todas as partes do Brazil e de outras partes da America do sul para as collecções de estudo. (p. 20-21).

No primeiro andar acham-se as collecções expostas ao publico:

Sala B.12 Collecção ethnografica e archeologica (Indios do Brazil) (p. 29).

Vol. II, 1897

O Museu Paulista no anno de 1896, de H. von Ihering, comenta, entre outros assuntos, a morte do Dr. Brown-Goode, diretor do então Museu Nacional dos Estados Unidos. O volume, quase em sua totalidade, é dedicado aos estudos sobre as conchas.

E a Brown-Goode que estamos devendo a elaboração e codificação destes princípios de administração, sendo notável a sua pequena obra The principles of Museum administration, York, 1895. Entre as máximas principaes da organização e administração dos Museus elle notou: "Para que um Museu possa ser respeitavel e util deve ser occupado seguido de actividade aggressiva, seja em educação seja em investigação ou em ambas. O Museu que não segue uma politica aggressiva e que não está seguido augmentando e melhorando, não é capaz de ficar com um pessoal competente e com certeza há de cair em decadencia.

Os serviços effectivos que um Museu poderá prestar como meio de educação e de progresso da sciencia dependem da organisação de uma collecção de estudo, cuja administração há de ser feita com principios differentes daquelles que são determinantes para as collecções expostas. Estas collecções de estudo deverão guardar-se em laboratorios não accessiveis ao publico. [...] O Museu é mais intimamente em correlação com as massas do povo como a universidade ou as sociedades scientificas. O Museu publico é uma necessidade em qualquer communidade de civilisação progredida."

Examinando nestas condições a organização do Museu Paulista, verifica-se que corresponde perfeitamente ás regras e principios expostos. Provam-n'o quanto à instrucção as 40.000 pessoas que durante o anno de 1896 visitaram o Museu e as modificações que tenho feito nas collecções expostas [...] (p. 6-7).

Vol. III, 1898

O Museu Paulista no anno de 1897, de H. von Ihering, comenta, em especial, o crescimento das coleções por meio de doações. Há apenas uma menção de interesse específico desse estudo.

Obstaculo serio que se oppõe ao crescimento das collecções expostas ao publico é a falta de espaço. Sendo o caracter do Museu o de um museu brazileiro, é bem natural que, se faltar espaço, os typos dos outros continentes sejam retirados dos armários para dar logar a representantes da fauna indigena (p. 9).

Bibliographia (Historia Natural e Anthropologia), p. 505-567, apresenta uma resenha comentada das publicações recebidas pela biblioteca da instituição.

São elas [palmeiras] que fornecem o fio com que tecem as rêdes em que descançam o corpo; que lhes dão a linha para pescar [...] (p. 519).

Vol. lV, 1900

O Museu Paulista no anno de 1898, de H. von Ihering, comenta, em especial, o crescimento das coleções por meio de doações e a redução da verba estadual. Nesse volume, no final da edição, surgem as primeiras reproduções fotográficas.

Nessas circumstancias as acquisições feitas foram limitadas a um quadro de C. Parlagrecco "Na roça", comprado por 2:800$000 reis e uma valiosa collecção de objectos ethnographicos dos indios Carajás, do Rio Tocantins, comprada do Sr. José M. Palmeira da Silva por 2:000$000 reis. Noto entre esses objectos duas grandes máscaras para dança, como são figuradas na obra de Castelnau II Pl.9, [...] (p. 1).

Vol. V, 1902

O Museu Paulista no anno de 1899 e 1900, de H. von Ihering, comenta, em especial, o crescimento das coleções por meio de doações. Ao falar das doações, afirma:

[...] do Sr Heitor Machado, São Paulo, um manto de palha dos indigenas de Matto-Grosso (p. 5).

Vol. VI, 1904

O Museu Paulista no anno de 1901 e 1902, de H. von Ihering, comenta, em especial, o crescimento das coleções e seu mau estado de conservação.

Adquiriu-se tambem, em boas condições, um banguê (coupê portatil) e uma cadeirinha, que representam a forma dos antigos vehiculos usados em S.Paulo (p. 5).

Em consequencia do bolôr, produzido pela humidade do clima, tornou-se bastante dificil a conservação das collecções e impossivel a dos rotulos explicativos, que necessitavam de uma substituição, quasi que completa [...] (p. 7).

Os Guayanãs e Caingangs de São Paulo, de H. von Ihering, p. 23-44, menciona os panos tecidos pelos Caingang.

Outra particularidade destes povos consiste na arte do tecer, pois que fabricavam pannos grossos "curú" das fibras da ortiga brava ou da caraguatá. Os Tupis ao contrario souberam apenas fabricar rêdes mas não tecidos ou pannos (p. 35).

Há, entretanto, traços geraes referentes não só aos actuaes representantes dos Guayanã-Caingangs, mas também aos seus antigos antecessores, como o são: O caracter relativamente manso e docil, o bom tratamento dos presos, que em geral não eram devorados, a arte de tecer pannos, o costume de dormir em leito feito no chão e o enterramento dos defuntos não em urnas mas na terra (p. 38).

Os Indios Guayanãs, de Benigno F. Martinez, p. 45-52, traz alguns comentários sobre indumentária.

Os mesmos cingem a fronte com uma cinta de plumas tecidas com fibras de caraguatá, sendo as vermelhas as que mais apreciam, no mais andam totalmente nús e as mulheres cobrem a cintura com um tecido do mesmo caraguatá (p. 47).

Os dois sexos cobrem sua nudez com avental de algodão que fixam na cintura, por meio de uma corda de caraguatá (p. 49).

Observações sobre os indígenas do estado do Paraná, de Telemaco M. Borba, p. 53-62, comenta seus hábitos de vestir.

Parece-me que o Sr. Ewerton Quadros não observou bem os "Cayhuás"; desculpe escrever assim, mas é como elles se denominam; esses indios não tem os olhos bridados, são robustos, laboriosos e mais leaes que os Corôados. Não tem nada do typo mongolico; homens e mulheres andam todos vestido; os homens usam uma tanga, a que chamam – xeripá e as mulheres uma especie de camisa sem mangas – tipoi; tudo de algodão fiado e tecido por ellas [...] (p. 54).

Vol. VII, 1907

O Museu Paulista no anno de 1903 a 1907, de Rodolpho von Ihering, faz um balanço dos 10 anos de atividades do museu.

No novo armario da sala B 9, de objetos historicos foram collocadas varias bandeiras, espadas e a armadura de Martim Affonso de Souza etc. (p. 13).

A Anthropologia do estado de São Paulo, de H. von Ihering, p. 203-257, apresenta um estudo ampliado do autor sobre o tema, já estudado por ele.

Os Guaranis ou Tupis meridionaes são todos christãos e usam em geral os utensilios e vestidos, bem como muitos costumes dos brazileiros, cujos nomes de familia adoptaram e cuja lingua entendem mais ou menos (p. 203).

(sobre os Cayás): Os homens andam nús, ou com um cinto; as mulheres usam, ao redor da cintura, uma estreita fita de embira ou um tecido, denominado cheripá. (p. 204).

(Os Caingangs): Os homens andam nús, usando porém na estação fria pannos grossos, feitos das fibras da ortiga brava. Estes pannos, Curús, ornamentados com desenhos lineares, representam uma particularidade industrial dos Caingangs (p. 210).

Em quanto que os Tupinambás andavam nús, os Carijós usavam capas e as mulheres vestiam aventaes de algodão (p. 218).

A organização actual e futura dos Museus de História Natural, de H. von Ihering, p. 431-449, conta a viagem e visitas técnico-cientifícas realizadas pelo cientista entre abril e novembro de 1907.

Observei grande progresso na installação de Institutos Anatomicos, de Institutos zoologicos e particularmente de Museus, Institutos e Jardins Botanicos, mas não vi um único Museu Zoológico que estivesse na altura que o actual estado da sciencia exige. (p. 440).

Referindo-nos aqui apenas às collecções scientíficas, temos de distinguir tres grupos dos mesmos: Museus centraes, provinciaes e especializados. Estes ultimos são, sem duvida, os que melhor correspondem às exigencias da sciencia, mas mesmo assim só existem em numero limitadissimo (p. 441).

Si agora, depois de termos examinado a crise e o futuro dos Museus, procurarmos apurar a questão do que o progresso da sciencia exige, declararemos que o futuro será o dos Museus especialisados. É duvidoso si os grandes Museus serão capazes de acompanhar as modificações, que o desenvolvimento da sciencia torna necessarias (p. 445).

Vol. VIII, 1911

O Museu Paulista nos annos de 1906 a 1909, de Hermann e Rodolpho von Ihering, p. 1-22, menciona a doação de alguns objetos de interesse desse estudo.

Capitão Joaquim Dias F. Coimbra, São Paulo: 1 cadeirinha antiga, usada para transporte de senhoras (p. 18).

Dr Eugenio Egas, São Paulo: vestimenta de couro dos sertanejos do norte do Brazil (p. 22).

Os Botocudos do Rio doce, de H. von Ihering, p. 39-54, menciona por duas vezes a indumentária. No final da revista há fotos dos indíos e de 11 objetos, dentre deles dois têxteis (bolsas).

As mulheres andam completamente nuas, os homens vestem uma tanga feita de qualquer fazenda, que receberam de presente ou em troca. Uma vez o sr. Garbe observou um homem tirando a tanga ao banhar-se e viu que em baixo della o apice do membro era ligado a uma cinta de cordão (p. 39-40).

Actualmente, devido às suas relações com os brancos, os costumes antigos já foram modificados em muitos pontos, e assim já os enfeites de perolas de metal e diversos tecidos são comuns entre as tribus do Rio Doce (p. 41).

A questão dos indios no Brazil, de H. von Ihering, p. 112-140, traz comentários exaustivos do autor sobre o tema. Destaquem-se seus comentários sobre os "immigrados" e os "paleobrazileiros".

(nota de rodapé) O Snr. Tenente Coronel Rondon, na terminologia positivista denomina "occidentaes" os brazileiros de origem europea. A denominação entende só com a Europa e nada significa aqui. Si não fôra a confusão poderíamos designar a populaçao branca pelo nome de immigrados. Mas cumpre distinguir os nascidos no Brazil dos novamente acclimados. Eu proporia o nome de "neobrazileiros" para o conjunto das raças immigradas e seus descendentes depois da descoberta da America. Os indigenas seriam o elemento brazileiro primitivo ou "paleobrazileiro" (p. 428).

Bibliographia 1908-1910 – Anthropologia e Zoologia do Brazil, por Rodolpho von Ihering, p. 501-560. Nela o autor comenta uma publicação alemã que estudou as máscaras de danças dos Carajá.

Na segunda publicação acima citada o auctor faz estudos sobre as máscaras de dansas, tão características, dos carajás, que correspondem mais ou menos a um club frequentado só pelos homens da tribu e que lá, a pretexto de fazer as máscaras, passam o dia a conversar e fumar, longe das mulheres que não podem se chegar a estas "hodocre". O viajante não foi feliz na obtenção das máscaras que tanto cubiçava; em compensação os indios fizeram-lhe muitos desenhos e miniaturas. Há um grande numero de typo de máscaras, conforme as dansas a que se destinam. Estas dansas, executadas só por homens, tem significações varias, referentes á abundancia de caça e pesca, de mel, etc.

A ultima publicação mencionada, de caracter mais popular, mostra em bellos trichromias, os mais variados artefactos desses nossos indios artistas. Felizmente o Museu Paulista tambem possue uma collecçao bem rica destas preciosidades ethnographicas que anno por anno se tornam mais preciosas. Como o próprio autor o salienta é excepcional o espirito conservador que estes Carajás manifestam, conservando os seus costumes e as suas industrias, quando em geral as nossas tribus indigenas perdem tudo isto sob a influencia da nossa cultura, da qual entretanto pouco mais aproveitam do que a pinga, o alcool. Em boa parte também a boa estrella dos indios do Araguaya corroborou para que assim fosse; quasi todos os brasileiros influentes que entabolaram relações com estes indigenas foram homens de coração e que os tratavam com bondade, como José Pinto da Fonseca (1774), o dr. Couto de Magalhães e Sebastião de Freitas, o muito estimado commandante de vapor (p. 520).

Vol. IX, 1914

O Museu Paulista nos annos de 1910, 1911 e 1912, de H. von Ihering, relatórios, p. 5-24, cita a exposição de objetos etnográficos.

Quatro armarios novos foram collocados na galeria do pavimento superior e ahi figuram objectos archeologicos; desta forma poude-se dar um arranjo mais racional a esta secção. Em um dos grandes armarios da sala de Ethnographia figuram agora os artefactos dos indios do estado de S. Paulo: Guaranys e Cyuás, Caingangs, Chavantes; nos outros armarios agrupam-se os materiais concernentes às outras nações brazileiras. [...] O quarto desses armarios mostra uma variada série de artefactos dos incas, que muito obsequiosamente o sr. dr. Max Ule adquiriu para o nosso Museu.

Com relação a esta ultima acquisição devemos ainda extender os nossos agradecimentos ao dr. Larraburre y Unanue, eminente estadista peruano que obteve licença para a exportação dessas coleções, o que do contrario não teria sido possível em vista das leis peruanas que vedam a sahida de taes preciosidades archeologicas para fóra do paiz (p. 9-10).

Vol. X, 1918

Publicado por Affonso d'Escragnolle Taunay. Nesse volume as fotografias já surgem inseridas nos artigos, e a bibliografia comentada assume a forma de ensaio.

Após uma interrupção de quatro annos reapparece a Revista do Museu Paulista. Foi esta pausa motivada por multiplas circunstancias, sobretudo pelo periodo anormal pelo qual, em 1916 e 1917, passou o Museu, com a sua vida regular suspensa pelos trabalhos de inquerito administrativo a que nelle se procedeu e, como consequencia, lhe trouxe a mudança de direção. Alem desta ordem de questões de vida interna, occorreram os longos e laboriosos tramites do inventario, geral e minuciosissimo, procedido em todas as collecções do Ypiranga, por ordem do Governo do Estado de São Paulo (p. III).

Durante vinte annos (1895-1915), redigida a Revista pelos Srs. Dr. Hermann Von Ihering e Rodolpho Von Ihering, dos summarios dos nove tomos que a este antecedem ressalta a noção da preferencia dos dous naturalistas pelos asumptos em que se especialisaram, angariando justa e dilatada nomeada.

Até agora, quase exclusivamente, foi uma revista de Zoologia. Dos cento e oito artigos que nella figuram oitenta e dous correspondem a assumptos zoologicos, de systematica, quasi sempre, quinze a anthropologicos e ethnographicos, oito a questões paleo-zoologicas. Sobre mineralogia, geologia e botanica nenhuma contribuição jamais se inseriu a não ser umas summarias considerações para o estabelecimento de um museu botanico [...].

Assumindo a redacção da Revista, pretendemos modificar-lhe um pouco os moldes. Nella publicaremos, sem distincção especial, contribuições que se refiram não só a todas as sciencias naturaes como á biologia em geral e á archeologia paulista (p. VIII).

O Museu Paulista em 1914, em seu final, cita a doação de uma camisa de indio.

Sr Jacques Kesselring, objectos historicos da região da Estrada Madeira mamoré, no Amazonas, e uma camisa de índio (p. 12).

Relatório do Museu Paulista referente ao anno de 1916 comenta o inventário realizado no museu.

Procedeu a commissão a exame nas contas relativas à gestão do sr. dr. Hermann von Ihering, e, ao mesmo tempo, procedeu à inventariação do material existente no Museus ( p. 921).

Relatório referente ao anno de 1917, p. 975-1000, apresenta comentários do diretor sobre a instituição, ponto a ponto, e indica as principais mudanças ocorridas.

Uma outra medida que todos os visitantes reclamam é o calçamento a parallelipipedos da Avenida Independencia e Rua Bom Pastor. No tempo secco e dias quentes transitam os bonds sob verdadeiras nuvens de poeira que a muitos visitantes fazem perder a vontade de voltar ao Ypiranga. Não se realizou nenhuma festa especial a 7 de setembro; assim mesmo foi neste dia o estabelecimento visitado por 2494 pessoas (p. 979).

Ao assumir a Diretoria do Museu fiquei mal impressionado com o estado de pouco aceio em que se mantinham não só muitos dos móveis das salas de exposição com o avaltado material que parecia desde longos annos não haver soffrido uma reforma por assim dizer indispensável a muitos exemplares. A primeira vista ressaltava o descaso com que desde longos annos viviam as collecções destinadas ao publico (p. 982).

Havendo 22 anos que no Museu nenhuma nova sala se abrira ao publico, o que era a causa de grandes e geraes reparos, lembrei-me de inaugurar, com a brevidade possível, novas collecções a expor (p. 985).

Admirei-me contudo de que se não houvesse tomado providencias contra o desbotamento provocado pela ação directa da luz sobre o material [...] ordenei que os vidros dos armários fossem pintados de preto e que se adaptassem cortina às estantes vedando a luz (p. 989).

Vol. XI, 1919

Relátorio referente ao anno de 1918, apresentado, a 15 de Janeiro de 1919, ao Excellentissimo Senhor Secretario do Interior, Dr. Oscar Rodrigues Alves, pelo Director em Commissão do Museu Paulista, Affonso d'Escragnolle Taunay, p. 828-891, discute a reorganização da seção de etnografia por Roquette Pinto e relaciona algumas doações de interesse desse estudo.

Autorisado por V. Excia, convidei o professor Edgard Roquette Pinto, do Museu Nacional, a vir reorganizar as nossas exposições ethnographicas cujo aspecto vetustamente inesthetico, causava má impressão. [...] Ethnographo de consummada reputação, o autor de Rondonia com o conhecimento que das questões relativas aos nossos indigenas possue, distribuiu os nossos variados e valiosos elementos collecionados, segundo o mais moderno e seguro criterio (p. 898).

Entregando-o ao Museu Paulista ainda lhe adicionou a Exma Snta D. Lydia de Rezende armas que acompanhavam antigos uniformes e condecorações que foram de membros de sua família. [...] Dr. Altino Arantes, presidente do Estado – que offereceu um curioso e pittoresco especimen da nossa indumentaria colonial: um guarda-sol desde muito conservado numa das mais velhas familias de Cananéa (p. 917).

Dr. Leopoldo Ferreira (doou) uma bella rêde de fibra de tucum tecida por indios da Amazonia (p. 919).

Tomo XII, 1920

Sobre os costumes dos indios Nhambiquaras, do Major Dr. Antonio Pyrineus de Souza, p. 389-410, traz apenas um breve comentário de interesse desse estudo.

Usam como enfeite, homens e mulheres, collar de côcos, de conchas e de dentes de animaes. Apertam fortemente, os braços e as pernas com ligas de fibras de tucum ou de algodão, ordinariamente tecidas por mulheres (p. 392).

Tomo XIII, 1922

Relátorio referente ao anno de 1920, apresentado, a 18 de Janeiro de 1921, ao Excellentissimo Senhor Secretario do Interior, Dr. Salarico Silveira, pelo Director em Commissao do Museu Paulista, Affonso d'Escragnolle Taunay, p. 1295-1313, descreve a composição da nova sala de indumentária.

Para as salas de indumentária adquiri, entre outras, interessantes collecções de estribos, ferros de engomar, chaves e fechaduras (p. 1298).

Todos estes documentos iconographicos, agora transportados para a pintura a óleo, obedecem a diversas séries: [...] Sobre indumentária: "Senhora rica e sua aia em Porto Feliz; – Alvarez Machado e sua familia, em Campinas; Mulheres do povo em dia de festa; – Indios mansos de Porto Feliz (p. 1303).

Tomo XIV, 1926

Circunstancias alheias a nossa vontade fazem com que o presente tomo [...] só possa ser distribuido tres annos após o apparecimento do seu antecessor immediato.

Causas multiplas para tal contribuiram entre as quaes destacaremos sobretudo a perturbação geral causada em todos os serviços publicos e particulares do estado de S. Paulo pelos sinistros acontecimentos de Julho de 1924, a gravissima crise de energia elétrica na capital paulista que perdurou longos e longos mezes e sobretudo a enorme sobrecarga de serviços das officinas [...] (p. III).

Relátorio referente ao anno de 1921 apresentado, a 31 de Janeiro de 1922, ao Excellentissimo Senhor Secretario do Interior, Dr. Alarico Silveira, pelo Director em Commissao do Museu Paulista, Affonso d'Escragnolle Taunay, p. 685-707, menciona a doação de indumentária e de uma bandeira.

No decorrer do anno de 1921, o Museu recebeu as seguintes offertas:– [...] um vestuário do tempo da proclamação da independencia [...] uma bandeira que tremulou na barraca do Brig. José Antonio F. Galvão, na Guerra do Paraguay [...] (p. 707).

Relátorio referente ao anno de 1922 apresentado, a 23 de Janeiro de 1923, ao Excellentissimo Senhor Secretario do Interior, Dr. Alarico Silveira, pelo Director em Commissao do Museu Paulista, Affonso d'Escragnolle Taunay, p. 727-758, descreve a reformulação das salas de exposição.

Até 1916 fôra o Museu Paulista um museu exclusivamente, por assim dizer, de zoologia. Contava dezessete salas, das quaes além do Salão de Honra, vasio, absolutamente vasio, onze de zoologia, uma de numismatica, uma d'ethnographia, uma de mineralogia, duas de "objectos historicos" que não passavam do mais irracional deposito de bric á brac, onde os moveis velhos em detestável estado de conservação, amontoados, por vezes partidos, se contrapunham às jóias da collecção Campo Salles, às armas antigas, a umas tantas series desconnexas de ceramicas, objectos domesticos, pinturas, retratos, objectos soidisant historicos, alguns dos quais ridiculos até (p. 729).

Sala B-9 de Objetos Historicos: Além dos objectos que nella se expunham e onde há muita cousa valiosa como uma collecção de velhas armas, espingardas, trabucos, arcabuzes, espadas, pistolas, etc uma colubrina e uma armadura quinhentista, os paramentos sacerdotais do Regente Feijó [...].

[...] Entre as valiosas acquisições citemos: uma bandeira que acompanhou as forças do Matto Grosso, na Retirada da Laguna[...] (p. 739).

Dadivas feitas ao Museu durante o anno de 1922: [...] por intermedio da Secretaria do Interior os parentes do Commendador André Sanchez Mosquera, a espada, o chapéo e as insignias da Ordem de Izabel [...] (p. 765).

Relatorio referente ao anno de 1923 apresentado, a 02 de fevereiro de 1924, ao Excellentissimo Senhor Secretario do Interior, Dr. Alarico Silveira, pelo Director em Commissao do Museu Paulista, Affonso d'Escragnolle Taunay, p. 769-790, menciona a criação das secções de História e Etnografia e o lançamento do primeiro volume dos Annaes do museu.

Novas Secções do Museu Paulista. Ampliando a actual organização do museu resolveu o Congresso nelle criar duas novas secções: a de Historia nacional e especialmente de S. Paulo e Ethnographia e a de Botanica (p. 774).

Annaes do Museu Paulista

Sahiu à luz o primeiro tomo do orgão da Secção os Annaes do Museu Paulista, corpulento Volume de mil e poucas paginas [...] (p. 789).

Tomo XV, 1927

Os Índios Chamacocos, de Herbert Baldus p. 05-64. il., relata a expedição do autor em 1923.

Em Bahia negra vimos Chamacocos pela primeira vez.[...] Agora estes "civilisados" ganhavam a vida a cortar madeira, suas mulheres se tinham tornado lavadeiras e aguadeiras ou faziam "trabalhos de indios": adornos de plumas, esteiras tecidas, bolsas e semelhantes "raridades" para museus e gente basofia (p. 10).

Encontrámos um Chamacoco, moço bonito e intelligente, que, fazia alguns annos, viajara com um austríaco pela Europa. Mostrou-nos uma revista com o seu retrato e um album de photographias de Vienna. Mas além d'isso nada de europeo lhe ficara. Tinha regredido aos costumes dos seus irmãos, andava meio ou inteiramente nú, recordava-se apenas ainda dos paizes afastados [...] (p. 11).

[...] Um dos membros da expedição não conseguiu obter uma india a troco das nossas mais preciosas joias falsas. Mas quando deu ao pae vinte cartuchos de carabina, este trouxe-lhe à meia-noite, a filha à nossa tenda [...] (p. 16).

[...] A india Chamacoco fabrica o adorno de plumas e os tecidos com mais arte que as mulheres dos vizinhos (p. 23).

A tchimitchana é a "mulher da casa" raspa as folhas espinhosas do carahuatá para lhes extrahir as fibras; com ellas tece pequenas bolsas para guardar preciosidades como um botão velho, um parafuso e cousas semelhantes, bolsas grandes nas quaes carrega o filho, mosquiteiros e rédes. Ornamenta os tecidos com riscos azues, cinzentos, pretos e vermelhos; para isto de plantas extrahe as materias côrantes. De juncos (piri) prepara esteiras para se deitar, o tecto e para si uma tanga (p. 24).

Os Chamacocos não se vestiam outr'ora; só alguns usavam tangas e uma corda em que prendiam a caça e outras transportaveis e a que apertavam gradualmente atormentados pela fome. Quando os Chamacocos vieram a ter contacto com os brancos, começaram a vestir-se como estes. Os homens tem agora quasi sempre calça, as mulheres saias. [...] Muitos adornos de plumas, trabalhos singularmente bellos manifestando extraordinario bom gosto na composição das côres e grande paciencia [...] (p. 36).

Mencionando as fibras do caraguatá como as unicas usadas para todos os tecidos, pergunta Karl von den Steinen se o algodão é conhecido apenas como morrão. – Sim. (naturalmente não se fala aqui dos vestidos de algodão que os indios recebem dos brancos) (p. 59).

Tomo XVI, 1929

Ligeiras notas sobre os indios Guaranys do littoral paulista, de Herbert Baldus, p. 83-95 relata a expedição do autor, de São Paulo a Itanhaem, no carnaval de 1927.

Os guaranys tem um chefe (de nome Samuel) a quem cabem apenas obrigações representativas. Possue patente de official e até farda. Seu filho mais velho será seu sucessor e já tem farda também (p. 86).

Viagem do Paraguay ao Amazonas, de Paulo Ehrenreich, p. 211-246, traduzido por Alexandre Hummel, é parte do material produzido pelo pesquisador e entregue ao Museu Paulista.

Atento à extraordinária abundancia de interessantes objectos ethnologicos que aqui ainda existiam, lastimei profundamente não ter trazido maior quantidade de objectos de permuta [...] (p. 233).

Muito interessante era observar as mulheres na sua incansavel actividade domestica de fiar, tecer, trançar e cozinhar.

Em estatura bem inferiores aos homens, comtudo são muito bem feitas e de rosto attrahente. Todas trazem a pittoresca saia ou tanga de embira que desce até os pés. [...] A nossa rica colleção ethnologica levou-nos tempo a encaixotar; depois de termos obtido ainda medidas, photographias e vocabulario dos indigenas, pudemos a 24 de Setembro continuar a nossa viagem (p. 238).

A Segunda expedição allemã ao rio Xingu, de Paulo Ehrenreich, p. 249-275, traducção de Alexandre Hummel, narra a expedição de 1887.

A cultura material é quasi a mesma entre todas as tribus, em razão do antigo commercio que entre ellas existe. [...] Os Bakairis ganharam fama como fabricantes de redes de algodão.[...] Traje, ou cousa que tal nome mereça, não se encontra entre os homens.[...] Como cinta usam um cordão de algodão simples e fino, ou grosso e trançado [...] As tribus Caraibes trazem nos braços e nas pernas largas faixas de algodão [...] (p. 258-259).

[falando dos Bakairis e Nahuquas] Como complemento de cada especie de mascara pertence uma peça de vestuario que cobre o corpo da cintura para baixo; destas não pudemos adquirir collecção completa, porque as suas dimensões, ás vezes, se oppunham ao transporte. Assim, á mascara dos bakairis, que representa uma pomba, pertence uma enorme saia-balão de 1 1/2metros de diametro, trazida com suspensorios que passam sobre os hombros. Um outro vestuario dos Kamayuras, mais phantastico ainda e em fórma de cogumelo, tambem não pudemos trazel-o comnosco por causa do seu grande volume (p. 265).

Os índios Crenaques (Botocudos do Rio Doce), de S. Fróes Abreu, p. 569-601, il., apresenta os estudos realizado pelo autor em 1926.

As mulheres Crenaques, quando não estão cozinhando ou conversando, trabalham com fibras de entre-cascas da barriguda e tecem nos saccos, do typo que se vê na estampa. [...] Como se viu na estampa em tamanho natural, o tecido consta de uma trama formada de uma ligação de cycloides alongadas, alinhadas no sentido horizontal.

Esse ponto não é o ponto de crochet, nem o de tricot que as moças de hontem sabiam fazer e que as nossas contemporaneas conhecem de tradição.

Esse ponto pareceu-nos original aos indigenas. Para ter esclarecimentos sobre o assumpto, recorremos aos livros classicos dos trabalhos manuais e encontramos num velho livro (Tratado de Trabalhos de Agulha) o tecido do bornal correspondendo rigorosamente a um dos typos de renda Renascença – o ponto de filó simples. Reproduzimos a figura n. 231 da obra citada ao lado da photographia do tecido indigena.

É provavel que essa trama tivesse chegado ao conhecimento dos indios por intermedio dos conquistadores, mas é também possivel que fosse idealisada pelo proprio aborigene. Uma ou outra hypothese pode ser acceita [...].

Explicada a trama do bornal, resta-nos falar acerca da decoração. Consiste no emprego de fibras diversamente coloridas, sendo corrente o uso de dois tons apenas, o roxo e o amarello.

As fibras são desfiadas e depois tingidas. Ao tecer empregam ora fibras de uma côr ora de outra, de modo a formar camadas horizontaes de coloração differente. Essas camadas têm numero limitado, cinco apenas, alternando-se nas côres; a primeira, a contar do fundo, é roxa e a superior tambem, devido ao número impar de camadas.

A coloração roxa é obtida mediante a immersão das fibras num extracto de folhas duma planta que elles chamam amjút. Cumpre notar que amjút também significa roxo, e o indio conhece bem a tonalidade da tinta dessa planta.

[...] Os indios colhem ramos do anjút, uma mulher espicaça e esmaga as folhas com o dorso dum facão de encontro a um pau e as põe de infusão nagua. No dia seguinte ou manhã como elles dizem, a tinta está bôa.

Logo que se mergulham as folhas, a agua se vae tornando um tanto rosea e com o tempo a coloração vae se accentuando até o roxo intenso. Parece que entra em jogo um processo de oxydação, e dahi a regra que só no outro dia é que está boa a tinta. Trouxemos essas folhas para experimentações, mas infelizmente o material, uma vez secco, não se comporta como dantes. Levado pelo velho Nhanhic, colhemos com as nossas mãos um bocado dessas folhas, e em vão procuramos flores, para poder determinar, o genero e especie de tão interessante vegetal. [...]

A côr amarella é obtida da casca do urucú. Convem notar que nesses bornaes não se emprega a côr vermelha das sementes do urucú (Bixa orellana), emprega-se ahi o amarello de urucú, que é um corante sob a forma de resina, encontrada entre as fibras da casca do urucuzeiro.O nosso collega Henrique Pallarez promptificou-se a fazer alguns ensaios nas amostras que trouxemos de Crenaque e chegou á conclusão de que as cascas com 14.7% de humidade, contém 10% de substancia extractivel com ether sulfurico.

Essa substancia, que deve ser uma resina, é facilmente soluvel em sulfeto de carbono, chloroformio e alcool e insoluvel nagua. Preparado um soluto alcoolico e tingidas diversas amostras de panno de algodão, linho e sêda, verificou-se que qualquer dellas absorveu a tinta corando-se numa bella cor amarella, nada resistente ao sabão e á luz. Foi bastante meia hora de exposição ao sol para quasi desapparecer todo o corante da sêda e o mesmo, em proporção semelhante, aconteceu ás outras fibras.

Ensaiando a resistencia à luz, das fibras da Bombax tingidas pelas proprias indias, nós verificamos que as amarellas, tintas com o corante do cortex do urucuzeiro resistem muito pouco; em uma hora de exposição ao sol forte, o descoramento é muito sensível. As roxas, tintas com anjut ou folhas de Bicrammia, são bastante resistentes, pois uma exposição de cerca de 50 horas ao sol não fez desmerecer a tonalidade, que se apresentou perfeitamente igual à da parte encoberta por papel negro.

O processo de tingir as fibras amarellas consiste em attritar a casca do urucú, humida e moida, de encontro à fibra; a resina adhere ao fio e, como é licito prever, a coloração nunca fica tão uniforme, como as que são tingidas de roxo (p. 582-584).

Tomo XVII, 1931 – Parte I

Notas complementares sobre os indios chamacocos, de Herbert Baldus, p. 529-551, traz os comentários do autor sobre sua viagem, a segunda, no ano de 1928.

E é tão grave, para o indio, accusar alguem de mentira séria, que êle não comprehende a necessidade, para nós lógica, de que uma destas verdades invalida a outra. Tudo isto é necessario levar em linha de conta numa investigação escrupulosa (p. 530).

Alguns Tumerehã andam ainda nús. Apesar de algumas de suas moças terem tido por vezes relações com os brancos, não encontrei productos dêstes cruzamentos. As unicas consequencias aparentes destas relações são o descaramento de taes raparigas e o conhecimentos por ella travados com a seda e o pó de arroz (p. 536).

[...] há entre elles muitos mestiços; a moral entre elles deixa constantemente a desejar; os filhos batem nas mães os casados espancam-se mutuamente. Têm uma activa "industria para estrangeiros" e sabem comerciar com os seus productos, trabalhos de penas e tecidos, rivalisando com os syrios mais expertos (p. 536-537).

Tomo XVIII, 1934

A Secção de História do Museu Paulista, de Carlos d´Almeida Braga, p. 323-346, descreve as áreas expositivas do Museu.

Nas galerias lateraes apresentam-se em diversas vitrinas varias collecções de objectos ethnographicos interessantes e valiosos.

Acha-se a sala A-9 occupada pela collecção de Armas, Indumentaria e objectos historicos diversos.

Alli se vêm nos armarios centraes, uniformes de gala, vestuarios femininos e muitos outros objectos outróra pertencentes a altas personalidades brasileiras do tempo colonial e do Imperio (p. 337).

II- Revista do Museu Paulista – Nova Série, vol. I, 1947

Revista do Museu Paulista, de Sérgio Buarque de Hollanda, p. 9-10, traz um histórico das publicações do museu21 21 . Em 1895, Hermann von Ihering cria a revista; em 1917, Afonso E. Taunay assume a direção do Museu; em 1922, publica-se o primeiro número dos Anais do Museu Paulista destinado ao estudo da História do Brasil e de São Paulo; em 1927, a Seção de Botânica sai do Museu para constituir-se um organismo à parte; em 1939, a Seção de Zoologia emancipou-se indo constituir o Departamento de Zoologia da Secretaria da Agricultura; em 1946, cria-se da Seção de Etnologia do Museu Paulista. .

Destinando-se a Revista, dóravante, aos estudos antropológicos, enquanto os Anais continuam dedicados, de preferência, a assuntos históricos, consagra-se nitidamente essa separação (p. 10).

Aplicação do psico-diagnóstico de Rorschach a índios Kaingang, de Herbert Baldus e Aniela Ginsberg, p. 75-106, narra a metodologia aplicada nos testes e suas conclusões.

Êsse chapéu é um verdadeiro símbolo de aculturação. Traço introduzido na cultura Kaingang pelo contato com os brancos, êle é distintivo do sexo masculino, sendo usado constantemente, desde os primeiros anos da infância até a morte, desempenhando, a êste respeito, o papel do tembetá em outras tribos do Brasil.[...]

Todos os homens usam calça e camisa e um velho de, aparentemente, mais de setenta anos, declarou já ser assim na sua infância. As mulheres têm vestidos á moda do século passado que lhes vão até os pés e os ornamentam, geralmente com palas vermelhas (p 76-77).

Survey de Pecinguaba, de Donald Pierson e Carlos Borges Teixeira, p. 173-180, traz registros preliminares da região que seria futuramente estudada.

5. Vestuário: não vimos ninguém calçado. O chapéu de palha é o mais comum, havendo entre jovens pescadores, alguns raros gorros e bonés. A calça e a camiseta de malha completam a vestimenta mais comum entre os homens. As mulheres, com um vestido de pano ralo, andam também descalças. Pudemos observar, pelas vestes rasgadas, tanto de homens como de mulheres, em alguns casos, a inexistência de roupas de baixo, como cueca e combinação. Um moço robusto de uns vinte e poucos anos, calçando tamanco, com seus trajes comuns do lugar (calça de brim e camisa de malha), trazia na cabeça um boné com viseira de couro lustroso e copa de pelo pintado de verde (p. 178-179).

Alguns aspectos da pesca no litoral paulista, de Carlos Borges Schmidt, p. 181-212, il. Em diferentes trechos do artigo o autor descreve o processo de fiação e fabricação de redes e puças.

Até vinte ou trinta anos atrás, em Ubatuba ainda se fiavam linhas de fibras extraídas das fôlhas de tucum, uma palmeira encontradiça nas matas de todo litoral.[...] Foi ali [...] que fomos surpreender a sobrevivência dessa rústica e elementar técnica de fiação [...] produzido em quantidade bem limitada o fio tinha uma utilização antes doméstica. Usavam-no em pequenos consertos de roupa, principalmente [...] (p. 182).

Depois de tecida a rêde, antes de ser usada, é preciso tingi-la. Em Ubatuba são usadas, para tintura de rêde, a capiúva vermelha e a aroeira vermelha [...] (p. 199).

Nova Série, vol. II, 1948

Contribuições para a Etnologia do Brasil, de Paul Ehrenreich e introdução de Herbert Baldus, p. 7-136. O texto é rico em detalhes e descrições de técnicas e confecção de diferentes artefatos. Aos interessados em obter pormenores sobre os processos de beneficiamento de fios e construção de tecidos, o texto é fonte importante.

Embora incompleta de vários pontos-de-vista, a coleção de documentação etnológica por mim adquirida entre os Karajá pode ser considerada a primeira que dá uma idéia mais ou menos exata das condições de vida e de cultura desse importante povo até hoje quase inteiramente desconhecido.

Também os kaiapó, que são a principal tribo gê, estão representados na coleção por alguns objetos (Prefácio de Herbert Baldus, p. 18).

É evidente que também os Karajahi sofreram as consequências do contacto com a "civilização". [...] A despeito disso, encontra-se ainda entre êles grande cópia de interessantíssimos objetos etnológicos. Foi dêles que adquiri as peças mais importantes da coleção (Prefácio de Herbert Baldus, p. 27).

Vestuário: os homens andam inteiramente nús [...]. As mulheres usam o nanto [...] muito parecido com os tecidos de "tapa" polinésios [...] (Prefácio de Herbert Baldus, p. 32).

Entre as peças do vestuário cabe-nos mencionar um objeto bem peculiar aos karajá, o "riio", a que os brasileiros, como também Castelnau e Martius, chamam erroneamente de "rede".

Êsse trançado de algodão se parece de fato com uma genuina rede de dormir, mas não é usado como tal, nem mesmo é suspenso e não possui para isso quaisquer cordéis. É, porém, usado de dia como manto, sendo de noite estendido sôbre o solo como esteira de dormir. Uma das extremidades costuma ser passada por sôbre a cabeça à maneira de capuz, enquanto outra cobre as nádegas. O riio constitui, assim, verdadeira peça do traje nacional (Prefácio de Herbert Baldus, p. 33).

Diz Pinto da Fonseca que os Karajá empregam o algodão exclusivamente para a confeccção de redes para pescar e cordas de arco, desconhecendo a arte da tecelagem; informa que êle próprio construiu para êles um tear, ensinando a técnica às mulheres da tribo (Prefácio de Herbert Baldus, p. 34).

Indústria textil: Em essência, a industria textil dos karajá ainda se reduz a obras de trançado [...] O material de tecelagem mais importante é o algodão [...] O tear, ou melhor, o aparelho de trançar...é o mais simples possível [...] Dois fios de trama enlaçam sempre dois fios do urdume. A distância daqueles é duas vezes a que medeia entre os pares de fios do urdume [...] O mesmo aparelho serve, porém, igualmente para a confecção de tecidos à maneira de tafetá (Prefácio de Herbert Baldus, p. 30-31).

(sobre os Ipuriná) As mulheres usam, em tôrno das pernas, trançados de algodão, estreitos à maneira de perneiras e confeccionados diretamente sôbre o corpo [...] (p. 111).

Tribos da Bacia do Araguaia e o Serviço de Proteção aos Indios, de Herbert Baldus p. 137-168. Relatório elaborado pelo autor em sua viagem no ano de 1947 e enviado ao Serviço de Proteção aos Indios.

(sobre os Karajá) Embora a associação dêstes elementos culturais com a nossa roupa, represente um aspecto característico de aculturação, é preciso chamar a atenção para o fato de tal roupa ser limpa só enquanto acabam de adquiri-la, pois em geral não costumam lavá-la convenientemente. [...] Aliás, os Karajá tiram a roupa, ou pelo menos parte dela, logo que, chegando em casa, se sentem exclusivamente entre si e fora do contacto com os brancos (p. 145-146).

As mulheres fiam e trançam como antigamente (p. 146).

Os karajá de Santa Isabel eram ainda tão lindos e simpáticos como em 1935. [...] Todos estavam mais ou menos vestidos a nossa maneira, usando as mulheres, embaixo desta roupa, o tradicional traje feminino karajá. [...] Também a respeito da indumentária, a ação do Serviço de proteção aos Índios só corrompe a cultura tradicional, sem substituí-la. Favorecendo o uso da roupa, leva os índios a depender de nós, sem lhes garantir a possibilidade de satisfazer as novas necessidades assim criadas. Presentear as mulheres, em certas ocasiões, com vestidos, sem as capacitar para adquirir outros depois dêsses estarem esfarrapados, é produzir mal-estar e miséria. Para renovar constantemente a roupa à nossa moda, precisa-se de dinheiro (p. 149).

Objetos etnográficos dignos de nota, entre essa gente triste e esfarrapada, eram sómente a cinta preta de algodão, duma menina, e os enfeites de dente de capivara nas orelhas de outra criança (p.150-151).

Não vi nem enfeites de penas, nem bonecas. As crianças tinham os adornos de sua idade e os adultos de ambos os sexos usavam pinturas e tatuagem. Como em tôdas as aldeias karajá por mim visitadas, as mulheres, quando usavam vestido de nossa indústria, conservavam embaixo dele as ataduras de entrecasca de gameleira (p. 152).

Na coleção etnográfica recolhida, em 1937, pela "Bandeira Anhanguera" no hinterland da margem esquerda do rio das Mortes e doada ao Museu Paulista há cerâmica extremamente tosca [...] (p. 161).

Para poder distribuir os povos do mundo nos diversos degraus da escada pela qual o evolucionismo viu subir tôda a humanidade, era preciso submetê-los a determinada medida. Bem etnocentricamente, o padrão para a avaliação das outras culturas era a própria cultura dos evolucionistas. Calculavam o degrau de cada cultura segundo a distância que julgavam separá-la da sua cultura, colocada no ponto mais alto da escada. Com tudo isso estavam em absoluta contradição com a Etnologia moderna, que não estabelece juízos de valor a respeito da cultura dêste ou daquele povo, não reconhecendo culturas superiores e inferiores, mas sómente culturas diferentes (p. 163).

Além do problema da escola convém discutir o do vestuário. Ninguém pode negar o valor da roupa como defesa contra o frio e os insetos. Mas ja vivi entre índios que costumavam andar nas horas mais quentes do dia com os trajes recebidos dos brancos e passar as horas mais frescas da noite completamente nus na rede [...] para aqueles indios as nossas vestes desempenhavam apenas papel de enfeites (p. 165).

Relatório da secção de Etnologia, elaborado por Herbert Baldus e encaminhado ao Diretor do Museu Prof. Dr. Sérgio Buarque de Hollanda, p. 305-308.

Senhor Diretor:

Quando, em 20 de outubro de 1946, fui contratado pelo Govêrno do estado de São Paulo, para exercer as funções de Técnico de Etnografia no Museu Paulista, as coleções etnográficas e arqueológicas deste estabelecimento se encontravam no estado mais lamentável [...]. Grande parte das peças estava completamente deteriorada seja pela ação perniciosa dos insetos, seja por outros fatores. Muitos rótulos tinham caído, outros estavam colocados erradamente ou se tinham tornado ilegíveis pela influência do sol. Numerosas classificações eram produtos de pura fantasia, ao passo que outras diziam sómente "Indios do Brasil" ou, quando muito, "indios do Norte". Tudo isso era de molde a penalizar os que conhecem as imensas dificuldades com que semelhante material costuma ser reunido e que percebem ser a perda irreparável.

[...] Felizmente, com a reforma do Museu decretada em 27 de dezembro de 1946, que criou a Secção de Etnologia entregue a minha chefia desde que fui nomeado para o cargo de etnólogo, a 4 de janeiro de 1947, abriram-se novos horizontes para as ciências antropológicas em São Paulo. Já em 19 de abril, comemorando o Dia do Indio, podiam ser inauguradas cinco salas de exposição, sendo dedicadas três à etnografia de tribos sul-americanas e, principalmente, brasileiras; uma à arqueologia brasileira e outra à arqueologia sul e centro-americana. [...]. Poucos meses depois foi entregue ao público mais uma sala, esta contendo material afro-brasileiro e sertanejo.

[...] Além dessas salas situadas no segundo andar foram organizadas, no terceiro andar, duas salas de estudo, contendo uma o material etnográfico e arqueológico não exposto ao público, e outra a rica coleção de objetos de macumba doada pela Secretaria da Segurança Pública do Estado (p. 305).

(compras) E. [...] 9 artefatos de Apapokuva dos quais destacam-se [...] 1 rede de algodão, para dormir.

H. 270 artefatos Krahó, destacando-se dentre os mesmos, tecidos, trançados, [...] (p. 308).

Nova Série, Volume III, 1949

Mudança Cultural dos Terena, de Fernando Altenfelder Silva, p. 271-379, examina as mudanças ocorridas naquela cultura em sua viagem de 1946.

Por êsse tempo, embora possuissem o algodão e conhecessem a técnica de tecer, não usavam rêdes que só adquiriram mais tarde. Seu vestuário consistia em saiotes de algodão denominados xiripá, que presos por uma faixa à cintura, desciam até a altura dos joelhos (p. 277).

O vestuário mais comum era o xiripá, um saiote que ia da cintura até os joelhos. Em tempo de guerra usavam um xiripá bem curto, de côr preta (p. 288).

Na fiação, tarefa feminina, empregavam-se fibras de algodão, de palmeiras e de um arbusto denominado yuhi e cujo nome correspondente em português desconhecemos [...] faixas de algodão (de cêrca de 0m200 de largura), denominadas kéo-eti, eram utilizadas para prender os xiripá, amarradas à cintura (p. 295).

Nas roupas e adornos os índios de Bananal pouco se diferenciam das populações rurais da região [...] A maioria dos terena já trabalhou em fazendas e procura imitar o vestuário dos peões [...] Alguns usam fardas militares compradas de Segunda mão ou remanescentes de um período de serviço no exército.

[...] O material para o vestuário é adquirido em Taunay ou Aquidauana; as roupas são feitas pelos próprios índios, a mão ou a máquina, pois existem em Bananal oito máquinas de costura (p. 298-299).

[...] os Terena de Bananal costumavam também festejar o dia de São Benedito. Havia uma "Bandeira de São Benedito" que percorria as fazendas vizinhas [...] São Benedito, o santo de côr, é o protetor dos pretos, e era o que mais se ajustava, na ordem hierárquica dos patronos católicos, ao status do índio na organização social brasileira. Ultimamente São Benedito foi deslocado por São Sebastião (p. 360).

A ânsia de salvar, antes de sua extinção, a maior quantidade possível de documentação sôbre as culturas indígenas brasileiras, no mais curto prazo, é, ao lado da fundação dos grandes museus etnográficos e do grau de desenvolvimento da Sociologia, uma das causas principais da pouca atenção que, nos últimos decênios do século passado e nos primeiros do atual, beneméritos da Etnologia Brasileira [...] deram à investigação dos aspectos sociais (p. 408-409).

Relatório da Secção de Etnologia, elaborado por Herbert Baldus e encaminhado ao Diretor do Museu Prof. Dr. Sérgio Buarque de Hollanda, p. 483-487.

Em continuação ao registro geral etnográfico, foram registrados até o momento 2.113 objetos, com a respectiva classificação.

Procedeu-se ao registro geral de todo o material sertanejo (p. 484).

Doações da sra D. Consuelo Caiado [...]1 fuso com novelo de fios de algodão; Do sr. Alberico Soares Pereira [...]2 bolsas, 1 abano, 1 rede [...] (p. 484-485).

Compras [...] 1 tanga feminina, da Ilha de Marajó (p. 485).

O assistente sr. Harald Schultz colheu as seguintes peças etnográficas: 1.000 dos índios karajá, a saber: [...]52 enfeites de algodão; 1 agulha de crochet; 2 cintos de algodão para moças; 3 mantas de algodão; 1 amostra de fio de tucum; 5 tecidos de entrecasca.

12 dos índios Tapirapé, a saber: 1 rêde [...] (p. 486).

Foi reformada a sala afro-brasileira e sertaneja; foram atendidas numerosas consultas verbalmente ou por escrito; foram restauradas peças etnográficas e arqueológicas; foram fotografadas várias dezenas de peças (p. 487).

Nova Série, vol. IV, 1950

Relatório da Secção de Etnologia, elaborado por Herbert Baldus e encaminhado ao Diretor do Museu Prof. Dr. Sérgio Buarque de Hollanda, p. 472-476.

O assistente sr. Harald Schultz visitou novamente [...] os indios Krahó de Goiás a fim de completar as coleções etnográficas e lendas que havia começado a organizar em 1947 (p. 473).

Doações:

Da 2ª Inspetoria regional do serviço de proteção aos Índios, uma rede de algodão, de índios urubu;

Da Dra Wanda Hanke, 20 peças de índios: [...]1 faixa de lã

Do Sr. Carlos Luiz Marien, 12 peças de índios a saber : 1 rêde; 1 pano tecido manualmente. (p. 474).

Material colecionado em viagem aos Krahó: [...] 228 peças a saber: 3 cintos de algodão; 4 pares de braceletes de algodão; 5 enfeites de perna, tecidos de algodão [...]." (p. 475).

Foi auxiliada a Companhia Cine Filmes Ltda., na realização da cena sobre a macumba no filme "Colar de Coral", pelo empréstimo dos apetrechos a respeito, pertencentes às coleções da Secção (p. 476).

Nova Série, vol. V, 1951

A moda no século XIX: ensaio de sociologia estética, de Gilda Rocha de Mello e Souza, p. 7-94, il., traz a tese da autora, feita junto à cadeira de Sociologia I para obtenção, em junho de 1950, do grau de Doutor em Ciências pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo. O trabalho só foi publicado em formato de livro no ano de 1987.

As unidades básicas da moda são, como vemos, as mesmas das demais artes do espaço, e por isso é possível que, independentemente da vida efêmera e dos objetivos mais imediatos, ligue-se de alguma maneira às correntes estéticas de seu tempo. Principalmente à arquitetura e à pintura (p. 14).

Relatório da Secção de Etnologia, elaborado por Herbert Baldus e encaminhado ao Diretor do Museu Prof. Dr. Sérgio Buarque de Hollanda, p. 281-285.

[...] doações Do Sr Cyro Berlinck (Comp. Textil Santa Basilissa), S. Paulo, 44 kilos de brim, na importancia de Cr4 726,00, para brindar os indios (p. 283).

Permutas. Foi enviado material etnográfico ao American museum of Natural History, de Nova York, o qual, em permuta, nos enviou peças de indios norte-americanos que se encontram na alfândega de Santos (p. 284).

Foi possível a reconstrução de grande número de peças, na nossa própria secção (p. 284).

Nova Série, vol. VI, 1952

Relatório da Secção de Etnologia, elaborado por Herbert Baldus e encaminhado ao Diretor do Museu Prof. Dr. Sérgio Buarque de Hollanda, p. 527-533.

Compras. Coleção organizada pela Sra. Dra. Wanda Hanke: 17 peças Tukuna a saber: [...]1 vestido para a festa do "chaací" (p. 529).

Do American Museum of Natural History [...] recebemos uma preciosíssima coleção de 172 peças [...] 1 boneca de pano; [...]1 modelo de tear com tecido; [...]1 cinto tecido; [...] modêlo de tear vertical com uma parte de tecido de lã terminada; [...]

Material colecionado em viagem ao território do Acre. A coleção consta de 267 peças, a saber: [...] 2 maqueiras de algodão; 1 boné de algodão tecido; 4 fusos; 5 braçadeiras de algodão; [...] 2 fusos, sendo um com novelo de algodão; [...] 1 amostra de fio de algodão; [...] 1 cinto de algodão com dentes de macaco (p. 531-532).

Nova Série, vol. VII, 1953

Relatório da Secção de Etnologia, elaborado por Herbert Baldus, diretor em exercício, ao Sr. Dr. Antonio de Oliveira Costa, Secretário de Estado dos negócios da Educação, p. 419-428. Toda a primeira parte do relatório detalha as viagens do autor por diferentes instituições museológicas.

Magistral pelos processos de conservação do material é o british Museum. Todos os museólogos deveriam ver as instalações nos seus porões.

O museu mais importante para os estudos de povos-naturais sul-americanos é o de Gotemburgo e isso tanto pelo número de suas coleções [...] como, pelo tamanho de cada uma delas e pela perfeição de sua catalogação.

Para averiguar as possibilidades de permuta com o Museu paulista e também para enriquecer os meus próprios trabalhos etnológicos em elaboração procurei, principalmente, conhecer o material de indios do Brasil em cada museu que visitei (p.423).

[...] posso afirmar que a atual Secção de Etnologia do Museu paulista, no sétimo ano de sua existência, já não faz má figura ao lado dos museus etnológicos do velho e do Novo Mundo. É verdade que, em tamanho, continua sendo um anão entre gigantes. Mas, já se está aproximando do fim para o qual a orientei desde sua criação: tornar-se, dentro do organismo do Museu Paulista, um museu sui-generis, o "Museu do Indio Brasileiro". Ainda que estejamos longe de possuir o número de peças do Museu de Gotemburgo ou do nosso Museu nacional, andamos em bom caminho para satisfazer, como poucos museus do mundo, as exigências científicas modernas. Nossas expedições foram organizadas sempre no sentido de colher, não tanto peças espetaculares, mas todo e qualquer objeto que possa contribuir para ilustrar a cultura material de uma tribo em sua totalidade (p. 423).

Doações: do Sr Cassio Mboy: 11 bonecas de pano [...] (p. 425)

Compras: [...]1 estandarte de Moçambique [...]; 1 fita de Moçambiqueiro [...]; 2 fitas ex-votos [...]; 2 bandeirolas [...]; Da Sra Wanda Hanke: 1 rede de dormir de fibra vegetal; 1 rede de dormir de algodão; 1 bracelete de algodão tingido com urucu; 1 faixa de fibra; [...]1 cinto de homem; 1 faixa de joelhos; 1 faixa para carregar crianças; 1 rede de dormir; [...] 2 novelos de fios de algodão; 2 vestidinhos simples; 13 peças de Quechua, de Potosi e Oruro, Bolivia, a saber: 1 saco de lã grossa, tecido, côr clara com listras marrom escuro [...]; 2 faixas de lã com desenhos representando figuras e animais; 3 bolsas de Lã ricamente ornamentadas [...]; 1 bolsa de tecido de numerosas côres [...]; 1 bolsa de usar suspensa pelo ombro, de tecido [...] (p. 427).

Nova Série, vol. VIII, 1954

Notes on the Shucuru Indians of Serra de Araroba, Pernambuco, Brazil, de W Hohental, p. 93-166, dedica alguns parágrafos à descrição da indumentária.

Relatório da Secção de Etnologia elaborado, por Herbert Baldus, diretor em exercício, ao Sr. Dr. José de Moura Resende, Secretário de Estado dos Negócios da Educação, p. 281-285.

Compras: 2 fitas de ex-votos; [...] 2 bonequinhas de pano; [...] 6 fusos p/ fiar algodão; [...] 5 enfeites de fio de algodão; [...] 1 tanga de mulher, de miçangas costuradas em tecido de algodão autóctone [...] (p. 284-285).

Nova Série, vol. IX, 1955

Cintos e cordões de cintura dos índios sul-americanos (não andinos), de Hans Becher, p. 11-167, il., traz um estudo detalhado dos artefatos de acordo com seus materiais e técnicas de fabricação. Há um tópico exclusivo para os cintos e cordões de algodão e de lã, p. 42-43, e outro dedicado aos cintos tecidos, p. 141-142. Há inúmeras ilustrações-desenhos e fotos destacando-se o cinto-tubo de algodão e o tear para sua confecção.

Nova Série, vol. X, 1956-1958

Genealogical Patterns in the Old and New Worlds, de Carl Schuster, p. 7-124, il. O autor propõe-se a discutir os desenhos e grafismos mais encontrados nas diferentes culturas. Para o interesse específico desse estudo encontram-se fotografias e/ou desenhos de tecidos: um ikat, da Polinésia e dois bordados de diferentes regiões da China, todos com grafismos.

Relatório da Secção de Etnologia em 1954, elaborado por Herbert Baldus, diretor em exercício, ao Sr. Dr. José Romeiro Pereira, Secretário de Estado dos Negócios da Educação, p. 333-336.

A Secção colaborou com esta comissão emprestando material etnográfico para a Exposição Histórica no Parque do Ibirapuera (p. 335).

Foram registradas e classificadas 488 peças etnográficas (p. 335).

O assistente sr. Schultz deu início à organização de um arquivo fotográfico [...] (p. 336).

Nova Série, vol. XI, 1959

Encontram-se publicados, nesse volume, três relatórios anuais.

Bibliografia crítica del Folklore paraguayo, de Paulo de Carvalho Neto, p. 177-232. O estudo menciona, inclusive, uma obra dedicada, aos tecidos (p. 207).

Relatório da Secção de Etnologia em 1956, elaborado por Herbert Baldus, diretor em exercício, ao Sr. Dr. Vicente de Paula Lima, Secretário de Estado dos Negócios da Educação, p. 317-321.

Como esta Secção não recebeu as vitrinas novas esperadas há anos, teve de figurar, na reabertura do Museu, com as velhas. Só a uma sala conseguimos dar feitio moderno, expondo, apenas separada do público por meio de cordões, uma série de máscaras como ilustrações duma representação da festa da iniciação das moças entre os indios Tukuna! (p. 319).

Doações: 1 cinto de algodão para homem velho; 1 rêde de dormir [...]; 1 cinto de algodão (p. 320).

Dona Vilma Chiara foi admitida a 31 de dezembro de 1955 [...] para exercer a função de Conservador de Museu (p. 320).

Relatório da Secção de Etnologia em 1958, elaborado por Herbert Baldus, diretor em exercício, ao Sr Alipio Corrêa Neto, Secretário de Estado dos Negócios da Educação, p. 324-325.

Está no prelo o volume X da Revista do Museu Paulista, N.S., contendo índices de matérias e autores dos volumes já publicados da Nova Série. É de desejar que esta publicação periódica, que esteve interrompida desde 1955 por falta de autorização do Exmo Sr Governador do estado, não seja futuramente prejudicada pelas mesmas razões (p.324).

Doações: 1 indumentária completa de uso comum para rapazes [...] (p. 327).

Nova Série, vol. XII, 1960

Relatório da Secção de Etnologia em 1959, elaborado por Herbert Baldus, diretor em exercício, ao Sr. Professor Antônio de Queiroz Filho, Secretário de Estado dos Negócios da Educação, p. 363-366.

Doações: 1 rêde de dormir [...] Material coletado em expedições : [...]1 rêde de dormir.

Aparece pela primeira vez nos relatórios da revista um subtítulo "Restauração" e outro "Conservação" (p. 365-366).

Nova Série, vol. XIII, 1961-1962

Informações etnográficas sôbre os Umutima, de Harald Schultz, p. 75-314, il., apresenta um tópico dedicado aos adornos e indumentária. A descrição apresentada sobre o uso e a confecção da saia tubular é bastante detalhada.

Informações etnográficas sôbre os índios Suyá, 1960, de Harald Schultz, p. 315-332, il., descreve a confecção de rede de algodão. O artigo apresenta 96 pranchas com fotografias em branco e preto; destaque-se duas – a de confecção de uma rede e outra com o tear para tecimento da saia tubular.

Nova Série, vol. XIV, 1963

Os Txikão e outras tribos marginais do Alto Xingu, de Mário Soares, p. 76-105, il., comenta brevemente a indumentária e apresenta desenho de uma coifa com cobre-nuca de algodão.

Nova Série, vol. XV, 1964

Aparece pela primeira vez, na página de rosto da revista, o brasão da Universidade de São Paulo.

Informações etnográficas sôbre os Erigpagtsá (Canoeiros) do alto Jurena, de Harald Schultz, p. 213-314, il., apresenta um breve tópico sobre indumentária. Há uma fotografia de uma índia vestindo uma faixa de tecido e outra fotografia de tear.

Some words on the cuna indians and especially their "mola"-garments, de S. Henry Wassén, p. 329-357, il. O estudo, bastante completo, historia o uso das mola, descreve sua confecção e analisa sua utilização. O texto traz fotografias de 15 molas de diferentes padrões e procedências.

Nova Série, vol. XIX, 1970-1971

Indios Camponeses (Os Potiguara de Baía da Traição), de Paulo Marcos de Amorim, p. 7-96, menciona brevemente as rêdes feitas de fio de algodão.

Enterramientos de cabezas de la cultura Nasca, de Máximo Neira Avendanõ e Vera Penteado Coelho, p. 109-142, il., menciona o encontro de alguns tecidos durante aquelas excavações.

Al completar la limpieza del pozo se hallaron restos de tejidos [...] (p. 113).

El tejido que envolvia la cabeza número 4 fué lavado en agua destilada y solamente cuando se hallaba mojado pudimos desdoblarlo y separar algunas parte que se habian adherido. No se pudo determinar las dimensiones exactas por el hecho de que el tejido tendia a deshacerse dado su alto grado de carbonización. En los bordes hay una faja bordada de 3 cm de ancho que presenta decoración a base de grecas com los siguientes colores: el fondo beige claro, una greca violeta, outra marrón y la tercera beige. Suponemos que estes no son los colores originales devido a la acción del tiempo, que los há vuelto más oscuros. El bordado há sido hecho com hilo de algodón muy fino hilado en S (p. 119).

El tejido que envolvia la cabeza 7 reveló tener una edad de 450 DC más o menos 70 anõs (p. 142).

La muestra de tejido fué enviada a Alemania por intermedio del prof. Hermann Trimborn a quien agradecemos [...] (p. 142).

Nova Série, vol. XXI, 1974

Surge nesse número a seção Noticiário do Museu Paulista trazendo as principais atividades, pesquisas, publicações, cursos, orientações, visitação etc. No ítem Atendimentos Diversos relatam-se 734 objetos restaurados, p. 126.

Doações: 476 peças etnográficas doadas pela ordem dos Dominicanos; [...] 1 leque de renda doado pela Sra M P Chaves (p. 126).

Nova Série, vol. XXII, 1975

No Noticiárioconsta um mestrado, em andamento, sobre artesanato goiano: tecelagem, p. 207.

Doações: 02 vestidos de batizado, por Virginia Lion e 2 leques antigos por Ruy P. Queiroz (p. 207).

Nova Série, vol. XXIII, 1976

No Noticiário, em doações, consta:

[...] diversas peças de roupas que pertenceram ao Arquiteto T. G. Bezzi (p. 232).

Nova Série, vol. XXIV, 1977

No Noticiário, em doações, consta:

1 leque que pertenceu a baronesa de Itaim (p. 279).

Nova Série, vol. XXV, 1978

No Noticiário, em doações, consta:

1 capa de embaixador, [...] leques doados por Regina Moreira (p. 250).

Nova Série, vol. XXVI, 1979

No Noticiário, em Exposições:

[...] exposições sobre índios norte-americanos: em 1955, o Museu Paulista adquiriu do American museum of Natural History uma coleção etnográfica [...] composta por 170 peças. Pela primeira vez, os itens mais importantes dessa coleção são mostrados ao grande público (p. 305).

Nova Série, volume XXVII, 1980

No Noticiário, em Doações consta:

[...] da Sra Sylvia de Lima Soares [...] um traje civil de gala, composto de casaca, calça e chapéu coco; um fardamento completo do Posto de tenente da Guarda Nacional, composto de quepi, túnica, calça e cinto (p. 427).

Surge um item específico Laboratórios de Restauro e, no parágrafo final, menciona-se:

[...] encontra-se em estudo a instalação no Museu Paulista de um Laboratório Central de Restauração, que atenderia a todas as necessidades do gênero [...] (p. 442).

Nova Série, vol. XXIX, 1983-1984

O acervo Guarani do Museu Paulista: contribuição para uma classificação sistemática, de Antonio Sérgio Azevedo Damy, p. 217-275, il., apresenta comentários importantes sobre as atividades museológicas de coleta, em geral. São descritos os mantos, ponchos e tangas; as redes; e os fusos, agulhas e perfuradores. Há uma foto do peitoral de pano coletado por Egon Shaden em 1950.

Nova Série, vol. XXX, 1985

Os estudos de cultura material: propósitos e métodos, de Berta Ribeiro, p. 13-41, discute o colecionismo, define o que se entende por coleção de artefatos e aponta algumas dificuldades encontradas no estudo das coleções de museus. A bibliografia reunida pela autora traz vários títulos sobre têxteis, incluindo Dorothy Burnham, Warp and Weft – a textile terminology. Ao final da publicação surge a secção Documentação em que consta a doação, por Ursula Thide, de 3 pulseiras de algodão; e de 1 poncho e 1 saiote masculino doados por Egon Schaden, curiosamente já relacionados em artigo no exemplar anterior da revista.

Nova Série, vol. XXXI, 1986

Simbolismo dos adornos corporais Marúbo, de Delvair M Melatti, p. 7-41, il., traz um breve tópico sobre ornatos de tecelagem e outro sobre confecção na tecelagem. Há, ainda, um desenho de uma tornozeleira corretamente vestida e uma foto de uma índia confeccionando uma peça.

As coleções etnográficas brasileiras em museus da Suíça, de Antonio Sergio Dammy, p. 211-219, traz sob a forma de tabelas as coleções localizadas naquele país. Não há menção de tecidos.

As coleções etnográficas do Museu Paulista: composição e história, de Antonio Sergio A. Damy e Tekla Hartmann, p. 220-267, traz sob a forma de tabelas todas as coleções do museu. Há, também, um perfil biográfico de todos os coletores.

Nova Série, vol. XXXII, 1987

Merece ser destacado, nesse volume, o artigo Invólucro para conservação de artefatos plumários, de Régis Leme (sic!), p. 251-262, il., o primeiro texto de um restaurador publicado na revista.

As coleções etnográficas no interior do estado de São Paulo, de Renata Pazinatto, p. 263-304, traz sob a forma de tabelas várias coleções de museus. Há, também, um perfil biográfico dos coletores.

III - Annaes do Museu Paulista

Tomo III, 1927

O preço da vida em S.Paulo em fins do seculo XVII e em meiados do seculo XVIII, de Affonso E. Taunay, p. 391- 405, comenta o custo de vida citado em diferentes documentos, mencionando o preço de tecidos e indumentárias.

Certas fazendas de seda e velludo attingiam taes preços que si fossem seguir a regra acima citada veriamos hoje vestidos communs para rua e para senhoras de 10 e 20 contos de réis (p. 392).

Outros preços curiosos vem a ser os seguintes: a vara (1m.10) de panno de linho a 360rs; o covado (0m.66) de tafetá a 400rs; uma vara de panno de algodão a 80rs; a meada de linha branca a 65 rs; um par de sapatos por 360 rs; [...] (p. 395).

Para enroupamento de seus indios gastava o mosteiro ás vezes bastante.Assim em agosto de 687 vemol-o dispender "quarenta e cinco varas de algodão a quatro vintens a vara para o provimento do gentio do Mosteiro e filhos rapazes que servem e os servos que estão no Tijucussú (São Caetano)" tudo pelo preço de 3$600.

Uma tunica para um religioso e escapulario custavam 800rs. Em dezembro de 1685 foi grande a despeza da rouparia: cinco milréis em cincoenta varas de algodão para toalhas grandes de refeitório, toalhas de mãos, guardanapos, toalhas para a sacristia, além de uma para a barbearia (p. 396).

Tomo IV, 1931

Santa Catharina nos annos primevos, de Affonso de E. Taunay, p. 203-320. O texto apresenta, em diferentes capítulos, passagens comentando a indumentária e hábitos locais.

De moeda não faziam o menor caso, de nada lhes servia; o que avidamente cobiçavam era algum retalho de fazenda para vestirem, mil vezes mais valioso do que um pedaço de metal [...] usavam geralmente camisas e ceroulas, e os mais bem vestidos alguma véstia e chapéo de feltro. Quasi ninguem tinha meias nem sapatos [...] (p. 211).

Os mulatos de S. Catharina andavam descalços e de cabeça ao vento [...]. Como trajes usavam camisa, calça e, ás vezes, pala á moda hespanhola [...].Governador, officiaes, soldados, estes se trajavam á moda franceza [...].

Em Santa Catharina, em 1763, viviam os escravos semi nus [...]. Quando libertos podiam envergar roupa e manto como os brancos. [...] Coisa curiosa a regra sumptuaria que classificava as posses e a categoria social da gente feminina pelo debrum dos chales. Viam-se galões de ouro, prata, seda ou até de simples panno vulgar (p. 251-253).

Notavel a elegancia com que sabiam aproveitar os pobres elementos de sua indumentaria, com a faceirice inherente a seu sexo. E isto até quanto ás mais desfavorecidas de bens. Vestidos de chita lhes envolviam levemente a cintura sem lhe prejudicar a esbelteza [...]. (p. 306).

[...] estavam os trajes europeus generalizados em Santa Catharina. Adoptavam as senhoras as modas francezas. Vestiam-se singela mas elegantemente e assim aspiravam homenagens (p. 317).

Tomo V, 1931

Historia da Villa de S. Paulo no seculo XVIII (1701-1711):

A tabela de Antonil inapreciavelmente valiosa como documento único, insubstituivel, refere-se a preços cotados em oitavas de ouro (p. 12).

Por huma casaca de panno fino, vinte oitavas (3$600) [...]. Por hum par de meias de seda, oito oitavas (9$600) (p. 13).

Notemos agora porém os termos curiosíssimos do regimento do officio dos alfaiates.

Vamos nelle encontrar uma serie de termos hoje obsoletos relativos a fazendas e feitios de moda como sejam calamania e marambazes.

No Thezouro da Lingua Portugueza de Frei Domingos Vieira se dedica um verbete a calamaço, aportuguezamento do francez calamanche ou calmande.

Era a designação de um antigo tecido de seda. E mais que provavelmente o escrivão paulistano queria escrever isto mesmo. Reza o regimento do officio dos alfaiates :

1- Por feitio de um vestido de baeta, casaca, bestia, e calção de serafina, calamania, droguete, quatro mil reis – tres mil e duzentos reis (sic) [...] (p. 406-409).

Segue-se uma relação de 49 itens, seus respectivos preços e mais algumas considerações do autor sobre os preços.

Tomo VI, 1933

Historia da Cidade de São Paulo no século XVIII, de Affonso de E. Taunay, traz, para os interesses específicos desse estudo, duas passagens a destacar: uma comentando o hábito dos paulistanos de banhar-se no Tamanduateí aos bandos e com "descompostura", p. 118. A outra passagem comenta o hábito dos indivíduos saírem às ruas encapuzados, p. 120.

Tomo XI, 1943

No Rio de Janeiro dos vice-reis, de Affonso de E. Taunay, p. 5-143, o autor analisa o relato de vários viajantes. Em diferentes relatos, alguns com várias páginas, comenta-se a indumentária e os hábitos naquela cidade.

[...] O que da Europa se importava no Rio, eram couros trabalhados, roupas de linho e lã, ferragens e madeiras entalhadas, sarjas, chapéus, meias biscoitos, ferro, [...] (p. 12).

As fluminenses, de posição, diz o pastor Langstedt, saém à rua envoltas em mantas vermelhas; às mulheres de côr e às negras só se permite o uso de chales negros e saias azues. Usam as senhoras diamantes na cabeça e nos braços; os rosarios de perolas e coral e, ás vezes, amuletos preciosos acompanham o vestuario feminimo (p. 19).

os panos finos, os portugueses os vendiam aos côvados, os algodões e as lãs às varas. A vara (110cms) de pano azul inglês custava 5.500 réis; a de grã 6.500. Um par de meias "rico" também inglês 5.000 [...] (p. 62).

Pouca seda vestiam as cariocas inclinando-se de preferência pelos tecidos de algodão, ingleses ou indianos, e os casacos de lã.

Causou espanto ao espanhol o número destes últimos que os rigorosos calores não fastavam para os guarda-roupas.

Ninguem deixava de usar casaco. Os mestres e oficiais de todos os ofícios punham chinós que pareciam preferir á cabeleira própria.[...]

O momento culminante da exibição das toiletes femininas ocorria durante as festividades da Semana Santa. Viam-se então saias abertas á frente, onde se ostentavam brocados de ouro e prata. [...]

Entre as cariocas observou o viajante muita infixidez de gostos. Assim se entregavam à escolha da maior diversidade entre as cores e os padrões das fazendas.

Positiva a sua atração pelos tons fortes e carregados do encarnado azul e violáceo, assim como pelos desenhos de ramagens.

Poude Aguirre observar quanto os cariocas, homens e mulheres, eram aceiados. E quanto apreciavam vestir roupa branca bem tratada, lavada e engomada primorozamente. Gostavam muito dos laivos azues que o emprego do anil nela deixava (p. 81-83).

No entanto as senhoras um tanto passadas e as que querem parecer seguir modas da Europa, empastam os cabellos de oleo e polvilho. O traje caseiro vem a ser camisola de musselina fina, ou de chita, guarnecida de rendas com uma saia de acuda; algumas usam meias mas a maioria as dispensa.[...] É de praxe, mesmo no tempo do mais forte calor, sairem enrolados em grandes mantos (p. 117).

Tomo XII, 1945 (Comemorativo do primeiro cincoentenário da Fundação do Museu).

Um paulista eminente e benemérito (Augusto Carlos da Silva Telles, 1851-1923). Ensaio Biográfico, de Affonso de E. Taunay, p. 3-53, relata as pesquisas do professor da Escola Politécnica de São Paulo, com diferentes fibras.

Observando as características de fibra guaxima (Urena Lobata), convenceu-se de que esta malvácea estava em condições de fornecer matéria-prima de capital importância à economia nacional. Seria no mínimo ótimo sucedâneo da juta e do cânhamo. [...] Nas manhãs frias e por vezes frigidíssimas de São Paulo vi-o inalterável dirigir-se aos tanques, onde às cascas de aramina havia posto em maceração.[...] satisfeito com a marcha das manipulações passou à obtenção das fibras separadas com extremo cuidado a-fim de as levar ás provas de resistencia de extensão e torsão (p. 38).

No Anuário da Escola Politécnica, de São Paulo para 1901 publicou Silva Telles extensa nota prévia sobre os seus trabalhos, artigo que o Jornal do Comercio transcreveu na integra. Neste interim o nosso ensaista proseguira com as demonstrações de industrialização da fibra da aramina, valendo-se da fábrica de cordas e barbantes do Sr. Henrique Maggi, no bairro da Barra Funda na cidade de São Paulo. [...] As experiências [...] haviam demonstrado a incontestavel superioridade da aramina sobre a juta. [...] (p. 39).

Contava Dr Silva Telles obter em 1902 dessas plantações regulares e da colheita do arbusto selvagem [...] cerca de 300 toneladas de fio [...] (p. 40).

Na exposição da Sociedade paulista de Agricultura em São Paulo preparatória da Universal da Lousiana Purchase em São Luiz do Missouri, em 1904, causou verdadeira impressão o que da fibra da Urena lobata conseguira fazer o Dr Silva Telles. [...] À aramina se reservara uma sala entre o salão do café e a sala de Secretaria da Agricultura.[...] Nos quatro cantos da sala viam-se prateleiras de diferentes feitios, cobertas de diferentes aniagens, lona superior, fibras em bruto e preparadas, novelos e espoulas de fio, blocos de fio, cordões, cordas [...] tapetes diversos e peças, de diferentes qualidades. [...] Em duas grandes fotografias estavam representadas a fábrica Silva Telles & Cia. recentemente inaugurada e a colheita da aramina (p. 41).

Infelizmente as dificuldades do desfibramento e a carestia da produção não deixaram que a nova indústria da fibra brasileira tomasse vulto (p. 42).

Comemoração do cincoentenário da solene instituição do Museu Paulista no palacio do Ipiranga, de Afonso de E. Taunay, p. 3-51, il., avalia os cinqüenta anos do museu, introduz novas informações e opiniões, descreve espaços expositivos e transcreve alguns comentários da imprensa. O artigo traz uma fotografia da sala B2 com uniformes antigos.

Durante longos e longos anos o único Museu digno deste nome, existente em nosso país, foi o nacional, fundado em 1817 por Dom João VI, como é geralmente sabido. [...] Durante longos anos não teve o Museu Nacional a menor projeção no exterior visto como nada ou quase nada divulgava do trabalho de seus especialistas.

[...] Assim o início da publicação dos Arquivos do Museu Nacional, em 1872, trouxe a mais feliz impressão nos meios científicos universais [...] Não cuidou o Império de fundar um Museu Histórico Nacional como tanto seria de desejar. Limitou-se a manter coleções parceladas como as do Arquivo nacional, da Biblioteca Nacional, dos Museu Nacional, da Marinha e do Exército, cheios aliás de peças da mais elevada valia.

[...] Nada mais louvavel nem mais demonstrativo do progresso cultural do país do que a secessão operada em 1822, graças à qual o museu nacional passou a ser unicamente consagrado ao cultivo das Ciencias Naturais, dele se retirando o acervo histórico para o recem-fundado estabelecimento da Ponta do Calabouço.

[...] Fora do Rio de Janeiro não vicejaram os museus até quase fins do século XIX. Reduziam-se a pequenas coleções apresentadas quase sempre em verdadeira barafunda, misturando-se as do reino da Natureza às etnográficas, às históricas, em verdadeiro bric à brac [...] Não fugiu a provincia de São Paulo a este ambiente generalizado pelo país (p. 15).

Não era o Coronel Sertório naturalista e, sim, apenas colecionador [...]. Assim, na mesma vidraça, podiam casualmente encontrar-se reunidos indivíduos dos mais disparatados feitios e índole – uma tartaruga ao lado de um beija-flor, um cristal de quartzo junto a uma espada histórica.

[...] Alem destas velharias curiosas, muitas outras, muletas, fetiches de índios, artefactos indígenas, monstros vegetais e animais, coleções de conchas [...] (p. 22).

A 23 de junho de 1894 expediu-se o Decreto n 249 regulamentador do Museu Paulista [...] (p. 23).

Apesar desta declaração pública, categórica, vegetou durante vinte e dois anos, de 1894 a 1916, a coleção chamada histórica do Museu, amontoada em duas das menores salas do palácio, semivazio ainda, com o seu terceiro piso deserto [...] neste bric a brac sobressaiam peças por vezes ridículas, senão grotescas, em conjunto digno de legítima casa de belchior, realmente depreciativo da tradição nacional, e submetido ao estado da mais desleixada conserva (p. 24).

[...] pela lei de 29 de dezembro de 1922, criou-se [...] a Secção de História Nacional [...]. Ainda ocorreu no período presidencial de 1920-1924 a criação do Museu Republicano Convenção de Itu [...] (p. 27).

Em 1936 era aflitiva a situação das instalações do Museu. Haviam-lhe as coleções crescido imenso, e o espaço de que se dispunha cada vez mais se mostrava escasso.

Entretanto, fôra o edificio aumentado em área com a abertura de doze novas grandes salas com mais de quinhentos metros quadrados graças à escavação de porões para depósitos, havendo-se verificado que os alicerces do palácio são profundíssimos.

Dois andares completos se reservaram aos salões de exposição pública, à biblioteca, secretaria e diretoria do estabelecimento. No terceiro andar em dezesseis salas e salões estava instalada a secção zoológica, no porão parte da biblioteca, os depósitos de publicações, duplicatas de material etnográfico, coleção mineralógica, etc

Alem das quatorze salas públicas da Secção de História e Etnográfica, contava mais doze de zoologia, duas de botânica e uma de mineralogia e paleontologia (p. 28).

Afinal em documento da importancia de uma mensagem presidencial como a do Governador Dr Armando de Sales Oliveira, a 9 de julho de 1936, consignou-se:

[...] o desenvolvimento de São Paulo [...] impõem a necessidade de se dar ao estabelecimento do Ipiranga a sua verdadeira finalidade, como Museu de História e Etnografia (p. 29).

Com a retirada das coleções zoológicas dezesseis grandes salões de exposição pública ficaram vazios [...]. Assim se acham hoje oferecidas à visitação pública trinta e oito salas, salões e cômodos assim distribuídos: [...] etnografia 5 (salas); indumentária antiga 2 (salas) (p. 30-31).

Quatrocentos e quarenta foram as memórias e artigos, de maior e menor extensão que se estamparam nos vinte e quatro tomos da Revista do Museu Paulista com 16.386 páginas de grande formato. [...]. Quanto aos Anais do Museu Paulista [...] compreendem 8.334 páginas de grande formato. [...]. Alem dos Anais editou a Secção de Historia o Ensaio de carta geral das bandeiras paulistas [...] uma Coletânea de mapas da cartografia paulista antiga e o Guia da Secção de História da Museu Paulista [...] (p. 34-35).

Outra lacuna, e esta das mais sensíveis do nosso quadro, provém, da ausência, em nosso meio, de um conservador restaurador de pinturas (p. 48).

Tomo XIII, 1949

Índios e mamelucos na expansão paulista, de Sergio Buarque de Hollanda, p. 175-290, traz extensos comentários sobre o uso de calçados e hábitos relacionados aos pés.

É sabido que o calçado teve com bastante frequência um prestigio quase mágico em terras de portuguezes, valendo como prova de nobreza ou da importância social de quem o usava. Entre mulheres, então, tinha-se como indiscreta e provocadora a exibição dos pés nús (p. 186).

[...] Ao entrar nas vilas é que o caminhante tinha o cuidado de calçar-se, depois de limpar cuidadosamente os pés, para livrar-se dos bichos e da poeira. O nome de lavapés, que designa São Paulo o sítio onde ficava antigamente a entrada da cidade para quem vinha do lado de Santos deve ser reminiscência desse velho costume (p. 187).

Citam-se esporadicamente casos como o de certos indios das regiões pedregosas do rarima, que inventaram uma espécie de sandália leve e elástica, fabricada com hastes de merití (p. 188).

Tomo XV, 1961

Ensaios de história econômica e financeira, de Affonso de E. Taunay, p. 3-80, traz diversas relações de importação e exportação de bens nas quais constam diferentes tecidos, roupas, fios, suas quantidades e preços e, muitas vezes, seus locais de origem e/ou destino.

Tomo XVII, 1963

Preços em São Paulo Seiscentista, de Francisco Rodrigues Leite, p. 41-120, traz vários extratos e tabelas de preços do algodão e dos panos de algodão.

Tomo XVIII, 1964

Utilização cultural de material de museu, de Mário Neme, p. 7-62, traz as principais idéias vigentes na área museológica internacional dos anos 1960. O autor escreve longamente sobre a missão do museu, sugere uma política, caracteriza suas principais atividades, dando especial importância à atividade de conservação.

As coleções dão a razão de ser ao museu, determinam sua existência e a sua manutenção, exigem que ele funcione. E nisto consiste a primeira forma de utilização cultural de material de museu. Trata-se exatamente da função precípua dos museus, aquela que se define pela obrigação de conservar o seu acervo de peças. Função cultural das mais importantes, a conservação das coleções é a atividade das mais importantes, a conservação das coleções é a atividade a que por definição se destinam as instituições do gênero (p. 10).

Conservar as peças e transmiti-las às gerações futuras, no seu estado de autenticidade e pureza original, é pois a primeira modalidade de utilização cultural a que tem de dedicar-se o museu (p.11).

E, ainda que, se por escassez de meios a conservação do material de um museu tiver de ser prejudicada, em favor, por exemplo de mais ricas exposições públicas, isto não se fará sem grave delito contra os altos interêsses da cultura (p. 11).

Temos, pois, que o material de museu, como é conhecido, precisa passar por uma série de estudos, exames, medições, a fim de organizar-se. Depois de organizado, para que se mantenha no estado que lhe é próprio e peculiar, tem de ficar sujeito a permanente atenção, cuidado e tratamento. Restringindo-se ao exemplo do museu de história, podemos dizer, resumindo, que para um e outro conjunto dêstes trabalhos é necessária não só a presença mas a continuidade de serviços especializados, a cargo de pessoal habilitado. Êstes dois gêneros de trabalho exigem a colaboração de um grupo de servidores aos quais se costuma dar o nome de 'conservadores de museu', e que têm que possuir conhecimentos extensos sôbre as várias classes de material de museu, como: armaria, indumentária, adôrnos, mobiliário, viaturas, ourivesaria, cerâmica, iconografia, numismática, documentação manuscrita e impressa (p. 12).

Dispõem os museus brasileiros dêsse aparelhamento técnico e dêsses servidores especializados em número necessário? Todos sabem que não. Não há talvez um único museu em todo o Brasil que possa orgulhar-se de possuí-los em quantidade e qualidade que lhe permitam cumprir, como deve, a sua missão precípua de colecionar peças e conservá-las [...] (p. 13).

Coiro & pelame: aspectos antigos de São Paulo, de Francisco Rodrigues leite, p. 147-206, il., é um estudo completo sobre aquela atividade: técnicas usadas para seu beneficiamento, couros e peles preferidos, custos, comércio etc.

Tomo XIX, 1965

O século XIX brasileiro, de Mário Neme, traz as opiniões do diretor sobre os rumos dos Anais do Museu Paulista, anunciando a organização de um curso de Museologia.

Em setembro de 1962, o Museu Paulista, já em vésperas de ser transformado em Instituto da Universidade de São Paulo, iniciava uma nova fase de atividades, promovendo pela primeira vez um curso de museologia, a cargo de especialistas de renome e de professôres da Divisão do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (p. 7).

Ritmos da economia e dependência econômica em face dos mercados externos, de Virgilio Noya Pinto, p. 107-126, quantifica, dentre outras, a produção brasileira de algodão nas primeiras décadas do século XIX.

Tomo XX, 1966

O caderno de assentos do Coronel Francisco Xavier da Costa Aguiar, introduzido por Maria José Elias, p. 179-352, traz em suas anotações os preços de encomendas de tecidos, vestidos e outros itens de vestuário.

Tomo XXV, 1971-1974

A partir desse tomo passa a ser publicado o Noticiário do Museu Paulista, tal qual na Revista do Museu Paulista. As informações de interesse para esse estudo estão destacadas naquela publicação. Os anais prosseguem nesse formato até 1987.

IV - Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material

Nova Série, n.1, 1993

A Nova Série da publicação é apresentada pelo editor e diretor do Museu Paulista, Ulpiano T. Bezerra de Meneses.

[...] a revista nada tinha que pudesse vinculá-la especificamente a um museu. Não por coincidência, o acervo museológico da instituição nunca fora utilizado para a pesquisa histórica – e nem tinha sido concebida para esse fim. Aliás, tirando três ou quatro estudos, dentre os bem mais de duzentos publicados, todo o referencial tinha como tônica as fontes escritas. [...] Ao se incorporar o Museu Paulista à Universidade de São Paulo, em 1963, têm-se dois periódicos que convivem lado a lado e, muitas vezes, se superpõem – sem contar a nova Revista do Instituto de Estudos Brasileiros/USP, lançada em 1966 e que também tinha a História do Brasil em seu horizonte.

Última referência nesta linguagem árida de cronologias: em 1989 (como já ocorrera antes com a Botânica e a Zoologia), separam-se do Museu Paulista as coleções, pessoal e tarefas relativas à Arqueologia e à Etnografia. Ele pode assumir, então, plenamente, sua vocação histórica.

[...] Ora, o periódico do Museu Paulista, agora museu histórico, não poderia absolutamente desvincular-se dos compromissos que a instituição assume como um todo. Assim, como herdeiros de uma revista com larga folha de serviços prestados aos estudos históricos os Anais em Nova Série. O subtítulo, História e Cultura Material, deixa explícita sua nova faixa de atuação (p. 5-7).

Nova Série, n.2, 1994

Nesse volume são publicados dois trabalhos especialmente dedicados à conservação de têxteis: um por nós traduzido e outro de nossa autoria. Tais publicações são coincidentes ao início de nosso trabalho de conservação de têxteis no Museu Paulista.

História de uma coleção: Miguel Calmon e o Museu Histórico Nacional, de Regina Abreu, p. 199-233, traz informações sobre aquela instituição e o surgimento dos primeiros museus brasileiros.

Restauração e conservação: algumas questões para os conservadores. A perpectiva da conservação de têxteis, de Mary Brooks, Caroline Clark, Dinah Eastop e Carla Petschek, p. 235-250, discute as idéias e diferentes conotações que os conceitos de conservação e restauração trazem em diferentes idiomas e culturas. São discutidas as possíveis diferenças de abordagem, procedimentos e objetivos que as duas atividades apresentam hoje.

Conservação de Têxteis Históricos: uma bibliografia introdutória, de Teresa Cristina Toledo de Paula, p. 301-319, apresenta criticamente a literatura específica desse campo e de áreas correlatas como couro e metal disponíveis, naquela data, no Museu Paulista. Os comentários incluem diferentes significados atribuídos ao termo têxtil.

Nova Série, n.3, 1995

Indumentária e moda: seleção bibliográfica em português, de Adilson José de Almeida, p. 251-296. O autor, historiador do Museu Paulista, apresenta uma listagem comentada das publicações sobre aqueles temas no período 1979-1996.

Nova Série, n.4, 1996

O Brasil vai a Paris em 1889: um lugar na Exposição Universal, de Heloisa Barbuy, p. 211-261, descreve a exposição do Brasil na qual havia fios, tecidos, como se pode verificar nas plantas baixas incluídas no artigo.

Mate (fig 21), algodões brutos, tabaco em folhas, fibras vegetais, têxteis, cereais e outros produtos agrícolas alimentares [...] completavam, no andar térreo, um quadro das riquezas naturais do Brasil [...] (p. 222).

Subindo pela escada que se projetava por dentro do minarete chegava-se ao 1º andar, onde se desdobravam, aos olhos dos visitantes, as matérias-primas já manufaturadas pela indústria nacional, além de algumas engenhocas: fios e tecidos, chapéus, sapatos e luvas [...] (p. 223).

V - Dédalo: Revista de Arte e Arqueologia. São Paulo, Museu de Arte e Arqueologia da Universidade de São Paulo, publicação semestral

Ano I, vol.I, n. 1, junho de 1965

A instalação do Museu de Arte e Arqueologia da Universidade de São Paulo, de Eurípedes Simões de Paula, p. 13-18, narra os trabalhos que precederam a constituição do MAA em 24 de junho de 1964, elenca as instituições italianas doadoras das primeiras 536 unidades de acervo, comenta a primeira montagem e o dia da inauguração.

As peças enviadas, num total de 536 (incluindo cópias em gesso), ilustram diversas épocas e civilizações da Península Itálica, desde a pré-história até o império romano (p. 15).

Sentido e função de um Museu de Arqueologia, de Ulpiano Toledo Bezerra de Meneses, p. 19-28, discute a função de um museu, de um museu de arqueologia, universitário, no contexto local, ressaltando, dentre outras, o que o autor considera sua principal missão: ensinar a ver.

Desencaixotadas já as peças, dispostas nos mostruários, com suas respectivas etiquetas e números de catálogo, oficialmente incorporadas ao patrimônio da Universidade de São Paulo, apresentadas ao público e referendadas pela presença de personalidades, professôres, jornalistas, gente de sociedade e o mais, nem por isso se pode dizer que exista o museu. Todavia, no Brasil, um museu paradoxalmente se confunde, quase sempre, com o seu acervo – e basta ! Pôsto em mãos sensatas, como está, parece-me que o MAA não correrá o risco de se transformar em mero fato de crônica mundana, embora entre nós a vida artística e cultural seja feudo de esnobismos e poucos museus escapem de ser prêsa acirradamente disputada por vaidades pessoais, quando não instrumentois bélicos nas vinditas entre clãs de intelectuais ou pseudo-intelectuais em desacôrdo. Ou, então, asilo de objetos empoeirados, "peças de museu" eles próprios [...]. Ora, o acervo de um museu não é senão um ponto de partida. O essencial é o sentido que se lhe dá, o aproveitamento que dêle se faz e os meios para êsse fim utilizados (p.19-20).

[...] na interpretação histórica a documentação arqueológica não constitui o requinte visual, as rendas do vestido, mas faz parte da trama do tecido (p. 22).

Arqueologia e Etnografia: Pré-História e Etnografia, um ajustamento, de Miguel de Ferdinandy, p. 35-45, discute os limites e as diferenças conceituais e metodológicas da Pré História, da Arqueologia, da Etnologia e da Etnografia.

O arqueológico compreende todos os objetos das culturas anteriores, sejam estas dos domínios da cultura paterna anterior ou se achem como resultado de trabalho colecionador nos domínios das culturas longínquas e estrangeiras. Uns limitam-se, cuidadosamente, à investigação dos períodos tradicionais da Pré-História: o Paleolítico e neolítico, idade do Cobre, idade do bronze e do ferro. Outros, ao contrário, orientam seu interesse para o domínio da cultura material dos povos clássicos, gregos e romanos. Finalmente, muitos investigadores tentam alcançar, na própria Arqueologia, uma síntese universal, síntese que compreenderia todos os achados das culturas antigas, tanto dentro como fora da Europa. (p.35).

[...] Etnologia é a ciência dos agrupamentos humanos e dos fenômenos coletivos do desenvolvimento humano, tanto no sentido racial como no sentido cultural do têrmo. É uma definição de natureza histórica, sem dúvida alguma, uma definição que se baseia nos ensinamentos da escola etnológica, desenvolvida nos últimos quarenta anos na Alemanha e na Europa Central. Esta escola denominava-se – segunda a famosa expressão de seu fundador, Leo Fronebius – escola do método morfológico cultural, ou escola histórico-cultural da Etnologia.

As duas denominações acentuam o fato de que a Etnologia não considera seu material de natureza folclorístico-etnográfico em sentido descritivo, mas sim combinativo. De outro lado, no entanto, a fundação da escola histórico-cultural, vem expressar que os fatos em Etnologia vão ser apreciados, considerados e apresentados históricamente (p. 41).

O etnológico, ao contrário, é o desenvolvimento ou o estado coletivo de uma cultura representada morfológicamente, como algo que se está formando e realizando no espaço, e que consequentemente se apresenta a nossos olhos sob a forma de algo incompleto e próximo. Sua forma gramatical adequada será, pois, o presente (p. 43-44).

Entre a Etnografia e a Etnologia encontra-se uma disciplina que se chama Folclore e que a pesquisa italiana chamava inteligentemente, a Ciência das tradições.

A tarefa do Folclore é a de investigar os elementos de um material histórico ou tecnológico que contenham verdadeira tradição antiga; a Arqueologia, neste segundo sentido, está, ao contrário, procurando os elementos primordiais de tôdas as culturas, a última forma delas, e as substâncias arcaicas expressas em imagens primitivas, em arquétipos, que vivem nas citadas formas (p. 44-45).

Ano I, vol.I, n. 2, dezembro de 1965

O Museu da Sociedade Paulista de Cultura Japonesa, de Ricardo Mário Gonçalves, p. 83-118, comenta, na Seção Museografia, a organização do museu e os objetos expostos em sua exposição de longa duração. O autor apresenta os 27 objetos formadores da coleção, afirmando que o museu não dispõe de equipe especializada nem de organização científica. O autor não esclarece o que compreende por organização científica, nem se a descrição dos objetos, apresentada no artigo, são de sua autoria ou a transcrição do catálogo institucional. Dentre os 27 objetos descritos, com imagens individuais, cinco, provavelmente, são têxteis: duas pinturas em seda; um biombo (tecido ou papel?); uma pintura em rolo; e um traje para teatro Nô.

A Sociedade Paulista de Cultura Japonêsa, que não dispõe sequer de um funcionário especializado para a conservação das peças, ainda não conseguiu organizar a coleção de maneira científica. Apenas publicou um catálogo sumário em japonês e português, contendo algumas indicações gerais sobre cada uma das peças. A coleção é ainda pouco conhecida do público e para chamar maior atenção sôbre ela, as peças são periódicamente expostas no pavilhão japónês do parque Ibirapuera. Damos abaixo a relação completadas peças que compõem a coleção (p. 86).

Ano II, vol.I, n. 3, junho de 1966

O Museu Britanico, p.61-142, transcrição com edição, ilustrada, de vários textos de diversos catálogos daquela instituição não inclui o Departamento de Etnografia nem cita qualquer uma das muitas coleções têxteis do museu.

Ano III, vol.I, n. 5, junho de 1967

Museus da América Latina, de Hugues de Varine-Bohan, p. 44-68. O autor, então diretor do Icom, apresenta uma breve análise sobre os museus desses oito países, nesta exata ordem: Cuba, México, Guatemala, Venezuela, Peru, Chile, Brasil, Argentina. Nos comentários sobre o Brasil o autor enfatiza o mau estado de conservação das coleções em razão do clima e da falta de pessoal qualificado.

Em regra geral, os museus situados nas cidades mais importantes (Rio de Janeiro e São Paulo são os mais atrasados, embora disponham teoricamente das maiores facilidades. Talvez se possa explicar tal fato pela existência de numerosas atividades culturais nessas cidades, onde o museu é considerado como uma instituição do passado, a exemplo do que acontece em certas grandes cidades européias. Geralmente, a tendência é de anexarem-se os museus mais importantes ás universidades, o que traz como conseqüência a limitação de suas atividades á pesquisa. A frequência é excepcionalmente fraca e nada se faz para incentivá-la. O pessoal é geralmente de muito boa qualificação científica mas sem formação museológica. [...] Os problemas de conservação e restauração são muito graves em razão do clima e da má adaptação dos edifícios, mas existe um notável centro nacional que é utilizado sómente para salvaguarda do patrimônio monumental (Dephan). Uma das razões dêste estado de coisas é o pequeno número de pessoas que a isto está ligado, outra é a má informação do pessoal dos museus no que diz respeito ás exigências da conservação (p. 58).

O laboratório que depende da Direção do patrimônio é notavelmente organizado, ainda que disponha de meios insuficientes. É de se desejar que seu responsável, Sr. Edson Mota, tome parte regularmente nas reuniões de conservação do ICOM (p. 58).

Se existem no Brasil coleções riquíssimas de Etnologia (sobretudo indígena) sua conservação e apresentação não mereceram muita atenção. Somente o pequeno museu que existe em São Paulo pode ser considerado moderno (Museu de Artes e Técnicas Populares, da Associação Brasileira de Folclore, no Ibirapuera). Haveria muito trabalho a fazer nesse campo (p. 58-59).

A Universidade de São Paulo criou recentemente um museu de arqueologia geral, único de seu gênero na América. [...] Seria preciso igualmente que o Brasil solicitasse à UNESCO a concessão de uma bôlsa de viagem ao Conservador do museu para o estabelecimento de negociações com os museus interessados (p. 59).

Ano IV, vol.I, n. 7, junho de 1968

Crônica do Museu, p. 9-18, destaca, com ilustrações, a doação do Sr. Oscar P. Landmann de uma coleção (não quantificada) de tecidos pré-colombianos do Peru. O texto descreve, em detalhes, oito unidades consideradas as "mais interessantes".

Entre as diversas doações recebidas, cumpre ressaltar a do Sr. Oscar Landmann, que permitiu a constituição de uma pequena coleção de tecidos pré-colombianos do Peru. A maioria pertence ao horizonte tardio, embora seja quase sempre impossivel a classificação por cultura. As peças mais interessantes são as seguintes:

  • poncho de algodão, decorado com técnica de tapete em tôda a superfície. A decoração é constituída por pequenas figuras ornitomorfas que se repetem em várias côres alternadas.

  • poncho de tecido marron, com as extremidades superiores e inferiores terminando por três faixas bordadas, com motivos variados: geométricos, antropomorfos e zoomorfos. A peça se compõe de duas partes heterogêneas: a primeira compreende faixa com motivos antropomorfos na parte inferior e motivos geométricos na superior; a segunda se compõe de motivos zoomorfos na parte inferior e geométricos na superior. As duas partes são unidas pela chamada técnica de

    whipping stitches, Costa norte (Chimu).

  • 4 pequenas bolsas para carregar folhas de coca, uma das quais de lã, as demais, de algodão. Inca.

  • Fragmento de tecido de algodão, com decoração pintada: figura antropomorfa inserida num losango. O tipo imita linhas de uma figura que fôsse obtida em trabalho de tear.

  • wara de algodão, com decoração geométrica, tecido tipo

    kelim

  • fragmento de tecido de algodão, com decoração geométrica;

  • faixa de algodão com bordado de lã, motivos geométricos e ornitomorfos (pelicanos) Inca;

  • faixa

    (

    chumpi?) de lã com algodão, decoração de linhas escalonadas. Inca. (p. 10).

Ano IV, vol.I, n. 8, dezembro de 1968

Crônica do Museu, p. 7-15, relata, com foto, a doação de um tecido pintado do Peru.

[...] grande peça de tecido pintado, com motivos antropomorfos e ictiomorfos, Peru, Horizonte tardio; [...] (p. 10).

A Cultura Nasca – Bibliografia Seletiva, de Vera P. Coelho, p. 67-75, apresenta um tópico dedicado a tecidos onde a autora comenta o pequeno número de estudos realizados em comparação com outros assuntos.

Em comparação com o número de publicações sobre vários outros assuntos, os estudos sobre tecidos ainda receberam pouca atenção por parte dos especialistas. Desejaríamos que no futuro o número desses estudos pudesse aumentar, e, o que é mais, que não se concentrassem apenas nessa especialidade, mas pudessem tratar comparativamente de outras técnicas. Para as interpretações iconográficas tal abordagem teria um significado fundamental (p. 72).

VI - Dédalo: Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia. São Paulo, Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, publicação semestral.

Ano VI, vol.I, n. 11-12, junho-dezembro de 1970

O artigo os índios Jurúna do Alto Xingu, de Adélia Enrácia de Oliveira, p. 7-292, descreve e discute as técnicas da cestaria Juruna, da fiação e tecelagem e indumentária em geral.

A técnica de cestaria ou o trançado compreende a manufatura de cêstos, peneiras, tipitis, esteiras e abanadores de fogo (p. 134).

As mulheres Jurúna são famosas desde o século XVII pela habilidade com que fiam o algodão (p. 138).

[...] Adalbert, Steinen e Nimuendaju fizeram referências ao tear Jurúna. O primeiro dêles menciona apenas a large wooden frame, enquanto os outros dois ampliam um pouco mais a informação. Steinem fala numa armação de "duas varas atravessadas", medindo 2m de largura por 3 de altura". [...] Adalbert ainda notou que as manufaturas de algodão eram as rêdes, as saias, as tipóias, as braçadeiras e as jarreteiras, enquanto que Steinen estampou mulheres usando xales e mencionou as braçadeiras, tornozeleiras, saias e rêdes. Nimmuendaju acrescenta a êsses dados anteriores a fabricação de cintos masculinos e de jarreteiras (p. 139).

A indumentária modificou-se em parte com o uso de roupas e tecidos de procedência brasileira, mas êsse uso é consentâneo como das saias, adornos e pintura corporal, depilação e corte de cabelo no modêlo tradicional (p. 279).

Ano VII, vol.I, n. 13, junho de 1971

Os Tiriyó. Notas sobre uma situação de contacto intercultural, de Orlando Sampaio Silva, p. 37-51. O autor narra em apenas dois parágrafos suas observações sobre a indumentária Tiriyó.

Pareceu-me, todavia, que a veste mais tradicional, comum a ambos os sexos, é uma tanga composta por um pedaço de pano vermelho que passa entre as pernas e é preso à cintura por um barbante, ficando as pontas caídas á frente e atrás [...] (p. 42).

Ano X, vol.I, n. 20, dezembro de 1974

Documentos visuais como elementos de informação cultural, de Maria Heloisa Fenelon Costa e Maria da Conceição de M. Coutinho Beltrão, p. 5-8. A autora discute a importância – para o conhecimento geral das sociedades e das culturas –, da informação obtida através de documentos visuais enfatizando a importância dos museus etnográficos.

Incluídas na arte não contemporânea e afastadas da tradição artística ocidental – a não ser quanto a influências episódicas que exerceram sobre alguns artistas como Gauguin e Picasso – contam-se as produções artísticas dos primitivos, sobre as quais existe reduzido número de informes etnográficos que digam algo de muito significativo em relação a uma estética indígena ou à personalidade cultural do produtor em cada sociedade particular. Isto se deve a que, com raras exceções, não partilhem o etnólogo e o arqueólogo das preocupações do pesquisador de arte, historiador ou crítico; este desinteresse prejudica o relacionamento sistemático da prática artística a outros fatos da tradição e sociais, bem como ideológicos (inseridos numa visão de mundo específica) de modo a prejudicar a construção de um modelo provável do sistema estético, e ainda o entendimento da problemática individual do próprio artista, cujo fazer se desenvolve dentro dos quadros de uma cultura coletiva.

Um dos procedimentos correntes na pesquisa de sociologia e etnologia da arte, é o considerar determinadas formas artísticas como atualizações de uma concepção de mundo característica da sociedade que é objeto de estudo, enfim explicando-as através de condicionamentos sócio-culturais. Entretanto, as próprias expressões artísticas podem contribuir para o conhecimento das idéias e valores dos produtores de arte, ou informar sobre diversos aspectos da vida social [...] (p. 5).

Um autor como Francastel enfatiza a importância da informação obtida através da análise de documentos visuais para o conhecimento geral das sociedades e culturas, incluindo-se o estudo dos padrões estéticos e das circunstâncias de produção artística. Mostra também a necessidade de colaboração entre esses especialistas de campos correlatos, historiadores, etnólogos e arqueólogos, psicólogos-sociais e outros, na busca de soluções para os problemas da pesquisa de arte (FRANCASTEL, 1965 9-25, 29-57, 73-96) (p. 7).

É em museus etnográficos que se estabelece a comunicação entre o artista indígena e o público ocidental, mas um dos maiores obstáculos à empatia do espectador quanto à vivência estética do primitivo constitui-se na apresentação de objetos desprovidos de sentido e vida, porque separados do contexto em que se originaram. Ao planejar uma exposição de arte indígena, deve-se buscar a atenuação do inevitável agrupamento de repertórios com tais objetos "mortos", artificialmente isolados, sobre os quais se poderia dizer o mesmo que formulou Jean Baudrillard em relação ao colecionismo: é inerente às coleções, organizadas de acordo com um projeto determinado, conterem por isso mesmo um elemento irredutível de não relação com o mundo (BAUDRILLARD, 1969, p. 120). Procurando-se se evitar isto, na organização de uma mostra que agrupe os objetos oriundos de diferentes grupos étnicos, classificados de acordo com categorias determinadas de atividade social (cerimonialismo, economia etc.), pode-se indicar quais os elementos de conduta técnica e artística internos ao repertório, mostrando ainda o seu afastamento ou não de padrões mais inclusivos, observáveis em grupos primitivos de modo geral ou mesmo em sociedades complexas como a nossa.

Outro caminho é a caracterização de uma sociedade particular no que concerne à estética e à arte, mostrando a integração do fazer artístico às outras ações sociais, e qual o papel desempenhado pelo indivíduo no desenvolvimento das tradições. Neste caso, a exposição que pretende transmitir a mensagem do artista indígena deve ser organizada atendendo à finalidade de informar de modo correto e atualizado, podendo então ser incluída em seu planejamento a consideração dos informes de pesquisadores que contem com experiência pessoal de campo relativa à sociedade em questão (p. 7-8).

VII - Dédalo: Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia. São Paulo, Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, publicação anual.

n. 23, 1984

Depois de nove anos de silêncio, Dédalo reaparece com este número em homenagem á memória do professor J. Marianno Carneiro da Cunha (apresentação).

O simbolismo da mulher na iconografia profana e sagrada – um ensaio, de Vilma Chiara, p. 73- 96. No contexto dessa pesquisa interessa-nos salientar os comentários da autora sobre a utilização política da imagem de Nossa Senhora Aparecida trazendo em seu manto as bandeiras e brasões nacionais.

Nota-se num dos mantos de N. Sra. Aparecida aqui reproduzidos as bandeiras e os brasões nacionais. Essa representação da Virgem foi declarada como a da Padroeira do Brasil (p. 85).

n. 24, 1985

O MAE teve a sua exposição totalmente reestruturada, sendo incluídas algumas peças ao acervo exposto (p. 5).

Razones de la ocupación incaica de la región de San Guillermo, al sur de los Andes meridionales, de Mariano Gambier e Catalina Teresa Michieli, p. 63- 100, afirma a importância dos tecidos na cultura inca, especialmente a lã da vicunha, em pouco mais de duas páginas. A bibliografia apresentada contém um título exclusivo sobre a importância dos têxteis naquela cultura.

[...] Pero ya las más antiguas crónicas de la conquista del Perú hablan de la importancia de los tejidos entre los incas.

John Murra considera el tejido como el segundo vínculo económico entre los ciudadanos y el estado que por entonces había llegado a formular uma política textil. Según este autor las fibras textiles eran tan altamente valoradas por los incas que hasta los materiales silvestres eran objeto de una reglamentación estatal [...] por o que parte de la importancia del tejido residía en su significación mágico-religiosa y las prendas de vestir eran usadas como dádivas muy estimadas a los nuevos cidadanos de una región conquistada (p. 75).

n. 25, 1987

Banhos Sudoríferos na América do Sul, de Helmut Krumbach, p. 39-52. O autor comenta e ilustra a utilização de redes para banhos sudoríferos. Menciona, também, o uso de determinado corante para tingimento.

A única representação iconográfica de um banho de vapor na América do Sul (Fig. 1) encontra-se no relatório de viagem do médico da marinha francês, Jules Nicolas Crévaux (1847-1882) que, entre 1876 e 1879, visitou por duas vezes o norte da América do Sul, ou seja, a Guiana Francesa (p. 41).

De resto, a rede trançada – uma invenção dos índios da América tropical – foi difundida pelos espanhóis entre inúmeros povos da terra (p. 41).

Os índios Roucouyennes, visitados e descritos por Crévaux, foram assim chamados por pintarem o corpo todo com um corante vermelho, misturado com óleo, denominado roucou ou ruku, e que também os protegia contra picadas de mosquitos. Naquela época esse corante também era usado para tingir tecidos. Próvem do fruto de um arbusto nativo da América tropical, a Bixa orellana (p. 42).

n. 26, 1988

Em 1987, foi criado o serviço de Museologia no MAE tendo sido possível contratar um profissional a fim de implantar um sistema documental para o acervo arqueológico e etnográfico do Museu (p. 7).

Crônicas

Foi implantado um serviço de conservação e restauração, iniciando-se a montagem de laboratório de estudos e levantamentos para a resolução de problemas de conservação do acervo. Entre os trabalhos realizados, destaca-se a limpeza de cerca de duzentos objetos de bronze arqueológicos itálicos, etruscos e romanos pertencentes ao Museu Nacional do Rio de Janeiro, parte do protocolo entre o MAE e aquela instituição (p. 7).

A preocupação com questões acima relatadas levou um grupo de profissionais que atuam nos diversos museus e instituições que mantêm acervos na USP a constituírem, em fevereiro de 1987, um grupo de trabalho – atualmente compondo o programa de atividades do IEA (Instituto de Estudos Avançados da USP) – que vem se reunindo sistematicamente, para discutir as formas de atuação destas unidades em relação á Universidade e á comunidade em geral.

Durante o ano de 1987 o GT – Museus Universitários desenvolveu um programa de discussões internas e com convidados sobre o tema Patrimônio e Universidade e planejou um evento museológico, um curso de extensão universitária sobre "Os acervos museológicos da USP: estudo, curadoria e comunicação e uma exposição composta pelos diversos acervos da USP sobre : O adorno: um exercício de interpretação a serem executados no próximo ano." (p. 9).

O Cotidiano e o ritual na análise etnográfica: um estudo de caso: a coleção africana do Museu Goeldi, de Napoleão Figueiredo e Ivelise Rodrigues, p. 11-26. Os autores apresentam um breve tópico sobre tecelagem e cestaria.

Na África Negra a arte da tecelagem e da cestaria, na divisão do trabalho feita pelo grupo, é sempre realizada pelos homens, nas horas de lazer e no intervalo das atividades agrícolas, da caça e da pesca [...] (p. 21).

Termos classificatórios do objeto de arte africana nas coleções: um problema para os acervos museográficos no Brasil, de Marta Heloísa Leuba Salum, p. 43-60. O texto analisa vários catálogos de várias instituições brasileiras, discutindo os problemas mais freqüentemente encontrados na descrição, catalogação e exposição de acervos de arte africana.

Muitas vezes nos limites entre a Etnologia e a Arqueologia, a pesquisa de objetos de arte africana em museu nos leva a afastar-nos cada vez mais e mais do seu significado e da sua finalidade de origem. A frequente escassez de dados, fontes deficientes ou a omissão de informações diretas são fatores, de certa forma, determinados pelo processo de modernização por que tem passado o mundo não europeu desde a metade do século passado.

Nesse processo o Museu foi se tornando o campo preferencial para a solução dos problemas de identificação e conservação dos artefatos, e de elaboração de estratégias, a fim de que a cultura material de todos os povos se tornasse significante no seio da sociedade em que ele se insere. Mas esses problemas, paradoxalmente, teriam sido causados pelo próprio Museu: não fosse a transformação das idéias, da técnica, do comportamento deste século XX – sem dúvida, um dos fundamentos de origem do estudo museográfico – não existiria o nosso objeto de estudo, o objeto de museu.

Ocorre que a coleta das obras de arte africana foi destinada, inicialmente de forma aleatória, ás reservas técnicas dos chamados museus de ciência, criados pelo Império Colonia no século passado. Lá recolhidos, os objetos eram estudados e classificados na perspectiva de se conhecer o outro. Os museus estavam, então, perfeitamente dentro da lógica colonial, pois, dentro dela, era necessário o conhecimento da natureza que iria dominar. E, na verdade, as peças recolhidas aos museus até as primeiras décadas deste século, sem dados geográficos e históricos sistemáticos, eram separadas em função de grandes classificações pré-estabelecidas (NEYT, 1977, p. 47) (p. 44).

Entretanto, as artes africanas – já enquadradas num sistema inadequado – não perderam de todo o significado que lhes foi atribuído na época em que eram coletadas e armazenadas, cadastradas e publicadas pelos relatórios e crônicas da Administração Colonial, significado esse que permitiu que ainda hoje sejam rotuladas como objetos mágicos, máscaras rituais, fetiches, entre outros nomes. Não é de se espantar, portanto, que nos museus nos seja tão difícil normatizar o estudo das artes africanas: além da necessidade de incorporar informações dessa natureza – muitas vezes adequadas a uma peça determinada dentro de determinada categoria de classificação, mas indevidamente generalizadas e arbitrárias para as demais –, cabe-nos, ainda, distribuí-las ao longo de uma escala operacional de conceitos que é, pela sua própria natureza, já de partida, atrelada a padrões de classificação exteriores e estranhos ao contexto sociocultural de origem (p. 45).

Fetiche, uma corruptela de feitiço, é um termo empregado para designar as estátuas africanas dos povos da Bacia do Rio Zaire, pelos portugueses por ocasião de sua penetração no território africano. Seu uso acabou abrangendo uma enorme gama de objetos consagrados, desde um simples talismã até altares e estátuas (MERCIER, 1969, p. 177). Fetiche é usado para todo o objeto, esculpido ou não, que são adereçados de materiais de força, ou delas infiltrados (kJERSMEIER, 1937, p. 8-9 e OLBRECHTS, 1951, p. 10) (p. 51).

A expansão dos tupi e da cerâmica da tradição policrômica amazônica, de José Proenza Brochado, p. 65-82. O artigo apresenta um breve comentário sobre a tecelagem entre os Guarani.

O algodão era fiado e tecido, porém o uso de tecidos para o vestuário variava, sendo maior no alto Amazonas (Omágua) e no sul (Guarani) e menor na costa (Tupinambá) (p. 78).

VIII - Anais da IV Reunião Científica da Sociedade Brasileira de Arqueologia Brasileira – SAB, 1989, n. 1

A tralha doméstica em meados do século XIX: reflexos da emergência da pequena burguesia do Rio de Janeiro, de Tania Andrade Lima et al., p. 205-230. A autora comenta brevemente o comércio de tecidos e os utensílios de costura encontrados – dentre outros objetos – em quatro sítios arqueológicos.

A partir de 1815 e das disposições do Congresso de Viena, o Rio de Janeiro passa a ser sensivelmente mais procurado por comerciantes franceses, sobretudo após 1818, marcando fortemente a sociedade carioca e refinando suas maneiras de vestir, pentear, comer e se comportar. [...] São introduzidos tecidos finos, como sedas tafetás, rendas e bordados; jóias, leques, diademas e pentes para os cabelos, estes últimos indispensáveis à moda dos coques de palmo e meio de altura, os chamados "trepa-moleques"; perfumes, cremes, óleos e loções para o cabelo e para a pele tornam-se imprescindíveis à toalete, tanto feminina quanto masculina, refinando a aparência da população urbana (p. 207).

A tralha doméstica propriamente dita compõe-se de [...] ítens de vestuário (fivelas, cintos, botões), produtos de higiene, toucador e farmácia (escovas de dentes, pemtes, travessas de cabelo, frascos e potes de cosméticos, perfumes e medicamentos), utensílios de costura (tesoura, dedal) [...] (p. 210).

Essas travessas, assim como dedais e tesouras, adornos como contas, medalhas e berloques, atestam a presença de mulheres nos sítios, da mesma forma que brinquedos, como louças de boneca, soldados de chumbo e bolas de gude refletem a presença de crianças, caracterizando bem a existência de unidades domésticas (p. 222).

IX - Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia. São Paulo, Universidade de São Paulo, publicação anual

N.1, 1991

O surgimento do novo MUSEU DE ARQUEOLOGIA E ETNOLOGIA DA USP exigia uma nova revista que o representasse perante a comunidade científica do país e do exterior. De fato, a decisão da Reitoria da Universidade de São Paulo, no final do ano de 1989, em promover a fusão de instituições afins visando a racionalização de atividades ligadas á pesquisa em Arqueologia e Etnologia, bem como a curadoria dos respectivos acervos, teve como resultado a reunião de pesquisadores, técnicos e funcionários do Instituto de Pré-História, do antigo Museu de Arqueologia e Etnologia, do acervo arqueológico e etnográfico do Museu Paulista e do Acervo Plinio Ayrosa, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Uma coleção de mais de cem mil peças, envolvendo uma centena de interessados, transformava os antigos museus ou acervos numa das mais importantes instituições de pesquisa na área de Arqueologia e Etnologia, impondo o desaparecimento dos antigos periódicos que os representavam (DÉDALO, REVISTA DE PRÉ-HISTÓRIA E REVISTA DO MUSEU PAULISTA) e sua consolidação numa única publicação: REVISTA DO MUSEU DE ARQUELOGIA E ETNOLOGIA.

A presente revista é, portanto, orgão de comunicação oficial da nova instituição. Sua finalidade precipua é dar vazão à produção científica realizada dentro e fora da Instituição nas áreas de Arqueologia, Etnologia e Museologia, especificamente naqueles segmentos nos quis o NOVO MAE se encontra vocacionado, isto é, nos setores americano (com destaque para o Brasil), africano, mediterrâneo e médio-oriental (apresentação).

OBS – surge, nos textos, a palavra CURADORIA.

As coleções brasileiras do Museu Estatal de Etnologia de Dresden, de Klaus-Peter Kästner, p. 147-163, traz a relação dos objetos etnográficos coletados no Brasil e integrados àquele museu no século XIX. Mencionam-se adornos, plumária, redes, cestos e tangas. São apresentados dados biográficos dos cientistas coletores, entre eles Hermann von Ihering.

N.2, 1992

As coleções etnográficas brasileiras em Stuttgart: histórico e composição, de Leonor Schumann e Thekla Hartmann, p. 125-132, traz a relação dos objetos etnográficos coletados no Brasil e integrados àquele museu no século XIX. Mencionam-se adornos, plumária, sacolas, bolsas enodadas, redes de dormir e cestaria. São apresentados dados biográficos dos cientistas coletores.

Crônicas do Museu

Doação do prof. Egon Schaden – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas/USP (treze peças etnográficas): [...] sacola com fibra trançada; cinto de cordel de algodão; colar de rodelas de concha com fios de algodão [...] (p. 166).

N.3, 1993

Considerações sobre o perfil da coleção africana e afro-brasileira no MAE-USP, de Marta H.L. Salum e Suely M. Cerávolo, p. 167-185. As autoras apresentam um histórico da coleção africana. Menciona-se, no apêndice, um levantamento de uma das autoras sobre os tecidos africanos.

A coleção africana do MAE é uma das mais importantes do Brasil concorrendo apenas com mais duas coleções de museus constituídas por peças da cultura material africana tradicional: Coleção Etnográfica Africana do Museu Paranaense (sic!) Emílio Goeldi, em Belém, e Coleção Arte Africana do Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, publicadas, respectivamente, em Figueiredo e Rodrigues (1989) e Lody (1983) (p. 167).

Foi certamente com esse propósito – resgatar a "herança africana" e ressaltar a permanência de muitos de seus valores na cultura brasileira – que o Prof. Dr. Ulpiano Bezerra de Meneses, em 1969, incentivou a formação no Museu de uma significativa coleção da arte e da cultura material da África: "[...] a antropologia africana e uma coleção africana [...] constituirão exigência insubstituível para um museu que tenciona tomar como eixo o homem brasileiro." (p. 168).

Essa coleção começou a ser formada em 1971, ainda na sua gestão, mas não havia um africanista nos quadros do museu. [...] Em 1976, assumiu a coordenação do Setor Africano o Prof. Dr. José Marianno Carneiro da Cunha. [...] Com sua morte, em janeiro de 1980, assume a coordenação do setor [...] Prof. Dr. Kabengele Munanga. [...] Dessa forma, de 1981 até o primeiro semestre de 1992 (último período a que se refere este estudo), foram desenvolvidos projetos de pesquisa e realizadas outras atividades como exposições temporárias, cursos e palestras relacionados com a Coleção (p. 168).

[...] o adjetivo negro-africano (a) ou tradicional é também aqui utilizado para qualificar tudo o que pertence a contextos sócio-culturais da África negra. [...] Quanto aos objetos afro-brasileiros, eles são tidos como aqueles produzidos no Brasil, oriundos de comunidades negras e artistas, inspirados nos princípios tradicionais da Estética das culturas da África negra, ou às vezes de seu imaginário na cultura brasileira (p. 169).

O último registro de compra no Livro de Tombo é de 1976 com verba da SAMAE. Até então o museu contava com mais de 160 objetos de origem africana. [...] a Coleção [...] chegou em 1987 a um montante de mais de mil peças, graças à entrada, entre outros, de três grandes lotes de peças. Esses lotes constituem-se num conjunto de peças que foi formado na sua maioria durante a estada do Prof. Marianno na Nigéria, durante os anos de 1974 e 1975, quando por ele foram compradas dando entrada no Museu em 1976, 1977 e 1978.

A compra foi efetuada em Dakar (Senegal) uma espécie de entreposto de arte africana, e na República Popular do Benin (antigo Daomá). [...] Essa diversidade geográfica se expressa numa grande variedade de produtos (jóias, máscaras, estatuetas, tecidos) e técnicas (metalurgia, escultura, tecelagem, trançado) (p. 169).

Fotografias que hoje estão arquivadas na Seção de Documentação do MAE foram encontradas junto a documentos diversos do Setor Africano em 1980-1982, parte delas identificadas como registro da exposição "África-Arte negra". Trata-se de uma célebre mostra de peças do acervo do IFAN-Institut Fondamental de l'Áfrique Noire, em Dakar, montada em 1969 no Edificio de Geografia e História, na cidade universitária, nas antigas instalações do Museu, que na época chamava-se Museu de Arte e Arqueologia (MAA) e era dirigido por Ulpiano Bezerra de Meneses, como já foi mencionado.

Embora ainda não houvesse peças africanas no acervo do MAA, pretendia-se por meio dessa exposição temporária de 90 dias, criar um novo setor de trabalho através de um "núcleo de arte negra".[...]

Em 1977, já com o nome de Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) realizou-se também no espaço do edificio da Geografia e História uma mostra do acervo africano e afro-brasileiro, apresentando as últimas aquisições do setor. [...]

Constituída por 50 peças, seu organizador foi o sociólogo Eduardo de Oliveira e Oliveira [...] ao lado de Marianno Carneiro da Cunha [...]

É dentro desse contexto que se agilizou a criação do Setor Africano do MAE, dando início a suas atividades. Mas parece que ele tenha realmente se efetivado no processo de montagem de uma exposição. Uma exposição não temporária, como as anteriores, mas planejada para ser permanente, que demandou atividades de pesquisa, curadoria e documentação, além de outros trâmites, como os de alfândega, depois da volta do Prof. Marianno da África ao Brasil. Essas atividades desenvolveram-se até 1980, ano de sua morte, o que permite considerar-se a exposição permanente africana do MAE, finalizada nesse ano, em sede nova no Bloco D do CRUSP, como sendo ela própria a "espinha dorsal" do Setor Africano (p. 172).

Artefatos Guarani de 1949, de Thekla Hartmann, p. 187-196, apresenta a documentação da coleção reunida por Egon Schaden entre os kaiová. Mencionam-se laços, cestas, peneiras, redes-de-dormir, ponchos de lã, faixas para cintura, plumária, canastra, rede e agulha.

Projeto Banco de dados sobre comunicação museológica, de Maria Cristina Oliveira Bruno, p. 223, informa sobre a criação de um banco de dados para a sistematização e armazenamento da mémoria referente às exposições temporárias do museu.

N. 4, 1994

Etnomuseologia: da coleção à exposição, de Berta Ribeiro, p. 189-201, apresenta as principais concepções que nortearam a organização e exposição de coleções etnológicas, comentando, também, algumas iniciativas brasileiras.

As exposições etnográficas também experimentaram renovação. Abandonado o amontoado de objetos, que apenas transmitia o volume do despojo, passou-se a mostras temáticas, com mensagens politicamente concebidas, de modo a infirmar preconceitos contra os povos aborígenes (p. 189).

Duas concepções regeram, no ínício do século, a orientação teórica e, consequentemente os projetos conceituais de exposições dirigidas por Franz Boas e Otis Tufton Mason. [...] A ênfase de O. T. Mason, contrariando Boas, foi mostrar a funcionalidade das diversas invenções humanas e a forma como evoluíram. É exemplificada com a evolução da fiação e tecelagem, começando pela mudança tecnológica dos fusos, para chegar a lançadeiras e teares.

O importante para Boas, ao contrário de Mason, era enaltecer o significado ao invés da forma do artefato. [...] Uma coleção deveria, portanto, "retratar a vida de uma tribo" com suas peculiaridades mostradas em conjuntos especiais (p. 190).

Percalços diversos tinham que ser levados em conta na montagem de exposições. O mais corrente era a falta de espaço para mostrar toda a estrutura material de uma tribo. Outro impecilho era ausência de dados sobre a procedência tribal, bem como a função dos objetos principalmente os rituais (p. 190).

Até hoje os museus não desenvolveram normas sobre métodos de coleta de coleções etnográficas em consonância com seus objetivos de documentação científica e difusão cultural; e não provêm dotações orçamentárias a serem oferecidas a pesquisadores em trabalho de campo. Em outras palavras, não existe uma política de aquisição claramente definida e, em consequência, inexiste uma política de pesquisa arquivística que permita o melhor aproveitamento do acervo existente do ponto de vista científico e como subsídio a exposições museológicas (p. 193).

É de se perguntar: o que leva alguém a formar uma coleção e o que faz com que seja preservada ? K. Pomian define coleção como sendo um conjunto de "objetos naturais ou artificiais mantidos temporária ou definitivamente fora do circuito das atividades econômicas, sujeitos a uma proteção especial e expostos ao olhar do público (1985, p. 86). A característica desses objetos é serem destituídos do valor de uso, agregados, porém de valor de troca. Este provém do fato de que, embora não sirvam para serem usados, e sim para serem expostos ao olhar, são considerados uma preciosidade (idem) (p. 194).

Crônica do museu, p. 242, informa sobre a Oficina sobre tecnologia têxtil tradicional, ministrada pela Profa. Dra. Rosa Fung Pineda, da Universidad Mayor de San Marcos, Peru.

N. 5, 1995

O artigo Figuras zoomorfas na arte Waurá: anotações para o estudo de uma estética indígena, de Vera P. Coelho, p. 267-281, discute as representações zoomorfas encontradas nos diversos artefatos. Destacam-se, no contexto deste estudo, os comentários, com ilustrações, das máscaras Atirruá.

Embora entre os Waurá haja mais margem para a inventividade, não são as inovações nas figuras zoomorfas que são levadas em conta quando se julga da boa qualidade de uma obra de arte. Um objeto não será considerado mais bonito se seu autor ornamentá-lo com uma figura zoomorfa inédita no repertório da tribo. O qualificativo "bonito" é aplicado aos objetos tecnicamente bem acabados e os bons artistas são aqueles que sabem fazer obras mais complexas, como as grandes máscaras Atirruá e as vasilhas de barro de dimensões maiores, de confecção mais difícil (p. 278).

Conservação Preventiva e Patrimônio Arqueológico e Etnográfico: ética, conceitos e critérios, de Yacy-Ara Froner, p. 291-301, é o primeiro texto, na Revista do MAE (e do extinto MAA) assinado por um conservador. O texto apresenta os principais fatores determinantes à conservação de acervos museológicos, introduzindo algumas informações básicas da conservação preventiva, embora não-consensuais.

Crônica do Museu, p. 353, menciona a ampliação do acervo de "material vegetal".

N. 6, 1996

Possibilidades de interpretação do conteúdo simbólico da arte gráfica guarani, de Fernanda B. Tocchetto, p. 33-45, menciona brevemente os grafismos também encontrados na cestaria guarani.

Entre os Mbya-Guarani, os cestos poderiam ser decorados com o trançado sarjado, de cor escura, denominados yeguá mbói e pará mbói, traduzidos como adornos ou emblemas de serpente (p. 39).

O artigo Notas discursivas diante das máscaras africanas, de Marta H.L. Salum, p. 233-253, apresenta, com ilustrações, algumas das máscaras com tecido do acervo do MAE.

Crônica do Museu, p. 413, menciona doação de material vegetal e dentre uma doação de 143 peças etnográficas: trançados, saia de palha, rede de embira, e acessórios de indumentária variados.

N.7, 1997

Em Critérios para o tratamento museológico de peças africanas em coleções: uma proposta de Museologia aplicada (documentação e exposição) para o Museu Afro-Brasileiro, de Marta H.L. Salum, p. 71-86, apresenta, dentre outras reflexões, uma proposta de classes e termos classificatórias para acervos africanos. A autora apenas menciona a palavra tecelagem no tópico de materiais e técnicas e, ao descrever seu projeto expositivo, menciona a montagem de "panos" e indumentária por três vezes, p. 76.

[...] montar exemplares (não muitos) de panos resultantes de diferentes procedimentos de tecelagem e pintura, junto com teares, num enfoque meramente técnico, e destacando a originalidade ou especificidade africana dessa produção (p. 79).

O acervo etnológico do MAE/USP: estudo do vasilhame cerâmico Kaingáng, de Erika M.R. González, p. 133-141, apresenta um quadro (tabela) da coleção, por tipologia, no qual consta um tecido.

O trabalho de conservação e restauro do acervo destinado à exposiçao de lona duração do MAE: a preservação das Formas de Humanidade, de Yacy-Ara Froner, p. 143-152, repete alguns conceitos básicos de Conservação Preventiva já descritos em artigo anterior, aqui citado, e introduz o processo de trabalho adotado pela Seção de Conservação e Restauro do MAE. Os têxteis não são mencionados.

Serviço Técnico de Curadoria: gerenciamento documental e armazenagem das coleções etnográficas e arqueológicas do MAE na área de reserva técnica, de Elaine Hirata et al., p. 193-198, ilustrado, descreve a nova proposta de organização das coleções em reserva. As coleções foram divididas em três grandes conjuntos: acervo etnográfico; acervo mediterrâneo, médio-oriente, américa e áfrica; acervo de pré-história brasileira.

Até o momento, foram acondicionadas 1368 cestarias, 96 têxteis, 150 máscaras e vestimentas [...] (p. 195).

Crônica do Museu, p. 225, menciona a aquisição de 47 peças etnográficas.

N. 8, 1998

Analisis descriptivo y documentación de coleciones etnográficas, de María Marta Reca e Diego Gobbo, p. 241-255, discute, através da análise de um conjunto de máscaras, a necessidade de conjuntos descritivos estandardizados.

A través de la documentación traducimos el objeto en texto. Transcribimos en un lenguaje técnico sus características particulares y lo incluímos dentro de una categoría de objetos. Pero a su vez, un objeto no es tan sólo nuestra preocupacoón y acción preventiva, lo es también a circunstancia histórica y sociocultural en la que está envuelto y lo transforma de un bien material en patrimonio (p. 241-242).

En el caso de los objetos etnográficos, es posible reconocer un contexto de recolección pautando la relación del etnógrafo com el grupo, del que la cultura material es sólo una parte del conjunto recolectado y analizado por el investigador (p. 242).

O artigo As coleções de arqueologia pré-colonial brasileira do MAE/USP: um exercício de documentação museológica, de Marilucia Bottallo, p. 257-268, comenta, dentre outras coisas, os problemas oriundos das fusões de várias coleções da USP.

O Museu Paulista e o antigo MAE tiveram a oportunidade de tratar seus acervos sob o ponto de vista da documentação museológica pois, evidentemente, ambas tinham uma preocupação institucional explícita em função dos processos de comunicação e extroversão. O Instituto de Pré-História, sob o ponto de vista da extroversão, contava com programas museológicos que atuavam nos aspectos da comunicação (por meio de exposições) e de ação educativa. Quanto ao Acervo Plinio Ayrosa, que também mantinha exposições museológicas, o tratamento do acervo priorizava uma documentação científica, na qual a comunicação segue os padrões da academia (redação de teses e artigos, palestras, conferências, aulas e outros fins), porém com a atenção voltada para os estudos sobre a coleção, o que permite um conhecimento bastante otimizado dos grupos étnicos representados. Seu sistema documental, semelhante mas não idêntico, ao utilizado no Museu Paulista, reflete tal preocupação.

Isso significa que o MAE "herda" quatro estruturas organizadas de maneiras diferentes em relação aos processos de catalogação, organização e gerenciamento de seu material coletado. Ao mesmo tempo,a fusão transformou coleções de pequeno e médio porte em uma única coleção, a partir de então, considerada grande para o perfil das instituições do gênero no meio museológico nacional (p. 258).

A conservação preventiva e as reservas técnicas, de Gedley Belchior Braga, p. 269-277, discute a importância qualitativa de uma reserva técnica para a preservação de coleções.

N. 9, 1999

O artigo As coleções etnográficas do Alto Xingu: 1884-1998, de Aristóteles Barcelos Neto, além de historiar a formação das diversas coleções, analisa sua representatividade e apresenta um levantamento exaustivo das coleções existentes em instituições brasileiras e estrangeiras. Quase todas apresentam têxteis.

OBS. Desaparece a seção Crônica do museu.

N. 10, 2000

Em A coleção etnográfica de cultura religiosa afro-brasileira do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, de Rita Amaral, p. 255-270, há um breve comentário sobre as diferentes coleções e uma proposta de categorias classificatórias, dentre elas roupas e paramentos. Menciona-se e relaciona-se uma coleção proveniente do Museu Paulista onde constam acessórios de indumentária.

O Acervo de Cultura Afro-Brasileira do MAE é composto basicamente de três coleções, ou conjunto de peças. Uma delas, a coleção registro Sertanejo, possui importante valor etnográfico e histórico, pois data do começo do século XX ou mesmo final do século XIX. As demais são representativas da segunda metade do século, apresentando-se como importante coleção etnográfica. [...]. A coleção Pierre Verger é constituída por objetos rituais em metal [...] o restante da coleção [...] é composto por peças vendidas por dois colecionadores [...]. Há ainda duas peças vendidas ao MAE em outubro de 1974.

[...] As 11 peças vendidas por Verger ao MAE em 1976 [...] não pertenciam a sua coleção particular [...] foram confeccionadas especialmente para a venda (p. 261).

Durante o processo da pesquisa da coleção Verger/Breziat/Guimarães [...] soube de uma gavetinha com pequenas pecinhas afro-brasileiras, vindas do Museu Paulista quando da criação do MAE [...].

Segundo informações contidas nesta listagem, algumas peças foram levadas ao Museu Paulista em 1914. Outras em 1938 e outras ainda em 1943. São originárias de cultos do interior de São Paulo (Tietê, Pirapora, Araraquare, Jundiaí) e foram doadas ao Museu Paulista pela Secretaria de Segurança Pública [...] (p. 266).

Máscaras de dança Tukuna, de Orlando Sampaio-Silva, p. 271-288, apresenta descrição, fotografia e análise de 4 unidades daquela coleção.

Os Tukuna se constituem em uma sociedade indígena que vive tradicionalmente em uma região contígua que compreende parte dos territórios do Brasil, da Colômbia, e do Peru. Suas aldeias se encontram às margens do Rio Amazonas-Solimões ou às suas proximidades e em sítios localizados ao longo dos rios afluentes do rio principal e de igarapés seus tributários, naquela região sul-americana (p. 271).

A confecção e o uso das máscaras são de domínio dos homens (Gruber apud, p. 275.)

X - Catálogo do Acervo Plínio Ayrosa. São Paulo, Departamento de Antropologia/FFLCH-USP, 1988, 194p. (inédito). Coordenação: Dominique T. Gallois

Apresentação, por Lux Vidal.

[...] esse catálogo é o resultado do primeiro trabalho de organização e sistematização das coleções antigas e recentes depositadas no Acervo Plinio Ayrosa do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo [...] a formação em pesquisa e a atividade docente é a característica específica deste Acervo etnográfico que desde 1983 vem passando por uma profunda reestruturação graças ao empenho da Profa Dra Dominique T. Gallois, orientadora dos trabalhos museográficos e de pesquisa e de Mariana Vanzolini, especialista em conservação e restauração e que se incumbiu da organização física das coleções no depósito do Acervo.

Como bem mostra este catálogo, a maior parte das coleções são de aquisição relativamente recente e muitas vezes constituem-se no material trazido do campo pelos próprios pesquisadores do Departamento e de outras instituições de pesquisa etnológica (p. VI-VII).

Introdução, por Dominique T. Gallois.

O acervo etnográfico do Departamento de Antropologia da USP originou-se no Museu de Etnografia, fundado em 1935 pelo prof. Plinio Ayrosa, na faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Paralelamente, o Centro de Documentação Etnográfica e Social do Instituto de Educação, organizado pelo prof. Fernando de Azevedo, promovia a pesquisa da cultura material indígena, adquirindo em 1936 uma coleção de artefatos Ramkokamekra-Canela, coletada pelo etnólogo Curt U. Nimuendajú. Em 1938, o centro foi extinto e a coleção Canela foi incorporada ao acervo do museu de Etnografia, ampliando-se assim o acervo etnográfico que adquiriu outras valiosas coleções como a coleção reunida pela irmã Catarina de Oliveira, de artefatos dos índios do Alto Amazonas e Rio Negro.

Posteriormente, foi incorporado o significativo conjunto de peças colecionadas por Luís Paixão Silva, provenientes de mais de 50 grupos indígenas distintos (1).

Na década dos anos 50, o acervo cresceu paulatinamente, mesmo que de maneira pouco sistemática, incorporando pequenos conjuntos de artefatos procedentes de várias regiões do país, adquiridas através de compra ou permuta, ou ainda cedidas por diversas instituições e colecionadores.

A pesquisa sobre as coleções e sua correta organização foi iniciada pela Profa. Dra. Tekla Hartmann, no início dos anos 70. Deu-se também nessa época o primeiro impulso para a divulgação das coleções, através de exposições. A partir de 1975, o APA ficou sob a responsabilidade da Profa. Dra. Lux B. Vidal. Nesse período, as atividades no pequeno museu voltaram a ser integradas ao programa de formação dos alunos do Curso de Ciências Sociais, que realizavam ali estágios e pesquisas sobre determinadas coleções.

Desde 1980, as atividades de curadoria e de pesquisa das coleções etnográficas vem sendo orientadas pela Profa. Dra. Dominique T. Gallois.

Acompanhando o significativo desenvolvimento da etnologia indígena no Brasil durante os anos 70, o APA cresceu com um grande número de coleções, doadas por professores e alunos do Departamento e de outras instituições. A coleta desse material estava diretamente ligada aos projetos de pesquisa etnológica desenvolvidos em diferentes regiões da Amazônia e Brasil central (p. 2-3).

O Acervo ocupa, atualmente, duas salas no prédio de Ciências Sociais (salas 104 e 105). Exposições temporárias têm sido montadas no saguão da Biblioteca daquele prédio, focalizando diversos aspectos do modo de vida dos índios brasileiros.

Paralelamente a essas pequenas mostras, as peças do Acervo têm sido apresentadas em várias exposições, no país e no exterior, atendendo assim ao interesse crescente da população em conhecer as manifestações culturais das sociedades indígenas (p. 3).

Documentação das coleções

As atividades desenvolvidas no APA, no decorrer de seus cinqüenta anos de história, responderam de maneira diferenciada aos objetivos básicos de um acervo museológico: aquisição e manutenção das coleções, produção de conhecimento e atividades de difusão cultural.

Numa primeira fase, predominou a acumulação de material sob forma de simples colecionamento. Geralmente, as informações que acompanhavam essas coleções eram extremamente precárias, orientadas apenas para o colecionador, para o coletor ou ainda para uma caracterização sumária do objeto, visto como único, e não para as condições de produção e uso desses objetos.

A maior parte das coleções que entravam no depósito constituiam-se apenas em conjuntos de peças, reunidas de forma eventual e fragmentária. Predominava também a seleção das peças coletadas, o critério do individual ou mesmo do simples acaso, em detrimento do valor etnográfico que artefatos menos vistosos poderiam representar (Ver: "Levantamento de Coleções Bororo em Museus brasileiros")

Assim, entre as coleções mais antigas do APA predominam armas – arcos, flechas e bordunas – e adornos plumários; ao contrário, é diminuta a proporção de artefatos de uso doméstico e/ou propriamente tecnológico, que poderiam representar as diferentes configurações e modos de adaptação existentes entre as sociedades indígenas brasileiras (p. 4).

Classificadores:

[...]

3. matéria-prima:

origem animal

origem vegetal

[...]

5. implementos p/ a atividade artesanal

5.2 artefatos p/ fiação e tecelagem

[...]

II. vida social e ritual

6. indumentária cotidiana e/ou cerimonial

• adornos trançados

• adornos de cordame e tecidos

• adornos plumários

• adornos de materias diversos (p.8-10).

Conservação do Acervo, por Carlos Regis Leme Gonçalves e Mariana Vanzolini, p. 48.

Condições de conservação do Acervo Plinio Ayrosa:

Após a transferência para a Cidade Universitária, a coleção foi instalada num conjunto de salas conhecido, não sem razão, pela alcunha de "barracões". O inconveniente desses galpões, do ponto de vista da conservação do material plumário, estava sobretudo no excesso de luz natural e na inadequação da luz artificial; em ambos os casos, traduziu-se pelo excesso de radiação ultra-violeta, provocando desbotamento e debilitando o material.

Com a mudança para o novo prédio em 1978, as condições ambientais melhoraram parcialmente, mas pioraram sensivelmente as condições de armazenamento. Com a redução do espaço disponível, as peças ficaram mal acondicionadas, prejudicando as condições de manipulação, dificultando o combate às pragas e aumentando deformações provocadas pela sobreposição de peças (p. 43).

O Acervo etnográfico como centro de comunicação intercultural, de Dominique T. Gallois.

[...] A cultura indígena que os museus costumam apresentar ao público é um conjunto fixo de caracteres tidos como autenticamente e genericamente indígenas: plumária, trançados, objetos rituais, separados por função, por matérias-primas, por origem étnica [...] (p. 50).

[...] entendemos que um museu etnográfico, hoje, deveria lançar uma ponte com o movimento de resistência e preservação ou recuperação cultural das sociedades indígenas (p. 51).

XI - Outras publicações institucionais

Guia da Secção Histórica do Museu Paulista. São Paulo: Imprensa official do Estado, 1937, 10p. (ilustrado).

Publicado e redigido por Affonso de E. Taunay, diretor do museu, descreve em texto e imagens todas as áreas expositivas da instituição. Destacam-se, para os efeitos desse estudo, as descrições da Sala B 12 Ethnografia Brasilica, da Sala TC 5 Indumentaria antiga – fardas – objectos antigos – collecções diversas e as respectivas ilustrações.

Coleção Max Uhle. São Paulo: Fundo de Pesquisas do Museu Paulista, 1977, 160p. (ilustrado).

A publicação, de responsabilidade da arqueóloga Vera Penteado Coelho, organiza a coleção de objetos pré-colombianos (Peru) doada ao Museu Paulista em 1912. Os 54 tecidos da coleção encontram-se descritos e, cinco deles, encontram-se reproduzidos ao final da edição.

O Museu Paulista da Universidade de São Paulo. São Paulo: Banco Safra, 1984, 319p. (ilustrado).

O catálogo, comemorativo ao cinquentenário de fundação da USP, integra a série Museus Brasileiros, publicada por aquele Banco na década de 1980. Último registro da instituição antes do desmembramento, traz, na seção etnológica, um item Fiação e Tecelagem com texto e sete pranchas com reproduções do acervo em cores. A seção histórica apresenta um item sobre indumentária, com três reproduções, das quais duas são de uniformes.

Acervos do Museu Paulista. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 1999, 127p. (ilustrado).

O catálogo trata de enfatizar as novas diretrizes da instituição apresentando suas três principais linhas de pesquisa. Menciona-se, brevemente apenas, a indumentária civil e militar e seus acessórios. Ao final do catálogo mencionam-se os setores especializados de conservação, dentre eles o de têxteis.

Quantos anos faz o Brasil. São Paulo: Edusp, 2000. 187p. (ilustrado e bilingüe).

Edição comemorativa aos 500 anos do Brasil, reúne textos, de vários autores, sobre os quatro museus estatutários da USP. Dentre os textos do Museu Paulista há um sobre Fiação, tecelagem e costura e outro, de nossa autoria, dedicado aos avessos – Têxteis e outros: avessos, versos e contrários.

Artigo apresentado em 02/2005. Aprovado em 04/2004.

  • 4. "Destinando-se a Revista, dóravante, aos estudos antropológicos, enquanto os Anais continuam dedicados, de preferência, a assuntos históricos, consagra-se nitidamente essa separação." (Revista do Museu Paulista Nova Série, v. I, 1947, p. 10).
  • 5. Revista do Museu Paulista Nova Série, v. XV, 1964.
  • 6. Revista do Museu Paulista Nova Série, v. X, 1951, p. 7-94
  • 7. Invólucro para conservação de artefatos plumários. Revista do Museu Paulista Nova Série, v. XXXII, 1987, p. 251-262.
  • 10. "[...] a revista nada tinha que pudesse vinculá-la especificamente a um museu. Não por coincidência, o acervo museológico da instituição nunca fora utilizado para a pesquisa histórica e nem tinha sido concebida para esse fim. Aliás, tirando três ou quatro estudos, dentre os bem mais de duzentos publicados, todo o referencial tinha como tônica as fontes escritas. [...]. Ao se incorporar o Museu Paulista á Universidade de São Paulo, em 1963, têm-se dois periódicos que convivem lado a lado e, muitas vezes, se superpõem sem contar a nova Revista do Instituto de Estudos Brasileiros/USP, lançada em 1966, e que também tinha a História do Brasil em seu horizonte. [...] Ora, o periódico do Museu Paulista, agora museu histórico, não poderia absolutamente desvincular-se dos compromissos que a instituição assume como um todo. Assim, como herdeiros de uma revista com larga folha de serviços prestados aos estudos históricos os Anais em Nova Série. O subtítulo, História e Cultura Material, deixa explícita sua nova faixa de atuação."(Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material. Nova Série, n1, 1993, p. 5-7).
  • 15. "Em regra geral,os museus situados nas cidades mais importantes (Rio de Janeiro e São Paul) o são os mais atrasados, embora disponham teoricamente das maiores facilidades. Talvez se possa explicar tal fato pela existência de numerosas atividades culturais nessas cidades, onde o museu é considerado como uma instituição do passado, a exemplo do que acontece em certas grandes cidades européias. Geralmente, a tendência é de anexarem-se os museus mais importantes às universidades, o que traz como consequência a limitação de suas atividades à pesquisa.A frequência é excepcionalmente fraca e nada se faz para incentivá-la. O pessoal é geralmente de muito boa qualificação científica mas sem formação museológica.[...] Os problemas de conservação e restauração são muito graves em razão do clima e da má adaptação dos edifícios, mas existe um notável centro nacional que é utilizado sómente para salvaguarda do patrimônio monumental (DEPHAN). Uma das razões dêste estado de coisas é o pequeno número de pessoas que a isto está ligado, outra é a má informação do pessoal dos museus no que diz respeito às exigências da conservação. [...] "Se existem no Brasil coleções riquíssimas de Etnologia (sobretudo indígena) sua conservação e apresentação não mereceram muita atenção. Somente o pequeno museu que existe em São Paulo pode ser considerado moderno (Museu de Artes e Técnicas Populares, da Associação Brasileira de Folclore, no Ibirapuera). Haveria muito trabalho a fazer nesse campo.[...] A Universidade de São Paulo criou recentemente um museu de arqueologia geral, único de seu gênero na América. [...] Seria preciso igualmente que o Brasil solicitasse à UNESCO a concessão de uma bôlsa de viagem ao Conservador do museu para o estabelecimento de negociações com os museus interessados." (Museus da América Latina, de Hugues de Varine-Bohan, anno III. vol.I nº 5, junho de 1967, p.58- 59).
  • 1
    . A bibliografia comentada em nosso mestrado, em 1998, apresentou uma parte bastante precisa da literatura disponível na àrea de conservação de têxteis. Interessava-nos, então, definir e apontar os conteúdos disponíveis na biblioteca e no Setor de Têxteis do Museu Paulista que nortearam os trabalhos institucionais desenvolvidos a partir de 1993. Podemos afirmar, inclusive, que essa bibliografia não se modificou substancialmente desde 1998 tendo sido acrescida de alguns títulos apenas.
  • 2
    . O extinto Instituto de Pré-História da USP não foi considerado já que não havia nenhum têxtil naquela coleção.
  • 3
    . "Durante vinte annos (1895-1915), redigida a Revista pelos Srs.Dr. Hermann Von Ihering e Rodolpho Von Ihering, dos summarios dos nove tomos que a este antecedem ressalta a noção da preferencia dos dous naturalistas pelos asumptos em que se especialisaram, angariando justa e dilatada nomeada. Até agora, quase exclusivamente, foi uma revista de Zoologia. Dos cento e oito artigos que nella figuram oitenta e dous correspondem a assumptos zoologicos, de systematica, quasi sempre, quinze a anthropologicos e ethnographicos, oito a questões paleo-zoologicas. Sobre mineralogia, geologia e botanica nenhuma contribuição jamais se inseriu a não ser umas summarias considerações para o estabelecimento de um museu botânico [...]. Assumindo a redacção da Revista, pretendemos modificar-lhe um pouco os moldes. Nella publicaremos, sem distincção especial, contribuições que se refiram não só a todas as sciencias naturaes como á biologia em geral e á archeologia paulista." (Vol. X, 1918, p.VIII).
  • 4
    . "Destinando-se a
    Revista, dóravante, aos estudos antropológicos, enquanto os
    Anais continuam dedicados, de preferência, a assuntos históricos, consagra-se nitidamente essa separação." (
    Revista do Museu Paulista – Nova Série, v. I, 1947, p. 10).
  • 5
    .
    Revista do Museu Paulista – Nova Série, v. XV, 1964.
  • 6
    .
    Revista do Museu Paulista – Nova Série, v. X, 1951, p. 7-94
  • 7
    . Invólucro para conservação de artefatos plumários.
    Revista do Museu Paulista – Nova Série, v. XXXII, 1987, p. 251-262.
  • 8
    . "Enceta-se com o presente volume a série dos Annaes do Museu Paulista, orgão da secção de Historia do Brasil, e especialmente de São Paulo, do Museu Paulista, destinado particularmente á divulgação de trabalhos da secção, e á publicação de documentos incorporados ao acervo do Instituto. O grande desenvolvimento tomado, ultimamente, pelos assumptos de historia brasileira, e de São Paulo, no Museu Paulista, levaram o Governo do Estado de São Paulo, em dezembro de 1922, a nelle crear uma secção especial destinada a incrementar o estudo das cousas da nossa tradição. Tivemos a honra de ser investidos na chefia deste departamento." (
    Annaes do Museu Paulista, t. I. Commemorativo do Primeiro Centenário da Independencia Nacional, 1922. São Paulo, Officinas do Diário oficial, 1922,Prefacio,p.III).
  • 9
    . "A reforma que em 1946 deu nova estrutura interna ao Museu Paulista não afetou essencialmente sua antiga Secção de História Nacional. [...] essa especialização já se refletia, aliás, na publicação que, instituída em 1922,visava a divulgar os trabalhos da secção, criada em Dezembro do mesmo ano. Sob a dedicada e sábia direção do Dr Afonso de E Taunay, meu ilustre antecesssor, os
    Anais do Museu Paulista constituíram desde seu volume inicial, publicação de consulta necessária para estudiosos de questões de história. Não competiria, pois, à nova diretoria mudar o bom rumo do órgão da Secção de História. Ao contrário do que sucedeu no caso da
    Revista do Museu Paulista, que ressurgiu em 1947 com especialização definida, passando a abranger unicamente assuntos de Etnologia, Arqueologia, Antropologia Física e outras disciplinas afins [...] aos Anais não cabia senão persistir na orientação primitiva." (t. XIII, 1949, Introdução, p.V-VI).
  • 10
    . "[...] a revista nada tinha que pudesse vinculá-la especificamente a um museu. Não por coincidência, o acervo museológico da instituição nunca fora utilizado para a pesquisa histórica – e nem tinha sido concebida para esse fim. Aliás, tirando três ou quatro estudos, dentre os bem mais de duzentos publicados, todo o referencial tinha como tônica as fontes escritas. [...]. Ao se incorporar o Museu Paulista á Universidade de São Paulo, em 1963, têm-se dois periódicos que convivem lado a lado e, muitas vezes, se superpõem – sem contar a nova
    Revista do Instituto de Estudos Brasileiros/USP, lançada em 1966, e que também tinha a História do Brasil em seu horizonte. [...] Ora, o periódico do Museu Paulista, agora museu histórico, não poderia absolutamente desvincular-se dos compromissos que a instituição assume como um todo. Assim, como herdeiros de uma revista com larga folha de serviços prestados aos estudos históricos os
    Anais em Nova Série. O subtítulo,
    História e Cultura Material, deixa explícita sua nova faixa de atuação."(
    Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material. Nova Série, n1, 1993, p. 5-7).
  • 11
    ."
    No Anuário da Escola Politécnica de São Paulo para 1901 publicou Silva Telles extensa nota prévia sobre os seus trabalhos, artigo que o Jornal do Comercio transcreveu na integra. Neste interim o nosso ensaista prosseguira com as demonstrações de industrialização da fibra da aramina, valendo-se da fábrica de cordas e barbantes do Sr.Henrique Maggi, no bairro da Barra Funda na cidade de São Paulo. [...] As experiências [...] haviam demonstrado a incontestavel superioridade da aramina sobre a juta. [...]. Contava Dr Silva Telles obter em 1902 dessas plantações regulares e da colheita do arbusto selvagem [...] cerca de 300 toneladas de fio [...]."(p. 39-40); Um paulista eminente e benemérito (Augusto Carlos da Silva Telles ,1851-1923). Ensaio Biográfico, de Affonso de E. Taunay, t.XXII 1945. Comemorativo do primeiro cincoentenário da Fundação do Museu, p. 39-40).
  • 12
    . "As coleções dão a razão de ser ao museu, determinam sua existência e a sua manutenção, exigem que ele funcione. E nisto consiste a primeira forma de utilização cultural de material de museu. Trata-se exatamente da função precípua dos museus, aquela que se define pela obrigação de conservar o seu acervo de peças. Função cultural das mais importantes, a conservação das coleções é a atividade das mais importantes, a conservação das coleções é a atividade a que por definição se destinam as instituições do gênero [...]. Conservar as peças e transmiti-las às gerações futuras, no seu estado de autenticidade e pureza original, é pois a primeira modalidade de utilização cultural a que tem de dedicar-se o museu. [...] E,ainda que,se por escassez de meios a conservação do material de um museu tiver de ser prejudicada, em favor, por exemplo de mais ricas exposições públicas, isto não se fará sem grave delito contra os altos interêsses da cultura." (Utilização cultural de material de museu, t. XVIII, 1964, p. 10- 11).
  • 13
    . Na ordem em que foram citados: Restauração e conservação: algumas questões para os conservadores. A perpectiva da conservação de têxteis, de Mary Brooks, Caroline Clark, Dinah Eastop e Carla Petschek,Nova Série, nº2, 1994, p. 235-250.- Conservação de têxteis históricos: uma bibliografia introdutória, de Teresa Cristina Toledo de Paula, Nova Série, nº 2, 1994 p. 301-319. Indumentária e moda: seleção bibliográfica em português, de Adilson José de Almeida, Nova Série, nº 3, 1995, p. 251-296.
  • 14
    . "Em comparação com o número de publicações sobre vários outros assuntos, os estudos sobre tecidos ainda receberam pouca atenção por parte dos especialistas. Desejaríamos que no futuro o número desses estudos pudesse aumentar, e, o que é mais, que não se concentrassem apenas nessa especialidade, mas pudessem tratar comparativamente de outras técnicas. Para as interpretações iconográficas tal abordagem teria um significado fundamental." (A Cultura Nasca – Bibliografia Seletiva Ano IV,VOL Nº *, dez. de 1968 p. 72).
  • 15
    . "Em regra geral,os museus situados nas cidades mais importantes (Rio de Janeiro e São Paul) o são os mais atrasados, embora disponham teoricamente das maiores facilidades. Talvez se possa explicar tal fato pela existência de numerosas atividades culturais nessas cidades, onde o museu é considerado como uma instituição do passado, a exemplo do que acontece em certas grandes cidades européias. Geralmente, a tendência é de anexarem-se os museus mais importantes às universidades, o que traz como consequência a limitação de suas atividades à pesquisa.A frequência é excepcionalmente fraca e nada se faz para incentivá-la. O pessoal é geralmente de muito boa qualificação científica mas sem formação museológica.[...] Os problemas de conservação e restauração são muito graves em razão do clima e da má adaptação dos edifícios, mas existe um notável centro nacional que é utilizado sómente para salvaguarda do patrimônio monumental (DEPHAN). Uma das razões dêste estado de coisas é o pequeno número de pessoas que a isto está ligado, outra é a má informação do pessoal dos museus no que diz respeito às exigências da conservação. [...] "Se existem no Brasil coleções riquíssimas de Etnologia (sobretudo indígena) sua conservação e apresentação não mereceram muita atenção. Somente o pequeno museu que existe em São Paulo pode ser considerado moderno (Museu de Artes e Técnicas Populares, da Associação Brasileira de Folclore, no Ibirapuera). Haveria muito trabalho a fazer nesse campo.[...] A Universidade de São Paulo criou recentemente um museu de arqueologia geral, único de seu gênero na América. [...] Seria preciso igualmente que o Brasil solicitasse à UNESCO a concessão de uma bôlsa de viagem ao Conservador do museu para o estabelecimento de negociações com os museus interessados." (Museus da América Latina, de Hugues de Varine-Bohan, anno III. vol.I nº 5, junho de 1967, p.58- 59).
  • 16
    . Termos classificatórios do objeto de arte africana nas coleções: um problema para os acervos museográficos no Brasil, de Marta Heloísa Leuba Salum, nº 26, 1988. p. 43-60.
  • 17
    . nº 26, 1988, p. 7, Crônicas.
  • 18
    . "O surgimento do novo MUSEU DE ARQUEOLOGIA E ETNOLOGIA DA USP exigia uma nova revista que o representasse perante a comunidade científica do país e do exterior. De fato, a decisão da Reitoria da Universidade de São Paulo, no final do ano de 1989, em promover a fusão de instituições afins visando a racionalização de atividades ligadas á pesquisa em Arqueologia e Etnologia, bem como a curadoria dos respectivos acervos, teve como resultado a reunião de pesquisadores, técnicos e funcionários do Instituto de Pré-História,do antigo Museu de Arqueologia e Etnologia, do acervo arqueológico e etnográfico do Museu Paulista e do Acervo Plinio Ayrosa, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Uma coleção de mais de cem mil peças, envolvendo uma centena de interessados, transformava os antigos museus ou acervos numa das mais importantes instituições de pesquisa na área de Arqueologia e Etnologia, impondo o desaparecimento dos antigos periódicos que os representavam (DÉDALO,
    REVISTA DE PRÉ-HISTÓRIA E REVISTA DO MUSEU PAULISTA) e sua consolidação numa única publicação:
    REVISTA DO MUSEU DE ARQUELOGIA E ETNOLOGIA. A presente revista é, portanto, orgão de comunicação oficial da nova instituição. Sua finalidade precípua é dar vazão à produção científica realizada dentro e fora da Instituição nas áreas de Arqueologia, Etnologia e Museologia, especificamente naqueles segmentos nos quais o NOVO MAE se encontra vocacionado, isto é, nos setores americano (com destaque para o Brasil), africano, mediterrâneo e médio-oriental." (
    Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia. São Paulo,Universidade de São Paulo, publicação anual. nº 1, 1991, Apresentação).
  • 19
    . Conservação preventiva e patrimônio arqueológico e etnográfico: ética, conceitos e critérios, de Yacy-Ara Froner, p. 291-301. O trabalho de conservação e restauro do acervo destinado à exposiçao de longa duração do MAE: a preservação das Formas de Humanidade, de Yacy-Ara Froner, nº7,1997,p.143-152. Serviço Técnico de Curadoria: gerenciamento documental e armazenagem das coleções etnográficas e arqueológicas do MAE na área de reserva técnica, de Elaine Hirata et alli, nº 7, 1997, p. 193-198.A conservação preventiva e as reservas técnica, de Gedley Belchior Braga, p. 269-277.
  • 20
    . "O Museu Paulista e o antigo MAE tiveram a oportunidade de tratar seus acervos sob o ponto de vista da documentação museológica, pois, evidentemente, ambas tinham uma preocupação institucional explícita em função dos processos de comunicação e extroversão. O Instituto de Pré-História, sob o ponto de vista da extroversão,contava com programas museológicos que atuavam nos aspectos da comunicação (por meio de exposições) e de ação educativa. Quanto ao Acervo Plinio Ayrosa, que também mantinha exposições museológicas, o tratamento do acervo priorizava uma documentação científica, na qual a comunicação segue os padrões da academia (redação de teses e artigos, palestras, conferências, aulas e outros fins), porém com a atenção voltada para os estudos sobre a coleção, o que permite um conhecimento bastante otimizado dos grupos étnicos representados. Seu sistema documental, semelhante, mas não idêntico, ao utilizado no Museu Paulista, reflete tal preocupação. Isso significa que o MAE 'herda' quatro estruturas organizadas de maneiras diferentes em relação aos processos de catalogação, organização e gerenciamento de seu material coletado. Ao mesmo tempo, a fusão transformou coleções de pequeno e médio porte em uma única coleção,a partir de então, considerada grande para o perfil das instituições do gênero no meio museológico nacional." (As coleções de arqueologia pré-colonial brasileira do MAE/USP: um exercício de documentação museológica, de Marilucia Bottallo, p. 257-268).
  • 21
    . Em 1895, Hermann von Ihering cria a revista; em 1917, Afonso E. Taunay assume a direção do Museu; em 1922, publica-se o primeiro número dos
    Anais do Museu Paulista destinado ao estudo da História do Brasil e de São Paulo; em 1927, a Seção de Botânica sai do Museu para constituir-se um organismo à parte; em 1939, a Seção de Zoologia emancipou-se indo constituir o Departamento de Zoologia da Secretaria da Agricultura; em 1946, cria-se da Seção de Etnologia do Museu Paulista.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      27 Jul 2009
    • Data do Fascículo
      Jun 2005
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