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Reflexões sobre a tomada de decisões no restauro de um manuscrito iluminado setecentista

Considerations about decision making on the conservation of an 18th century illuminated manuscript

RESUMO

Em 2018, um códice manuscrito iluminado, intitulado Compromisso da Irmandade do Smo. Sacramento da Freguezia de Nossa Senhora do Pilar Das Congonhas do Anno de 1725 foi restaurado dentro de um projeto cujo objetivo é pensar a relação entre a conservação-restauração e a história. As decisões de intervenção foram tomadas dentro de uma perspectiva que busca o balanço entre duas forças aparentemente opostas: a manutenção dos aspectos materiais da passagem do tempo e as intervenções necessárias para garantir a continuidade de seus aspectos funcionais, simbólicos e estéticos pelo maior tempo possível. São discutidas decisões tomadas no processo de restauro concernentes ao miolo do livro, ou seja, no processo de reestruturação de suporte e de atenuação de manchas, buscando expor os caminhos que levaram à tomada de determinadas decisões em detrimento de outras e compreender como o trabalho de restauração, assim como qualquer outro tipo de intervenção, está ligado à uma série de valores que muito têm a dizer sobre quem age sobre o objeto.

PALAVRAS-CHAVE:
Manuscrito iluminado; Documentos gráficos; Valores; Restauro; Tonalização; Reestruturação de perdas

ABSTRACT

In 2018, a project aimed to think the association between conservation and history conserved an illuminated manuscript codex entitled Commitment of the brotherhood of the Holy Sacrament of the Parish of Our Lady of the Pillar of Congonhas from the year of 1725. All interventions were thought based on a perspective that sought to balance two apparently opposite forces: maintaining the material aspects of the passage of time and implementing the necessary interventions for ensuring the object’s functional, symbolic, and aesthetic aspects for as long as possible. To unravel the path that led to specific choices in detriment to others, this work discusses the decisions made regarding the conservation of the book leaves, such as filling missing material and removing stains, thus exposing how the conservation process, as well as any other type of intervention, is connected to a series of values that say a lot about the person who acts upon the object.

KEYWORDS:
Illuminated manuscript; Graphic documents; Conservation; Values; Toning; Filling of losses

INTRODUÇÃO

A região das Minas, no século XVIII, convivia com a particularidade de uma imposição régia que proibia a instalação de ordens primeiras e segundas naquele território.2 2 Boschi (2007, p. 60). A exclusão de mosteiros e conventos não significava, no entanto, a exclusão da presença da Igreja e sua influência na região. A principal forma de organização dos indivíduos nesse novo espaço de sociabilidade era através da religião em “associações religiosas nas quais se reuniam os leigos no catolicismo tradicional. […] as irmandades e as ordens terceiras”.3 3 Azzi (1992). Nas irmandades, os membros se uniam conforme critérios étnicos, profissionais e sociais e se dedicavam ao culto de santos, anjos, de Cristo e de Nossa Senhora,4 4 Campos (2011). de modo que elas foram de suma importância para a organização da vida na região das Minas. Segundo Caio Boschi:

Com efeito, […], parece ser consensual a afirmativa de que não se entende a História de Minas Gerais do século XVIII (e não só), sem a boa compreensão da emergência e da dinâmica das irmandades presentes naquela realidade.5 5 Boschi, op. cit.

As irmandades podiam, em alguns casos, serem agremiações meramente culturais não oficializadas,6 6 Campos, op. cit. porém, para serem legitimamente erigidas, elas eram obrigadas a enviar o chamado “Compromisso”, juntamente com seu documento fundador, para aprovação pelas autoridades civis (Mesa de Consciência e Ordens) ou eclesiásticas (o bispado mais próximo): “De toda sorte, pelo menos em tese, somente depois que eram aprovados [os compromissos] é que a entidade se legitimava e era formalmente reconhecida”.7 7 Boschi, op. cit. Nesse documento, constava o conjunto de normas, deveres e benefícios dos associados, notas sobre como se daria a organização diária da irmandade, como o calendário de festas, além de aprovações e selos que comprovavam sua legitimidade. Esses documentos eram, enfim, parte fundamental da gênese desse tipo de agremiação e eram tratados com decoro devido.

Em sua origem, esses documentos tinham clara função jurídica, pois guardavam as regras de uma irmandade, firmando o acordo entre os irmãos e reiterando seus direitos e deveres. Possuíam também valor religioso, por serem documentos eclesiásticos que uniam as pessoas através de uma devoção em comum e que usava de uma linguagem visual que manifestava essas evocações religiosas. Ao longo do século XIX, no entanto, as confrarias começaram a perder sua força e no século XX elas já estavam marginalizadas.8 8 Azzi, op. cit. Essa mudança de valores na sociedade retirou alguns compromissos de irmandades dos arquivos eclesiásticos e os levou para os acervos de instituições culturais, de forma que eles perderam seu valor jurídico e assumiram o título de “bens culturais”.

Esse novo status cultural pode ser destrinchado em outros valores e funções específicos que atualmente se projetam sobre os compromissos; como elementos representativos de sociabilidades específicas da região das Minas do século XVIII, assumem valor historiográfico e função documental e se tornam objeto de estudo de pesquisadores e especialistas de diversas áreas do conhecimento. Eles são ainda imbuídos de valor estético por conta dos elementos artístico-ornamentais que lhe caracterizam e podem assumir, ainda, valor identitário, do ponto de vista dos descendentes das comunidades que os criaram (ou mandaram criar), ou que ainda fazem parte de agremiações religiosas ligadas a ele.

Essa foi a trajetória do códice manuscrito Compromisso da Irmandade do Smo. Sacramento da Freguezia de Nossa Senhora do Pilar Das Congonhas do Anno de 1725. O livro, manuscrito e ricamente ornado, foi criado para regimentar a irmandade do Santíssimo Sacramento da Freguesia de Congonhas do Sabará (atual Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte). O documento foi doado ao Arquivo Público Mineiro (APM) em princípios do século XX por um particular e já era, naquele momento, descrito como “carcomido de traças”.9 9 Gonçalves (2015, p. 51). Sediado em Belo Horizonte, o APM é a mais antiga instituição cultural do estado de Minas Gerais e abriga o maior acervo de documentos públicos referentes à história política, econômica e social das Minas, considerado o mais rico do estado e um dos mais ricos do país em relação às fontes documentais de pesquisa histórica.10 10 Nogueira (2016). Atualmente, o Compromisso da Irmandade do Santíssimo Sacramento de Congonhas do Sabará integra o acervo do APM como parte da coleção Avulsos da Capitania de Minas Gerais sob a notação AVC-05.

Em 2018, o códice, que já tinha sido objeto de estudos materiais e estilísticos em anos anteriores,11 11 Almada (2006; 2012); Costa (2016); Gonçalves, op. cit. foi selecionado para integrar o projeto “A materialidade dos documentos pintados: entre a História e a Preservação”12 12 Projeto “A materialidade dos documentos pintados - entre a História e a Preservação” - Capes AUXPE 585/2015. coordenado pela professora Márcia Almada, cujo objetivo é pensar a relação entre a conservação-restauração e a história. Sua relevância histórico-documental e estética e seu estado de deterioração em rápido avanço, como comprovado por fotografias tiradas do objeto nos anos de 2000 (Figura 1) e 2018 (Figura 2), demonstravam uma fragilização acelerada e a perda de suporte, especialmente no frontispício. Todos esses foram fatores importantes na escolha desse item como parte do projeto e como objeto de tratamento.

Figura 1
Registro do frontispício, 2000. Foto: Márcia Almada.

Figura 2
Registro do frontispício, 2018. Foto: Cláudio Nadalin.

Assim, o códice foi enviado ao Laboratório de Conservação-Restauração de Documentos Gráficos e Fílmicos do Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais da UFMG (LAGRAFI/CECOR) para tratamento. No contexto do projeto, as decisões de intervenção foram tomadas em uma perspectiva que buscava o balanço entre duas forças aparentemente opostas: a manutenção dos aspectos materiais da passagem do tempo e as intervenções necessárias para garantir a continuidade de seus aspectos funcionais, simbólicos e estéticos pelo maior tempo possível.

Pretendemos discutir aqui algumas das decisões tomadas no processo de restauro desse códice, em especial, aquelas concernentes ao miolo do livro, ou seja, à reestruturação de suporte e à atenuação de manchas. Buscamos expor os caminhos que levaram à tomada de determinadas decisões em detrimento de outras e compreender como o trabalho de restauração, assim como qualquer outro tipo de intervenção, está ligada a uma série de valores que muito tem a dizer sobre quem age sobre o objeto.

Os aspectos materiais da passagem do tempo sobre um objeto são aquelas características que atestam as alterações que ele sofreu ao longo de sua existência,13 13 Rede (1996). como reencadernações, adição ou subtração de componentes, ataques de insetos, de microrganismos e manchas. Esses elementos falam sobre as mudanças nos sentidos e funções atribuídos ao artefato e, em última instância, sobre as mudanças no programa de valores da sociedade que pensa e age sobre ele.14 14 Castriota (2009); Correia (2011); Daybell (2009); Muñoz Viñas (2003).

No entanto, muitos desses aspectos, que sob o ponto de vista da história e da cultura material são percebidos como fontes de investigação, pelo ponto de vista da conservação-restauração podem ser tomados como deteriorações. As alterações que entram nesse campo são aquelas que acarretam a perda de valor do objeto e se tornam, portanto, passíveis de intervenções “corretivas”. Os valores que agem simultaneamente sobre os objetos, no entanto, são vários (estético, histórico, científico, funcional, identitário, ente outros) e, frequentemente, conflitantes.15 15 Muñoz Viñas, op.cit. O mais notório exemplo desse fenômeno é a oposição entre os valores histórico-documentais e os valores artístico-estéticos, que, não raro, pedem ações opostas por parte do restaurador. Essa é, em outras palavras, a dicotomia deterioração versus marca do tempo, em que uma mesma característica pode valorizar ou desvalorizar o artefato, dependendo do ponto de vista.16 16 Brandi (2013).

Buscando um espaço em comum entre esses pontos de vista, restauradores que pensam a conservação de livros apresentam-nos conceitos de tratamentos que incorporam a importância da manutenção das marcas do tempo no artefato, como o tratamento arqueológico ou a mínima intervenção.17 17 Clarkson (1999); Correia, op. cit. A ideia é que o conservador deve, após análise minuciosa do objeto em seus aspectos materiais, suas funções, seus significados e valores, optar por tratamentos, materiais e técnicas que modifiquem ou adicionem o mínimo possível ao artefato, tendo sempre em mente que toda intervenção se torna parte da sua biografia.18 18 Zervos, Kolouris e Giannakopoulos (2011).

O restauro do Compromisso da Irmandade do Smo. Sacramento da Freguezia de Nossa Senhora do Pilar Das Congonhas do Anno de 1725 foi realizado baseado nos conceitos acima discutidos e tendo em mente a função desse objeto como parte do acervo documental do Arquivo Público Mineiro (APM).

CARACTERIZAÇÃO DO COMPROMISSO

O códice é composto por dezenove páginas, provavelmente confeccionadas em papel de trapo, sem marcas d’água. É dividido em oito cadernos e possuí três folhas avulsas. As folhas têm, em média, 29,8 centímetros de altura e 25,5 centímetros de largura. O livro fechado, com a capa, mede 30,3 cm de altura, 23,5 cm de largura e 1,0 cm de espessura. A capa de pastas rígidas, que foram perdidas, era revestida de veludo vermelho e tinha aplicações em metal: cantoneiras, fechos e florões, essas últimas também perdidas.

Como base para escrita e ornamentação o calígrafo fez uso de grafita, que ainda pode ser percebida nas pautas que guiam a escrita e no desenho e pautas das letras capitulares, vinhetas e títulos dos capítulos. A redação dos textos foi feita com tinta à base de ferro, porém resultados de estudos materiais realizados sobre o livro não concluem se ela é ou não ferrogálica.19 19 Gonçalves, op. cit., p. 134. As técnicas usadas para a ornamentação do compromisso foram a têmpera, a aplicação de elementos metálicos em duas técnicas distintas e a colagem de papel no suporte principal.

Uma análise aprofundada dos pigmentos e corantes usados para compor cada uma das cores usadas na têmpera foi feito por Marina Furtado Gonçalves.20 20 Ibid. Segundo a autora foram utilizadas dez cores diferentes para a realização das ornamentações: alaranjado, amarelo, azul, branco, carmim, cinza, marrom, preto, vermelho e verde. A técnica foi utilizada para compor as imagens no frontispício, os elementos fitomorfos da margem da folha de rosto e para as margens, letras capitulares e vinhetas nos capítulos.

As aplicações metálicas foram realizadas utilizando-se de duas técnicas diferentes: a aplicação de folhas de prata e ouro, sem preparação prévia, com bolo armênio e a aplicação de uma mistura fluida de latão macerado e aglutinantes.21 21 Ibid., p. 51. A folha de ouro foi utilizada somente no ostensório do frontispício22 22 Ibid., p. 86. e a folha de prata no frontispício e na folha de rosto. Já a técnica com latão macerado foi utilizada para compor as chamadas dos capítulos. As áreas em que essa última técnica foi utilizada passaram por posterior brunimento, o que pode ser constatado pela textura mais “lisa” do papel nessas áreas.

A aplicação de colagem de papel no suporte principal foi empregada no frontispício para compor o ostensório e a hóstia retratados no centro da imagem. É possível observar o relevo do ostensório recortado, dourado, e aderido ao suporte principal, o mesmo com a hóstia em seu centro.23 23 Ibid., p. 85-86.

ESTADO DE CONSERVAÇÃO

O códice se encontrava extremamente fragilizado e com uma série de perdas. Da capa (Figura 3), somente o veludo de revestimento acompanhava o documento, envolvendo um papel de fibra química de madeira. Ele apresentava rompimento de suporte por ataque de insetos de forma mais ou menos uniforme em toda sua extensão, bem como havia desgaste da felpa, especialmente nas extremidades das pastas rígidas, dorso e nos lugares em que houve aplicação de adesivos. As marcas de desgaste no veludo possibilitaram inferir que ele havia revestido pastas rígidas, que sobre ele houve a aplicação de elementos metálicos e ainda que, em algum momento após a remoção desses elementos, capa e corpo foram unidos por um colchete tipo “bailarina”, que deixou marcas na felpa do veludo, assim como furos no tecido e em todas as folhas do corpo do livro. Havia ainda duas etiquetas aderidas à capa: uma pequena e oval, em bom estado, preenchida com o número 22 e outra de cerca de quinze centímetros de largura, com o título do livro manuscrito, que se encontrava extremamente fragilizada e com grandes áreas de perda.

Figura 3
Capa do compromisso, 2018. Foto: Cláudio Nadalin.

Os bifólios que compõe o corpo do livro estavam soltos e as perdas de suporte eram causadas tanto pelo ataque de insetos xilófagos, especialmente nos fundos de caderno, como pela fragilização causada pela oxidação dos elementos metálicos, notadamente da mistura de latão e aglutinantes. Talvez o exemplo mais emblemático dessa segunda tipologia de vetor de deterioração seja o frontispício, quando comparadas as fotografias realizadas em 2006 (Figura 1) e em 2018 (Figura 2). Em um espaço de doze anos, perdas significativas ocorreram na área do ostensório e da coroa, onde há aplicação do latão em forma fluida (Figura 5), atestando a extrema fragilidade do suporte e a necessidade de uma intervenção que buscasse retardar esse rápido processo de deterioração. Além das perdas, o suporte também apresentava manchas de umidade, especialmente nas áreas de fundo de caderno (Figura 4), além de manchas de manuseio nas extremidades, vincos e amassamentos.

Figura 4
Mancha de umidade e perdas de suporte por ataque de insetos xilófagos (detalhe), 2018. Foto: Cláudio Nadalin.

Figura 5
Verso do frontispício apresentando fragilização, perda de suporte e migração da tinta (detalhe), 2018. Foto: Cláudio Nadalin.

No que tange à escrita e à ornamentação, além da já mencionada oxidação do latão, que causou a fragilização do suporte e o escurecimento da sua tonalidade, houve ainda a oxidação das aplicações em folha de prata (Figura 7) e perdas nas aplicações de prata e ouro (Figuras 6 e 7). Ademais, a umidade à qual o livro foi exposto fez com que algumas regiões de aplicação da têmpera fossem borradas, esmaecidas ou mudassem de tonalidade, especialmente as cores vermelha, azul e verde (Figura 8).

Figura 6
Perdas de suporte e da aplicação metálica em ouro, no ostensório do frontispício (detalhe), 2018. Foto: Cláudio Nadalin.

Figura 7
Perdas de suporte, perda e oxidação de aplicação de folha de prata e mancha de manuseio (detalhe), 2018. Foto: Cláudio Nadalin.

Figura 8
Esmaecimento e borrão da têmpera na área da bordadura; migração da aplicação de latão (detalhe), 2018. Foto: Cláudio Nadalin.

O estado de conservação do códice deixava clara a necessidade urgente de intervenção. O frontispício extremamente fragilizado mal podia ser manipulado e já havia dado provas de que sua deterioração se acelerava. Além disso, os bifólios e a capa soltos e com perdas de suporte também dificultavam a manipulação do códice e abriam espaço para perdas ainda mais graves no futuro. A fragilidade generalizada do compromisso era tal que dificultava o acesso ao códice, comprometendo a função que lhe foi atribuída como parte do acervo de um arquivo público.

CRITÉRIOS E TRATAMENTOS

As decisões sobre quais tratamentos seriam realizados no códice levaram em conta principalmente os seus aspectos historiográfico-documentais. Nesse sentido, as marcas da passagem do tempo - como as manchas de manuseio, as manchas de transferência das tintas e aplicações metálicas para folhas adjacentes, o revestimento da capa, as etiquetas - foram consideradas de grande relevância e mantidas tanto quanto possível. No entanto, e em algumas instâncias na contramão desse valor, o aspecto estético do códice também apresentava um grande peso nas tomadas de decisão, já que as escolhas feitas pelo calígrafo na ornamentação também abrangiam significados e informações relevantes que dependem de uma unidade visual para serem apreendidas de forma adequada.24 24 Almada (2012); Ancona (2018). Portanto, as escolhas feitas no tratamento desse códice se balançavam, em grande parte, entre os aspectos historiográfico e estético.

Uma das características mais marcantes no suporte do códice era a diversidade de tonalidades presentes em uma mesma folha. Foi identificado um padrão na ocorrência de três tonalidades ao longo de todo o códice: o centro das folhas, local com menos contato com o ambiente externo, apresenta tonalidade mais clara; nas bordas e fundos de caderno, onde há maior contato com poeira, incidência de raios ultravioleta e adesivos, a tonalidade predominante é a intermediária; e, por fim, a tonalidade mais escura ocorre nas manchas de umidade presentes nos fundos de caderno e extremidades superiores e inferiores da folha, devido à manipulação (Figura 9).

Figura 9
Padrão de localização das três tonalidades do suporte em um bifólio, 2019.

A variação tonal acarreta algumas questões importantes no momento de intervenção. Esse “excesso de informação” pode causar um efeito disruptivo: ao encarar a página, o olhar do observador cai imediatamente sobre esses “blocos de cores” e, somente depois, apreende o conteúdo gráfico. O desejável, porém, é o contrário: que o conteúdo gráfico seja apreendido primeiro e as manchas só sejam percebidas em seguida. O esforço, portanto, quando a abordagem mais adequada de intervenção sobre o suporte foi idealizada, era o de atenuar essa variação tonal nos contextos em que sua ação fosse disruptiva, levando-a para segundo plano. Assim, a pátina não seria removida e a informação que ela carrega ainda estaria acessível, porém sem se sobrepor à informação gráfica.

Seguindo essa premissa, as áreas com tonalidade mais escura, que se destacavam em excesso, foram atenuadas. Aquelas originadas do manuseio, nas extremidades, foram consideradas como pátina, por atestarem a forma como o objeto foi manipulado ao longo dos anos e não apresentarem nenhuma possibilidade de dano continuado ao suporte. As áreas com excesso foram, portanto, pontualmente atenuadas com lápis-borracha, de forma a não roubarem o protagonismo da ornamentação das margens e bordaduras.

As manchas de umidade, por sua vez, foram tomadas como deterioração. Além de comprometerem a adequada apreciação estética do códice, os produtos da deterioração do papel, acumulados nas bordas da mancha, acentuavam os riscos de danos ao suporte. No entanto, essas manchas são também parte da história do códice e não foi o objetivo eliminá-las totalmente - algo que seria impossível sem causar maiores danos -, mas atenuá-las o suficiente para que se colocassem em um plano visual secundário. Desse modo, aplicou-se sobre as manchas uma solução de água (pH 7) e álcool PA sobre a mesa de sucção (Figura 10) e também se utilizou gel rígido e gel nanoestruturado.

Figura 10
Aplicação de solução de água pH 7 e álcool sobre mesa de sucção.

As decisões sobre o tratamento das perdas de suporte também foram profundamente afetadas pela variação tonal. No restauro do compromisso, foram usadas três técnicas diferentes de reestruturação de suporte: enxerto, que é a aplicação manual de papel à lacuna; obturação, que é a formação manual de papel na lacuna; e a formação mecânica de papel através da máquina obturadora de papel (MOP).

O papel utilizado para a realização desses procedimentos deve ser escolhido de acordo com sua compatibilidade com o suporte, ou seja, de acordo com suas características de gramatura, textura e coloração devem ser semelhantes ao original.25 25 Cf. Muñoz Viñas (2010). Porém, a variação de cores presente nas folhas do compromisso complicava essa decisão, pois, afinal, qual das três tonalidades deveria servir de base para essa escolha? Uma tonalidade mais escura teria protagonismo em uma região mais clara e vice-versa. Além disso, os tons nem sempre têm correspondência na frente e no verso da folha, de forma que um reparo que parece imperceptível em uma face não o seria na outra.

Nesse momento duas possibilidades se apresentavam: realizar todos os reparos manuais com papel em um único tom, ou então fazê-los com papéis de tons diferentes, de acordo com a variação no suporte. A primeira opção tem a característica de ser mais objetiva: basta definir um único tom de papel de reparo e aplicá-lo em todas as perdas, independentemente da área em que elas ocorram. Isso, no entanto, faz com que os reparos, pelo menos em algumas áreas do papel, fiquem imediatamente óbvios ao olhar. Em algumas situações, isso pode ser desejável se é intenção do restaurador deixar clara a realização deles, porém, do ponto de vista estético, não é uma opção desejável, por sua característica disruptiva.

A segunda opção, por outro lado, se associa ao aspecto estético, já que os reparos são mais discretos à primeira visa, embora continuem sendo perceptíveis a olho nu em uma inspeção mais minuciosa. No entanto, é um procedimento muito mais subjetivo e trabalhoso se comparado ao anterior. Nesse caso, o restaurador não somente precisa encontrar tonalidades diferentes de papéis compatíveis, como também deve constantemente verificar se o local de aplicação corresponde à tonalidade que está sendo aplicada. Isso requer um olhar treinado, mas, ainda assim, é possível incorrer em equívocos que podem levar a refazimentos, algo que não somente gasta mais tempo de trabalho, como também apresenta maiores riscos para o documento.

Dado que tanto o valor histórico-documental como o estético tinham pesos semelhantes na tomada de decisões para o restauro do compromisso e que o códice possuía poucas páginas a serem tratadas manualmente, o procedimento de reparo com três tonalidades diferentes de papel foi escolhido, respeitando ambas as classes de valores. As três cores seriam compatíveis com as já mencionadas três tonalidades presentes no papel: escura, intermediária e clara.

Uma vez tomada essa decisão, era preciso pensar em como alcançar as três referidas tonalidades. Encontrar papéis compatíveis que tivessem os tons desejados já vindos de fábrica seria dispendioso tanto em termos de tempo como de recursos, portanto a solução foi tingi-los. O grande problema posto por essa opção era a necessidade de se evitar ao máximo que o pigmento adicionado ao papel de reparo migrasse para o suporte original. Portanto, definiu-se que ele seria tingido com tinta acrílica antes da realização dos reparos, diminuindo os riscos de migração por contato posterior com fontes de umidade (Figuras 11 e 12). O adesivo usado para a realização dos reparos foi Klucel G dissolvido em álcool etílico. Embora esse adesivo apresentasse algumas desvantagens, como brilho excessivo e menor poder de adesão, ele diminuía os riscos advindos do contato da têmpera usada na ornamentação com a umidade.

Figura 11
Tingimento do papel japonês.

Figura 12
Secagem do papel japonês após tingimento.

O processo de restauro do Compromisso do Santíssimo Sacramento de Congonhas do Sabará fez parte de um projeto que tem como objetivo a sistematização de conceitos e procedimentos que valorizem a manutenção da história física do documento. Nesse sentido, era importante o confronto de diferentes procedimentos, visando entender suas vantagens e desvantagens. A opção pela utilização do método mecânico de reestruturação de suporte (Figura 14) se deu a partir desse contexto. Embora a natureza desse procedimento, que preenche simultaneamente todas as perdas, impedisse que fossem respeitadas as três tonalidades do suporte, acreditou-se que ele traria vantagens em termos do tempo despendido para a restauração, em oposição ao método manual e subjetivo escolhido para os bifólios que continham informação à têmpera e aplicação de elementos metálicos. Além disso, outro compromisso setecentista estava sendo restaurado simultaneamente, dentro do mesmo projeto, de forma que a preparação da máquina, que também despende muito tempo, se daria somente uma vez para ambos.

Figura 13
Preparação da polpa de papel Canson Ingres e Hahnemühle para obturação mecânica.

Figura 14
Remoção de bifólio da máquina obturadora de papel.

Os três bifólios que estavam em branco ou apresentavam somente informação escrita em tinta à base de ferro foram testados e considerados passíveis de tratamento, uma vez que a reestruturação de suporte com a máquina obturadora de papel implica a sua total imersão em água. Foi utilizada uma combinação de fibras de papel Canson Ingres e Hahnemühle 100% algodão compatível em termos de cor com a tonalidade mais clara encontrada nas folhas, pois essa foi considerada menos disruptiva, mesmo em regiões de tonalidade mais escura (Figura 14).

Outra exceção ao uso das três tonalidades de suporte foi o frontispício. Elemento com maior relevância estética do compromisso, o fólio é quase inteiramente coberto pela pintura e algumas das perdas de suporte mais significativas estão em grande evidência em seu centro. A combinação dessas características fez com que a reestruturação dessas perdas centrais tomasse outro rumo. Nesse caso, ainda se optou pelo tingimento do papel de reparo, porém, ao invés de definir as cores de acordo com a tonalidade do suporte, elas foram escolhidas de acordo com a pintura no entorno da lacuna. Essa decisão foi motivada pelo fato de que a cor presente na área onde ocorrem as perdas é muito diferente de qualquer uma das três tonalidades encontradas no suporte, e a utilização de papéis nesses últimos faria com que a lacuna ainda assumisse um relevante protagonismo. Assim, foram tingidos dois pedaços de papel japonês com uma cor esverdeada, semelhante à da pintura, para serem utilizados como enxertos nessas áreas. Além disso, dada a extrema fragilização do suporte como um todo, foi feita uma velatura com papel japonês de baixa gramatura no verso da folha, para garantir sua estabilidade e manuseio.

Figura 15
Detalhe da aplicação de papel japonês de tonalidades diferentes no frontispício.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A escolha pelo procedimento de reestruturação de perdas através do uso de papéis em três tonalidades diferentes foi pensada em vista a dar pesos semelhantes aos valores estéticos e históricos do códice. A preocupação com ambos os aspectos fica clara no resultado estético pouco disruptivo e, ainda assim, visivelmente perceptível; nem a percepção do objeto como um todo,26 26 Bailão (2011); Brandi, op. cit. nem a necessidade de deixar evidente que aquele livro passou por uma intervenção foram comprometidas. As variáveis envolvidas no procedimento, no entanto, tiveram seus pontos negativos. Uma vez que cada ponto de perda exigia do conservador uma tomada de decisão, o procedimento, que já seria lento se somente um tom de papel de reparo fosse utilizado, tomou ainda mais tempo. Ademais, houve a necessidade de alguns refazimentos, especialmente em regiões de transição de tonalidade na folha, nas quais a percepção de qual tom seria mais adequado era mais difícil.

A tonalização do papel de enxerto de acordo com as tonalidades da ornamentação foi o único tratamento realizado no miolo do códice que, de alguma forma, pode ser considerado como pertencente ao campo da reintegração cromática, se considerarmos que essa escolha se assemelha à técnica do subtom, discutido no campo da conservação de pinturas.27 27 Bailão, op. cit., p. 49. Outras formas de reintegração cromática chegaram a ser teorizadas para o frontispício,28 28 Ancona (2018). porém não foram empregadas no processo, de modo que as perdas ocorridas em áreas de pintura se mantiveram com a tonalidade do suporte, sem receber nenhum tratamento de cor posterior. Por outro lado, a reintegração cromática digital foi considerada e, para tanto, antes da realização dos enxertos, o frontispício foi digitalizado em alta resolução. Esse tipo de reintegração, que se coloca como um tratamento futuro, poderia auxiliar na compreensão de qual seria a sua aparência antes dos efeitos da oxidação e das perdas da ornamentação.

O resultado da reestruturação mecânica com a MOP ocorreu de acordo com o esperado, produzindo um efeito uniforme embora um pouco mais disruptivo do que o procedimento manual. No entanto, as horas de trabalho acumuladas de limpeza da máquina, cálculo e preparação da polpa e execução foram semelhantes à quantidade de horas que seriam gastas para realizar a reestruturação manual. Se levarmos em consideração tanto o fato de que a imersão do papel em água é um procedimento não reversível29 29 Zervos, op. cit. como a diferença de paradigma adotada para fólios do mesmo livro, mesmo com valores estéticos diferentes, o uso do método mecânico parece acumular mais desvantagens do que vantagens, nesse caso.

Figura 16
Bifólio antes do restauro. Foto: Cláudio Nadalin.

Figura 17
Bifólio após restauro: atenuação de manchas e reestruturação manual de perdas de suporte. Foto: Cláudio Nadalin.

Figura 18
Bifólio antes do restauro. Foto: Cláudio Nadalin.

Figura 19
Bifólio após restauro: atenuação de manchas e reestruturação mecânica de perdas de suporte. Foto: Cláudio Nadalin.

Figura 20
Frontispício antes do restauro. Foto: Cláudio Nadalin.

Figura 21
Frontispício após restauro: atenuação de manchas e reestruturação manual de perdas de suporte. Foto: Cláudio Nadalin.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Toda ação (ou não-ação) sobre um objeto responde a conjuntos de valores conflitantes que se modificam constantemente no tempo e no espaço, valores esses que são atribuídos pela sociedade. Essas intervenções, por sua vez, refletem-se na materialidade do artefato. Os aspectos materiais dos objetos são, assim, evidências da mutabilidade das relações sociais.30 30 Rede, op. cit.

Não buscamos aqui somente demonstrar os procedimentos de restauração aplicados em um manuscrito setecentista, mas também, e principalmente, refletir sobre o processo de tomada de decisões e suas bases. As marcas do tempo nos objetos são fontes de investigação e, por isso, sua manutenção é fundamental. No entanto, esse valor histórico é somente um entre os diversos atribuídos pela sociedade aos artefatos. Outros aspectos como o estético, funcional, simbólico, religioso, jurídico, entre outros, devem ser igualmente considerados pelo agente da intervenção de conservação. É através do reconhecimento desses valores e da ponderação dos seus diferentes pesos que escolhas conscientes sobre quais procedimentos, materiais e técnicas melhor cumprirão a função de intervir no bem cultural podem ser feitas.

LIVROS, ARTIGOS E TESES

  • ALMADA, Márcia. Das artes da Pena e do Pincel: caligrafia e pintura em manuscritos do século XVIII. Belo Horizonte: Fino Traço, 2012.
  • ALMADA, Márcia. Livros manuscritos iluminados na era moderna: compromissos de irmandades mineiras, século XVIII. 2006. Dissertação (Mestre em História) -Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2006.
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  • 2
    Boschi (2007BOSCHI, Caio. Irmandades, religiosidades e sociabilidade. In: RESENDE, Maria Efigênia; VILLALTA, Luiz Carlos (orgs.). História de Minas Gerais: as Minas setecentistas. Belo Horizonte: Autêntica, 2007. v. 2, p. 59-75., p. 60).
  • 3
    Azzi (1992AZZI, Riolando. História da Igreja no Brasil: segundo período. Petrópolis: Vozes, 1992. (História Geral da Igreja na América Latina, t. 2, v. 1.).).
  • 4
    Campos (2011CAMPOS, Adalgisa Arantes. Arte sacra no Brasil colonial. Belo Horizonte: C/Arte. 2011.).
  • 5
    Boschi, op. cit.
  • 6
    Campos, op. cit.
  • 7
    Boschi, op. cit.
  • 8
    Azzi, op. cit.
  • 9
    Gonçalves (2015GONÇALVES, Marina Furtado. Separados no nascimento: estudo de técnicas, materiais e estado de conservação de dois manuscritos iluminados do século XVIII. 2015. Dissertação (Mestrado em Artes) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2015., p. 51).
  • 10
    Nogueira (2016NOGUEIRA, Ruben Damião Soares. Conexões entre Arquivo, Biblioteca e Museu: similaridade das atividades profissionais e colaboração entre instituições - o Arquivo Público Mineiro, a Biblioteca Pública Estadual Luís de Bessa e o Museu Mineiro. 2016. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2016.).
  • 11
    Almada (2006ALMADA, Márcia. Livros manuscritos iluminados na era moderna: compromissos de irmandades mineiras, século XVIII. 2006. Dissertação (Mestre em História) -Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2006.; 2012ALMADA, Márcia. Das artes da Pena e do Pincel: caligrafia e pintura em manuscritos do século XVIII. Belo Horizonte: Fino Traço, 2012.); Costa (2016COSTA, Walmira. Compromissos de Irmandades Mineiras: técnicas, materiais e artífices (c-1708-1815). 2016. Tese (Doutorado em História) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2016.); Gonçalves, op. cit.
  • 12
    Projeto “A materialidade dos documentos pintados - entre a História e a Preservação” - Capes AUXPE 585/2015.
  • 13
    Rede (1996REDE, Marcelo. História a partir das coisas: tendências recentes nos estudos de cultura material. Anais do Museu Paulista, São Paulo, v. 4, n. 1, p. 265-282, 1996. Doi: <https://doi.org/10.1590/S0101-47141996000100018>.
    https://doi.org/10.1590/S0101-4714199600...
    ).
  • 14
    Castriota (2009CASTRIOTA, Leonardo Barci. Patrimônio Cultural: conceitos, políticas, instrumentos. São Paulo: Annablume, 2009.); Correia (2011CORREIA, Inês. Between Material Conservation and Identity Preservation: the (Sacred) Life of Medieval Liturgical Books. In: ICOM-CC’s TRIENNIAL CONFERENCE, 16., 2011, Lisboa. Preprints […]. Paris: ICOM, 2011. p.1-9.); Daybell (2009DAYBELL, James. Material Meanings and the Social Signs of Manuscript Letters in Early Modern England. Literature Compass, Hoboken, v. 6, n. 3, p. 647-667, 2009.); Muñoz Viñas (2003MUÑOZ VIÑAS, Salvador. Teoría contemporánea de la Restauración. Madrid: Sintesis, 2003.).
  • 15
    Muñoz Viñas, op.cit.
  • 16
    Brandi (2013BRANDI, Cesare. Teoria da Restauração. Cotia: Ateliê, 2013.).
  • 17
    Clarkson (1999CLARKSON, Christopher. Minimum intervention in treatment of books. In: INTERNATIONAL CONGRESS OF IADA, 9., 1999, Copenhagen. Pre-print of the […]. Washington, DC: IADA, 1999. p. 89-96.); Correia, op. cit.
  • 18
    Zervos, Kolouris e Giannakopoulos (2011ZERVOS, S.; KOULOURIS, A.; GIANNAKOPOULOS, G. Intrinsic data obfuscation as the result of book and paper conservation interventions. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON INTEGRATED INFORMATION, 1., 2011, Kos. Proceedings […]. [S. l.]: IC-ININFO, 2011. p. 254-257.).
  • 19
    Gonçalves, op. cit., p. 134.
  • 20
    Ibid.
  • 21
    Ibid., p. 51.
  • 22
    Ibid., p. 86.
  • 23
    Ibid., p. 85-86.
  • 24
    Almada (2012ALMADA, Márcia. Das artes da Pena e do Pincel: caligrafia e pintura em manuscritos do século XVIII. Belo Horizonte: Fino Traço, 2012.); Ancona (2018ANCONA, Melissa. A reintegração cromática em documentos gráficos e o diagrama de decisões: estudo de caso em um manuscrito iluminado do século XVIII. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Conservação e Restauração de Bens Móveis) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2018.).
  • 25
    Cf. Muñoz Viñas (2010MUÑOZ VIÑAS, Salvador. La Restauración del Papel. Madrid: Tecnos, 2010.).
  • 26
    Bailão (2011BAILÃO, Ana. As técnicas de reintegração cromática na pintura: Ge-Conservación, Madrid, v. 2, n. 2, p.45-65, 2011.); Brandi, op. cit.
  • 27
    Bailão, op. cit., p. 49.
  • 28
    Ancona (2018ANCONA, Melissa. A reintegração cromática em documentos gráficos e o diagrama de decisões: estudo de caso em um manuscrito iluminado do século XVIII. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Conservação e Restauração de Bens Móveis) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2018.).
  • 29
    Zervos, op. cit.
  • 30
    Rede, op. cit.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    01 Set 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    02 Set 2020
  • Aceito
    12 Mar 2021
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