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Reações adversas causadas por fármacos que atuam no sistema nervoso: análise de registros de um centro de farmacovigilância do Brasil

Adverse reaction caused by drugs acting in nervous system: records analysis of a farmacovigilance center in Brazil

Resumos

CONTEXTO: A morbimortalidade por uso de medicamentos é um grande problema de saúde. As reações adversas a medicamentos podem resultar em óbito, aumento de internações hospitalares e dos custos com a saúde. OBJETIVOS: Descrever e analisar as notificações de suspeitas de reações adversas causadas por medicamentos que atuam no sistema nervoso (RAM-SN), registradas no Centro de Farmacovigilância do Ceará, de janeiro de 1997 a março de 2008. MÉTODOS: As RAM-SN foram classificadas segundo os critérios da Organização Mundial da Saúde. Uma relação de causalidade entre o fármaco administrado e a reação adversa identificada foi realizada, bem como a análise da reação quanto à gravidade. RESULTADOS: Foram registradas 176 notificações de RAM-SN. A maioria (n = 145; 82,4%) ocorreu no ambiente hospitalar. O principal notificador foi o farmacêutico. As RAM-SN foram classificadas como: possíveis (n = 110), prováveis (n = 37) e definidas (n = 17). Quanto à gravidade, foram consideradas: leves (n = 21), moderadas (n = 127), graves (n = 15) e fatais (n = 1). O caso fatal foi notificado por médico e envolveu medicamentos anestésicos. Geralmente, as reações adversas observadas foram causadas predominantemente por analgésicos, anestésicos e antiepilépticos. DISCUSSÃO: Os dados demonstram o valor potencial de se ter acesso a sistemas de farmacovigilância local para registrar possíveis riscos com o uso de fármacos.

Reação adversa; fármacos; sistema nervoso; farmacovigilância


BACKGROUND: The morbi-mortality by the use of medicines is a major health problem. The drug adverse reactions may result in death, increased hospitalizations and healthcare costs. OBJECTIVES: Describe and analyze reports of suspected adverse reactions caused by drugs that act on the nervous system (SN-ADR), registered in the database of the Pharmacovigilance Centre of Ceará, from January 1997 to March 2008. METHODS: All the NS-ADRs were classified according to criteria of the World Health Organization. The causality between the drug administered and the adverse reaction was established, as well as the analysis regarding to the severity of the reaction. RESULTS: The Centre recorded 176 notifications of RAM-SN. The most of the reactions occurred in the hospital. The main reporter was the pharmacist. All the RAM-SN were classified as possible (n = 110), probable (n = 37) and definite (n = 17). With regard to severity, the NS-ADRs were considered: light (n = 21), moderate (n = 127), serious (n = 15) and fatal (n = 1). The fatal case was reported by physician, and involved anesthetic drugs. In general the adverse reactions observed were caused predominantly by analgesics, anesthetics and antiepileptics. DISCUSSION: The data demonstrate the potential values of accessing to a local system of pharmacovigilance to report possible risks with the use of nervous system drugs.

Adverse reaction; medicines; nervous system; pharmacovigilance


ARTIGO ORIGINAL

Reações adversas causadas por fármacos que atuam no sistema nervoso: análise de registros de um centro de farmacovigilância do Brasil

Adverse reaction caused by drugs acting in nervous system: records analysis of a farmacovigilance center in Brazil

Marta Maria de França FontelesI, II; Eudiana Vale FrancelinoII; Luciana Kelly Ximenes dos SantosI; Karla Marques SilvaII; Rodrigo SiqueiraI; Glauce Socorro de Barros VianaI; Silvânia Maria Mendes de VasconcelosI; Francisca Cléa Florenço de SousaI; Mirian Parente MonteiroII

IPrograma de Pós-graduação em Farmacologia, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza, CE

IIGrupo de Prevenção ao Uso Indevido de Medicamentos (GPUIM), Curso de Farmácia, Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem, UFC, Fortaleza, CE

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Marta Maria de França Fonteles Universidade Federal do Ceará, Curso de Farmácia Rua Capitão Francisco Pedro, 1210, Rodolfo Teófilo 60431-327 – Fortaleza, CE Telefone: (85) 3366-8274; Fax: (85) 3366-8257 E-mail: martafonteles@yahoo.com.br

RESUMO

CONTEXTO: A morbimortalidade por uso de medicamentos é um grande problema de saúde. As reações adversas a medicamentos podem resultar em óbito, aumento de internações hospitalares e dos custos com a saúde.

OBJETIVOS: Descrever e analisar as notificações de suspeitas de reações adversas causadas por medicamentos que atuam no sistema nervoso (RAM-SN), registradas no Centro de Farmacovigilância do Ceará, de janeiro de 1997 a março de 2008.

MÉTODOS: As RAM-SN foram classificadas segundo os critérios da Organização Mundial da Saúde. Uma relação de causalidade entre o fármaco administrado e a reação adversa identificada foi realizada, bem como a análise da reação quanto à gravidade.

RESULTADOS: Foram registradas 176 notificações de RAM-SN. A maioria (n = 145; 82,4%) ocorreu no ambiente hospitalar. O principal notificador foi o farmacêutico. As RAM-SN foram classificadas como: possíveis

(n = 110), prováveis (n = 37) e definidas (n = 17). Quanto à gravidade, foram consideradas: leves (n = 21), moderadas (n = 127), graves (n = 15) e fatais (n = 1). O caso fatal foi notificado por médico e envolveu medicamentos anestésicos. Geralmente, as reações adversas observadas foram causadas predominantemente por analgésicos, anestésicos e antiepilépticos.

DISCUSSÃO: Os dados demonstram o valor potencial de se ter acesso a sistemas de farmacovigilância local para registrar possíveis riscos com o uso de fármacos.

Palavras-chave: Reação adversa, fármacos, sistema nervoso, farmacovigilância.

ABSTRACT

BACKGROUND: The morbi-mortality by the use of medicines is a major health problem. The drug adverse reactions may result in death, increased hospitalizations and healthcare costs.

OBJECTIVES: Describe and analyze reports of suspected adverse reactions caused by drugs that act on the nervous system (SN-ADR), registered in the database of the Pharmacovigilance Centre of Ceará, from January 1997 to March 2008.

METHODS: All the NS-ADRs were classified according to criteria of the World Health Organization. The causality between the drug administered and the adverse reaction was established, as well as the analysis regarding to the severity of the reaction.

RESULTS: The Centre recorded 176 notifications of RAM-SN. The most of the reactions occurred in the hospital. The main reporter was the pharmacist. All the RAM-SN were classified as possible (n = 110), probable (n = 37) and definite (n = 17). With regard to severity, the NS-ADRs were considered: light (n = 21), moderate (n = 127), serious (n = 15) and fatal (n = 1). The fatal case was reported by physician, and involved anesthetic drugs. In general the adverse reactions observed were caused predominantly by analgesics, anesthetics and antiepileptics.

DISCUSSION: The data demonstrate the potential values of accessing to a local system of pharmacovigilance to report possible risks with the use of nervous system drugs.

Keywords: Adverse reaction, medicines, nervous system, pharmacovigilance.

Introdução

Os conceitos de reações adversas relacionadas aos medicamentos (RAM) são tão antigos quanto a Medicina. Desde a época de Hipócrates (460-370 a.C.) já se dizia que um medicamento tanto podia curar como causar dano à saúde. Galeno (131-201 d.C.) também fez advertências quanto aos potenciais efeitos tóxicos dos medicamentos1,2. A reação adversa reflete uma resposta de um fármaco que seja prejudicial, não intencional, e que ocorra nas doses normalmente utilizadas em seres humanos para profilaxia, diagnóstico e tratamento de doenças, ou para a modificação de uma função fisiológica2.

Com a tragédia da talidomida, em 1961, que originou o nascimento de aproximadamente 4 mil crianças com focomelia e micromelia em todo o mundo, confirmou-se a necessidade de ações precoces para a promoção do uso seguro dos medicamentos na população, disseminando informações sobre reações adversas a medicamentos. Em virtude da grande repercussão pública desse fato, surgiu, na Europa, uma legislação para a garantia da segurança dos medicamentos3. Desde então, as agências reguladoras passaram a preocupar-se com a vigilância dos medicamentos. O termo "farmacovigilância" pode ser definido como a ciência relativa a detecção, avaliação, compreensão e prevenção dos efeitos adversos ou de quaisquer problemas relacionados a medicamentos e educar os profissionais de saúde para uma avaliação de equilíbrio entre o benefício e o risco dos fármacos comercializados4.

No Brasil, a Farmacovigilância deu um grande passo nos anos 1990 com a criação, em São Paulo, da Sociedade Brasileira de Vigilância de Medicamentos (Sobravime), que foi de extrema importância para o incentivo de estudos e investigações científicas sobre diferentes aspectos dos medicamentos. Simultaneamente à criação da Sobravime, surgiu também o Grupo de Prevenção ao Uso Indevido de Medicamentos (GPUIM), atuando na área de medicamentos em atividades de pesquisa e extensão voltadas para o uso racional de medicamentos. Nesse ínterim, foram estruturados no Brasil vários centros notificadores de reações adversas a medicamentos como, por exemplo, o Centro de Farmacovigilância do Ceará (Ceface), que, desde 1996, constitui um dos centros que formam o GPUIM5-7.

Como estratégia para ampliar a rede de farmacovigilância no Brasil, surge em 1999 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e, em 2001, foi criado o Centro Nacional de Monitorização de Medicamentos (CNMM), localizado na Unidade de Farmacovigilância da Anvisa. Atualmente esse Centro funciona com dois grandes aliados, os "hospitais sentinela", que têm por objetivo principal constituir uma rede de hospitais terciários motivados e qualificados para a notificação de eventos adversos e queixas técnicas de produtos de saúde, e, mais recentemente, as "Farmácias Notificadoras". Além disso, uma integração efetiva e regulamentada de centros notificadores de vários locais do Brasil tem sido viabilizada pela Vigilância Sanitária em nível local e nacional, no sentido de implementar a prática da farmacovigilância. Atualmente, o Ceface participa do sistema de notificações por meio do Sistema de Notificações em Vigilância Sanitária (Notivisa).

Quanto à classificação das reações adversas, a mais aceita é a proposta por Rawlins e Thomas8, que classifica as reações adversas em dois tipos: a) reações do tipo A (de "augmented", aumentado), consideradas de efeito farmacológico aumentado, mas que é considerado, qualitativamente, como normal; quanto às características, essas reações são previsíveis, mais comuns, normalmente reversíveis e podem ser reproduzidas experimentalmente; e b) as reações do tipo B (de "byzarre", bizarro), que são as reações totalmente inesperadas e imprevisíveis, em desacordo com o mecanismo de ação do fármaco. São de ocorrência rara; podem ser graves e irreversíveis, sendo difícil ou impossível sua reprodução experimental. Intolerância, idiossincrasia e reações de hipersensibilidade são reações do tipo B9-11.

Segundo o Programa de Monitorização Internacional, as suspeitas de reações adversas são analisadas e classificadas quanto à causalidade e à gravidade, utilizando o método da Organização Mundial da Saúde (OMS)12. De acordo com a OMS, quanto à causalidade, deve ser feita uma análise para estabelecer uma relação causal entre o medicamento suspeito e a reação ocorrida no indivíduo. Para tanto, a força de associação causal, consistência das informações, aspectos de temporalidade, especificidade, plausibilidade, coerência e evidência experimental são critérios fundamentais para a análise das reações nesse contexto. Já em relação à gravidade, as reações adversas são avaliadas de acordo com o risco e dano que podem acarretar para o indivíduo4.

Os medicamentos que atuam no sistema nervoso (SN) representam uma grande parte daqueles utilizados pela população brasileira e estão envolvidos na ocorrência de várias reações adversas13,14. Segundo relatado por Carlini e Nappo13, das 552,6 milhões de prescrições feitas, 74,9 milhões (13,6%) dos fármacos prescritos correspondiam aos medicamentos psicoativos. Esses autores demonstraram no artigo The pharmacovigilance of psychoative medications in Brazil que os fármacos antidepressivos, neurolépticos e antiepilépticos estavam envolvidos nos principais registros de suspeitas de reações adversas, causando, na sua maioria, hospitalização ou prolongamento da hospitalização, risco de vida, invalidez temporária dos pacientes e mortes.

Nesse sentido, considerando a expressiva utilização desses medicamentos no País, e com a visão de que os centros notificadores/colaboradores podem exercer papel importante na notificação e análise das suspeitas de reações adversas no contexto regional e específico, contribuindo com o sistema nacional de farmacovigilância, o presente trabalho objetivou descrever e analisar as suspeitas de casos de reações adversas envolvendo medicamentos que atuam no sistema nervoso e que foram registradas pelo Ceface.

Métodos

Descrição do estudo

Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo e exploratório na área de Farmacoepidemiologia, em que foram analisadas as suspeitas de casos de reações adversas a medicamentos que atuam no sistema nervoso (RAM-SN), registradas pelo Ceface, no período de janeiro de 1997 a março de 2008. O banco de dados de RAM-SN foi feito a partir das notificações espontâneas, provenientes de profissionais da área de saúde e até mesmo dos próprios pacientes que sofreram a reação adversa, bem como da busca ativa de reações, realizada por acadêmicos e pós-graduandos do curso de Farmácia, treinados pelo Ceface.

Os métodos para a análise e classificação das suspeitas de reações adversas notificadas foram adaptados de Coelho et al.7 e seguiram as diretrizes do Uppsala Monitoring Centre/World Health Monitoring, 200012.

Instrumentos e fontes de dados

As notificações de RAM-SN foram feitas por meio do preenchimento do formulário de notificação de suspeita de reações adversas a medicamentos (ficha amarela). O Ceface analisou as notificações recebidas, observando se havia algum erro no preenchimento ou falta de informações complementares. As fichas foram numeradas, codificadas e inseridas no banco de dados usando o programa EPI Info, versão 6.04.

Análise dos dados

A classificação das reações adversas utilizada pelo Ceface, descrita pela OMS12,15, categoriza as reações de acordo com a: 1) causalidade (definida, provável, possível, condicional e não relacionada) e 2) gravidade (leve, moderada, grave e fatal) (Quadro 1).


Para codificar o(s) medicamento(s) e a(s) reação(ões) adversa(s), foram utilizadas, respectivamente, a metodologia WHO-ATC (World Health Organization – Anatomical Therapeutic Chemical)16 e a WHO-ART (World Health Organization – Adverse Drug Reaction Terminology)17. Os medicamentos envolvidos nas suspeitas de reações adversas foram considerados como pertencentes ao sistema nervoso, conforme a categorização observada no código ATC, com seus níveis e subclasses. Para as doenças, utilizou-se a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde – CID-1018.

Após a análise de dados e a classificação das suspeitas de reações, os casos de RAM-SN enviados ao Ceface foram armazenados, ficando registrados o número da notificação, os dados do paciente como sexo e idade, a origem da notificação, o tipo de notificador, o(s) medicamento(s) suspeito(s), o código ATC, a reação adversa, o código ART e outros. A cada notificador foi enviada uma carta de agradecimento pela notificação feita, com uma breve descrição das principais informações obtidas a partir da análise do caso e a classificação das suspeitas de reações feita pelos técnicos e professores do Ceface nas reuniões semanais.

Resultados e discussão

Existem vários registros de reações adversas causadas pelos medicamentos que agem no sistema nervoso19-21, incluindo reações graves envolvendo fármacos que atuam em nível central como os antidepressivos20,22, antiparkinsonianos23, neurolépticos24,25, anticonvulsivantes26,27 e benzodiazepínicos28. Numa análise da contribuição da América Latina para a farmacovigilância, os fármacos que atuam no sistema nervoso ocuparam o segundo lugar no ranking de medicamentos envolvidos em estudos de farmacovigilância29. No Brasil, apesar dos poucos dados publicados nesse contexto, alguns trabalhos também inferiram, de maneira expressiva, o envolvimento de fármacos de atuação central na ocorrência de reações adversas13,30,31. Particularmente, o estudo realizado por Carlini e Nappo13 demonstrou o registro de 219 notificações de RAM relacionadas a psicofármacos, no período de 1995 a 2001, sendo os medicamentos antidepressivos e neurolépticos os mais implicados em ocasionar reações adversas.

No presente trabalho, um total de 176 notificações de RAM-SN foi registrado no banco de dados do Ceface no período estudado. Esse número de registros foi considerado representativo dado à qualidade das notificações e da prática, ainda incipiente, de se registrar e notificar reações adversas no País. De fato, as notificações de suspeitas de reações adversas foram cuidadosamente analisadas, seguindo um método reconhecido mundialmente, obedecendo a todo um processo de codificação e análise. No sentido de valorizar nossa análise, as reações e os medicamentos envolvidos foram codificados usando o WHO-ART e ATC, uniformizando a linguagem e promovendo segurança e qualidade, uma vez que uma padronização de nomenclatura foi utilizada durante a quantificação dos dados. Por sua vez, em relação à falta de registros, infelizmente é sabido que a subnotificação é uma característica comum da farmacovigilância em todo o mundo32-34. Referindo-se ao Brasil, muito ainda tem que ser feito, mas diferentes estratégias têm sido viabilizadas para promover a notificação35.

A maioria das notificações foi de origem hospitalar (n = 145) e o restante, proveniente de ambiente extra-hospitalar (n = 30). Um caso não constou origem. O profissional farmacêutico foi o principal notificador pelo método da notificação espontânea, mas o método de busca ativa das reações (75%) foi preponderante neste estudo, sendo realizado por acadêmicos de farmácia nas unidades clínicas de alguns hospitais públicos e privados do estado do Ceará.

O desempenho do Ceface no processo de sensibilização e de educação permanente da classe farmacêutica quanto ao ato de notificar, tanto em nível de graduação como na pós-graduação, pode ter influenciado nos achados acima citados e também ter contribuído para a preponderância dos registros a partir da busca ativa, em virtude das atividades de pesquisa que realiza em instituições hospitalares. Contudo, deve-se ressaltar que, de fato, se esperava que os médicos notificassem mais, uma vez que as notificações espontâneas foram, em sua maioria, provenientes de hospitais e eles são responsáveis pela prescrição da farmacoterapia, tendo, assim, o poder de suspender ou trocar os fármacos. Certamente uma maior sensibilização dos profissionais de saúde, principalmente de médicos e enfermeiros, deve ser feita para intensificar a notificação voluntária36.

Quanto à razão de as notificações serem, principalmente, de origem hospitalar, além do que foi expresso acima quanto à influência das atividades do Ceface, pode-se dizer que o ambiente hospitalar, por si só, favorece a um maior número de registros de suspeitas de reações. Nesse ambiente, os pacientes estão internados, o que facilita a monitorização, e estão expostos a maior quantidade e frequência de medicamentos, tornando-os, em geral, potencialmente suscetíveis a problemas relacionados a medicamentos, como os de segurança, que é o caso das reações adversas. Além disso, a presença de vários profissionais de saúde no hospital pode facilitar o reconhecimento e a notificação dos eventos adversos.

Alguns autores relatam maior ocorrência de reações adversas nas mulheres37,38. Neste trabalho foi encontrado também esse perfil, sendo, então, as mulheres mais acometidas em reações adversas envolvendo fármacos que atuam no sistema nervoso. Fatores como diferenças no peso corporal, níveis hormonais ou consumo de medicamentos, maior frequência às consultas médicas e maior cumprimento/adesão às prescrições médicas podem explicar esse fato38.

Nishiyama et al.39 chamam a atenção para o fato de que a relação de causalidade é um fator muito importante durante a análise dos casos suspeitos de reações clínicas adversas aos medicamentos. Salientam que, independentemente do ambiente, do profissional e da gravidade envolvidos nas notificações, é importante incentivar a criação de uma cultura de notificação entre os profissionais de saúde. No presente estudo, acrescentou-se às informações desses autores que também se deve estimular a prática do encaminhamento dessas notificações de suspeitas de reações para centros envolvidos com a farmacovigilância, no sentido de promover o estudo e a análise dessas suspeitas, favorecendo a formação de dados epidemiológicos e estratégias de prevenção. Nesse sentido, os centros notificadores e colaboradores, próximos aos locais de origem das notificações, podem ser úteis e estratégicos.

A tabela 1 apresenta a classificação, quanto à causalidade e a gravidade, das RAM envolvendo os medicamentos que atuam no sistema nervoso no período estudado. Os registros apontaram para um maior número de notificações classificadas como possíveis e que podem ser implicadas em virtude dos registros advindos, na sua maioria, dos hospitais onde a prescrição envolve muitos medicamentos e todo um processo de aprazamento pelos profissionais da enfermagem, dificultando o estabelecimento de uma relação de causalidade mais precisa. Nas reações adversas classificadas como possíveis, o evento adverso pode ter sido produzido pelo medicamento, mas também pelo próprio estado clínico do paciente ou até mesmo por outras terapêuticas4. Também um número de 17 suspeitas de reações adversas foram consideradas como definidas, ou seja, ocorreram em seguida a uma resposta-padrão conhecida para o fármaco suspeito, sendo o evento adverso confirmado pela melhora do paciente em questão, ao ser feita a retirada do medicamento.

Quanto à gravidade, as notificações de RAM foram, em sua grande parte, classificadas como moderada (n = 127), ou seja, foi exigida uma modificação na terapêutica medicamentosa, podendo essa medida ter sido causa do prolongamento da hospitalização de alguns pacientes. Neste caso, estudos farmacoeconômicos seriam de grande valia para demonstrar aumento nos custos que as reações adversas podem acarretar, mas esse aspecto não foi contemplado no presente estudo.

Como visto acima, as reações adversas ocasionadas por medicamentos de atuação no sistema nervoso podem levar à necessidade de uma mudança na farmacoterapia e envolver a retirada ou substituição do medicamento ou, ainda, o uso de outros medicamentos para tratar as reações adversas. Como exemplo, frequentemente é observada no âmbito hospitalar a adição de anti-histamínicos e fármacos corticosteroides à prescrição para minimizar ou mascarar tais reações de caráter moderado, na tentativa de evitar a exacerbação das reações e melhorar a condição do paciente40.

A tabela 2 apresenta as reações adversas causadas por fármacos que atuam no sistema nervoso mais frequentemente identificadas, além do seu código WHO-ART. As reações dermatológicas, provavelmente por serem fáceis de visualizar, foram predominantes: prurido (n = 84), rash (n = 12), urticária (n = 6). Outras reações envolveram o sistema gastrintestinal: náuseas (n = 8), vômitos (n = 13); e o sistema nervoso central: cefaleia (n = 6). Reações como dispneia, amenorreia, insônia, tontura, febre e outras dermatites foram relatadas em menor frequência.

Os dados deste estudo concordam com o estudo de Carlini e Nappo13, que encontraram reações relacionadas aos psicofármacos envolvendo o sistema gastrintestinal e nervoso, além de pele e mucosas, segundo a classificação da WHO-ART em relação aos sistemas17. Esses autores classificaram as reações adversas causadas por psicoativos como severa e não severa. Entre as várias reações severas relatadas, destacaram-se: síndrome neuroléptica maligna, impulso e tentativas de suicídio, crise psicótica e ataques de pânico, síndrome de Stevens-Johnson, sintomas extrapiramidais e parkinsonismo, crise hipertensiva etc., e até mesmo morte em dois casos fatais com clozapina e um com levomepromazina.

No presente estudo, foram registrados 15 casos de suspeitas de reações adversas consideradas como graves (Tabela 3). O caso fatal foi proveniente de notificação espontânea feita pelo médico e classificada como "possível", pois mais de um medicamento foi implicado como agente causal da reação, a saber, midazolam/propofol/fentanil/cisatracúrio/rocurônio. As suspeitas de reações foram: edema de glote, que foi controlado, extremidades edemaciadas e taquicardia persistente. O paciente hospitalizado para realização de procedimento cirúrgico (colescistectomia videolaparoscópica e correção de hérnia umbilical) apresentou, depois da administração dos anestésicos, parada cardiorrespiratória após episódio de hipóxia por encefalopatia seguido de morte encefálica, insuficiência renal aguda não oligúrica e choque séptico. Exames laboratoriais indicaram dano hepático extenso. As reações persistiram até o óbito.

Os principais grupos farmacológicos de atuação no sistema nervoso envolvidos nas suspeitas de reações adversas foram os analgésicos, anestésicos, antiepilépticos e hipnóticos/sedativos. A análise das notificações de RAM no grupo terapêutico dos anestésicos gerais, 2º nível ATC, demonstrou o maior envolvimento da sufentanila, com 17 notificações, seguido do fentanil (Figura 1). Por sua vez, reações adversas como prurido, vômitos, náuseas, edema de glote, extremidades edemaciadas e taquicardia foram relacionadas com o uso de fentanil. A sufentanila, assim como o fentanil, um analgésico opioide pertencente à família das fenilpiperidinas, parece ser cinco a sete vezes mais potente que o fentanil, podendo seus efeitos adversos ser decorrentes de uma exacerbação da sua ação41. Roujeau e Stern42 evidenciaram que reações epidérmicas graves (síndrome de Stevens-Johnson e necrólise epidérmica tóxica) podem ocorrer com o uso de anestésicos. Recentemente, trabalhos têm sido publicados relatando os problemas relacionados à efetividade e à segurança do uso dos fármacos anestésicos e à maior exposição dos médicos anestesistas a processos judiciais43-46. É importante ressaltar que, neste estudo, o fato de os anestésicos terem sido implicados como um dos principais grupos farmacológicos causadores de reações pode se dever, em parte, à realização de trabalhos de sensibilização para notificação e monitorização de RAM pelo Ceface, nessa área, em uma maternidade-escola e em unidades clínicas específicas.


Com relação aos medicamentos antiepilépticos, as notificações de suspeitas de casos de reações adversas envolveram, principalmente, a fenitoína, com 23 casos registrados, seguida do fenobarbital, da carbamazepina e do clonazepam (Figura 2). As reações adversas mais comuns e relacionadas a esses fármacos registradas na literatura são: vertigem, ataxia, cefaleia, sonolência e até mesmo sedação41. Nos dados observados deste estudo, a fenitoína foi o antiepiléptico com maior número de notificações, ocasionando síndrome de Stevens-Johnson, eritema, rash, incoordenação motora, diminuição da visão, nistagmo e hipotensão severa.


Por sua vez, nas notificações de reações envolvendo analgésicos opioides, foi observada a predominância de registros relacionados à morfina. Quanto aos medicamentos ansiolíticos e antidepressivos, o bromazepam e o diazepam foram os fármacos ansiolíticos implicados nas reações adversas notificadas. Em se tratando dos antidepressivos, reações causadas por nortriptilina e venlafaxina foram registradas, mas somente uma suspeita de caso de reação adversa foi evidenciada para cada antidepressivo, a partir do banco de dados analisado. Os fármacos antidepressivos ficaram em primeiro lugar no ranking de psicofármacos que causam reações adversas, segundo o estudo brasileiro de Carlini e Nappo13.

Outros grupos terapêuticos do 2º nível ATC que também foram envolvidos na suspeita de causar reações adversas foram, por exemplo, os hipnóticos e sedativos (midazolam, N05C; com 23 notificações), fármacos antidemência (rivastigmina, N06D; n = 5 notificações), medicamentos antivertiginosos (flunarizina, N07C; n = 2) e antipsicóticos (risperidona, N05A; n = 2).

Vale salientar que o perfil das notificações encontrado e, particularmente, os fármacos implicados nas reações adversas podem ter influência, em parte, das características das instituições em que o Ceface realiza estudos de monitorização e busca ativa. Carlini e Nappo13 usaram a estratégia de enviar a cada três meses fichas de notificação de reações adversas para os médicos psiquiatras filiados à Associação Brasileira de Psiquiatria, procedendo-se, a posteriori, à análise de causalidade. Assim, a estratégia de sensibilização empregada, a qualidade de preenchimento das fichas e o local de monitoramento, por exemplo, podem contribuir para o delineamento final do perfil das notificações. Talvez por isso, como mencionado ao longo de alguns trechos dessa discussão, pode-se observar diferenças com os achados de Carlini e Nappo13. Portanto, um estímulo à publicação de dados pelos centros notificadores de reações adversas do País deve ser promovido para propiciar discussões e comparações adequadamente.

Este trabalho apresenta algumas limitações por se basear, principalmente, nos registros de reações advindos de hospitais, por busca ativa, na sua maioria, e a partir de informações obtidas de prontuários dos pacientes, muitas vezes com dados incompletos, dificultando a análise de causalidade das reações. Também, como dito anteriormente, a abrangência de cobertura/sensibilização das instituições pelo Ceface pode proporcionar perfis de acordo com as características dos hospitais assistidos pelo Centro, sem expressar, até certo ponto, validade externa de fato.

Mesmo assim, em conclusão, acredita-se que esses achados, relatados a partir de uma análise feita de um centro de farmacovigilância local, como é o Ceface, foram capazes de apontar para a necessidade de vigilância quanto ao uso dos medicamentos que atuam no sistema nervoso, em razão dos riscos que eles podem acarretar para a saúde das pessoas. Ressalta-se que centros de farmacovigilância como esse podem dar suporte a registros nacionais, analisando, apropriadamente, as suspeitas de casos de reações adversas notificadas, realizando, inclusive, uma relação de causalidade e gravidade, dada a proximidade e viabilização de informações para o processo de avaliação e análise, promovendo, dessa forma, o registro e a documentação de informações, o incremento de banco de dados e a possibilidade de intervenções. Esses centros podem ser importantes estratégias para intensificar o exercício da vigilância dos fármacos entre os profissionais de saúde e na comunidade.

Recebido: 4/11/2008

Aceito: 6/3/2009

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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      14 Set 2009
    • Data do Fascículo
      2009

    Histórico

    • Recebido
      04 Nov 2008
    • Aceito
      06 Mar 2009
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