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Propriedades da Escala de Religiosidade de Duke em uma amostra de pós-graduandos

CARTA AO EDITOR

Propriedades da Escala de Religiosidade de Duke em uma amostra de pós-graduandos

Edson Zangiacomi MartinezI; Rodrigo Guimarães dos Santos AlmeidaII; Antonio Carlos Duarte de CarvalhoI

IDepartamento de Medicina Social, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo (FMRP-USP), Ribeirão Preto, SP, Brasil

IIFundação Hemocentro, USP, Batatais, SP, Brasil

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Edson Zangiacomi Martinez. Departamento de Medicina Social Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, USP Av. Bandeirantes, 3900, Monte Alegre 14049-900 - Ribeirão Preto, SP. E-mail: edson@fmrp.usp.br

Senhor Editor,

Vários estudos evidenciam a associação entre religiosidade e diferentes aspectos de saúde física ou mental1, o que tornam importantes trabalhos como o de Taunay et al.2, que objetivou estudar as propriedades psicométricas da versão brasileira da Escala de Religiosidade de DUKE (P-DUREL) em amostras de estudantes universitários de graduação e de pacientes psiquiátricos. O instrumento apresentou adequada consistência interna e confiabilidade teste-reteste em ambas as amostras2. Desejamos acrescentar que, utilizando os dados de um estudo conduzido por nosso grupo (ainda não publicado) sobre as associações entre a religiosidade e atitudes perante a doação de sangue de alunos de pós-graduação de cursos da área da saúde do campus da USP de Ribeirão Preto, encontramos um coeficiente alfa de Cronbach de 0,88 para o P-DUREL e de 0,89 para a escala de religiosidade intrínseca (RI), em uma amostra de 160 indivíduos. Encontramos coeficientes de correlação de Spearman entre os domínios de religiosidade organizacional (RO) e não organizacional (RNO) de 0,58, entre os domínios RI e RO de 0,58 e entre RI e RNO de 0,62 (valores-p menores que 0,01). Esses resultados são semelhantes aos encontrados por Taunay et al.2, sugerindo que o P-DUREL apresenta satisfatórias propriedades psicométricas também para esse grupo específico. Em adição, um único fator com autovalor 3,5 foi retido em uma análise fatorial exploratória (por componentes principais), explicando 70,2% da variância. Um índice KMO (Kaiser-Meyer-Olkin) de 0,85 indicou boa adequação amostral nessa análise, sendo esses resultados similares aos obtidos por Storch et al.3 para a escala em linguagem original. Nos nossos dados, não foi encontrada correlação significativa entre a idade dos indivíduos e os escores dos domínios RO, RNO e RI. Foram encontradas correlações de Spearman positivas entre os domínios do P-DUREL e os domínios da Escala de Bem-Estar Espiritual (EBE) de Paloutzian e Ellison4 [RO e bem-estar religioso (BER), r = 0,51; RO e bem-estar existencial (BEE), r = 0,23; RNO e BER, r = 0,65; RNO e BEE, r = 0,26; RI e BER, r = 0,77; RI e BEE, r = 0,43; valores-p menores que 0,01]. Observamos que as mulheres tendem a apresentar maiores escores nos três domínios do P-DUREL que os homens (teste de Wilcoxon, valores-p menores que 0,01; resultado já evidenciado por Lucchetti et al.5). Embora em nossa amostra evangélicos e protestantes tenham apresentado maiores médias para os escores dos três domínios (17,2 para o RI, 4,9 para o RO e 4,3 para o RNO, sendo encontradas médias de 15,4 para o RI, 4,0 para o RO e 4,4 para o RNO quando considerados os católicos e de 15,7 para o RI, 4,0 para o RO e 4,2 para o RNO quando considerados os espíritas), não temos evidências de um efeito teto para as escalas. Esses achados reforçam as qualidades psicométricas da escala P-DUREL, indicando sua aplicabilidade em estudos em saúde.

Recebido: 12/9/2012

Aceito: 13/9/2012

  • 1. Faria JB, Seidl EMF. Religiosidade e enfrentamento em contextos de saúde e doença: revisão da literatura. Psicol Reflex Crit. 2005;18(3):381-9.
  • 2. Taunay TCD, Gondim FAA, Macêdo DS, Moreira-Almeida A, Gurgel LA, Andrade LMS, et al. Validação da versão brasileira da escala de religiosidade de Duke (DUREL). Rev Psiq Clín. 2012;39(4):130-5.
  • 3. Storch EA, Roberti JW, Heidgerken AD, Storch JB, Lewin AB, Killiany EM, et al. The Duke Religion Index: a psychometric investigation. Pastoral Psychol. 2004;53(2):175-81.
  • 4. Paloutzian RF, Ellison CW. Loneliness, spiritual well-being and the quality of life. In: Peplau LA, Perlman D, editors. Loneliness, a sourcebook of current theory, research and therapy. Nova York: Wiley; 1982. p. 224-37.
  • 5. Lucchetti G, Granero Lucchetti AL, Peres MF, Leão FC, Moreira-Almeida A, Koenig HG. Validation of the Duke Religion Index: DUREL (Portuguese version). J Relig Health. 2012;51(2):579-86.
  • Endereço para correspondência:

    Edson Zangiacomi Martinez. Departamento de Medicina Social
    Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, USP
    Av. Bandeirantes, 3900, Monte Alegre
    14049-900 - Ribeirão Preto, SP. E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      14 Nov 2012
    • Data do Fascículo
      2012
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