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Perfil e análise da produção científica dos pesquisadores brasileiros em Neurociência Clínica

Resumos

CONTEXTO: Diversos estudos analisaram a produção científica de pesquisadores do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em diversas áreas do conhecimento. No entanto, dados específicos sobre os principais pesquisadores brasileiros em Neurociências são escassos. OBJETIVO: Avaliar a produção científica de pesquisadores no campo das Neurociências que recebem bolsa de produtividade do CNPq. MÉTODOS: Os currículos lattes dos 58 investigadores com bolsa de produtividade nos anos de 2006 a 2008 foram incluídos na análise. As variáveis de interesse foram: gênero, afiliação, formação de recursos humanos e produção científica. As categorias e os níveis das bolsas de produtividade foram classificados de acordo com o banco de dados do CNPq. RESULTADOS: Houve predominância de bolsas do nível 1 (55,2%). Os investigadores publicaram 6.526 artigos (mediana de 90). Destes, 61 foram cadastrados no banco de dados do ISI. Não houve diferença significativa entre as categorias quanto ao número de artigos (P = 0,12). A mediana do índice-h foi de 10,5 e a mediana do índice-m foi 0,77. Não houve diferença significativa do índice-m entre as categorias (P = 0,28). CONCLUSÃO: Estratégias para melhorar qualitativamente a produção científica possivelmente podem ser reforçadas com o conhecimento do perfil dos pesquisadores no campo da Neurociência Clínica.

Sistemas de avaliação do desempenho de pesquisadores; neurociências; fator de impacto


BACKGROUND: Several studies have examined the scientific production of National Counsel of Technological and Scientific Development (CNPq) researchers in various areas of knowledge. However, specific data about the main Brazilian researchers in Neurosciences are scarce. OBJECTIVE: Evaluate the scientific production of researchers in the field of Neurosciences who receives productivity grant from the CNPq. METHODS: The Lattes Curriculum of 58 researchers with active grants in the years from 2006 to 2008 were included in the analysis. The variables of interest were: gender, affiliation, human resources training, and scientific production. Grants categories/levels were classified according to CNPq database. RESULTS: There was predominance of grants level 1 (55.2%). Researchers published 6,526 articles (median of 90). Of these, 61% were indexed in the ISI database. There was no significant difference between the categories regarding the number of articles (P = 0.12). The median h-index was 10.5 and the median m-index was 0.77. There was no significant difference in m-index between the categories (P = 0.28). DISCUSSION: Strategies to qualitatively improve the scientific output possibly can be enhanced by the knowledge of the profile of researchers in the field of Neurosciences.

Researcher performance evaluation systems; neurosciences; impact factor


ARTIGO ORIGINAL

Perfil e análise da produção científica dos pesquisadores brasileiros em Neurociência Clínica

Marco Aurélio Romano-SilvaI; Humberto CorreaI; Maria Christina Lopes OliveiraII; Isabel Gomes QuirinoII; Enrico Antonio ColosimoIII; Daniella Reis MartelliIV; Mariana Guerra DuarteII; Leonardo Santos LimaIV; Ana Cristina Simões e SilvaII; Hercílio Martelli-JúniorIV; Eduardo Araujo OliveiraII

IDepartamento de Saúde Mental da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil

IIDepartamento de Pediatria, UFMG, Belo Horizonte, MG, Brasil

IIIDepartamento de Estatística, UFMG, Belo Horizonte, MG, Brasil

IVPrograma de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Montes Claros, MG, Brasil

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Marco Aurélio Romano-Silva Departamento de Saúde Mental, Faculdade de Medicina, UFMG Av. Alfredo Balena, 130 30130-100 - Belo Horizonte, MG, Brasil E-mail: romanosilva@gmail.com

RESUMO

CONTEXTO: Diversos estudos analisaram a produção científica de pesquisadores do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em diversas áreas do conhecimento. No entanto, dados específicos sobre os principais pesquisadores brasileiros em Neurociências são escassos.

OBJETIVO: Avaliar a produção científica de pesquisadores no campo das Neurociências que recebem bolsa de produtividade do CNPq.

MÉTODOS: Os currículos lattes dos 58 investigadores com bolsa de produtividade nos anos de 2006 a 2008 foram incluídos na análise. As variáveis de interesse foram: gênero, afiliação, formação de recursos humanos e produção científica. As categorias e os níveis das bolsas de produtividade foram classificados de acordo com o banco de dados do CNPq.

RESULTADOS: Houve predominância de bolsas do nível 1 (55,2%). Os investigadores publicaram 6.526 artigos (mediana de 90). Destes, 61 foram cadastrados no banco de dados do ISI. Não houve diferença significativa entre as categorias quanto ao número de artigos (P = 0,12). A mediana do índice-h foi de 10,5 e a mediana do índice-m foi 0,77. Não houve diferença significativa do índice-m entre as categorias (P = 0,28).

CONCLUSÃO: Estratégias para melhorar qualitativamente a produção científica possivelmente podem ser reforçadas com o conhecimento do perfil dos pesquisadores no campo da Neurociência Clínica.

Palavras-chave: Sistemas de avaliação do desempenho de pesquisadores, neurociências, fator de impacto.

Introdução

A bolsa de produtividade de pesquisa foi criada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) na década de 1970 como um incentivo para pesquisadores com contribuições científicas em suas áreas do conhecimento. Vários estudos analisaram o perfil e a produção científica dos pesquisadores do CNPq em diversas áreas do conhecimento1-4. Recentemente, comparamos os beneficiários das bolsas de produtividade do CNPq em Medicina Clínica de acordo com sua especialidade5. Nessa análise, a área de Neurociências destacou-se em termos de produção de artigos científicos indexados nos principais bancos de dados, tais como o Institute for Scientific Information (ISI) e Scopus6. Vários estudos têm avaliado a produção científica da área de Neurociências no Brasil e América Latina7-15. No entanto, dados específicos sobre os principais pesquisadores brasileiros nessa área de conhecimento são ainda relativamente escassos16.

Este estudo pretende descrever o perfil e a produção científica dos beneficiários de bolsas de produtividade em pesquisa do CNPq em Medicina, cuja principal área de atuação é a Neurociência Clínica.

Métodos

Participantes

Este foi um estudo transversal realizado com um total de 411 pesquisadores que possuíam bolsas de produtividade do CNPq em Medicina Clínica, segundo uma lista fornecida pela Agência em fevereiro 20095,6.

Área do conhecimento

Para esta variável, foi considerada a área de especialização especificamente atribuída pelo pesquisador no Currículo Lattes. Quando essa informação estava ausente, analisamos a produção científica dos pesquisadores nos últimos cinco anos e este foi alocado para a área de conhecimento em que houve uma predominância de sua produção científica. Seguindo essa metodologia, identificamos 58 pesquisadores envolvidos na área da Neurociência Clínica. Destes, 23 (39,7%) pesquisadores declararam Psiquiatria como sua principal área de interesse.

Coleta de dados

Para esta investigação, usamos a lista de pesquisadores em Medicina do CNPq, com bolsas de produtividade de pesquisa ativas durante o triênio 2006-200817. Usando o Currículo Lattes disponível no sítio eletrônico do CNPq, plataforma Lattes (www.cnpq.br/lattes), foi elaborado um banco de dados com informações sobre cada pesquisador em termos de distribuição geográfica, instituição de origem, tempo desde que recebeu o grau de doutor, produção científica (trabalhos publicados) e formação de recursos humanos (supervisão de alunos de graduação, mestrado e doutorado). Para a coleta de dados, foram considerados todos os artigos e alunos orientados durante todo o período de carreira científica do investigador. Também analisamos os mesmos parâmetros para os últimos cinco anos, considerando o período 2004-2008.

Foram também pesquisados os bancos de dados do Web of Science Thomson - Institute for Scientific Information (ISI) (http:apps.isiknowledge.com) e Scopus (http:www.scopus.comhome.url). Ambos foram consultados por meio do sítio eletrônico da Capes (http:novo.periodicos.capes.gov.br). Esses bancos de dados foram consultados para determinar os artigos científicos publicados pelos pesquisadores. O principal problema no tratamento de nossos dados foi identificar corretamente os autores, uma vez que o mesmo autor pode fornecer o seu nome de diferentes maneiras18,19. Portanto, o nome científico do pesquisador utilizado na maior parte das vezes nessa investigação foi aquele fornecido no Currículo Lattes. Além disso, houve uma intensa pesquisa para possíveis variações de nomes de pesquisadores. Os dados foram também verificados com os seguintes filtros disponíveis em ambos os bancos de dados do ISI e Scopus: (i) instituição; (ii) áreas; (iii) o ano de publicação e títulos de origem (iv). Também usamos o filtro chamado de "Tipo de documento" e foram excluídos da análise resumos apresentados em congressos.

Variáveis de interesse

Foram analisadas as seguintes variáveis: sexo, tempo desde o doutoramento e desde o pós-doutoramento. A produtividade científica foi avaliada com base nas seguintes variáveis: orientação de pós-graduação (mestrado e doutorado), número de artigos e número de artigos indexados nas bases de dados ISI e Scopus. No que diz respeito a publicações e orientações de alunos, analisamos toda a produção durante a toda carreira científica, bem como nos últimos cinco anos. Os dados referentes à produção científica e à orientação de alunos foram ajustados pelo tempo de doutoramento do pesquisador. Indicadores de desempenho de pesquisa foram também incluídos na análise: número ajustado de citações, número de citações por artigo, índice-h e índice-m20-23. Os níveis e categorias dos bolsistas de produtividade em pesquisa foram classificados de acordo com o banco de dados do CNPq como duas categorias principais (1 e 2) e quatro níveis de categoria 1 (1A, 1B, 1C e 1D). Essas categorias e níveis foram levados em conta para fins de análise.

Análise estatística

A versão do SPSS 18,0 (Statistical Package for Social Science for Windows, Inc., EUA) para Windows foi usada para construir o banco de dados e realizar a análise estatística. Dados contínuos foram expressos como mediana e intervalo interquartílico (IQ) ou média e desvio-padrão (DP), quando apropriado. Os dados não paramétricos foram comparados pelos testes de Mann-Whitney e Kruskal-Wallis (KW). Variáveis dicotômicas ou nominais foram comparadas pelo teste de qui-quadrado.

Resultados

De um total de 411 pesquisadores em Medicina, 58 (14%) foram identificados como atuantes na área de Neurociência Clínica. A distribuição dos pesquisadores por categoria de bolsa de produtividade e gênero é resumida na tabela 1. Houve predomínio do sexo masculino (74%) e bolsistas da categoria 1 (55,2%). Não houve nenhuma diferença significativa entre os gêneros na distribuição por categorias de bolsa (p = 0,33). Cinco Estados da Federação foram responsáveis por aproximadamente 93% dos pesquisadores: São Paulo (32; 55%), Rio Grande do Sul (8; 13,8%), Rio de Janeiro (7; 12%), Santa Catarina (4; 7%) e Minas Gerais (3; 5%). Sobre a instituição de origem, os pesquisadores em Neurociência Clínica estão distribuídos por mais de 15 diferentes instituições no país. Oito instituições são responsáveis por aproximadamente 88% dos investigadores e quatro têm mais de três pesquisadores: Universidade de São Paulo (USP) (19; 33%), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) (9; 15,5%), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) (7; 12,1%) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) (4; 7%). O tempo médio desde que recebeu o grau de doutor de 58 pesquisadores foi de 15 anos (IQ, 10 - 21,2 anos). Em relação ao doutoramento, 51 pesquisadores obtiveram título no Brasil e sete em instituições no exterior. A maioria dos pesquisadores (38, 65,5%) realizou pós-doutoramento, predominantemente em instituições brasileiras.

Produtividade científica: formação de recursos humanos

Durante a carreira científica, pesquisadores do CNPq em Neurociência Clínica orientaram 453 bolsistas de iniciação científica, com uma mediana de 4 (IQ 0 - 13) para cada investigador, 568 alunos de mestrado (mediana de 8, IQ 3-15) e 347 alunos de doutorado (mediana de 4, IQ 1-7). Considerando-se os valores ajustados pelo tempo de doutoramento, o número médio de alunos orientados foi de 0,33, 0,53 e 0,32 para alunos de graduação, mestrandos e doutorandos, respectivamente. Considerando os valores ajustados, houve diferença significativa entre as categorias dos bolsistas somente em relação ao número de alunos de doutorado (KW = 16,9, P = 0,002), mas a mesma diferença não ocorreu em relação a orientação de mestrado (KW = 6,9, p = 0,14) e estudantes de graduação (KW = 4,3, P = 0,37). A figura 1 ilustra a distribuição dos alunos de doutorado, de acordo com a categoria dos pesquisadores. Uma diferença significativa em relação aos alunos de doutorado foi encontrada apenas entre o nível de categoria 1 (1A) e categoria 2 (P = 0,001).


Produtividade científica: publicações

Durante todo o período da carreira acadêmica, os pesquisadores em Neurociência Clínica publicaram 6.526 artigos, com uma média de 90 artigos por investigador (IQ, 65,7 - 128.5), variando de 32 a 443 artigos. Desse total, 3.992 artigos foram indexados na base de dados ISI, aproximadamente 61% de total artigos publicados (média por Pesquisador de 69, DP = 56). Um total de 5.061 artigos foi indexado na base de dados Scopus (média de 87, DP = 67), correspondendo a 77,5% da produção acadêmica.

Considerando o número de artigos ajustados pelo tempo de doutoramento, o número médio de publicações foi 7,4 artigos por ano (IQ, 4,5 - 10,9). O número médio ajustado dos artigos publicados na base de dados ISI foi 4,4 por ano (IQ, 2.5-7,6) e, no banco de dados Scopus, foi 5,6 por ano (IQ, 3.2 - 8,7). Não houve nenhuma diferença significativa entre as categorias dos bolsistas quando comparado o número médio ajustado de artigos publicados ao longo de sua carreira (KW = 7,2, P = 0,12), bem como em relação aos artigos indexados no ISI (KW = 6,6, P = 0,16) e Scopus ( KW = 8,1, P = 0,08).

Considerando o número médio de artigos publicados anualmente, a maioria dos pesquisadores (54, 93%) aumentou sua produção científica nos últimos cinco anos. Esse aumento variou de 15% a 387% com um incremento médio de 77,4% na produção científica global (IQ, 49,5 - 116,3). Não houve diferença significativa entre as categorias dos bolsistas em relação ao aumento da produção científica durante os últimos cinco anos (KW = 5,08, P = 0,28). Ressalta-se, porém, que o aumento da produção científica dos pesquisadores do nível 1A tenha sido quase o dobro (mediana de 92,9%, IQ, 46-186) dos pesquisadores da categoria 2 (mediana de 57,8%, IQ, 37,3-82,9).

Produção científica: impacto

Durante a carreira acadêmica, os pesquisadores da área de Neurociência Clínica publicaram artigos em 854 periódicos. O fator de impacto (FI) de 565 desses periódicos (66%) foi identificado na base de dados JCR 2010. A mediana do FI foi de 2,58 (IQ 1,68 - 3,94), variando de 0,061 a 47,05. Quanto à distribuição do fator de impacto, 55 revistas (9,7%) tinham um FI menor que 1, 125 revistas (22,1%) tinham um FI entre 1 e 2, 160 revistas (28,3%) um FI entre 2 e 3, 92 periódicos (16,3%) apresentavam um FI entre 3 e 4, 56 revistas (10%) um FI entre 4 e 5 e 77 revistas (13,6%) um FI igual ou superior a 5. A figura 2 ilustra a distribuição do FI dos periódicos usados pelos 58 pesquisadores no campo da Neurociência Clínica. Em relação às revistas científicas, a tabela 2 apresenta os 15 periódicos indexados mais utilizados pelos pesquisadores.


A mediana da soma cumulativa do FI dos pesquisadores foi 187,7 (IQ, 104,2 - 340,5). Houve uma diferença significativa no valor da mediana do FI cumulativo entre as categorias de pesquisadores (KW = 27,3, P < 0,001). No entanto, a diferença observada foi apenas entre os níveis 1A/1B e as demais categorias dos pesquisadores. Além disso, não houve nenhuma diferença entre as categorias ao se comparar o índice do FI da produção científica ajustado pelo número de artigos indexados no ISI (KW = 8,0, P = 0,09). A figura 3 mostra os índices derivados do FI de acordo com as categorias dos bolsistas de produtividade de pesquisa do CNPq.


Durante sua carreira acadêmica, pesquisadores em Neurociência receberam um total de 50.669 citações na base de dados Web of Science, com uma mediana de 384 citações por investigador (IQ, 205-1173, variando de 93 a 4.986). O número médio de citações por artigo foi 10,6 (DP 7.3). Na base de dados Scopus, identificaram-se 54.112 citações de artigos de pesquisadores em Neurociências, com uma mediana de 455 citações por investigador (IQ, 255-1.253, variando de 35 a 4.756 citações). O número médio de citações por artigo na base de dados Scopus foi 9,7 (DP 6,1). Houve diferenças significativas entre as categorias de bolsistas, considerando o número de citações em ambos os bancos de dados, ou seja, ISI (KW = 24,2, P < 0,001) e Scopus (KW = 24,4, P < 0,001). Comparando as categorias, pesquisadores do nível 1A tiveram significativamente mais citações do que os pesquisadores dos níveis 1C, 1D e 2. Pesquisadores do nível 1B também tiveram significativamente mais citações do que pesquisadores dos níveis 1D, e 2. Não houve nenhuma diferença significativa entre outros níveis de bolsistas.

Considerando todos os 58 pesquisadores em Neurociência, a mediana do índice-h na base de dados Web of Science foi de 10,5 (IQ, 7,75-18,25), variando entre 4 e 39. A mediana dos valores correspondentes para o índice-h na base de dados Scopus foi de 12 (IQ, 9-21), variando de 4 a 36. Houve diferenças significativas nas medianas dos índices-h no ISI (KW = 19,6 , P < 0,001) e Scopus (KW = 20,9, P < 0,001), de acordo com a comparação das categorias dos pesquisadores. Como mostrado na figura 4A, a mediana do índice-h diferiu significativamente apenas entre a categoria 2 e os níveis A e B da categoria 1 na base de dados ISI.



Na base de dados ISI, a mediana do índice-m, ou seja, o índice-h ajustado pelo tempo da carreira acadêmica dos pesquisadores, foi de 0,77 (IQ, 0,54-1,02), variando de 0,19 a 2,1. A mediana dos valores correspondentes para o índice-m na base Scopus foi de 0,82 (IQ, 0,54-1,13), variando de 0,25 a 2,0. No entanto, não houve diferença significativa no índice-m entre todas as categorias dos bolsistas de produtividade em pesquisa do CNPq nas duas bases de dados, ou seja, ISI (KW = 4,3, P = 0,36) e Scopus (KW = 4,03, P = 0,40). A figura 4B ilustra a distribuição do índice-m na base de dados ISI de acordo com a categoria dos bolsistas.

Discussão

Este estudo transversal de pesquisadores do CNPq no campo da Neurociência Clínica mostrou um grupo com alta produtividade científica em termos qualitativos. Alguns dados são relevantes para essa afirmação, como o alto percentual de artigos publicados em grandes bases de dados no cenário da produção científica atual, sendo 61% de artigos indexados na base de dados ISI e 77,5% na base Scopus. Em um estudo anterior, considerando todos os 411 pesquisadores do CNPq em Medicina Clínica, mostramos que as respectivas porcentagens eram de 51% e 68%. Sobre esse aspecto, os pesquisadores da Neurociência Clínica mostraram o maior percentual de artigos indexados quando comparados com pesquisadores de outras especialidades médicas6. Esse fato é ainda mais significativo, considerando o cenário destacado em estudo de Mari et al.24, em que foi relatado que, dos 222 periódicos dedicados ao tema da saúde mental indexados no Medline e/ou na base de dados ISI, apenas nove (4,1%) eram de países de renda média. Possivelmente, essa melhoria qualitativa ocorreu durante a última década. Em uma análise da produção brasileira em psiquiatria, Figueira et al.12 avaliaram artigos publicados entre 1981 e 1995 em revistas nacionais e internacionais. Esses autores demonstraram que, durante o período estudado, 87,2% dos artigos foram publicados no Brasil e 56,8% eram artigos de revisão ou artigos de opinião.

Outro achado importante que emerge a partir de nossa análise é a concentração da produção científica da áreas de Neurociências em alguns Estados brasileiros, dos quais três são responsáveis por aproximadamente 80% dos pesquisadores: São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Portanto, não é de estranhar que Rocha et al.10, em um estudo que avaliou a produção científica brasileira em 40 revistas de Psiquiatria com maior fator de impacto, demonstraram que 83 (86,4%) dos 96 artigos eram de pesquisadores dos estados de São Paulo (46 artigos, 47,9%), Rio Grande do Sul (27 publicações, de 28,12%) e Rio de Janeiro (10 publicações, 10,41%). Nossa análise não mostrou nenhuma diferença de distribuição por gênero entre as categorias de bolsistas. No entanto, apenas uma pesquisadora foi identificada em níveis mais elevados da categoria 1 (1A/1B) em comparação com 14 pesquisadores do sexo masculino. Recentemente, Mendlowicz et al.15 mostraram que, em 2001, as mulheres representavam apenas 40% dos autores dos quatro maiores periódicos brasileiros no campo da Psiquiatria. No entanto, devido ao continuado crescimento da produção de autoria feminina de artigos de revisão, uma paridade de gênero tem sido alcançada25.

Nossa análise mostrou que os pesquisadores em Neurociências publicaram um número significativo de trabalhos científicos em revistas de médio e alto fator de impacto. Durante a carreira acadêmica, os pesquisadores publicaram um número médio de 90 artigos, semelhantes ao número médio de 87 artigos dos 411 pesquisadores do campo da Clínica Médica6. No entanto, quando comparados os valores ajustados pelo tempo de doutoramento, os pesquisadores em Neurociência mostraram valores mais elevados do que aqueles obtidos por pesquisadores de Medicina Clínica em geral. Em Neurociência, o número médio de publicações foi 7,4 artigos por ano, enquanto os artigos indexados nas bases de dados Scopus e ISI foram 4,4 por ano e 5,6 por ano, respectivamente. O número médio de publicações de pesquisadores em Medicina Clínica foi de 4,13 por ano, sendo 2,23 por ano e 2,90 por ano nas bases de dados ISI e Scopus, respectivamente6.

Outro ponto a ser enfatizado em nosso estudo é a avaliação da qualidade e do impacto das publicações científicas por pesquisadores em Neurociências, por meio da análise de indicadores bibliométricos. Entre os vários indicadores para avaliação do desempenho dos investigadores, o índice-h, proposto por Hirsch, destina-se a medir simultaneamente a qualidade e a consistência da produção científica22. Assim, o índice-h fornece um sumário da produção e do impacto de um determinado autor23. Em nossa análise, a mediana do índice-h para pesquisadores em Neurociência foi de 10,5 na base de dados ISI e 12 na base de Scopus. Além disso, oito investigadores (13,8%) apresentaram um índice-h maior que 20 na base de dados ISI. A escassez de dados nacionais e internacionais sobre o índice-h faz com que esses resultados sejam difíceis de comparar com outros campos do conhecimento. Por exemplo, Hermes-Lima et al.26 compararam indicadores de impacto de duas amostras aleatoriamente selecionadas com 20 pesquisadores em Fisiologia e Bioquímica Comparativa, um grupo proveniente da América Latina e outro dos países desenvolvidos. Esse estudo mostrou que o índice-h médio foi 10,4 para pesquisadores latino-americanos e 12,4 para pesquisadores de países desenvolvidos, que é próximo ao encontrado em nosso estudo para pesquisadores em Neurociências. Por outro lado, Mugnaini et al.27 compararam o índice-h de cientistas membros da Academia Brasileira de Ciências com o índice-h de membros da National Academy of Sciences (Estados Unidos). Esse estudo mostrou que a mediana do índice-h para membros das áreas de Biomédicas e de Ciências da Saúde foram significativamente menores no Brasil (mediana de 20 e 22, respectivamente) do que nos Estados Unidos (mediana de 82,5 e 66, respectivamente). No entanto, a comparação desses valores deve ser vista com cautela, porque o índice-h é altamente tendencioso para pesquisadores mais velhos com longas carreiras e também para os investigadores que trabalham em áreas com alta frequência de citações28. Assim, apesar de suas inegáveis vantagens, esse índice fornece uma imagem incompleta do real impacto da produção científica de um determinado grupo de pesquisadores29. Nesse contexto, é interessante notar que, em nossa análise, o índice-m, que corrige esse viés de tempo do índice-h, foi muito semelhante para as diferentes categorias de bolsas do CNPq, com nenhuma diferença significativa entre os pesquisadores. Esses dados com base no índice-h e índice-m também podem ser usados para predizer o futuro de uma carreira científica26. Assim, nossos resultados sugerem que os jovens pesquisadores em Neurociência Clínica podem alcançar níveis consideráveis de citações e impacto nos anos futuros. Por conseguinte, seria de interesse se as comissões de avaliação de bolsas de produtividade do CNPq considerassem a introdução de outros parâmetros bibliométricos, tais como os índices h e m, para a avaliação e classificação dos investigadores.

Outro ponto relevante que deve ser enfatizado neste estudo é que 16% dos artigos dos principais pesquisadores no campo das Neurociências foram publicados em três revistas brasileiras indexadas, demonstrando a importância dessas revistas para a divulgação do conhecimento e da produção científica em nosso país30. É importante notar que três revistas psiquiátricas brasileiras atualmente são indexadas no Journal Citation Report, com um fator de impacto variando de 0,574 a 1,593 e publicando pesquisas inovadoras31,32. Em uma avaliação da produtividade científica brasileira no campo da saúde mental, Gonçalves et al.16 mostraram que a média do FI de 105 revistas aumentou significativamente quando se comparam dois períodos entre 1998-2002 (média 1,9) e 2004-2006 (média 2,8)7. Assim, o percentil 90 para o FI de periódicos em que os pesquisadores brasileiros no campo da saúde mental têm publicado durante o primeiro período foi de 4, enquanto o FI para as revistas mais bem situadas no ranking (top 10) durante os últimos três anos foi de 5,1, representando um aumento de 25%7. Em nossa análise, encontramos um perfil similar de periódicos usados pelos neurocientistas. A mediana do FI foi 2,58 para 565 periódicos indexados no banco de dados do JCR 2010 e 90% das revistas tinha um FI maior que 1. Deve também ser ressaltado que o percentil 90 para o FI dos 565 periódicos foi de 5,5. Vale lembrar que aproximadamente 14 dos periódicos utilizados pelos pesquisadores em Neurociências têm um FI maior que 5. Um total de 8.073 periódicos estão atualmente registrados no banco de dados do JCR e apenas 494 (6%) tem um FI igual ou superior a 5, e a maioria das revistas é das áreas de Ciência Básica. O mesmo banco de dados mostra que, entre 128 periódicos indexados no campo da Psiquiatria e 239 no campo das Neurociências, apenas 14 (11%) e 39 (16.3%) tinham um FI maior que 5, respectivamente. Assim, esses dados enfatizam a qualidade da produção científica desse grupo de pesquisadores.

Nossos resultados devem ser considerados à luz de várias limitações metodológicas. Nesse sentido, possivelmente a maior fraqueza do presente estudo foi a dificuldade de verificar manualmente a existência de todos os periódicos utilizados por cada investigador por meio da consulta de banco de dados do Currículo Lattes. Essa tarefa exigiu um esforço grande em certificar os resultados obtidos e, sem dúvida, está sujeita a erros, apesar dos mecanismos utilizados por nossa equipe para evitar esses problemas. Por exemplo, o banco de dados foi compilado por quatro pesquisadores e consolidado no final por um único investigador que sistematicamente verificou possíveis erros e inconsistências. No entanto, parcialmente devido a essas dificuldades, não foi possível avaliar algumas questões importantes, como o problema de coautoria, a colaboração entre grupos de pesquisa e a produtividade dos cursos de pós-graduação. Além disso, outra limitação do nosso estudo está relacionada com a seleção da amostra. Nossa análise foi limitada aos pesquisadores alocados no Comitê de Medicina do CNPq, que abrange a grande maioria dos pesquisadores clínicos. Consequentemente, não verificamos os pesquisadores vinculados aos comitês das áreas básicas do conhecimento, tais como Fisiologia, Imunologia, Genética e outros que provavelmente incluiriam neurocientistas. No entanto, algumas características do estudo podem aumentar a força dos nossos resultados, tais como as estratégias mencionadas para minimizar os erros, bem como a pesquisa sistemática das bases de dados ISI e Scopus, de acordo com um protocolo bem estabelecido.

Conclusão

Neste estudo, demonstramos que os pesquisadores brasileiros no campo da Neurociência Clínica têm relevante produção científica tanto do ponto de vista quantitativo como também qualitativo. Essa produção científica tem aumentado significativamente nos últimos anos e, na maioria dos parâmetros analisados, os pesquisadores no campo da Neurociência superam os pesquisadores do CNPq de outras áreas do conhecimento em Medicina Clínica. Estudos subsequentes abordando algumas questões importantes, como a produtividade de grupos de pesquisa, os esforços de colaboração e programas específicos de pós-graduação, podem contribuir para nossa melhor compreensão dessa relevante área de investigação científica.

Agradecimentos

Este estudo foi parcialmente financiado pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e Fapemig (Fundação Apoio de Pesquisa de Minas Gerais). Marco Aurélio Romano-Silva e Humberto Correa são pesquisadores do CNPq níveis 1A e 1C no campo da Medicina, respectivamente. Eduardo A. de Oliveira e Ana Cristina Simões e Silva são CNPq pesquisadores nível 2 no campo da Medicina. Hercílio Martelli-Júnior e Enrico Colosimo são pesquisadores do CNPq nível 2 nas áreas de Odontologia e Estatística, respectivamente. Marco Aurélio Romano-Silva, Humberto Correa, Ana Cristina Simões e Silva e Eduardo Araujo Oliveira são membros pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Medicina Molecular (Fapemig: APQ-CBB-00075-09 CNPq 5736462008 - 2).

Conflitos de interesse

Nenhum.

Recebido: 21/5/2012

Aceito: 15/2/2013

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  • Endereço para correspondência:

    Marco Aurélio Romano-Silva
    Departamento de Saúde Mental, Faculdade de Medicina, UFMG
    Av. Alfredo Balena, 130
    30130-100 - Belo Horizonte, MG, Brasil
    E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      07 Maio 2013
    • Data do Fascículo
      2013

    Histórico

    • Recebido
      21 Maio 2012
    • Aceito
      15 Fev 2013
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