Acessibilidade / Reportar erro

Um estudo comparativo entre características de personalidade de universitários fumantes, ex-fumantes e não-fumantes

El estudio comparativo entre características de personalidad de universitarios fumadores, ex fumadores y no fumadores

Resumos

INTRODUÇÃO: O estudo da relação entre personalidade e tabagismo pode subsidiar o tratamento da dependência. OBJETIVOS: Identificar características de personalidade de fumantes, ex-fumantes e não-fumantes. MÉTODO: Foram selecionados 1.245 estudantes matriculados na Universidade Federal de Mato Grosso. Foi aplicado um questionário padronizado para levantamento do perfil sociodemográfico e padrão de consumo de tabaco dos estudantes, seguido pela versão revisada das Escalas Comrey de Personalidade (CPS). Utilizou-se a análise de variância ANOVA para comparação dos escores de fumantes, ex-fumantes e não-fumantes no CPS e duas análises de regressão logística múltipla para avaliar as associações entre os escores do CPS e tabagismo. RESULTADOS: Foi encontrada prevalência de 6,67% de fumantes, 6,58% de ex-fumantes e 86,73% de não-fumantes. A primeira análise de regressão logística detectou associação positiva entre a categoria fumante e os escores nas escalas de masculinidade (M) e tendenciosidade (R) e associação inversa com a escala de ordem x falta de compulsão (O) do CPS. A segunda detectou associação negativa da categoria ex-fumante com os escores obtidos em R e M e positiva com a escala de atividade x falta de energia (A) do CPS. DISCUSSÃO: Fumantes foram mais tendenciosos e adotaram mais o estereótipo social da masculinidade em relação a não-fumantes e ex-fumantes. Fumantes se descreveram mais como descuidados, relaxados, imprudentes, não-sistemáticos e pouco asseados em comparação aos não-fumantes. Ex-fumantes apresentaram mais vigor, energia e disposição em relação aos fumantes. Supõe-se que esses resultados possam subsidiar programas de tratamento da dependência nicotínica.

Personalidade; tabagismo; estudantes universitários


INTRODUCCIÓN: El estudio de la relación entre personalidad y tabaquismo puede contribuir al tratamiento de la dependencia. OBJETIVOS: Identificar características de personalidad de los fumadores, ex fumadores y no fumadores. MÉTODO: Se seleccionó a 1245 estudiantes de la Universidad Federal de Mato Grosso (Brasil). Se utilizó un cuestionario y una versión revisada de las Escalas Comrey de Personalidad (CPS). Para comparación de los puntos de los fumadores, ex fumadores y no fumadores en el CPS se utilizó el análisis del variable ANOVA, y dos análisis de regresión logística múltiple para evaluar las asociaciones entre los puntos en el CPS y el tabaquismo. RESULTADOS: Se encontró una predominancia del 6,67% de fumadores, 6,58% de ex fumadores y 86,73% de no fumadores. El primer análisis de regresión ha detectado asociación positiva entre la categoría fumador y el puntaje en (M) y (R) y asociación inversa con la escala (O). La segunda ha detectado asociación negativa entre la categoría ex fumador y el puntaje en (R) y (M) y positiva con la escala de Actividad X Falta de Energía (A). DISCUSIÓN: Los fumadores fueron los más tendenciosos y adoptaron más el estereotipo social de la masculinidad, con relación a los no fumadores y ex fumadores. Los fumadores se describieron como descuidados, desordenados, imprudentes, no sistemáticos y poco limpios, si comparados a los no fumadores. Los ex fumadores presentaron más vigor, energía y disposición con relación a los fumadores. Se supone que estos resultados puedan contribuir a programas de tratamiento de la dependencia de la nicotina.

Personalidad; tabaquismo; estudiantes universitarios


INTRODUCTION: The study of the relationship between personality and smoking behavior can be useful in the treatment of tobacco dependence. OBJECTIVES: To identify personality traits in smokers, ex-smokers and non-smokers. METHODS: A total of 1,245 students enrolled at Universidade Federal de Mato Grosso were selected. A standard questionnaire was applied aiming at identifying sociodemographic characteristics and tobacco consumption patterns in the students, followed by the revised version of the Comrey Personality Scales (CPS). ANOVA analysis of variance was used to compare the mean scores obtained in smokers, ex-smokers and non-smokers, and two multiple logistic regression analyses were used to determine the associations between CPS results and smoking behavior. RESULTS: A prevalence of 6.67% of smokers, 6.58% of ex-smokers and 86.73% of non-smokers was found. The first logistic regression analysis revealed a positive association between the smoker category and the scores obtained in the masculinity x femininity (M) and response bias (R) scales, as well as a negative association with the order x lack of compulsion (O) scale. The second analysis detected a negative association between the ex-smoker category and the R and M scales, as well as a positive association with the activity x lack of energy (A) scale. DISCUSSION: Smokers presented biased responses and tended to adopt the social stereotype of masculinity more often than non-smokers and ex-smokers. Smokers described themselves as more careless, negligent, imprudent, non-systematic and unorganized as compared to non-smokers. Ex-smokers showed more energy and disposition when compared to smokers. The present data are assumed to be useful to programs aimed at treating tobacco dependence.

Personality; smoking; college students


ARTIGO ORIGINAL

Um estudo comparativo entre características de personalidade de universitários fumantes, ex-fumantes e não-fumantes* * Trabalho financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (FAPEMAT) e baseado na tese de doutorado intitulada A relação entre características de personalidade e tabagismo em universitários, apresentada à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP/USP), em 16/06/2004.

El estudio comparativo entre características de personalidad de universitarios fumadores, ex fumadores y no fumadores

Regina de Cássia RondinaI; Ricardo GorayebII; Clóvis BotelhoIII; Ageo Mário Cândido da SilvaIV

IDoutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP/RP); Mestre em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Cuiabá, MT; Psicóloga pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), PR. Professora do curso de Psicologia, Faculdade de Ciências da Saúde (FASU)/Associação Cultural e Educacional de Garça (ACEG), Garça, SP

IIPós-doutor pela Duke University, EUA. Doutor em Psicologia. Professor associado de Psicologia Médica, Departamento de Neurologia, Psiquiatria e Psicologia Médica, USP/RP, SP

IIIDoutor em Pneumologia pela Escola Paulista de Medicina (UNIFESP). Professor de Clínica Médica, Faculdade de Ciências Médicas, UFMT, Cuiabá, MT. Professor orientador do curso de Mestrado em Saúde Coletiva, UFMT, Cuiabá, MT

IVMestre em Saúde e Ambiente pela UFMT, Cuiabá, MT. Professor assistente, Universidade de Cuiabá (UNIC), Cuiabá, MT

Correspondência Correspondência Regina de Cássia Rondina Rua Palmares, 346 17501-510 - Marília - SP Fone: (14) 3433-8179 E-mail: rcassiar@terra.com.br

RESUMO

INTRODUÇÃO: O estudo da relação entre personalidade e tabagismo pode subsidiar o tratamento da dependência.

OBJETIVOS: Identificar características de personalidade de fumantes, ex-fumantes e não-fumantes.

MÉTODO: Foram selecionados 1.245 estudantes matriculados na Universidade Federal de Mato Grosso. Foi aplicado um questionário padronizado para levantamento do perfil sociodemográfico e padrão de consumo de tabaco dos estudantes, seguido pela versão revisada das Escalas Comrey de Personalidade (CPS). Utilizou-se a análise de variância ANOVA para comparação dos escores de fumantes, ex-fumantes e não-fumantes no CPS e duas análises de regressão logística múltipla para avaliar as associações entre os escores do CPS e tabagismo.

RESULTADOS: Foi encontrada prevalência de 6,67% de fumantes, 6,58% de ex-fumantes e 86,73% de não-fumantes. A primeira análise de regressão logística detectou associação positiva entre a categoria fumante e os escores nas escalas de masculinidade (M) e tendenciosidade (R) e associação inversa com a escala de ordem x falta de compulsão (O) do CPS. A segunda detectou associação negativa da categoria ex-fumante com os escores obtidos em R e M e positiva com a escala de atividade x falta de energia (A) do CPS.

DISCUSSÃO: Fumantes foram mais tendenciosos e adotaram mais o estereótipo social da masculinidade em relação a não-fumantes e ex-fumantes. Fumantes se descreveram mais como descuidados, relaxados, imprudentes, não-sistemáticos e pouco asseados em comparação aos não-fumantes. Ex-fumantes apresentaram mais vigor, energia e disposição em relação aos fumantes. Supõe-se que esses resultados possam subsidiar programas de tratamento da dependência nicotínica.

Descritores: Personalidade, tabagismo, estudantes universitários.

RESUMEN

INTRODUCCIÓN: El estudio de la relación entre personalidad y tabaquismo puede contribuir al tratamiento de la dependencia.

OBJETIVOS: Identificar características de personalidad de los fumadores, ex fumadores y no fumadores.

MÉTODO: Se seleccionó a 1245 estudiantes de la Universidad Federal de Mato Grosso (Brasil). Se utilizó un cuestionario y una versión revisada de las Escalas Comrey de Personalidad (CPS). Para comparación de los puntos de los fumadores, ex fumadores y no fumadores en el CPS se utilizó el análisis del variable ANOVA, y dos análisis de regresión logística múltiple para evaluar las asociaciones entre los puntos en el CPS y el tabaquismo.

RESULTADOS: Se encontró una predominancia del 6,67% de fumadores, 6,58% de ex fumadores y 86,73% de no fumadores. El primer análisis de regresión ha detectado asociación positiva entre la categoría fumador y el puntaje en (M) y (R) y asociación inversa con la escala (O). La segunda ha detectado asociación negativa entre la categoría ex fumador y el puntaje en (R) y (M) y positiva con la escala de Actividad X Falta de Energía (A).

DISCUSIÓN: Los fumadores fueron los más tendenciosos y adoptaron más el estereotipo social de la masculinidad, con relación a los no fumadores y ex fumadores. Los fumadores se describieron como descuidados, desordenados, imprudentes, no sistemáticos y poco limpios, si comparados a los no fumadores. Los ex fumadores presentaron más vigor, energía y disposición con relación a los fumadores. Se supone que estos resultados puedan contribuir a programas de tratamiento de la dependencia de la nicotina.

Palabras clave: Personalidad, tabaquismo, estudiantes universitarios.

INTRODUÇÃO

O estudo da relação entre tabagismo e perfil de personalidade tem uma longa e controversa história1. A maioria das pesquisas publicadas nas últimas décadas foi efetuada tendo como quadro de referência o modelo teórico proposto por Eysenck2. Segundo esse enfoque, há três dimensões predominantes de personalidade supostamente relacionadas ao tabagismo: extroversão (E), neuroticismo (N) e psicoticismo (P). Além disso, destacam-se pesquisas baseadas na teoria do fator sensation seeking (busca ou necessidade de sensações estimulantes)3,4, além de trabalhos norteados pelo modelo teórico das cinco grande dimensões de personalidade (Big Five)5.

A literatura apresenta também numerosos estudos sobre a relação entre tabagismo e características de personalidade diversas, como busca de novidades, sintomas de ansiedade e depressão, traços obsessivo-compulsivos, impulsividade, agressividade, timidez, alienação social, auto-estima, tendências a comportamentos anti-sociais, não-convencionais e de risco, locus of control, hostilidade, entre outras6-14.

O cômputo geral das pesquisas sugere que fumantes tendem a ser mais extrovertidos, tensos, ansiosos, depressivos, impulsivos e com mais traços de neuroticismo, psicoticismo, hostilidade, sensation seeking, tendências a comportamentos anti-sociais, não-convencionais, de risco, busca de novidades e indícios de distúrbios do humor em comparação a não-fumantes e ex-fumantes8,15-25.

Porém, a bibliografia ainda denota controvérsia em alguns pontos. Como exemplo, numerosos estudos publicados nas últimas décadas mostraram forte relação entre tabagismo e características como neuroticismo e extroversão16,26,27. Contudo, alguns trabalhos não confirmaram, ou confirmaram apenas parcialmente, essas associações7,20,28. Por outro lado, a relação entre tabagismo e o fator psicoticismo (P) vem sendo comprovada através de numerosos trabalhos efetuados nas últimas décadas16,17,27,28. Cumpre, ainda, ressaltar que os mecanismos responsáveis pelas associações entre personalidade e tabagismo ainda não estão elucidados. Existem hipóteses de natureza diversa a respeito do assunto.

A maioria dos estudiosos afirma que ainda são necessários mais estudos, envolvendo populações de diferentes contextos sócio-geográfico-culturais, para que se obtenham dados mais conclusivos. Até o presente momento, ainda há escassez de pesquisas sobre o assunto envolvendo sujeitos brasileiros e/ou sul-americanos. Assim sendo, este trabalho apresenta os dados obtidos em um estudo efetuado com acadêmicos matriculados na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) no ano de 2001. A meta central consiste em averiguar que características de personalidade melhor diferenciam universitários fumantes, ex-fumantes e não-fumantes.

MÉTODO

Casuística

O tamanho amostral deste trabalho foi calculado através de um estudo-piloto, anteriormente efetuado. Foram convidados a participar voluntariamente do presente estudo aproximadamente 1.600 estudantes, matriculados em cursos de graduação da UFMT - campus de Cuiabá, em 2001, nos turnos matutino, vespertino e noturno. Em 2001, a UFMT contou com aproximadamente 10.500 estudantes de graduação. Foram sorteadas aleatoriamente 42 turmas, dentre todos os cursos da UFMT em 2001, resultando em um total de aproximadamente 1.600 estudantes selecionados. Dentre os 1.600 convidados, 1.245 concordaram em participar, perfazendo um total de aproximadamente 22% de não-resposta, já previsto no cálculo da projeção amostral.

Instrumentos

- Questionário com questões especificamente elaboradas para este estudo, para levantamento do perfil sociodemográfico e padrão de consumo de tabaco dos estudantes.

- Teste de Fagerström29 para avaliação do grau de dependência nicotínica de universitários fumantes.

- Escalas de Personalidade de Comrey (CPS), versão revisada30.

A versão revisada do CPS consiste em um teste psicológico composto por duas escalas de verificação da confiabilidade das respostas - controle de validade (V) e tendenciosidade das respostas (R) - e oito escalas destinadas a avaliar as características de personalidade: confiança x desconfiança (T); ordem x falta de compulsão (O); conformidade x inconformidade (C); atividade x falta de energia (A); estabilidade emocional x instabilidade (S); extroversão x introversão (E); masculinidade x feminilidade (M); e empatia x egocentrismo (E)30.

Os resultados em cada escala são apurados sob a forma de escores brutos. Optou-se pela versão revisada do CPS em função de sua praticidade em relação a outros inventários de personalidade. A versão brasileira revisada deste instrumento foi adaptada, validada e padronizada com base em um estudo envolvendo uma amostra de 15.000 sujeitos, pertencentes a todas as capitais do país30. Além disso, as escalas S e E do CPS apresentam comprovada similaridade com as dimensões neuroticismo (N) e extroversão (E), respectivamente, que compõem o instrumento Eysenck Personality Questionnaire, elaborado por Eysenck31. Assim sendo, optou-se por utilizar o CPS também com a finalidade de facilitar a comparação entre os resultados deste estudo e os dados de pesquisas efetuadas em outras nações.

Procedimentos

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Júlio Muller da UFMT (processo 030/CEP/HUJM/2001). A coleta de dados foi efetuada pela psicóloga pesquisadora e por duas psicólogas auxiliares, que receberam 20 horas de treinamento prévio. Os participantes assinaram um termo de consentimento informado, conforme prevê a legislação.

Análise estatística

Os participantes foram agrupados em três categorias, segundo o critério de consumo ou não de tabaco: foram classificados como fumantes (F) universitários que declararam consumir pelo menos um cigarro por dia há pelo menos um ano; como ex-fumantes (EF) os que declararam ter deixado de fumar; e como não-fumantes (NF) os que assinalaram o item não-fumante no questionário.

Inicialmente, foi efetuada uma comparação entre as médias dos escores brutos obtidos nas três categorias, em cada escala de personalidade do CPS, através da análise de variância ANOVA (nível de significância estatística p = 0,05). Em seguida, foram efetuadas duas análises de regressão logística univariada, tomando-se as categorias de sujeitos como variáveis dependentes. Na primeira, considerou-se como variáveis independentes os fatores sociodemográficos (sexo, idade, renda, estado civil, área, turno e ano do curso, inserção no mercado de trabalho) e os escores nas 10 escalas do CPS. As categorias F x NF foram tratadas como variáveis dependentes. Na segunda análise, considerou-se como variáveis independentes os escores no CPS, fatores sociodemográficos e consumo de tabaco (idade de início do consumo e número de tentativas de abandono do hábito). As categorias F x EF foram tratadas como variáveis dependentes. Finalmente, foram efetuadas duas análises de regressão logística múltipla para averiguar as odds ratios (com 95% de intervalo de confiança) de associação entre os escores dos universitários nas 10 escalas do CPS e as categorias F x NF e F x EF, ajustando-se, simultaneamente, todas as escalas do CPS e as demais variáveis.

RESULTADOS

Perfil sociodemográfico e padrão de consumo de tabaco

Dentre os 1.245 estudantes, 46 (3,69%) tiveram seus questionários invalidados por erros no preenchimento e foram excluídos. Assim, a amostra ficou composta por 1.199 alunos, sendo 44,22% (517/1.169) do sexo masculino (30 estudantes não preencheram o item sexo no questionário) e 55,77% (652 /1.169) do sexo feminino, com média de idade geral da amostra de 24,5 e desvio padrão ± 6,9 anos. Foi encontrada prevalência de 6,67% (80/1.199) de fumantes, 6,58% (79/1.199) de ex-fumantes e 86,73% (1.040/1.199) de não-fumantes.

O consumo de tabaco variou de 1 a 40 cigarros por dia. A média de consumo diário no sexo masculino foi de 10,6, e no sexo feminino, de 8,9 cigarros por dia. Fumantes iniciaram o hábito aos 17,2 anos de idade e efetuaram 1,2 tentativa de abandono do tabagismo, em média. Dentre os 79 ex-fumantes, o consumo variou de 1 a 50 cigarros por dia, e o início do hábito se deu, em média, aos 16,1 anos de idade. Ex-fumantes efetuaram 2,1 tentativas de abandono do tabagismo, em média.

Os escores nas escalas do CPS

Análise de variância ANOVA

A tabela 1 apresenta as médias dos escores brutos das três categorias de sujeitos. A análise ANOVA revelou diferença entre as médias nas escalas R, E, M e O do CPS. É importante notar que, na escala O, fumantes obtiveram, em média, escores menores em relação a ex-fumantes (p = 0,056; diferença limítrofe) e a não-fumantes (p = 0,01). Ex-fumantes obtiveram, em média, escores menores em relação a não-fumantes (p = 0,03). Esses dados sugerem uma associação inversa entre tabagismo e a escala O do CPS.

Regressão logística

Fumantes x não-fumantes

Através da regressão logística múltipla, ajustando-se para todas as variáveis sociodemográficas e todas as escalas do CPS, observou-se que apenas o fator idade e os escores de M, O e R permaneceram associados à categoria F (tabela 2). É fundamental observar que a regressão detectou associação inversa entre tabagismo e a escala O do CPS (odds ratio < 1). Isso equivale a dizer que o aumento nos escores em O corresponde à diminuição na probabilidade de o sujeito se enquadrar na categoria F (tabela 2).

Fumantes x ex-fumantes

A regressão logística múltipla revelou que apenas os fatores idade, área do curso, idade de início do consumo e os escores de R, A e M permaneceram associados à categoria EF (tabela 3). As associações inversas (negativas) encontradas entre a categoria EF e os escores de R e M sugerem que fumantes obtiveram maiores escores nessas escalas em comparação aos ex-fumantes. Por outro lado, a associação detectada entre a escala A e a categoria EF é positiva (odds ratio > 1). Isso sugere que, à medida que aumentam os escores em A, aumenta a probabilidade de o sujeito pertencer à categoria EF (tabela 3).

DISCUSSÃO

Perfil sociodemográfico e padrão de consumo de tabaco

É importante observar a baixa prevalência de tabagismo (6,7%) encontrada neste estudo. Segundo dados oficiais, atualmente a prevalência na população brasileira é estimada entre 12,9 e 25,2%32. Supõe-se que a conscientização acerca dos riscos do consumo de tabaco esteja aumentando, em especial junto à população universitária, dado seu grau de escolarização. Numerosas pesquisas, efetuadas em diferentes contextos sócio-geográfico-culturais, demonstram que a prevalência de tabagismo é inversamente proporcional ao grau de instrução dos sujeitos pesquisados17,33,34.

Características de personalidade segundo o tabagismo

Fumantes x não-fumantes

Em décadas anteriores, numerosos estudos demonstraram que fumantes tendem a obter maiores escores em E em relação a não-fumantes15,27,35. No entanto, alguns trabalhos não confirmaram essa associação36,37. No panorama mais recente, os dados da literatura permanecem conflitantes. A comparação entre os resultados de diferentes estudos denota acentuada controvérsia nesse sentido7,16,20,23,28,38.

Na opinião de alguns estudiosos, a associação entre tabagismo e o fator extroversão vem diminuindo, possivelmente em decorrência da mudança na visão social do consumo de tabaco ocorrida nas últimas décadas. O tabagismo passou a ser considerado um hábito indesejável em vários países. Assim sendo, é possível que muitos fumantes extrovertidos tenham sido "punidos" (ou desaprovados) pelo consumo de tabaco em situações de interação social, o que pode ter contribuído para diminuir o gradiente de associação entre tabagismo e essa característica de personalidade39-41.

Com relação ao fator N, a bibliografia também não é consistente. No presente trabalho, não foi encontrada associação entre tabagismo e a escala S do CPS, que avalia essa dimensão de personalidade. Em um estudo brasileiro recente efetuado com o CPS, também não foi detectada nenhuma associação entre tabagismo e os escores de S7.

Numerosos estudos publicados em décadas anteriores demonstraram associação entre escores altos no fator N e tabagismo26,27. No entanto, alguns trabalhos não confirmaram essa associação35,42. Segundo especialistas no assunto, em contraste com o fator extroversão, a relação entre neuroticismo e tabagismo é mais consistente e parece ter crescido durante as décadas recentes em países onde a prevalência de tabagismo vem diminuindo. Indivíduos mais "neuróticos" parecem menos inclinados a abandonar o tabagismo, mesmo em face à recente pressão social para fazê-lo, e podem sentir os efeitos da nicotina mais reforçadores em comparação a indivíduos mais estáveis emocionalmente39,41.

Entretanto, a literatura mais recente ainda revela forte controvérsia quanto a essa associação7,16,17,20,28,33,43. Pesquisadores apresentam hipóteses de natureza diversa sobre a divergência entre os resultados das pesquisas. Parkes44, por exemplo, afirma que as interações entre os escores obtidos pelo sujeito nos fatores N, E e P podem estar subjacentes à inconsistência observada na literatura. Patton et al.1, por outro lado, sugerem que as comparações entre os escores de fumantes e não-fumantes tendem a não atingir significância estatística quando pelo menos um desses dois grupos possui características heterogêneas.

Uma das dificuldades no entendimento dessa questão pode ser devida à existência de diferentes tipos de fumantes. Pessoas diferentes têm diferentes razões ou motivos para fumar e, dessa forma, podem ser influenciadas, simultaneamente, por variáveis individuais e fatores situacionais1. Os autores sugerem duas classes de situações que disparam o desejo de fumar. Uma delas consiste em situações entediantes, que produzem necessidade de aumentar a estimulação cortical. A segunda situação parece ser produzida por estresse. Variáveis situacionais e de personalidade podem interagir, influenciando na quantidade de tabaco consumida. Para alguns indivíduos (como os que têm alto nível de extroversão), o tabagismo seria mais atrativo em situações entediantes, de modo a criar estimulação cortical, indo ao encontro de sua necessidade de aumento na estimulação. Da mesma forma, pessoas com alto grau de neuroticismo receberiam maior reforço através do tabagismo em situações estressantes, em função dos efeitos redutores do estresse propiciados pelo tabagismo1.

Neste estudo, chamou atenção a forte associação negativa (inversa) encontrada entre tabagismo e a escala O do CPS. Em outro estudo brasileiro recente, também foi detectada associação inversa entre tabagismo e essa escala7. Um estudo de validação do CPS, efetuado pelo autor do instrumento nos anos 70, também revelou associação inversa entre tabagismo e os escores obtidos em O45.

O conjunto desses resultados permite supor que altos escores nessa escala de personalidade se configuram como um "fator de proteção" contra o consumo de tabaco. Os indivíduos com altos escores em (O) "disseram que se preocupam com limpeza e ordem. São cautelosos, meticulosos e apreciam a rotina. Os indivíduos com escores baixos inclinam-se a serem descuidados, relaxados, não sistemáticos em seu estilo de vida, imprudentes, e por vezes, pouco asseados"30.

À primeira vista, isso sugere que fumantes tendem a ser mais imprudentes, descuidados com sua própria saúde e higiene, mais relaxados e menos metódicos em comparação a não-fumantes. É possível que o consumo de tabaco seja um reflexo dessas características de personalidade. Muitos fumantes têm pouco cuidado com sua saúde, pois, mesmo sabendo dos riscos do tabagismo, persistem fumando. Em muitos casos, o indivíduo volta a fumar mesmo após ter sido advertido dos riscos do tabagismo pelo aparecimento de doenças como isquemia do miocárdio ou tumor de pulmão, com suas respectivas seqüelas - pneumectomia ou traqueostomia6,46.

No entanto, aprofundando mais essa questão, é possível acrescentar outros ângulos de interpretação para o assunto. É interessantíssimo notar que a literatura como um todo contém numerosas pesquisas (norteadas por modelos teóricos diversos, efetuadas com base em diferentes instrumentos de avaliação psicológica e em momentos históricos distintos), que apresentam resultados surpreendentemente similares aos deste trabalho. Como exemplo, no estudo de Williams47, fumantes obtiveram menores escores em relação aos não-fumantes no fator ordem (composto por traços como preocupação com asseio, limpeza e organização). Smith48 encontrou relação inversa entre tabagismo e o fator de personalidade força de caráter (representado por adjetivos como ordeiro, consciencioso, responsável).

Mais recentemente, diversos estudos vêm apontando resultados congruentes nesse sentido19,49. Pesquisas efetuadas (total ou parcialmente) com base no modelo teórico Big Five Personality, por exemplo, revelaram associação inversa entre tabagismo e os escores na dimensão de personalidade conscienciosidade20,49,50. Todo indivíduo com escores altos em conscienciosidade pode ser descrito como consciencioso, cuidadoso, confiável, trabalhador, bem organizado, meticuloso, escrupuloso, autodisciplinado, asseado/limpo, pontual, prático, energético, ambicioso, ligado a trabalho/negócios, esclarecido, perseverante5.

Há diferentes hipóteses sobre a natureza dessa associação. Segundo Tucker et al.51, traços acentuados de conscienciosidade na infância são associados a um risco menor de tabagismo e de outros comportamentos não-saudáveis na vida adulta. Possivelmente, algumas pessoas se engajem em comportamentos não-saudáveis devido à alta impulsividade e falta de consideração com as conseqüências de curto e longo prazo de seu comportamento51. Além disso, a dimensão conscienciosidade engloba características como perseverança e disciplina, o que pode contribuir para a adoção de comportamentos saudáveis52. Um indivíduo pode, por exemplo, acreditar que o tabagismo é uma ameaça à saúde, mas sua falta de disciplina e habilidades para levar planos adiante pode atuar como uma barreira, impedindo a modificação no comportamento de fumar52.

É possível também traçar um paralelo ou uma similaridade entre os dados encontrados no presente trabalho e a associação inversa entre tabagismo e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), detectada em alguns estudos22,53. Trabalhos como esses denotam que a prevalência de tabagismo em portadores de TOC é menor em relação à população em geral e também em comparação à observada em outros transtornos psiquiátricos. O TOC pode ser considerado como "uma desordem de hiperfrontalidade que se traduz em sintomas como atenção exagerada, planejamento detalhado, inquietação, preocupação exagerada, senso de responsabilidade, falta de espontaneidade, emoções controladas e rituais de cuidado e limpeza"22,53.

O presente estudo não investigou a presença de TOC ou outras psicopatologias nos participantes da pesquisa. No entanto, chama atenção a similaridade entre as características do TOC e as características avaliadas pela escala O do CPS. Supõe-se que isso seja um indício para novos estudos. Pesquisas de cunho prospectivo e/ou transversal, direcionadas a investigar se existe associação entre traços de personalidade normal e a presença de sintomas psicopatológicos, bem como as inter-relações entre personalidade/psicopatologia/tabagismo, podem contribuir para a compreensão do assunto.

Considera-se a hipótese de que a baixa prevalência de tabagismo em portadores de TOC esteja relacionada aos efeitos neuroquímicos da nicotina no córtex órbito-frontal22. As prevalências de tabagismo em portadores de TOC e em esquizofrênicos parecem representar dois extremos de um continuum. Estudos baseados em neuroimagem revelaram que pacientes com TOC apresentam atividade metabólica acentuada no córtex órbito-frontal. Em contraste, esquizofrênicos exibem atividade metabólica reduzida no lobo frontal22. Uma vez que a nicotina incrementa a atividade no lobo frontal e também reduz a anormalidade na fisiologia sensorial, é possível que o tabagismo atue como uma tentativa de automedicação para esquizofrênicos. Por outro lado, teoricamente, a nicotina causaria um efeito deteriorador em portadores de TOC, reforçando os sintomas obsessivos, o que poderia contribuir para a baixa prevalência de tabagismo em portadores dessa perturbação. Há casos clínicos de pacientes que apresentam piora nos sintomas obsessivos após o consumo de um cigarro22,53. Além disso, postula-se que o baixo consumo de tabaco em portadores de TOC possa ser reflexo de um fator genético subjacente, relacionado aos sistemas serotonérgico e colinérgico53. A bibliografia sobre personalidade e tabagismo revela que traços como comportamento impulsivo e de alto risco, extroversão, comportamentos não-convencionais e tendências anti-sociais são relacionados a consumo de tabaco e precedem a iniciação do hábito. Coincidentemente, muitos desses traços são raros em portadores de TOC, o que poderia explicar a baixa prevalência de tabagismo em portadores dessa perturbação22.

Também chamou atenção no presente estudo a associação encontrada entre tabagismo e a escala M do CPS. Isso leva a supor que altos escores nessa escala constituem-se em "fator de risco" para tabagismo. Sabe-se que indivíduos com escores altos em M

"(...) dizem-se teimosos, durões, não se perturbam com bichos rastejantes, com visão de sangue e não choram facilmente, tendo pouco interesse em histórias de amor. Indivíduos com escores baixos neste fator inclinam-se a chorar facilmente, perturbam-se com sangue e coisas rastejantes, pegajosas, tais como cobras e insetos, e têm grande interesse em histórias românticas." 30

Ao contrário do que parece, a escala M do CPS não investiga a sexualidade dos sujeitos, mas apenas características associadas aos estereótipos sociais de masculinidade e feminilidade30. Em um estudo brasileiro recente, foi também detectada associação significante entre tabagismo e os escores obtidos nessa escala do CPS7. O trabalho revelou que a associação entre tabagismo e M permanece, mesmo mantendo sob controle a interferência da variável sexo7. Assim sendo, supõe-se que, em mulheres, o hábito de fumar tabaco possa estar relacionado, de alguma forma, à internalização do estereótipo masculino.

Finalizando, cabe destacar a associação aqui encontrada entre tabagismo e a escala R do CPS. Sabe-se que

"(...) a escala R é um poderoso recurso de verificação da consistência das respostas dos sujeitos e integra, junto com a escala V, o critério técnico-científico de validação do CPS. Através dessa escala, é possível detectar a simulação dos indivíduos que buscam, de forma sistemática, distorcer as suas verdadeiras respostas, de modo a descrever-se como sendo portadores de uma personalidade que de fato não têm." 30

Isso denota que fumantes distorceram mais os protocolos do CPS (consciente ou inconscientemente) em comparação aos não-fumantes. Possivelmente, universitários fumantes tenham dissimulado as respostas, no sentido de apresentar uma personalidade "aceita socialmente":

"Quanto mais elevado o escore, maior foi a tendência do sujeito em responder às afirmações de forma socialmente desejável, com distorções sistemáticas, buscando a descrição de uma 'personalidade utópica'." 30

Em última instância, supõe-se que isso seja reflexo de um desejo de aceitação social subjacente. A característica psicológica aqui observada (desejo de aprovação social) pode estar relacionada à baixa prevalência de tabagismo encontrada neste trabalho. É possível que alguns fumantes tenham omitido o hábito de fumar tabaco, de modo a se descreverem segundo normas socialmente aceitas.

Fumantes x ex-fumantes

Neste trabalho, não foi detectada diferença entre as duas categorias de sujeitos nas escalas E e S do CPS. Observa-se também acentuada controvérsia entre os resultados de diferentes estudos quando se comparam os escores de fumantes e ex-fumantes nos fatores E e N7,16,17,43,54. Provavelmente, isso se deve, pelo menos em parte, ao fato de que os critérios utilizados para a definição da categoria EF variam de um estudo para outro55.

Destaca-se, no presente trabalho, a diferença encontrada entre os escores de fumantes e ex-fumantes na escala M do CPS. Estima-se que o aumento nos escores em M corresponda à diminuição na probabilidade de o sujeito pertencer à categoria EF. Isso equivale a dizer que, neste trabalho, os universitários que abandonaram o tabagismo inclinam-se mais a "chorar facilmente, perturbam-se com sangue e coisas rastejantes, pegajosas, tais como cobras e insetos, e têm grande interesse em histórias românticas"30 em comparação com os fumantes.

Além disso, é fundamental salientar a associação positiva, detectada neste trabalho, entre a categoria EF e os escores obtidos na escala de A do CPS. Sabe-se que os indivíduos com escores altos neste fator

"(...) gostam de atividades físicas, trabalho árduo e exercícios, possuindo grande energia e perseverança, esforçando-se para atingir o máximo de suas capacidades. Os que possuem escores baixos em A inclinam-se a uma inatividade física, falta de vigor e energia, cansam-se rapidamente e possuem pouca motivação para superar-se." 30

É possível que o êxito no abandono do tabagismo seja um reflexo de características como energia, perseverança e esforço. Um indivíduo pode, por exemplo, acreditar que o tabagismo é uma ameaça à sua saúde, mas sua falta de disciplina e de habilidades para levar seus planos adiante pode atuar como uma barreira, impedindo a modificação no comportamento de fumar52. Por outro lado, tem-se a hipótese que características como maior vigor, energia, disposição para atividades físicas e exercícios sejam uma conseqüência direta do abandono do tabagismo, o que, comprovadamente, resulta em uma melhoria imediata nas funções orgânico-fisiológicas do sujeito.

Finalmente, a associação inversa entre os escores obtidos em R e a categoria EF, encontrada neste trabalho, sugere que ex-fumantes distorceram menos as respostas nos protocolos do CPS em comparação aos fumantes.

CONCLUSÕES

É importante atentar para as limitações deste estudo. A população com características próprias (universitários), os números relativamente pequenos de fumantes e ex-fumantes aqui encontrados e analisados (n = 80 e n = 79, respectivamente), bem como os limites do universo pesquisado (apenas uma universidade), são fatores que dificultam a comparação com outros trabalhos. Ainda são necessários novos estudos, portanto, envolvendo populações com diferentes características e maior tamanho amostral, para a confirmação desses resultados.

Contudo, é possível supor que este trabalho possa contribuir, de alguma forma, com os programas de prevenção ou tratamento da dependência. A identificação de características de personalidade associadas ao consumo de tabaco pode subsidiar o trabalho de profissionais da área de saúde e de áreas afins no processo de elaboração/aperfeiçoamento de estratégias terapêuticas (como técnicas de aconselhamento, por exemplo).

Agradecimentos

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (FAPEMAT), pelo financiamento deste estudo.

Recebido em 18/01/2005. Revisado em 18/01/2005. Aceito em 16/05/2005.

  • 1. Patton D, Barnes GE, Murray RP. A personality typology of smokers. Addict Behav. 1997;22:259-73.
  • 2. Eysenck HJ. The biological basis of personality. Springfield: CC Thomas; 1967.
  • 3. Zuckerman M. Theoretical formulations. In: Zubek JP, ed. Sensory deprivation: fifteen years of research. New York: Appleton Century Crofts; 1969. p. 407-32.
  • 4. Zuckerman M. Sensation seeking: beyond the optimal level of arousal. Hillsdale: Lawrence Erlbaum; 1979.
  • 5. Costa PT, McCrae RR. The NEO Personality Inventory Manual. Odessa: Psychological Assessment Resources; 1985.
  • 6. Huijbrechts IP, Duivenvoorden HH, Deckers JW, Leenders IC, Pop GA, Passchier J. Modification of smoking habits five months after myocardial infarction: relationship with personality characteristics. J Psychosom Res. 1996;40:369-78.
  • 7. Rondina RC, Botelho C, Moratelli H. Tabagismo e características da personalidade em estudantes universitários. Rev Psiquiatr Clin. 2001;28:52-9.
  • 8. Mitchell SH. Measures of impulsivity in cigarette smokers and non-smokers. Psychopharmacology. 1999;146:455-64.
  • 9. Adalbjarnardottir S, Rafnsson FD. Adolescent antisocial behavior and substance use: longitudinal analyses. Addict Behav. 2002;27:227-40.
  • 10. Kerby DS, Brand MW, John R. Anger types and the use of cigarettes and smokeless tobacco among Native American adolescents. Prev Med. 2003;37:485-91.
  • 11. Etter JF, Pélissolo A, Pomerleau C, De Saint-Hilaire Z. Associations between smoking and heritable temperament traits. Nicotine Tob Res. 2003;5:401-9.
  • 12. Hoodin F, Kalbfleisch KR, Thornton J, Ratanatharathorn V. Psychosocial influences on 305 adults' survival after bone marrow transplantation, depression, smoking, and behavioral self-regulation. J Psychosom Res. 2004;57:145-54.
  • 13. Kahler CW, Strong DR, Niaura R, Brown RA. Hostility in smokers with past major depressive disorder: relation to smoking patterns, reasons for quitting, and cessation outcomes. Nicotine Tob Res. 2004;6:809-18.
  • 14. Dinn WM, Aycicegi A, Harris CL. Cigarette smoking in a student sample: neurocognitive and clinical correlates. Addict Behav. 2004;29:107-26.
  • 15. Eysenck HJ, Tarrant M, Woolf M. Smoking and personality. BMJ. 1960;1:1456-60.
  • 16. Aray Y, Hosokawa T, Fukao A, Izumi Y, Hisamichi S. Smoking behavior and personality: a population-based study in Japan. Addiction. 1997;9:1023-33.
  • 17. Jorm AF, Rodgers B, Christensen H, Henderson S, Korten AE. Smoking and mental health: results from a community survey. Med J Aust. 1999;170:74-7.
  • 18. Perkins KA, Gerlach D, Broge M, Grobe JE, Wilson A. Greater sensitivity to subjective effects of nicotine in nonsmokers high in sensation seeking. Exp Clin Psychopharmacol. 2000;8:462-7.
  • 19. Challier B, Chau NA, Predine R, Choquet M, Legras B. Associations of family environment and individual factors with tobacco, alcohol and illicit drug use in adolescents. Eur J Epidemiol. 2000;16:33-42.
  • 20. Kubicka L, Matejcek Z, Dytrych Z, Roth Z. IQ and personality traits assessed in childhood as predictors of drinking and smoking behaviour in middle-aged adults: a 24-year follow-up study. Addiction. 2001;96:1615-28.
  • 21. Carton S, Le Houezec J, Lagrue G, Juvent R. Relationships between sensation seeking and emotional symptomatology during smoking cessation with nicotine patch therapy. Addict Behav. 2000;25:653-62.
  • 22. Bejerot S, von Knorring L, Ekselius L. Personality traits and smoking in patients with obsessive-compulsive disorder. Eur Psychiatry. 2000;15:395-401.
  • 23. Yoshimura K. The psychological characteristics of tobacco dependence in a rural area of Japan. J Epidemiol. 2000;10:271-9.
  • 24. Burt RD, Dinh KT, Peterson AV, Sarason IG. Predicting adolescent smoking: a prospective study of personality variables. Prev Med. 2000;30:115-25.
  • 25. Prüss U, Brandenburg A, von Ferber C, Lehmkuhl G. Patterns of behaviour of juvenile smokers and non-smokers. Prax Kinderpsychol Kinderpsychiatr. 2004;53:305-18.
  • 26. Cherry N, Kiernon K. Personality scores and smoking behaviour - a longitudinal study. Br J Prev Soc Med. 1976;30:123-31.
  • 27. Spielberg CD, Jacobs GA. Personality and smoking behavior. J Pers Assess. 1982;46:396-403.
  • 28. Hopper JL, White M, Macaskill GT, Hill DJ, Clifford CA. Alcohol use, smoking habits and the Junior Eysenck Personality Questionnaire in Adolescent Australian Twins. Acta Genet Med Gemellol. 1992;41:311-24.
  • 29. Fagerström KO. Measuring degree of physical dependence to tobacco smoking with reference to individualization of treatment. Addict Behav. 1978;3:235-41.
  • 30. Comrey AL. Escalas de Personalidade de Comrey. [Tradução, adaptação e padronização brasileira: Aroldo Rodrigues. Versão Revisada: Flávio Rodrigues da Costa]. São Paulo: Vetor; 1997.
  • 31. Comrey AL. Escalas de Personalidade de Comrey. [Tradução, adaptação e padronização brasileira de Aroldo Rodrigues]. São Paulo: Vetor; 1987.
  • 32
    Brasil, Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Instituto Nacional do Câncer, Coordenação de Prevenção e Vigilância. Inquérito domiciliar sobre comportamentos de risco e morbidade referida de doenças e agravos não transmissíveis: Brasil, 15 capitais e Distrito Federal, 2002-2003. Rio de Janeiro: INCA; 2004.
  • 33. Kendler KS, Neale MC, Sullivan P, Corey LA, Gardner CO, Prescott CA. A population-based twin study in women of smoking initiation and nicotine dependence. Psychol Med. 1999;29:299-308.
  • 34. Cavalcante J. O impacto mundial do tabagismo. Fortaleza: Realce; 2002.
  • 35. Seltzer CC, Oechsli FW. Psychosocial characteristics of adolescent smokers before they started smoking: evidence of self-selection. J Chron Dis. 1985;38:17-26.
  • 36. Stanaway RG, Watson DW. Smoking and personality: a factorial study. Br J Clin Psychol. 1981;20:213-4.
  • 37. McManus IC, Weeks SJ. Smoking, personality and reasons for smoking. Psychol Med. 1982;12:349-56.
  • 38. Gilbert DG. Smoking: individual differences, psychopathology, and emotion. Washington: Taylor & Francis; 1995.
  • 39. Gilbert DG, McClernon FJ, Gilbert BO. The psychology of the smoker. In: Bolliger CT, Fagerström KO, eds. The tobacco epidemic. Basel: Karger; 1997. v. 28, p. 132-50.
  • 40. Eysenck HJ. A note on smoking, personality and reasons for smoking. Brief communication. Psychol Med. 1983;13:447-8.
  • 41. Gilbert DG, Gilbert BO. Personality, psychopathology and nicotine response as mediators of the genetics of smoking. Behav Gen. 1995;25:133-47.
  • 42. Eysenck HJ. Smoking, personality, and psychosomatic disorders. J Psychosom Res. 1963;7:107-30.
  • 43. Kawakami N, Takai A, Takatsuka N, Shimizu H. Eysenck's personality and tobacco/nicotine dependence in male ever-smokers in Japan. Addict Behav. 2000;25:585-91.
  • 44. Parkes KR. Smoking and the Eysenck personality dimensions: an interactive model. Psychol Med. 1984;14:825-34.
  • 45. Comrey A, Backer T. Construct validation of the Comrey Personality Scales. Mult Behav Res. 1970;5:469-77.
  • 46. Pomerleau OF. Nicotine dependence. In: Bolliger CT, Fagerstrom KO, eds. The tobacco epidemic. Basel: Karger; 1997. v. p. 122-31.
  • 47. Williams AF. Personality and other characteristics associated with cigarette smoking among young teenagers. J Health Soc Behav. 1973;14:374-80.
  • 48. Smith GM. Relations between personality and smoking behaviour in preadult subjects. J Consult Clin Psychol. 1969;33:710-5.
  • 49. Terraciano A, Costa PT. Smoking and the five-factor model of personality. Addiction. 2004;99:471-81.
  • 50. Paunonen SV. Hierarchical organization of personality and prediction of behavior. J Pers Soc Psychol. 1998;74:538-56.
  • 51. Tucker JS, Friedman HS, Tomlinson-Keasey C, Schawartz JE, Wingard D, Criqui MH, et al. Childhood psychosocial predictors of adulthood smoking, alcohol consumption, and physical activity. J Applied Soc Psychol. 1995;25:1884-99.
  • 52. Hampson SE, Andrews JA, Barckley M, Lichtnstein E, Lee ME. Conscientiousness, perceived risk, and risk-reduction behaviors: a preliminary study. Health Psychol. 2000;19:496-500.
  • 53. Bejerot S, Humble M. Low prevalence of smoking among patients with obsessive-compulsive disorder. Compr Psychiatry. 1999;40:268-72.
  • 54. Wijatkowski S, Forgays DG, Wrzesniewski S, Gorski T. Smoking behavior and personality characteristics in polish adolescents. Int J Addict. 1990;25:363-73.
  • 55. Forgays DG, Bonaiuto P, Wrzesniewski K, Forgays DK. Personality and cigarette smoking in Italy, Poland and the United States. Int J Addict. 1993;28:399-413.
  • Correspondência
    Regina de Cássia Rondina
    Rua Palmares, 346
    17501-510 - Marília - SP
    Fone: (14) 3433-8179
    E-mail:
  • *
    Trabalho financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (FAPEMAT) e baseado na tese de doutorado intitulada
    A relação entre características de personalidade e tabagismo em universitários, apresentada à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP/USP), em 16/06/2004.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      22 Ago 2006
    • Data do Fascículo
      Ago 2005

    Histórico

    • Aceito
      16 Maio 2005
    • Revisado
      18 Jan 2005
    • Recebido
      18 Jan 2005
    Sociedade de Psiquiatria do Rio Grande do Sul Av. Ipiranga, 5311/202, 90610-001 Porto Alegre RS Brasil, Tel./Fax: +55 51 3024-4846 - Porto Alegre - RS - Brazil
    E-mail: revista@aprs.org.br