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A imagem do psiquiatra em filmes ganhadores do Prêmio da Academia entre 1991 e 2001

Resumos

OBJETIVOS: Os objetivos do estudo são descrever os personagens de psiquiatras existentes em filmes vencedores de um ou mais Prêmios da Academia, entre 1991 e 2001, bem como, verificar se esses filmes transmitem mensagens negativas sobre a psiquiatria ou se apresentam retratos idealizados de profissionais, como algumas produções cinematográficas anteriores ao período estudado. MÉTODO: Foi realizada a análise de caracterização dramática dos personagens. Foram identificados os temas e as mensagens relacionados à psiquiatria presentes nas tramas para comparação com produções anteriores a 1991. RESULTADOS: Nove filmes foram selecionados e analisados 17 personagens. "O Silêncio dos Inocentes" associa psiquiatria e loucura, genialidade e doença mental, análise e canibalismo. De acordo com "As Loucuras do Rei George", "Gênio Indomável" e "Garota, Interrompida", o psiquiatra ideal tem idéias modernas, histórico semelhante ao do paciente, postura informal e demonstra emoção. "Shakespeare Apaixonado" associa a psiquiatria à magia. "Melhor é Impossível" apresenta uma representação positiva da medicação psiquiátrica. "Shine - Brilhante" e "Mente Brilhante" destacam a importância da família para a recuperação do paciente. Em "Céu Azul", a psiquiatria é usada para a interdição de uma pessoa por motivos políticos. CONCLUSÕES: Os filmes estudados não contestam a validade da psiquiatria, mas apresentam uma batalha entre a abordagem tradicional e uma não tradicional, advogando que um psiquiatra deve ser alguém fora dos padrões e excepcionalmente talentoso para ser capaz de entender e tratar uma pessoa. As críticas e as imagens negativas apresentadas nessas tramas podem ser um reflexo do profundo estigma existente na sociedade em relação aos profissionais de saúde mental e pacientes.

Psiquiatria; meios de comunicação de massa; cinema; comunicação em saúde


OBJECTIVES: This study aims at describing characters portraying psychiatrists in Academy Award winning films from 1991 to 2001, and determining whether these plots disseminate negative messages or idealized portrayal of practitioners, like some previous movie productions. METHOD: Dramatic characterization analysis was performed. Movies produced before 1991 with similar characters and dramatic situations were identified to compare themes and messages concerning psychiatry. RESULTS: Nine films were selected, 17 characters were analyzed. "The Silence of the Lambs" associates psychiatry and madness, brightness and madness, analysis and cannibalism. According to "The Madness of King George," "Good Will Hunting" and "Girl, Interrupted," the ideal professional has modern ideas, background similar to his/her patient, informal posture and demonstrates emotion. "Shakespeare in Love" suggests the association between psychiatry and magic. "As Good as it Gets" presents a positive representation of psychiatric medication. "Shine" and "Beautiful Mind" stress the importance of family in patient's recovery. "Blue Sky" has a negative portrayal of psychiatry. CONCLUSIONS: These plots recognize the value of psychiatry, but present a battle between traditional and unorthodox approach, formal and informal professionals. They propose that a psychiatrist should be someone "out of the box" and exceptionally talented to be able to understand and treat another human being. The criticisms and negative images about psychiatry presented in the plots may be a consequence of a deep rooted stigma against professionals and patients dealing with mental disorders.

Psychiatry; mass media; motion pictures; health communication


COMUNICAÇÃO TEÓRICO–CLÍNICA

A imagem do psiquiatra em filmes ganhadores do Prêmio da Academia entre 1991 e 2001

Maria Thereza Bonilha DubugrasI; Jair de Jesus MariII; José Francisco Fernandes Quirino dos SantosIII

IMestre, Departamento de Psiquiatria, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP

IIPhD, Doutor, Professor, Departamento de Psiquiatria, UNIFESP

IIIPhD, Professor visitante, Departamento de Psiquiatria, UNIFESP, São Paulo, SP. Professor, Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, USP, São Paulo, SP

Correspondência Correspondência Maria Thereza Bonilha Dubugras Centro de Estudos de Psiquiatria, Departamento de Psiquiatria, UNIFESP Rua Dr. Bacelar, 334, CEP 04026–001, São Paulo, SP E–mail: thedubugras@yahoo.com.br

RESUMO

OBJETIVOS: Os objetivos do estudo são descrever os personagens de psiquiatras existentes em filmes vencedores de um ou mais Prêmios da Academia, entre 1991 e 2001, bem como, verificar se esses filmes transmitem mensagens negativas sobre a psiquiatria ou se apresentam retratos idealizados de profissionais, como algumas produções cinematográficas anteriores ao período estudado.

MÉTODO: Foi realizada a análise de caracterização dramática dos personagens. Foram identificados os temas e as mensagens relacionados à psiquiatria presentes nas tramas para comparação com produções anteriores a 1991.

RESULTADOS: Nove filmes foram selecionados e analisados 17 personagens. "O Silêncio dos Inocentes" associa psiquiatria e loucura, genialidade e doença mental, análise e canibalismo. De acordo com "As Loucuras do Rei George", "Gênio Indomável" e "Garota, Interrompida", o psiquiatra ideal tem idéias modernas, histórico semelhante ao do paciente, postura informal e demonstra emoção. "Shakespeare Apaixonado" associa a psiquiatria à magia. "Melhor é Impossível" apresenta uma representação positiva da medicação psiquiátrica. "Shine – Brilhante" e "Mente Brilhante" destacam a importância da família para a recuperação do paciente. Em "Céu Azul", a psiquiatria é usada para a interdição de uma pessoa por motivos políticos.

CONCLUSÕES: Os filmes estudados não contestam a validade da psiquiatria, mas apresentam uma batalha entre a abordagem tradicional e uma não tradicional, advogando que um psiquiatra deve ser alguém fora dos padrões e excepcionalmente talentoso para ser capaz de entender e tratar uma pessoa. As críticas e as imagens negativas apresentadas nessas tramas podem ser um reflexo do profundo estigma existente na sociedade em relação aos profissionais de saúde mental e pacientes.

Descritores: Psiquiatria, meios de comunicação de massa, cinema, comunicação em saúde.

Introdução

"Se a psiquiatria não existisse, os filmes poderiam tê–la inventado. E, de certa forma, o fizeram1." O cinema criou seus "próprios métodos de tratamento, nosologia, teorias e profissionais".2 "Com freqüência, os enredos cinematográficos não apresentam representações precisas de psiquiatras, disseminando imagens idealizadas ou negativas.

Schneider2 identificou três tipos de psiquiatras nas produções do cinema: Dr. Dippy –mais louco ou mais tolo do que seus pacientes, utiliza métodos de tratamento bizarros, raramente causando algum mal; Dr. Evil – Dr. Frankenstein da mente, insano ou inseguro, abusa de sua profissão para cometer atos malignos, e Dr. Wonderful – representação idealizada.

Gabbard3 dividiu a imagem da psiquiatria nos filmes norte–americanos em três períodos. No primeiro, de 1906 a 1956, os psiquiatras foram representados como "alienistas, charlatões" ou "oráculos". O segundo período, de 1957 a 1963, a "Idade de Ouro", na qual a psiquiatria foi apresentada de maneira mítica. O terceiro período, de 1964 a 1998, quando a psiquiatria "caiu em desgraça", com uma maioria de representações negativas.

De acordo com Philo4, as atitudes da população são mais influenciadas por informações da mídia do que pelo contato com os pacientes. Metz5 sugere que os espectadores aprendem a ler um filme de acordo com as convenções do cinema. Portanto, a análise dos personagens de psiquiatras, baseada em elementos do enredo, linguagem do cinema e convenções, pode identificar mensagens sobre a psiquiatria disseminadas para o público.

Este estudo tem como objetivos descrever a imagem do psiquiatra em filmes ficcionais ganhadores do Prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (Oscar) , entre 1991 e 2001, e determinar se esses enredos divulgaram mensagens negativas ou caracterizações idealizadas de profissionais, como algumas produções anteriores.

Método

Os filmes incluídos no estudo deveriam atender aos seguintes critérios: gênero ficcional, vencedor de pelo menos um Prêmio da Academia entre 1991 e 2001, produzido na língua inglesa, ter um ou mais personagens retratando psiquiatras.

Os personagens foram classificados de acordo com sua função no enredo em um dos seguintes tipos:

a) Protagonista – personagem central do enredo, busca uma ou mais metas específicas relacionadas ao conflito central;

b) Antagonista – personagem bem desenvolvido, tenta impedir que o protagonista atinja seu(s) objetivo(s);

c) Ajudante do protagonista – personagem relativamente bem desenvolvido, apóia o protagonista na busca de seu(s) objetivo(s);

d) Ajudante do antagonista – personagem relativamente bem desenvolvido, apóia o antagonista na tentativa de impedir que o protagonista atinja seu(s) objetivo(s);

e) Personagem decorativo –praticamente sem desenvolvimento, fornece elementos sobre o contexto do conflito;

f) Personagem funcional – praticamente sem desenvolvimento, desempenha papel essencial em algum momento, realizando uma ação–chave que impele o enredo para uma determinada direção.

A análise de caracterização dramática foi realizada conforme descrito por Bradley6 e Pallotini7: inferência de traços do personagem, com base na história pregressa; aparência física; posição social e imagem pública; cenários; ações dramáticas; diálogos; objetivos; superobjetivo; motivação; narrativa da câmera; significados simbólicos dos elementos da mise–en–scène, iluminação, trilha sonora e diálogos. Esses elementos também foram utilizados para definir a representação da competência profissional.

Filmes produzidos antes de 1991 que tivessem personagens retratando psiquiatras com caracterizações semelhantes ou situações dramáticas análogas foram identificados para serem comparados as caracterizações dos psiquiatras e os temas e as mensagens sobre a psiquiatria.

Resultados

Nove filmes foram selecionados e analisados 17 personagens (Tabela 1). Os elementos principais da análise dos personagens estão apresentados na Tabela 2.

O Silêncio dos inocentes

No passado, Dr. Hannibal Lecter foi um psiquiatra famoso e recebeu prêmios "pela excelência em pesquisas na área da Psiquiatria". Ele apresenta atributos que são superlativos (brilhante, sábio, demoníaco, selvagem) e contraditórios (bem–educado e gentil com a heroína, mas é um homem violento, semelhante a um animal selvagem, ataca sempre que tem oportunidade). Possui uma natureza divina (mágico, onisciente) e criminosa (violento, vingativo, um assassino). Os cenários e objetos relacionados a ele sugerem um caráter animalesco, indicam que é um homem perigoso, de difícil controle. A narrativa da câmera distorce sua figura. A fotografia alterna o personagem entre luz e sombra. É o ajudante da protagonista, conduzindo Clarice em seu caminho em direção à transformação. Dr. Lecter também oferece a perspectiva do enredo sobre a doença mental.

Dr. Chilton é caracterizado como um profissional incompetente, incapaz de se comunicar com Hannibal. O FBI não o procura para ajudar no contato com Lecter, nem para colaborar na busca pelo assassino em série. Descreve Lecter como se este fosse um animal, "é um monstro. Psicopata puro. É raríssimo capturar um desses vivo", considera–o como seu "bem mais valioso", protesta em nome de seus "direitos" quando não participa dos diálogos entre Clarice e o prisioneiro. Dr. Chilton espiona esses encontros, rouba uma idéia de Clarice e tenta levar o crédito da solução do crime. Causa a retirada de Clarice da investigação e, por esse motivo, involuntariamente torna–se o ajudante do antagonista. Ele é um foil–character de Lecter: seu fracasso em seduzir Clarice, sua incompetência profissional e sua atitude antiética contrastam, destacando as qualidades de Lecter (aliado da heroína, profissional talentoso, com traços anti–heróicos).

As Loucuras do Rei George

Os médicos da Corte utilizam o diagnóstico psiquiátrico como uma arma em uma disputa pelo trono da Inglaterra. Dr. Baker é um personagem cômico, é tolo e covarde. Arrogante, critica Dr. Willis por esse não ser um membro da Escola Real de Médicos. Sendo tradicionalista, segue o protocolo da Corte, considerando o exame físico de um paciente "uma invasão intolerável à privacidade de um cavalheiro". Seu objetivo é manter as regras da sociedade; sua motivação é a crença nelas e o medo que sente do rei. Quando atende o monarca, sua meta é ajudar o paciente, porém, utiliza uma abordagem ineficiente. Dr. Warren é austero, tem expressão e postura rígidas e controladas. O obstáculo a seu superobjetivo é a permanência de George III no trono. Por esse motivo, colabora para a interdição do rei. Dr. Pepys tem expressões faciais hiperbólicas, com aspecto de máscara cômica. Seu andar é saltitante. É uma caracterização cômica, contrastante com a seriedade e arrogância com que mantêm suas idéias, desqualificando sua competência. Concorda com a conspiração contra Willis, mas, diferente de Warren, está interessado em promover a melhora de seu paciente, mas não é competente para isso. Ao participarem do plano do Príncipe de Gales para usurpação do trono do Inglaterra, esses três médicos tornam–se ajudantes do antagonista.

Dr. Willis é um estranho na Corte e um médico que pensa fora dos padrões. Seus colegas o criticam por suas idéias modernas. A caracterização física de Willis é a de um homem sério, sem as extravagâncias da monarquia. É proprietário de um sanatório em Lincolnshire, no qual os pacientes "cultivam o solo", para adquirirem uma "melhor consideração" sobre si mesmos. Não participa do plano contra o rei, está meramente interessado na cura do paciente. No final, o filme não afirma que o psiquiatra curou a doença de George III, porém, a jornada de transformação proposta por ele, como ajudante do protagonista, beneficia o monarca.

Céu azul

A função do Dr. Vankay no enredo, um personagem decorativo, é ajudar a definir o ambiente opressivo e corrupto no Exército. Ele usa a psiquiatria para interditar uma pessoa que não apresenta problemas de saúde em favor da confidencialidade militar.

Shine – Brilhante

O psiquiatra deste filme é um personagem off. Ele proibe o protagonista, David, de voltar a praticar a música, pois acredita que isso poderia causar uma nova crise. Entretanto, quando David deixa o hospital e contraria a orientação do médico, se recupera e tem uma vida feliz. O psiquiatra é um personagem decorativo, são revelados, através dele, elementos sobre a trajetória de David.

Melhor é impossível

Dr. Green é apresentado como um profissional competente. Esse personagem funcional introduz informações referentes à doença de Melvin e sobre a importância do tratamento com a medicação. O sucesso de sua intervenção é sugerida através da melhora do protagonista.

Gênio indomável

Henry apresenta postura e apresentação formais. Arrogante, perde o controle quando confrontado com as provocações feitas por Will, chama–o de "lunático". Ricky é impaciente. Ele é enganado pelo paciente e interrompe a sessão, dizendo ter coisas melhores para fazer com seu tempo. As cenas com os dois psiquiatras expõem características de Will, um jovem rebelde e inteligente. São personagens decorativos.

A caracterização de Sean é a de um médico competente, afetivo, informal. A caracterização física sugere que Sean não dá importância à aparência, ao contrário de Henry e Ricky. Embora sem projeção profissional, é representado como sendo o melhor psiquiatra da trama. Tem um passado semelhante ao do protagonista, o filme sugere ser essa a razão do sucesso do tratamento de Will. Modifica seu paciente, mas também é modificado por ele. É o ajudante do protagonista.

Shakespeare apaixonado

Dr. Moth tem uma caracterização cômica. Propõe ao protagonista, Shakespeare, resolver seus conflitos internos através da magia. Fornece informações sobre os conflitos internos do Bardo de Avon, sendo um personagem decorativo.

Garota, interrompida

O primeiro psiquiatra que atende Susanna demonstra ser impaciente e irônico quando confrontado com as reclamações da paciente. A cena expõe o conflito interno da protagonista. Em oposição ao primeiro médico, Dr. Melvin é caracterizado como sendo afetivo e paciente. Fornece informações sobre a condição médica de Susanna e essas informações não são questionadas no enredo, é um personagem decorativo. Dra. Wick surge na trama após uma seqüência que parece ser uma citação de "Um estranho no ninho" ("One Flew Over the Cuckoo's Nest", 1975), nos dois filmes os pacientes fazem uma festa escondida no hospital e são descobertos pela enfermeira–chefe. Em "Um estranho no ninho" os pacientes são severamente punidos, entretanto, em "Garota, interrompida", Dra. Wick utiliza o incidente para se comunicar com Susanna. A psiquiatra a estimula a buscar a recuperação, sendo ajudante da protagonista.

Uma mente brilhante

A introdução na trama do Dr. Rosen revela que o protagonista, Nash, é portador de esquizofrenia, no ponto de virada do enredo. O psiquiatra fornece informações para a platéia sobre a doença de Nash, sendo um personagem funcional. A ajudante do protagonista é a esposa de Nash, ao ajudá–lo a lidar com sua condição. O enredo sugere que o diagnóstico do Dr. Rosen para a enfermidade de Nash está correto, entretanto, o tratamento prescrito por ele, isoladamente, não proporciona uma vida com qualidade.

Discussão

Foram estudados filmes vencedores do Prêmio da Academia porque esses filmes tiveram ampla divulgação nos meios de comunicação de massa, podendo ter atingido um grande público. As conclusões referem–se exclusivamente aos filmes analisados, não pretendendo representar todo o período investigado.

Nenhum dos psiquiatras dos filmes analisados é o protagonista do enredo. São personagens secundários: ajudam ou fazem oposição ao protagonista ou contribuem com elementos da narrativa. A esfera de ação e seus traços sugerem em que posição estão no dualismo herói versus vilão.

Segundo a tipologia de Schneider, Dr. Lecter em "O Silêncio dos inocentes" é um exemplo de Dr. Evil. Na classificação de Pies8, ele é o arquétipo do "Vampiro", "culto e inteligente por fora, pura maldade por dentro". Gabbard3 classifica Hannibal como um exemplo do estereótipo do psiquiatra perverso e criminoso. Dr. Lecter é um assassino, volta a matar durante a trama, entretanto, com relação ao conflito central, ele é o ajudante da protagonista. É graças a ele que Clarice encontra Buffalo Bill e, sob sua orientação, ela segue a trajetória para ser uma heroína.

Ser o ajudante da heroína não implica na redenção dos crimes de Lecter. Ele comete novos assassinatos, sem mostrar arrependimento. Além disso, coopera na resolução do crime por meio de um sistema de troca, não por compaixão pela vítima. Sua motivação é demonstrar seu brilhantismo e descobrir os conflitos internos de Clarice. O psiquiatra Hannibal, o Canibal, pode necessitar das memórias de Clarice, porque, em sua cela de vidro, não tem mais acesso à carne humana.

Gabbard3 identificou psiquiatras que matam ou tentam matar seus pacientes em filmes como "When the Clouds Roll By" (1919), "Quando fala o coração" ("Spellbound",1945), "Coming apart" (1969), "Cinco dias de conspiração" ("St. Ives", 1976) e "Vestida para matar" ("Dressed to Kill", 1980). Nesses filmes, o psiquiatra é "mais perturbado que seus/suas pacientes, ou é simplesmente psicótico5". A esfera de ação desses personagens é a de antagonista, ou ajudante do antagonista, diferente do papel de Lecter.

Apesar de ter sido expulso da Associação Médica Americana e estar preso, Lecter ainda é chamado de doutor por outros personagens e é assim identificado nos créditos finais do filme. O ponto de vista do filme sobre a doença mental é apresentado através das idéias do Dr. Hannibal Lecter.

Dr. Lecter consegue manipular as pessoas com crueldade. Mais do que isso, consegue dominar outro ser humano. Ele causa a morte do personagem Miggs simplesmente sussurrando palavras para ele. Crawford adverte Clarice: "Pode acreditar, você não vai querer Hannibal Lecter dentro da sua cabeça". Psiquiatras com a capacidade de controlar e forçar uma pessoa a fazer algo contra sua vontade também são encontrado nos filmes alemães "O Gabinete do Dr. Caligari" ("Das Kabinett des Doktor Caligari", 1919) e "Testamento do Dr. Mabuse" ("Das Testament des Dr. Mabuse", 1933).

Dr. Lecter tem um caráter sobrenatural, mágico. A associação entre a psiquiatria e a magia pode estar sugerida em "O Silêncio dos inocentes" quando Dr. Lecter, escondido na sombra, entrega uma toalha para Clarice através de uma gaveta que parece abrir sozinha, como se por um passe de mágica. Onisciente, ele sempre sabe quem se aproxima, mesmo sem a pessoa estar em seu campo de visão; percebe um ferimento em Clarice que não está visível. É através da magia que Dr. Moth, em "Shakespeare apaixonado", tenta ajudar seu paciente. Em "O Gabinete do Dr. Caligari" e em "Testamento do Dr. Mabuse", os psiquiatras realizam números de mágica usando a hipnose. A associação entre psiquiatria e poderes sobre–humanos tanto pode representar a fascinação dos criadores cinematográficos por essa área médica como também a descrença de que seres humanos comuns consigam compreender seus semelhantes. Segundo Bentley9, "tradicionalmente, apenas Deus tem o dom de conhecer os homens, de penetrar em seus mais íntimos pensamentos, em seus sentimentos mais profundos, qualquer um que consiga fazer isso tem que ser um deus".

A enfermidade de Hannibal é apresentada como sendo desconhecida, o que pode sugerir uma condição excepcional, sem possibilidade de tratamento ou controle. Clarice, a protagonista, afirma: "Não sei nomear o que ele é". A doença mental do Dr. Lecter, como também, do psiquiatra das alucinações de um paciente em "O Gabinete do Dr. Caligari" e do Dr. Elliot de "Vestida para matar" não são reconhecidas por seus colegas profissionais, por isso, eles podem ter uma vida dupla: médicos respeitados e loucos violentos. São seus atos criminosos que revelam a insanidade, provocando a expulsão da prática da medicina. Esse dado dos enredos pode representar uma crítica à capacidade de diagnóstico da psiquiatria. A explicação do cinema para esses personagens terem uma vida cotidiana e, ao mesmo tempo, outra oculta, é sofrerem de "personalidade múltipla" ou "dupla personalidade", uma das conveções mais usadas no cinema para a caracterização de doentes mentais.

O primeiro objeto iluminado por Clarice em um armazém alugado por Lecter é uma coruja (símbolo do conhecimento) empalhada, em posição de ataque, semelhante àquela usanda em uma cena de "Psicose" ("Psycho", 1960). A coruja é o primeiro objeto que Marion Craine vê, em "Psicose", ao entrar na sala onde Norman Bates mantêm sua coleção de animais empalhados. Ele leva Marion para esse quarto, por considerar ser um local mais íntimo, e é onde acontece a conversa entre ambos que levará Norman a matar Marion. Através de um anagrama, Lecter afirma que o armazém é "o resto" dele mesmo. Dr. Lecter conduz Clarice ao depósito, mas Clarice não será vítima e sim testemunha de um assassinato. Nessa seqüência, "O Silêncio dos inocentes" pode estar fazendo uma referência à "Psicose". Estaria então sugerindo semelhanças entre Norman e Hannibal? Segundo o material publicitário do filme, o assassino serial Ed Gein foi a fonte de inspiração para o romance adaptado em "Psicose" e para o personagem de Lecter.

Em "Psicose", Norman Bates é diagnosticado como sendo portador de uma "personalidade dividida" em duas diferentes. "O Silêncio dos inocentes" sugere que Hannibal tem dupla personalidade, de acordo com o conceito cinematográfico, como Dr. Caligari, Dr. Elliot e Norman Bates? Os traços contraditórios, as distorções na figura de Lecter, causadas pelo posicionamento da câmera, o contraste de luz e sombra de suas cenas, como também, o corte com redução de tempo e a alternância entre música diegética e não–diegética durante o assassinato dos dois policiais podem insinuar duas caracterizações para o doutor, duas personalidades.

Após a revelação de seus crimes, Dr. Caligari, Dr. Elliot e Norman Bates são caracterizados como sendo "possuídos" pela loucura, sem consciência de seus crimes, tomados por suas personalidades doentes, para sempre incapacitados, como Dr. Jekyll, no final do romance Dr Jekyll and Mr. Hyde, de Robert Louis Stevenson. Entretanto, após a revelação de seus crimes e seu encarceramento, Dr. Lecter ainda consegue se apresentar de maneira educada e gentil, exercitar sua capacidade de analisar, bem como de matar novamente, sugerindo que uma mente insana e violenta pode sempre se esconder na sociedade, esperando o momento certo para atacar.

Dr. Lecter é um profissional excepcionalmente talentoso e um homem brilhante, mas Hannibal, o Canibal, é mentalmente doente e cruel. Sua capacidade de analisar os conflitos humanos se deve a sua formação de psiquiatra ou a sua condição de louco? É o Dr. Lecter ou o doente Hannibal quem consegue controlar a mente e a vontade das outras pessoas? Sua genialidade está associada a sua insanidade? Os traços contraditórios e superlativos do personagem podem conduzir os espectadores a relacionar habilidades profissionais com uma mente doentia. "O Silêncio dos inocentes" associa psiquiatria e loucura, psiquiatria e manipulação, brilhantismo e loucura, a capacidade de entender a mente humana e um poder sobrenatural, análise e canibalismo, doença mental e violência.

O prisioneiro, Dr. Hannibal Lecter ajuda a resolver o conflito central do enredo e os conflitos internos da protagonista, enquanto o psiquiatra atuante da trama, Dr. Chilton, é incompetente e desonesto.

Algumas das características do Dr. Lecter podem ser atraentes para os espectadores, como seus comentários bem–humorados e inteligentes e a aliança com a heroína. Um criminoso charmoso é um recurso dramático. Segundo Hitchcock, o vilão "precisa ser charmoso e atraente. Se não o fosse, nunca conseguiria se aproximar de suas vítimas". Além disso, a figura severa, desonesta e medíocre do Dr. Chilton enfatiza as qualidades do Dr. Lecter. A escolha por caracterizar Lecter com alguns traços atraentes pode ser uma forma de valorizar o que não se ajuste aos padrões, o anti–herói, semelhante a MacMurphy em "Um estranho no ninho". Dr. Lecter contesta a sociedade através de sua condição de criminoso, seu desdém e escárnio por todos, nos cenários criados por ele para expor suas críticas. Com sua orientação, Clarice também se distancia de seu grupo, encontra Bufallo Bill sozinha, em um caminho diferente daquele da equipe do FBI.

"Céu azul" não contesta a existência da doença mental, como acontece nos filmes com mensagens da antipsiquiatria, mas apresenta um elemento característico dessas produções: o personagem do "não–paciente". A psiquiatria em "Céu azul", como também em "As Loucuras do Rei George", é utilizada para questões políticas. Gabbard3 identificou essa situação dramática em enredos de filmes como "A mulher que não sabia amar" ("Lady in the Dark", 1944), "Desde que partiste" ("Since You Went Away", 1944) e "Um estranho no ninho", nos quais o psiquiatra é um "agente da sociedade". Porém, diferente desses exemplos, em "As Loucuras do Rei George", existe também um psiquiatra, Dr. Willis, que, conforme ele mesmo se define, é o "médico do Rei". Sua meta é ajudar seu paciente.

Dr. Willis é um padre que abandonou a igreja para se tornar um psiquiatra. Padre Karras de "O Exorcista" (The Exorcist, 1973) é um homem religioso enviado pela igreja para estudar psiquiatria. No início do enredo, ele sofre por sua falta de fé religiosa. Acredita que as possessões demoníacas na verdade são distúrbios psiquiátricos e observa o caso de Regan como psiquiatra. No entanto, é quando ele utiliza sua formação de padre e sua fé, sob a tutelagem de um experiente padre exorcista , que ele consegue salvar a menina e redimir a ele próprio. Dr. Willis não acredita que esteja lidando com um problema sobrenatural, nem se vale de seu treinamento religioso durante o tratamento. Muito pelo contrário, contesta a crença no caráter divino do monarca, afirmando que o rei precisa ser tratado como um homem comum.

Segundo Hyler (1988), em "Laranja mecânica" ("A Clockwork Orange", 1971), o jovem rebelde, Alex, adepto da "ultraviolência", é submetido a uma terapia comportamental "representada como punitiva, não científica, virtualmente um crime contra a humanidade". Em "As Loucuras do Rei George", Dr. Willis estabelece medidas coercivas para o tratamento do rei, mas o tratamento é justificado no enredo. Dr. Willis explica que o estado da monarquia compartilha uma fronteira com o estado da loucura. De acordo com o médico, ninguém "pode prosperar" tendo a autoridade irrestrita de um rei. George III precisa ser confrontado, contradito para exercer seu caráter e tornar seu espírito mais flexível. Dr. Willis é o único médico do filme capaz de ajudar o rei, em função de suas idéias, consideradas não ortodoxas e modernas.

O protagonista Will engana facilmente os psiquiatras em "Gênio indomável". Situações semelhantes estão presentes em "Frances" ("Frances", 1982), em que a paciente é mais articulada que seu médico, e em "Tempo de despertar" ("Awakenings", 1990): quando o psiquiatra pergunta ao paciente se ele não percebe a hostilidade inconsciente que tem em relação aos médicos, o paciente pergunta como ele pode percebê–la, se é inconsciente. Will, no entanto, não consegue enganar nem desqualificar um dos psiquiatras, Sean, um profissional com postura informal, se diferenciando dos demais. Sean consegue tratar Will porque eles têm um passado semelhante.

Um psiquiatra competente com uma caracterização semelhante à de Sean está presente no filme ganhador do Prêmio da Academia "Gente como a gente" ("Ordinary People", 1980), segundo Gabbard3, um filme "contrário à tradição da antipsiquiatria". Will é submetido ao que Schneider2 considera ser a representação de um tratamento mais utilizada em enredos, a "descoberta de um evento traumático" que promove uma "cura imediata".

"Garota, interrompida" ocorre no mesmo período histórico de "Um estranho no ninho" e faz referências ao filme de Milos Forman. A personagem Lisa é representada como uma rebelde que contesta a existência de doença mental, como MacMurphy de "Um estranho no ninho". Para ela, a psicanálise é uma indústria amaldiçoada e o tratamento assemelha–se a um estupro, uma invasão. Porém, com o desenrolar do enredo, a protagonista Susanna concorda com a necessidade de ser internada e Lisa perde sua imagem de líder, com a revelação de sua doença e sua violência.

O primeiro psiquiatra a atender Susanna está mais preocupado em ajudar o pai da paciente. Segundo o enredo, os psiquiatras que podem ajudar Susanna são aqueles que demonstram emoção e que não criticam as idéias esotéricas da jovem.

Susanna, em "Garota, interrompida", e Will, em "Gênio indomável", são enviados para o tratamento psiquiátrico devido a seus comportamentos rebeldes. O contestador da sociedade também está presente em "Um estranho no ninho" e em "Frances". Os psiquiatras nesses filmes são os ajudantes do antagonista e os antagonistas são, respectivamente, a sociedade e a indústria do cinema. Existe o debate sobre a definição da normalidade e da insanidade; os tratamentos psiquiátricos são caracterizados como desumanos e inúteis; o hospital é uma instituição que tem o objetivo de anular a individualidade dos pacientes. Contrariamente aos heróis desses filmes, Will e Susanna se beneficiam de seus tratamentos. Os antagonistas em ambos os enredos são os conflitos internos dos personagens. A diferença da imagem da psiquiatria veiculada nessas produções também pode ser identificada pelo tipo de enredo. De acordo com a tipologia de Friedman10, "Um estranho no ninho" e "Frances" podem ser considerados enredos trágicos "que descrevem a queda de um herói atraente", ao passo que "Gênio indomável" e "Garota, interrompida" podem ser classificados como enredos de revelação, em que o "herói se torna consciente de sua condição".

O hospital psiquiátrico pode ser uma personagem em muitos filmes, no sentido definido por Tesniere11 de atuante, "seres ou objetos que participam do processo de alguma maneira, mesmo que passivamente". Nas cenas de "Um estranho no ninho", os muros com arame farpado e o espaço limitado do hospital são destacados. Os profissionais usam uniformes brancos impecáveis, sugerindo austeridade. Somente o funcionário que permite as irregularidades de MacMurphy aparece em uma cena sem o uniforme completo. Nos hospitais mostrados em "As Loucuras do Rei George", "Garota, interrompida" e "Shine – Brilhante", não há nada que sugira um espaço restrito, opressivo. A opressão está presente na instituição psiquiátrica de "Céu azul".

Frances ("Frances") e o "não paciente" MacMurphy ("Um estranho no ninho") não são ouvidos nem compreendidos por seus psiquiatras. Após serem internados em uma instituição psiquiátrica, não têm mais controle sobre suas próprias vidas. Rebelam–se e são punidos por um sistema manipulador e opressivo. São elementos das tramas que podem ser considerados como idéias da antipsiquiatria. John Nash, em "Uma mente brilhante", protesta que não é louco, denuncia uma conspiração contra ele, porém, com a entrada em cena do psiquiatra Rosen, o espectador descobre que Nash tem uma doença e que seu psiquiatra trabalha por sua recuperação.

"Garota, interrompida", "Shine – Brilhante", "Melhor é impossível" e "Uma mente brilhante" não retratam a busca pela cura da doença mental, destacam a idéia da recuperação do paciente e a existência de uma condição diferente do considerado normal, como está no título do último filme citado, uma vida "as good as it gets" (tão boa quanto possível).

O psiquiatra em "Shine – Brilhante" é um personagem off; os espectadores recebem informações sobre ele somente através da fala do protagonista. A falta de desenvolvimento do personagem destaca que a recuperação de David ocorre sem a ajuda médica. O protagonista consegue ter qualidade de vida quando deixa o hospital psiquiátrico e retorna à música. A felicidade de David é conseguida através do apoio e do amor de sua esposa. Nash, em "Uma mente brilhante", enfatiza o amor da esposa como o elemento mais importante de sua recuperação. Nash e Alicia planejam uma estratégia para ele conseguir conviver com suas alucinações e obsessões. No final da história, Nash usa uma nova medicação, mas afirma ainda ver coisas que não existem. Hyler12 observou situações semelhantes a essas em "David e Lisa" ("David and Lisa", 1963) e em "Uma mulher descasada" ("An Unmarried Woman", 1977), em que a cura acontece longe dos consultórios psiquiátricos, e é conseqüência do apoio de amigos. Diferente do que acontece com esses personagens, Melvin ("Melhor é impossível") consegue se recuperar por causa do amor de uma mulher e não através desse amor.

Melvin decide tomar a medicação para se tornar um homem melhor. "Melhor é impossível"é o único filme estudado com uma representação positiva da medicação psicotrópica. O enredo não mostra detalhes do tratamento, mas credita a recuperação de Melvin à medicação prescrita pelo psiquiatra, mostrando a mudança gradual de seu comportamento. Melvin refere–se à dificuldade do tratamento, mas reconhece o quanto ganhou com ele. A opção de não retratar o tratamento em detalhes pode sugerir a possibilidade da recuperação de uma pessoa, sem a necessidade de uma uma trajetória dramática; diferente do que ocorre, por exemplo, em "Um estranho no ninho", em que o tratamento psiquiátrico interrompe a vida dos pacientes.

Conclusões

Quatro dos filmes selecionados têm comparações entre caracterizações de profissionais, sugerindo que não são os psiquiatras que podem tratar os pacientes, somente alguns tipos de psiquiatras conseguem fazê–lo. Os traços superlativos e não naturais do excepcionalmente brilhante Dr. Lecter podem indicar que um homem comum não é capaz de entender e tratar outro ser humano. Segundo "As Loucuras do Rei George", "Gênio indomável" e "Garota, interrompida", o profissional ideal tem idéias modernas, passado semelhante ao de seu paciente, postura informal, demonstra emoção e não confronta as crenças de seus pacientes. Além disso, "Shine – Brilhante" e "Uma mente brilhante" apresentam tratamentos médicos que não promovem uma vida com qualidade para os pacientes. Os enredos não negam a existência de doença mental nem se opõem à psiquiatria em geral e sua prática, como os filmes com idéias da antipsiquiatria das décadas de 70 e 80, entretanto, apresentam uma batalha entre uma abordagem tradicional e uma não ortodoxa, moderna; entre a postura profissional formal e informal. Propõem que o psiquiatra deve ser alguém fora dos padrões e excepcionalmente talentoso para conseguir entender e ajudar um paciente. As críticas e imagens negativas sobre psiquiatria existentes podem ser conseqüência do estigma existente na sociedade em relação aos profissionais de saúde mental e aos pacientes.

Recebido em 13.02.07. Aceito em 21.03.07.

Dra. Maria Thereza Bonilha Dubugras recebeu uma bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Este estudo foi realizado como parte de sua dissertação de mestrado no Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP. A dissertação intitula–se "A caracterização dos personagens de psiquiatras nos filmes 'O Silêncio dos inocentes', 'As loucuras do Rei George', 'Céu azul', 'Shine – Brilhante', 'Melhor é impossível', 'Gênio indomável', 'Garota, interrompida', 'Uma mente brilhante'".

Prof. Jair Mari é pesquisador I–A do CNPq.

As conclusões do estudo foram apresentadas na International Mental Health Conference at the IoP – "Mental Health and the Millennium Development Goals", realizada no Instituto de Psiquiatria, Londres, Reino Unido, 2005, e também no II Encontro Paulista de Psiquiatria – "Psiquiatria e Psicologia na Prática Médica", realizado na Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, de 10 a 12 de junho, 2004.

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  • Correspondência

    Maria Thereza Bonilha Dubugras
    Centro de Estudos de Psiquiatria, Departamento de Psiquiatria, UNIFESP
    Rua Dr. Bacelar, 334, CEP 04026–001, São Paulo, SP
    E–mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      06 Set 2007
    • Data do Fascículo
      Abr 2007

    Histórico

    • Aceito
      21 Mar 2007
    • Recebido
      13 Fev 2007
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