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Manual of clinical psychopharmacology

RESENHA

Manual of clinical psychopharmacology

Felipe Almeida Picon

Psiquiatra, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS. Cursista em Psiquiatria da Infância e da Adolescência, UFRGS

Correspondência Correspondência Felipe Almeida Picon Rua 24 de Outubro, 850/207, Moinhos de Vento CEP 90510-000, Porto Alegre, RS E-mail: felipepicon@gmail.com

Alan F. Schatzberg, Jonathan O. Cole, Charles DeBattista Washington DC

American Psychiatric Publishing, 2007, 6th edition

Mais uma vez, o professor Alan F. Schatzberg, da Stanford University, Califórnia, e seus colegas nos privilegiam com a última edição do Manual of Clinical Psychopharmacology, recém-publicada em maio de 2007. Tive meu primeiro contato com esse manual ainda em sua quarta edição, durante o primeiro ano de residência em psiquiatria, e, desde então, segui acompanhando as publicações do grupo, que apresentam também os formatos de essentials (fundamentos) e textbook (tratado), os quais apresentam o tema da psicofarmacologia de forma ainda mais aprofundada.

Esse manual é a versão em formato de handbook das publicações do grupo e aborda a psicofarmacologia de maneira objetiva e moderna, incluindo, em alguns capítulos, psicofármacos que ainda estão em fase de estudos clínicos pré-comercialização. São 697 páginas no tamanho de livro de bolso, o que o torna um livro portátil e preparado para servir como um guia rápido para as mais diversas dúvidas do uso clínico da psicofarmacologia. Sua publicação original é em inglês, e sua última versão em português é a tradução da versão de 2003 do manual, que se encontra à venda nas livrarias especializadas do país. A primeira versão do manual data de 1986, e as últimas edições têm apresentado a periodicidade de uma nova edição a cada 2 anos. Essa é a sexta edição do manual, e mais uma vez consegue atingir o objetivo de seus autores de ser um guia de leitura fácil e up-to-date sobre psicofarmacologia.

A obra divide-se em 13 capítulos, que são precedidos pelo prefácio dos autores e finalizados por dois apêndices. O apêndice A traz as potências e custos dos antidepressivos e antipsicóticos (nos EUA), e o apêndice B traz leituras recomendadas sobre psicofarmacologia para psiquiatras clínicos e para pacientes e familiares. As marcas e nomes dos psicofármacos nos EUA diferem das que conhecemos no Brasil em muitos casos, porém isso não prejudica a leitura, já que os autores sempre se referem às medicações por seus nomes farmacológicos. Outro aspecto relevante relacionado às marcas e fabricantes e que é considerado seriamente é a declaração, sempre que existente, dos possíveis conflitos de interesses, tanto dos autores quanto das referências bibliográficas que embasam suas afirmações. Essa postura é de alta relevância em um livro de psicofarmacologia, visto que os psiquiatras já recebem inúmeros estímulos comerciais da indústria farmacêutica no seu cotidiano.

Os 13 capítulos do livro são os que seguem: (1) Princípios gerais do tratamento psicofarmacológico; (2) Classificação e diagnóstico; (3) Antidepressivos; (4) Antipsicóticos; (5) Estabilizadores do humor; (6) Agentes ansiolíticos; (7) Hipnóticos; (8) Estimulantes e outras drogas de rápida ação; (9) Estratégias de potencialização para transtornos resistentes; (10) Tratamento de emergência; (11) Farmacoterapia para transtornos de uso de substâncias; (12) Farmacoterapia em situações especiais; e (13) Ervas e suplementos alimentares. Os capítulos apresentam os psicofármacos separados em suas subclasses, com suas fórmulas químicas, efeitos farmacológicos, indicações, efeitos adversos, efeitos quando em overdose, interações medicamentosas e doses e formas de administração. Pela própria natureza e característica do manual, há muitos exemplos clínicos com as condutas psicofarmacológicas tomadas. Em muitos momentos, os exemplos são derivados das pesquisas clínicas coordenadas pelos próprios autores, e, em outros, de estudos conhecidos da literatura psiquiátrica. Condutas baseadas em evidências científicas são encontradas juntamente com condutas baseadas na experiência clínica, e essa é outra característica importante que torna esse livro de grande importância para o uso clínico diário. Tanto psiquiatras clínicos experientes quanto residentes de psiquiatria podem acessar esse livro com o mesmo interesse e com ele aprender muito, já que a maneira como os temas são abordados reflete a vivência diária da prática da clínica psiquiátrica, com as difíceis decisões terapêuticas e as situações que fogem às que são abordadas nos ensaios clínicos randomizados.

Além dos capítulos que contemplam as classes básicas dos psicofármacos, há capítulos destinados a assuntos como potencialização, emergência, situações especiais e ervas e suplementos alimentares. Esses capítulos inovam em diversos aspectos, como o de ervas e suplementos alimentares, que traz informações de ensaios clínicos sobre a Erva de São João e informações sobre Ginko Biloba e Valeriana, da mesma forma que abordam os demais fármacos, com indicações, contra-indicações, intoxicação e outros. O capítulo de situações especiais traz o uso de psicofármacos na gravidez, em populações pediátricas, geriátricas, em retardo mental e em outras condições médicas que, cada vez mais, têm necessitado o uso desses remédios e trazido à tona a crescente necessidade da maestria, pelo psiquiatra, de suas ferramentas frente a outros tratamentos medicamentosos nas demais patologias médicas.

Em suma, a última obra de Alan F. Schatzberg et al. é bastante recomendável para todos aqueles que estejam ávidos por um guia muito atualizado sobre como, quanto e quando usar um psicofármaco específico e é ainda mais recomendada a psiquiatras em formação, que necessitam obter conhecimento rápido e eficaz para o tratamento de seus pacientes.

  • Correspondência
    Felipe Almeida Picon
    Rua 24 de Outubro, 850/207, Moinhos de Vento
    CEP 90510-000, Porto Alegre, RS
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      14 Dez 2007
    • Data do Fascículo
      Ago 2007
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