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Child and adolescent clinical psychopharmacology

RESENHA

Child and adolescent clinical psychopharmacology

Felipe Almeida Picon

Médico psiquiatra, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS. Cursista, Psiquiatria da Infância e da Adolescência, UFRGS

Correspondência Correspondência: felipepicon@gmail.com

Wayne Hugo Green

Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins, 2007, 4th edition

Mesmo sendo uma especialidade relativamente nova dentro da medicina, a psiquiatria da infância e da adolescência vem evoluindo rapidamente como área de importantes pesquisas e aprimoramentos terapêuticos. No campo da psicofarmacologia, existe muito trabalho ainda a ser feito em termos de ensaios clínicos randomizados, bem delineados, que atestem a eficácia de diversas medicações que, até o momento, só possuem aprovação para uso em adultos. É nesse campo fértil que a obra do professor do New York University Child Study Center, Wayne Hugo Green, coloca-nos mais próximos dos usos mais recentes da psicofarmacologia em pacientes menores de 18 anos.

Todos os que atendem crianças e adolescentes em psiquiatria já devem ter passado por situações nas quais medicações foram necessárias, ou ainda por outras situações nas quais as medicações autorizadas para uso nessa faixa etária não foram totalmente efetivas. Esse tipo de situação é abordado exaustivamente por Green, na medida em que seu livro sempre coloca os usos off-label das medicações com aprovação pelo Food and Drug Administration apenas para certos transtornos. Logo no início do livro, o autor nos coloca a par dessa possibilidade de utilizarmos o senso clínico para usar os fármacos que julguemos necessários aos nossos pacientes, mesmo que não haja comprovação científica robusta para tal. Ao mesmo tempo, ele se coloca favorável para que, no futuro, tenhamos todas as indicações baseadas em estudos rigorosos e enfatiza o uso racional dos psicofármacos, sempre levando em consideração os estudos que já existem em adultos, por exemplo, quando há escassez de estudos em crianças ou adolescentes, ou o expertise de colegas mais graduados.

Esta já é a quarta edição da obra, tendo a primeira sido escrita em 1991, a segunda em 1995, a terceira em 2001 e esta em 2007. Green divide o livro em duas seções. A primeira trata dos princípios gerais da psicofarmacologia de crianças e adolescentes, com todas as características distintas do uso de psicofármacos nessa população, e a segunda aborda as medicações em suas especificidades. Essa segunda parte é a mais extensa e é dividida entre as diversas classes de medicações. Após a introdução sobre o início da psicofarmacologia nessa faixa etária, evolui para comentar sobre como devemos ser críticos em relação aos estudos científicos, já que nem sempre o que é estatisticamente significativo é clinicamente significativo. Em seguida, aborda cada uma das classes: estimulantes, antipsicóticos típicos, antipsicóticos atípicos, antidepressivos, estabilizadores do humor, ansiolíticos e outras drogas, como anti-histamínicos, antagonistas opiáceos, beta-bloqueadores, agonistas alfa-adrenérgicos, barbitúricos e hipnóticos. As seções específicas são divididas em: introdução, farmacocinética, apresentações, contra-indicações, interações medicamentosas, efeitos adversos ou indesejados, indicações de uso aprovadas ou não aprovadas e, por final, relatos de interesse. É nessa última parte que encontramos, talvez, a parte mais distinta da obra. Green nos traz, minuciosamente, estudos relacionados a cada droga comentada. Relata e comenta os achados dos estudos primordialmente realizados em crianças e adolescente e, quando há escassez dos mesmos, traz o que existe de evidências em amostras de adultos.

Inequivocamente, Child and adolescent clinical psychopharmacology, 4th edition, é uma importante obra da psicofarmacologia e uma ferramenta extremamente útil para todos os psiquiatras da infância e da adolescência. Sua abordagem essencialmente clínica o torna um livro do dia-a-dia, ao mesmo tempo em que sua compilação de relevantes referências científicas o eleva a não ser um manual de referência rápida. Green nos deixa mais preparados para ajudar nossos jovens pacientes sempre que algum psicofármaco seja necessário.

  • Correspondência:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      01 Dez 2008
    • Data do Fascículo
      Abr 2008
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