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Lista de espécies de borboletas (Lepidoptera, Papilionoidea e Hesperioidea) da região do vale do rio Maquiné, Rio Grande do Sul, Brasil

Butterfly species list (Lepidoptera, Papilionoidea and Hesperioidea) in a region at valley of Maquiné river, Rio Grande do Sul State, Brazil

Resumos

Procurando contribuir para o levantamento sistemático e o conhecimento das borboletas da Mata Atlântica do Rio Grande do Sul, foram realizadas saídas bimestrais em quatro localidades no vale do rio Maquiné, entre junho de 2001 e agosto de 2002. Foi elaborada uma listagem com 292 espécies de borboletas, sendo destas 42 registros novos para o Rio Grande do Sul e sete espécies raras e/ou indicadoras de ambiente preservado.

Conservação de borboletas; espécies raras; riqueza de espécies; Mata Atlântica


To add to the knowledge on the diversity of the butterflies from Atlantic Rainforest of Rio Grande do Sul State, a systematic survey was carried out at the valley of Maquiné river, from june 2001 to august 2002, in four sampling localities. A list resulted with 292 butterfly species, with 42 new registers for Rio Grande do Sul and seven rare and/or environmental quality indicator butterfly species.

Atlantic Rainforest; butterfly conservation; rare species; species richness


Lista de espécies de borboletas (Lepidoptera, Papilionoidea e Hesperioidea) da região do vale do rio Maquiné, Rio Grande do Sul, Brasil1 1 Contribuição número 438 do Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Butterfly species list (Lepidoptera, Papilionoidea and Hesperioidea) in a region at valley of Maquiné river, Rio Grande do Sul State, Brazil

Cristiano Agra Iserhard; Helena Piccoli Romanowski

Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal, Departamento de Zoologia, Instituto de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Avenida Bento Gonçalves 9500, 91501-970 Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. E-mail: agriola@portoweb.com.br, hpromano@vortex.ufrgs.br

RESUMO

Procurando contribuir para o levantamento sistemático e o conhecimento das borboletas da Mata Atlântica do Rio Grande do Sul, foram realizadas saídas bimestrais em quatro localidades no vale do rio Maquiné, entre junho de 2001 e agosto de 2002. Foi elaborada uma listagem com 292 espécies de borboletas, sendo destas 42 registros novos para o Rio Grande do Sul e sete espécies raras e/ou indicadoras de ambiente preservado.

Palavras chave: Conservação de borboletas, espécies raras, riqueza de espécies, Mata Atlântica.

ABSTRACT

To add to the knowledge on the diversity of the butterflies from Atlantic Rainforest of Rio Grande do Sul State, a systematic survey was carried out at the valley of Maquiné river, from june 2001 to august 2002, in four sampling localities. A list resulted with 292 butterfly species, with 42 new registers for Rio Grande do Sul and seven rare and/or environmental quality indicator butterfly species.

Key words: Atlantic Rainforest, butterfly conservation, rare species, species richness.

À medida que aumenta a pressão antrópica sobre o planeta, cresce a ameaça aos ecossistemas tropicais (WOOD & GILLMAN 1998). As florestas estão sendo reduzidas a poucas áreas concentradas, com variados graus de proteção, usualmente degradadas e inseridas em extensivas áreas convertidas para a agricultura ou sistemas não florestados (DAILY & EHRLICH 1995).

A Mata Atlântica tratava-se da segunda maior floresta tropical úmida do Brasil. Durante os últimos 500 anos, 90% da floresta original foi transformada em sistemas antrópicos (CÂMARA 1991). A região de Mata Atlântica enquadra-se nas formações florestais complexas do Brasil, devido à sua diversidade, clima e vegetação (RIZZINI 1997, BROWN & FREITAS 2000a). Além disso, tem sido apontada como um dos mais ricos, únicos e ameaçados biomas terrestres (BROWN & FREITAS 2000b). No Rio Grande do Sul este bioma, em particular, é ainda muito pouco estudado.

O interesse na conservação de habitats naturais e biodiversidade vem crescendo; entretanto, os recursos naturais e tempo disponível para conservação são limitados (DAILY & EHRLICH 1995; HUGHES et al. 2000). Vários autores têm defendido o estudo da conservação utilizando comunidades, abordando táxons conhecidos, que fornecem uma avaliação mais rápida e uma resposta direta. Os lepidópteros constituem uma das principais ordens de insetos com aproximadamente 146.000 espécies descritas; sendo que as borboletas somam na região Neotropical entre 7100 espécies (BECCALONI & GASTON 1995) e 7900 espécies (HEPPNER 1991), ocorrendo no Brasil entre 3100 espécies (BECCALONI & GASTON 1995) e 3280 espécies (BROWN & FREITAS 1999). É um grupo de sistemática relativamente bem conhecida se comparada a outros grupos de insetos tropicais; possuem uma grande riqueza e abundância de espécies; são relativamente fáceis de amostrar, avaliar e identificar em campo, além de apresentarem íntimas associações com seu habitat e grande sensibilidade a suas mudanças, constituindo-se em indicadoras da qualidade ambiental e integridade de paisagens naturais (BROWN 1991, BECCALONI & GASTON 1995, DE VRIES et al. 1997, NEW 1997, LEWIS et al. 1998, WOOD & GILLMAN 1998, BROWN & FREITAS 2000a, SIMONSON et al. 2001, MOTTA 2002).

Em uma compilação de borboletas raras e/ou indicadoras de ambientes preservados na Mata Atlântica elaborada por BROWN & FREITAS (2000b), foram listadas 103 espécies. Estas são características de Mata Atlântica e de relativa facilidade de reconhecimento neste bioma. Além disto, possuem estreitas relações com elementos da vegetação e topografia, o que confere sua riqueza e vulnerabilidade neste sistema.

Para gerar informações a respeito das condições de uma área a ser preservada, precisa-se, antes de tudo, uma compilação sobre quais espécies ocorrem no local e sua importância para a conservação. Um problema é que estas informações não estão disponíveis, pois estudos com diversidade são escassos, principalmente em regiões com alta riqueza de espécies (BECCALONI & GASTON 1995). Inventários de adultos de borboletas têm sido úteis para planejamentos e administração de reservas naturais, estudos de diversidade genética, ecológica e taxonômica (BROWN 1992, BROWN & FREITAS 1999, MOTTA 2002).

No Rio Grande do Sul, são escassas as informações sobre a fauna de borboletas. Os trabalhos realizados geralmente incluem listagens de espécies através de revisões de coleções científicas, deixando muitas vezes de contemplar informações importantes a respeito dos locais, períodos precisos de coleta e esforço amostral empregado. Há uma lacuna em levantamentos faunísticos recentes, várias regiões do Estado sequer possuem uma listagem de espécies de borboletas, ou quando possuem, estas são incompletas e/ou desatualizadas. Este trabalho tem como objetivo elaborar uma lista de espécies de borboletas ocorrentes em remanescentes de Mata Atlântica e em formações vegetais adjacentes, na região do vale do rio Maquiné, município de Maquiné, Rio Grande do Sul. Pretende-se com esta listagem reunir informações sobre registros ainda não publicados para o Estado e indicar a presença de espécies raras e/ou indicadoras de ambiente preservado, além de contribuir para o conhecimento da fauna da região.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de Estudo

O município de Maquiné (29º35'S 50º16'W GR) está localizado no nordeste do Rio Grande do Sul, distando cerca de 140 km do município de Porto Alegre e de aproximadamente 60 km do município de Torres (Fig. 1). A bacia hidrográfica do rio Maquiné possui superfície aproximada de 546 km2 e está inserida em uma área de transição entre as encostas da Serra Geral e a planície costeira, cujas altitudes decrescem rapidamente. Esta característica determina uma paisagem com planícies e montanhas bem definidas ao longo de todo o vale do rio Maquiné (GERHARDT et al. 2000) (Fig. 1).


Baseado em dados dos últimos 30 anos, nesta região, os meses mais quentes do ano estão entre novembro e março - médias máximas de 38 a 38,8 ºC - e os meses mais frios são junho e julho - médias mínimas de 1,2 a 3,4 ºC negativos (GERHARDT et al. 2000). A média anual da umidade relativa do ar fica em torno de 79% e as precipitações somam ao longo do ano cerca de 1.650 mm, sendo março e abril os meses mais úmidos. Segundo classificação de Köppen, a região de Maquiné apresenta clima subtropical úmido (tipo Cfa) (MORENO 1961).

Segundo a classificação fisionômico-ecológica da região, as florestas da costa e encosta da serra geral voltadas para o leste do Rio Grande do Sul, encontram-se na região da Floresta Ombrófila Densa. A região compõe uma área reconhecida pela UNESCO, desde 1992, como Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Em Maquiné está incluída a Reserva Biológica da Serra Geral, com uma área de 4.845 ha.

Amostragem

Para elaboração da lista de espécies foram selecionadas quatro trilhas que representam e caracterizam os diferentes habitats encontrados na região (Fig. 2). A trilha do Carvão margeia o Arroio Carvão, ascende de cerca de 130 a 300 m de altitude e é caracterizada por trechos com agropecuária e trechos com vegetação em diferentes estágios de desenvolvimento. A trilha do Ligeiro é percorrida ao longo de uma via de acesso a Reserva Biológica da Serra Geral e sofre impactos antrópicos decorrentes do uso da terra para agropecuária. A trilha do Garapiá é menos perturbada, possuindo um trecho inicial ao longo de um trajeto de acesso a uma cascata, sendo o restante da mesma dentro de uma mata com vegetação secundária, atualmente pouco impactada. A trilha da Serrinha é percorrida ao longo de um gradiente altitudinal com variações de aproximadamente 130 a 850 m de altitude, em trechos com diferentes tipos de sucessão da vegetação, desde ambientes perturbados até ambientes preservados. Uma outra localidade amostrada fora da área de estudo foi incluída na análise dos resultados, por apresentar características semelhantes as trilhas contempladas, sendo uma trilha localizada em altitude de aproximadamente 500 m com vegetação preservada e pouco impactada, e estar muito próxima as trilhas do Garapiá e da Serrinha.


Foram realizadas coletas bimestrais de junho de 2001 a agosto de 2002, com duração de quatro dias. Os transectos determinados eram percorridos com esforço amostral padronizado em hora/rede, seguindo metodologia proposta por POLLARD (1977). O período de amostragem estendeu-se entre 9:30 e 16:30 h.

Borboletas visualizadas eram registradas e, se necessário para identificação, coletadas com auxílio de redes entomológicas. Tratando-se de espécie ainda não registrada, o indivíduo era coletado para posterior montagem e identificação. Para cada indivíduo avistado era registrada a espécie, hora e ponto ao longo da transecção. Os espécimens estão depositados na coleção de referência do Laboratório de Bioecologia de Insetos, Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A identificação das espécies coletadas foi realizada através de bibliografia especializada (D'ABRERA 1981, 1984, 1987a, b, 1988, 1994, 1995, BROWN 1992, TYLER et al. 1994, CANALS 2000, 2003), e conforme o caso, consulta a especialistas.

Análise dos dados

Para a análise dos dados obtidos foram realizadas consultas a inventários de borboletas realizados no Rio Grande do Sul, entre outros, e comparados com a listagem deste estudo. Foram pesquisados os trabalhos de MABILDE (1896), BIEZANKO (1958, 1959a, b, 1960a, b, c, d, e, 1963), BIEZANKO & MIELKE (1973), LINK et al. (1977), BIEZANKO et al. (1978), MIELKE (1980a, b), RUSZCZYK (1986a, b), ROBBINS (1991), PENZ & FRANCINI (1996), AUSTIN et al. (1997), TESTON & CORSEUIL (1998, 1999, 2000a, b, 2001, 2002a, b) e KRÜGER & SILVA (2003), além dos levantamentos realizados no Projeto "As Borboletas do Rio Grande do Sul", desenvolvido no Departamento de Zoologia da UFRGS. A classificação utilizada para a elaboração da listagem de espécies seguiu BROWN (1992) e FREITAS & BROWN (2004). A determinação de espécies raras e/ou indicadoras de ambientes preservados seguiu lista publicada por BROWN & FREITAS (2000b) e a indicação de sistematas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No total de 238 horas-rede de amostragem, foram registrados 5074 indivíduos, distribuídos em 292 espécies de borboletas, pertencentes a cinco famílias e 21 subfamílias, para a região estudada no vale do rio Maquiné (Tab. I). Na tabela I não estão incluídas três espécies, por terem sido coletadas em uma localidade diferente às trilhas amostradas em Maquiné, mas na abrangência destas trilhas, são elas: Phocides pialia maxima (Mabille, 1888) (Hesperiidae, Pyrginae); Cymaenes odilia (Burmeister, 1878) (Hesperiidae, Hesperiinae); Artines satyr Evans, 1955 (Hesperiidae, Hesperiinae).

O número de espécies manteve-se sempre crescente ao longo do período de amostragem, ilustrando a grande riqueza de espécies da área. A extensão temporal de um inventário tende a aumentar o número total de espécies registradas, além de aumentar a probabilidade de detecção de espécies com tamanhos populacionais baixos (espécies raras) (SUMMERVILE et al. 2001). Além disso, inventários ao longo do tempo podem ser influenciados pela estrutura da comunidade através da mudança de habitat, ou até registrar espécies turistas (GASTON 1996).

Entre as espécies registradas, 104 pertencem à família Nymphalidae, 97 Hesperiidae, 54 Lycaenidae, 24 Pieridae e 13 Papilionidae. A freqüência relativa da riqueza de espécies por família de borboleta para a região Neotropical, para o Brasil e para a região do vale do rio Maquiné mostra-se diferente (Tab. II). Dados compilados por BECCALONI & GASTON (1995) e BROWN & FREITAS (1999) indicam, para o Brasil, as famílias Lycaenidae, Hesperiidae e Nymphalidae respectivamente, as três mais ricas em espécies. No presente trabalho esta ordem se inverte, sendo Nymphalidae a mais rica, seguida de Hesperiidae e Lycaenidae. Já em relação à região Neotropical, Nymphalidae apresenta-se mais representativa em relação a Hesperiidae segundo BECCALONI & GASTON (1995), e a mais rica entre todas segundo HEPPNER (1991) (Tab. II).

O esforço amostral neste trabalho difere daqueles de HEPPNER (1991), BECCALONI & GASTON (1995) e BROWN & FREITAS (1999). Enquanto para Maquiné somaram-se 238 horas-rede ao longo das amostragens, os autores citados compilam dados que, para certos locais, derivam de vários anos de amostragem. Ainda há de se destacar as diferenças das condições climáticas abordadas, já que o Rio Grande do Sul possui uma oscilação de temperatura maior entre as estações do ano, com inverno e verão pronunciados, o que pode afetar a fenologia e sobrevivência de algumas espécies de borboletas. Além disso, segundo BROWN & FREITAS (2000a), pelas isolinhas de riqueza, o Rio Grande do Sul é menos rico em espécies. Mesmo assim, destacam-se as diferentes proporções de Lycaenidae e Pieridae nas amostragens.

TESTON & CORSEUIL (1998, 2000b) registram 42 espécies de Pieridae e 22 espécies de Papilionidae para o Rio Grande do Sul. Destas, 24 e 13 espécies, respectivamente, foram encontradas em Maquiné. Para 42 das espécies aqui registradas não foram encontrados registros publicados para o Estado. Destaca-se a família Lycaenidae, com 21 novas ocorrências, seguida da família Hesperiidae com 19 e Nymphalidae com duas (Tab. III). Há uma lacuna marcada de inventários que incluam Hesperiidae e Lycaenidae, pois, em comparação as outras famílias, incluem espécies geralmente de tamanho diminuto, de difícil amostragem e identificação (BROWN & FREITAS 2000a), como verificado neste estudo.

Segundo compêndio de espécies de borboletas da Mata Atlântica, elaborada por BROWN & FREITAS (2000b), três espécies de borboletas aqui registradas são raras e/ou indicadoras de ambiente preservado - Arcas ducalis (Westwood, 1851) (Lycaenidae, Theclinae); Dismorphia crisia crisia (Drury, 1782) e D. melia (Godart, 1825) (Pieridae, Dismorphiinae). Outras quatro espécies são consideradas raras; Astraptes erycina (Plötz, 1881) (Hesperiidae, Pyrginae); Chalcone santarus (Bell, 1940) (Hesperiidae, Hesperiinae); Alera metallica (Riley, 1921) (Hesperiidae, Hesperiinae); Neoxeniades musarion Hayward, 1938 (Hesperiidae, Hesperiinae) (MIELKE comunicação pessoal). Estas espécies merecem atenção especial; provavelmente por estarem relacionadas à topografia e vegetação muito complexas.

D. melia e D. crisia crisia são espécies associadas a ambientes de interior de mata, junto a locais úmidos (BROWN 1992), e foram registradas por TESTON & CORSEUIL (2000a, 2000b) no Centro de Estudos e Conservação da Natureza Pró-Mata, município de São Francisco de Paula, próximo a área de amostragem do topo da trilha da Serrinha. Em Maquiné, D. melia foi vista apenas em uma ocasião na trilha do Garapiá e D. crisia crisia foi registrada seis vezes nas trilhas do Carvão, Ligeiro e Serrinha. A. ducalis ocorre associada a flores e em locais com altitudes elevadas, foi registrada para a região do município de Pelotas, zona sul do Rio Grande do Sul (KRÜGER & SILVA 2003), e em Maquiné sete vezes no mesmo ponto na trilha da Serrinha, a cerca de 650 m de altitude.

A. erycina foi registrada duas vezes, nas trilhas do Ligeiro e do Garapiá. C. santarus é encontrada em brejos e campos associados a ambientes preservados (BROWN 1992), foi registrada em duas oportunidades na trilha do Garapiá. A. metallica foi registrada apenas uma vez na trilha do Ligeiro e N. musarion, até então conhecida apenas na Mata Atlântica do Rio de Janeiro e Paraná, foi encontrada uma vez ao longo das amostragens na trilha do Carvão. Cabe ressaltar que com exceção de A. erycina, as outras três espécies de borboletas são registros novos para o Rio Grande do Sul.

O monitoramento de borboletas através de inventários pode detectar efeitos ambientais a longo prazo, como poluição atmosférica e da água, mudança de habitat, bem como verificar o tamanho adequado de fragmentos remanescentes através da observação na composição e diversidade das comunidades da região (BROWN & FREITAS 2000a). Para o estabelecimento de um planejamento de conservação em áreas de preservação permanente e seu entorno, como o caso da região do vale do rio Maquiné, aconselha-se direcionar os esforços nas espécies de borboletas indicadoras e/ou raras. Sua necessidade de conservação é prioritária, pois figuram em locais preservados que mantém as populações destas espécies.

Sugere-se que devido a grande diversidade da assembléia de borboletas de Maquiné, registrada em período relativamente restrito de amostragem, seja recomendada a continuidade do inventário para uma descrição mais completa dos padrões de distribuição de riqueza de espécies para este grupo. Entretanto, é importante ressaltar que, mesmo com inventários relativamente curtos ao longo do tempo, como foi o caso deste estudo, é possível gerar resultados ricos e inéditos.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem aos colegas do Laboratório de Bioecologia de Insetos (UFRGS), em especial a Lucas Kaminski, Eduardo Teixeira, Fabiana de Camargo, Maria Ostilia Marchiori, Milton Mendonça Jr e Adriano Cavalleri; e aos demais colegas Patrick Colombo, Luis Ernesto Schmidt, Felipe Zílio, Priscila Miorando, Sofia Zank, Ana Paula Brandt, Tatiana da Silva Pereira e Rafael Dell'Erba pela ajuda ao longo do trabalho. Aos doutores Keith Brown Jr. e André Victor Lucci Freitas (UNICAMP), Olaf H.H. Mielke (UFPR), Marcelo Duarte (MZUSP), Jason Hall (Smithsonian Institution) e a doutora Carla Penz (Milwaukee Public Museum) pelas valiosas identificações das borboletas. Aos doutores Milton Mendonça Júnior e Andreas Kindel (UFRGS), André Victor Lucci Freitas, Elio Corseuil (PUCRS) e a um revisor anônimo pelas críticas, sugestões e revisão deste trabalho. A CAPES pela bolsa concedida e ao CNPq pelo financiamento de parte do trabalho (Processo 478787/2001-4).

Recebido em 13.IV.2004; aceito em 03.VIII.2004.

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    Contribuição número 438 do Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      27 Abr 2006
    • Data do Fascículo
      Set 2004

    Histórico

    • Aceito
      03 Ago 2004
    • Recebido
      13 Abr 2004
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