Ocorrência de Histiotus montanus montanus (Philippi & Landbeck) (Chiroptera, Vespertilionidae) no Rio Grande do Sul, Brasil

Occurrence of Histiotus montanus montanus (Philippi & Landbeck) (Chiroptera, Vespertilionidae) in Rio Grande do Sul, Brazil

COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA

Ocorrência de Histiotus montanus montanus (Philippi & Landbeck) (Chiroptera, Vespertilionidae) no Rio Grande do Sul, Brasil

Occurrence of Histiotus montanus montanus (Philippi & Landbeck) (Chiroptera, Vespertilionidae) in Rio Grande do Sul, Brazil

Marta E. Fabián ^I; Hamilton C. Z. Grillo^II; Elisangela Marder ^II

^IDepartamento de Zoologia, Instituto de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 91540-000 Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. E-mail:[e-mail]

^IIMuseu de Ciências Naturais, Centro Universitário UNIVATES. Caixa Postal 155, 95900-000 Lajeado, Rio Grande do Sul, Brasil. E-mail: [e-mail] [e-mail]

RESUMO

Confirma-se o registro de Histiotus montanus montanus (Philippi & Landbeck, 1861) para o Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, considerando-se que até a presente data, não era conhecida sua área de ocorrência no Estado. Os exemplares examinados são provenientes dos municípios de Bagé, Ilópolis e Pinheiro Machado o que caracteriza ampla distribuição geográfica no estado do Rio Grande do Sul.

Palavras-chave: Distribuição geográfica; sul do Brasil.

ABSTRACT

It is registered the occurrence of Histiotus montanus montanus (Philippi & Landbeck, 1861) in the State of Rio Grande do Sul, Brazil. The examined specimens were collected in the counties of Bagé, Ilópolis and Pinheiro Machado, characterizing wide geographical distributtion in State of Rio Grande do Sul.

Key words: Geographical range; South Brazil.

Histiotus montanus montanus (Philippi & Landbeck, 1861), apresenta distribuição geográfica ampla na América do Sul, compreendendo uma estreita área que se estende para o sul e para oeste, desde a Venezuela e Colômbia através da região central do Equador e do Peru até o sudoeste da Bolívia, incluindo a Argentina, Chile e Uruguai (CABRERA 1957, KOOPMAN 1982). Outros autores reforçam os dados sobre a distribuição geográfica, como MIRANDA et. al (2006) para o estado do Paraná, Brasil, LINARES (1987) para a Venezuela, TIRIRA (1999) para o Equador, MUÑOZ (1995) para a Colômbia, MANN FISCHER (1978) e GANTZ & MARTÍNEZ (2000) para o Chile, OLROG & LUCERO (1980) e BARQUEZ et al. (1999) para a Argentina e ACOSTA Y LARA (1950) e GONZALEZ (1989) para o Uruguai. EISENBERG & REDFORD (1999) citam esta espécie para as porções andinas da Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia e Argentina. ACOSTA Y LARA (1950) faz referência à possível ocorrência de Histiotus montanus montanus no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Esta informação é repetida por diversos autores, contudo sem confirmação. SILVA (1985) inclui Histiotus montanus na lista de espécies de quirópteros registrados para o Estado do Rio Grande do Sul, entretanto, não menciona as localidades onde a mesma teria sido encontrada, nem as coleções científicas de referência. MARINHO-FILHO (1996) também cita a espécie para o Rio Grande do Sul, possivelmente repetindo a informação contida em SILVA (1985), já que não acrescenta nenhum dado novo em relação à coleção científica examinada ou locais de ocorrência.

CABRERA (1957) subdivide a espécie em quatro sub-espécies, com as seguintes distribuições geográficas: Histiotus montanus colombiae Thomas, 1916, na Colômbia e provavelmente no Equador e norte do Peru; Histiotus montanus inambarus Anthony, 1920 no sul do Peru e possivelmente no oeste da Bolívia; Histiotus montanus magellanicus (Philippi, 1866) na região sul do Chile, Argentina, de Santa Cruz até Terra do Fogo - Estreito de Magalhães; Histiotus montanus montanus (Philippi & Landbeck, 1861) no norte e centro do Chile, Argentina de Jujuy até o norte de Santa Cruz e Uruguai. De acordo com os caracteres morfológicos descritos para estas subespécies, no Rio Grande do Sul ocorre Histiotus montanus montanus.

DACIUK (1977) aponta a existência de Histiotus montanus montanus para a Argentina na Península de Valdes, Golfo de San José e Patagônia. BARQUEZ et al. (1999), tratam Histiotus montanus montanus e Histiotus montanus magellanicus como duas espécies e diferentes. Estes autores referem-se à distribuição de Histiotus montanus montanus apresentada por KOOPMAN (1993), a qual se estende para o sul e para oeste da América do Sul, desde a Venezuela, Colômbia, Bolívia, Equador, Peru, Chile, Uruguai e Argentina. Contudo, afirmam que a distribuição parece não ser contínua de norte a sul do continente Sul Americano.

Neste estudo foram examinados três exemplares de Histiotus montanus montanus. Dois estão depositados na coleção científica do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul: uma fêmea adulta (MCN1313) coletada no município de Pinheiro Machado (31º34'42"S, 53º22'52"W), em 07/XI/1984 e uma fêmea jovem (MCN2303) coletada em Bagé (31º21'01"S, 54º03'35"W), em 28/X/1988. Os exemplares depositados nesta coleção não apresentam registro da metodologia de coleta. O terceiro exemplar foi capturado em 22/XI/2003, no município de Ilópolis (28º55'50"S, 52º07'37"W), com rede-de-neblina armada à altura do solo. Este exemplar é um macho adulto (ZMUMCN0535) e encontra-se preservado em via úmida, álcool 70%, na Coleção Zoológica Científica do Museu de Ciências Naturais do Centro Universitário UNIVATES.

Os exemplares examinados apresentam fórmula dentária: 2/3; 1/1; 1/2; 3/3. As medidas constam da tabela I.

Histiotus montanus montanus é uma das espécies que pode ser encontrada em diferentes habitats ao longo de sua distribuição geográfica. Ocorre tanto em matas úmidas altas da Cordilheira dos Andes (LINARES 1987) quanto em altitudes que variam de 218m (Bagé), 436m (Pinheiro Machado) a 800m (Ilópolis). O município de Bagé localiza-se nos limites entre a estepe e a savana, com clima úmido a sub-úmido médio; Pinheiro Machado está inserido em região estépica, em área de clima úmido a sub-úmido forte e Ilópolis localiza-se na Borda Meridional do Planalto das Araucárias, com vegetação típica de Floresta Ombrófila Mista, em área de clima superúmido a úmido fraco (RADAM/BRASIL 1986) (Fig. 1). Considerando-se os registros de captura nos últimos 20 anos, supõem-se que esta espécie não seja abundante no Estado do Rio Grande do Sul.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos à Sra Leda Dalaqua, Secretária de Turismo do Município de Ilópolis, e ao Sr. Nelson Tomazini pela infraestrutura na atividade de campo; ao Dr. Noeli Juarez Ferla pela revisão do manuscrito; ao Rafael Rodrigo Eckhardt, do Setor de Sensoriamento Remoto do MCN/UNVATES, pela elaboração do mapa; aos acadêmicos de Biologia da UNIVATES Aline Scherer, Carla Schwingel, Laura Barbieri de Oliveira e Marco Antônio Sartori, pelo auxílio nas atividades de campo e a Vanessa Araújo da Rosa pelo auxílio nas atividades de laboratório. Agradecemos também à direção do Museu de Ciência Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, por permitir o acesso à coleção científica.

Recebido em 24.V.2005; aceito em 08.III.2006.

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Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  20 Jul 2006
• Data do Fascículo
  Jun 2006

Histórico

• Aceito
  08 Mar 2006
• Recebido
  24 Maio 2005