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Sindrome de currarino associada ao Tailgut Cyst: ressecção abdômino-sacral

The Tailgut Cyst is na embryological remnant of the retrorectal (Presacral) space that can be a part of the currarino syndrome

Resumos

O Tailgut Cyst é um remanescente embriológico do intestino posterior, que pode fazer parte da Síndrome de Currarino. Relato do caso: Paciente feminino, 43 anos com lombalgia, retenção urinária e massa retrorretal. História pregressa de ânus ectópico, constipação associada a megacólon congênito. Exames de imagem evidenciando cisto retrorretal comprimindo o sacro, rechaçando as estruturas pélvicas anteriormente e deformidade sacral congênita. Realizada ressecção em bloco da lesão retrorretal, reto, útero e sacro ao nível de S2. Anátomo-patológico evidenciando tailgut cyst. Caracterizamos a paciente como portadora de síndrome de Currarino. Discusão: A síndrome de Currarino é caracterizada pela malformação anorretal, defeito sacral e massa retrorretal. Tem relação com a mutação do gene HLXB9. O tailgut cyst é um remanescente embriológico do intestino posterior, mais comum em mulher adulto jovem (75-90%). O tailgut cyst relacionado à Síndrome de Currarino é uma lesão incomum. A maioria dos pacientes é assintomática, mas podem apresentar sintomas anorretais, perineais e sacrais. Exames de imagem são úteis para a definição diagnóstica e programação cirúrgica. A excisão cirúrgica completa é recomendada devido ao risco de recorrência, degeneração maligna e infecção crônica, mesmo em pacientes assintomáticos. O prognóstico é incerto.

Cisto Retroretal; Sindrome de Currarino


The Tailgut Cyst is an embryological remnant of the hindgut that can be a part of the Currarino Syndrome. Report of a case: A 43-year-old woman with lombalgy, urine retain and presacral mass. Preceding history of ectopic anus, constipation associated with congenital megacolon. Imaging exams indicate retrorectal cyst that compresses the sacral region, receding the pelvic structure forward and congenital sacral deformity. A block resection of the retrorectal, rectal, uterus and sacrum lesion was carried out in a S2 level. Anatomo-pathologic indicate tailgut cyst. The patient is characterized as carrying the Currarino Syndrome. Discussion: The syndrome is characterized by the malformation of the anorectal, sacral abnormalties and retrorectal mass. It has connection with a gene mutation of the HLXB9. The Tailgut Cyst is an embryological remnant of the hindgut, more common in young adult women (75-90%). The tailgut cyst related to the Currarino Syndrome is an uncommom lesion. Most patients are asymptomatic, however, they may present anorectal, perineo and sacrum symptoms. Imaging exams are useful for diagnostic definition and surgery programming. The complete surgery excision is recommended due to the risk of reestablishment, malignant degeneration and chronic infection, even in asymptomatic patients. The prognosis is uncertain.

Tailgut Cyst; Retroretal Cyst; Presacral Cyst; Currarino Syndrome


RELATO DE CASOS

Sindrome de currarino associada ao Tailgut Cyst: ressecção abdômino-sacral

The Tailgut Cyst is na embryological remnant of the retrorectal (Presacral) space that can be a part of the currarino syndrome

Cristiane Koizimi Martos FernandesI; Fábio LopesI; Luiz Felipe Campos LobatoI; Leonardo Silluzio FerreiraII; Ramon T. SilveiraII; Vera Coelho TeixeiraIII; Bráulio Fortes MesquitaIII; Antônio Lacerda-FilhoI

IServiços de Coloproctologia

IIOrtopedia e Traumatologia

IIIAnestesiologia do Hospital Felício Rocho, Belo Horizonte – Minas Gerais - Brasil

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Dr. Fábio Lopes de Queiroz Hospital Felício Rocho Rua Timbiras, 3585 – Ambulatório B Sala 07 – Barro Preto Belo Horizonte – MG CEP 30140-062 Tel: (31) 3339-7142 Email: fabiolopesq@hotmail.com

RESUMO

O Tailgut Cyst é um remanescente embriológico do intestino posterior, que pode fazer parte da Síndrome de Currarino. Relato do caso: Paciente feminino, 43 anos com lombalgia, retenção urinária e massa retrorretal. História pregressa de ânus ectópico, constipação associada a megacólon congênito. Exames de imagem evidenciando cisto retrorretal comprimindo o sacro, rechaçando as estruturas pélvicas anteriormente e deformidade sacral congênita. Realizada ressecção em bloco da lesão retrorretal, reto, útero e sacro ao nível de S2. Anátomo-patológico evidenciando tailgut cyst. Caracterizamos a paciente como portadora de síndrome de Currarino. Discusão: A síndrome de Currarino é caracterizada pela malformação anorretal, defeito sacral e massa retrorretal. Tem relação com a mutação do gene HLXB9. O tailgut cyst é um remanescente embriológico do intestino posterior, mais comum em mulher adulto jovem (75-90%). O tailgut cyst relacionado à Síndrome de Currarino é uma lesão incomum. A maioria dos pacientes é assintomática, mas podem apresentar sintomas anorretais, perineais e sacrais. Exames de imagem são úteis para a definição diagnóstica e programação cirúrgica. A excisão cirúrgica completa é recomendada devido ao risco de recorrência, degeneração maligna e infecção crônica, mesmo em pacientes assintomáticos. O prognóstico é incerto.

Descritores: Cisto Retroretal; Sindrome de Currarino.

ABSTRACT

The Tailgut Cyst is an embryological remnant of the hindgut that can be a part of the Currarino Syndrome. Report of a case: A 43-year-old woman with lombalgy, urine retain and presacral mass. Preceding history of ectopic anus, constipation associated with congenital megacolon. Imaging exams indicate retrorectal cyst that compresses the sacral region, receding the pelvic structure forward and congenital sacral deformity. A block resection of the retrorectal, rectal, uterus and sacrum lesion was carried out in a S2 level. Anatomo-pathologic indicate tailgut cyst. The patient is characterized as carrying the Currarino Syndrome. Discussion: The syndrome is characterized by the malformation of the anorectal, sacral abnormalties and retrorectal mass. It has connection with a gene mutation of the HLXB9. The Tailgut Cyst is an embryological remnant of the hindgut, more common in young adult women (75-90%). The tailgut cyst related to the Currarino Syndrome is an uncommom lesion. Most patients are asymptomatic, however, they may present anorectal, perineo and sacrum symptoms. Imaging exams are useful for diagnostic definition and surgery programming. The complete surgery excision is recommended due to the risk of reestablishment, malignant degeneration and chronic infection, even in asymptomatic patients. The prognosis is uncertain.

Key words:Tailgut Cyst; Retroretal Cyst; Presacral Cyst; Currarino Syndrome.

INTRODUÇÃO

A síndrome de Currarino é definida pela tríade de tumor pré-sacral, agenesia sacral e malformação anorretal. Já foram descritos mais de 200 casos no período de 1926 a 2003.9 Os cistos de desenvolvimento retrorretais podem estar associados a esta síndrome hereditária. O Tailgut Cyst também conhecido como cisto de cauda intestinal ou hamartoma retrorretal é um remanescente embriológico do intestino posterior, podendo fazer parte desta síndrome.

É relatado a seguir um caso raro de massa retrorretal com diagnóstico definitivo de Tailgut Cyst associado à Síndrome de Currarino em paciente pertencente a uma família portadora desta síndrome genética. São discutidos aspectos etiopatogênicos, diagnósticos e terapêuticos com ênfase na abordagem abdômino-sacral adotada no presente caso.

RELATO DO CASO

Trata-se de paciente feminino, 43 anos, com quadro de lombalgia com piora progressiva, referida principalmente na região sacral, já avaliada em vários serviços de urgência, sem diagnóstico definido. Evoluiu com retenção urinária recorrente e intermitente. Apresentava história pregressa de ânus ectópico com correção cirúrgica aos quatro anos de idade, e de constipação intestinal crônica associada a megacólon congênito, tratado por cirurgia de Duhamel-Haddad há dez anos. Foi submetida ainda a salpingooforectomia bilateral de urgência, devido a quadro de anexite há oito anos. Também é portadora de útero de Delfos e alérgica ao látex. No toque retal foi observada massa retrorretal, de consistência fibroelástica abaulando o reto e canal anal atingindo até o nível da linha pectínea.

Na radiografia pélvica simples observaram-se sinais de deformidade sacral congênita. Foram realizadas ultra-sonografia, tomografia computadorizada (Figura 1) e ressonância magnética que evidenciaram cisto retrorretal com conteúdo espesso, rechaçando o reto e outras estruturas pélvicas anteriormente, útero, bexiga e vasos ilíacos, comprimindo o sacro e deformando o cóccix, Foram considerados e afastados os diagnósticos diferenciais de cordoma, meningomielocele e teratoma. Durante o pré-operatório, a paciente desenvolveu dor neuropática intensa, de difícil controle, irradiando para os membros inferiores.


A abordagem cirúrgica foi realizada em três tempos. Inicialmente foi realizada laparotomia mediana supra e infraumbilical. Durante a exploração da cavidade abdominal foi identificada grande massa fibroelástica, ocupando toda a pelve, rechaçando e comprimindo as estruturas adjacentes, observando-se também duplicação ureteral esquerda. Os vasos ilíacos foram dissecados e isolados para obtenção de controle vascular adequado, sendo então procedida a dissecção da massa pré-sacral em bloco com o colón abaixado, bexiga e útero nela aderidos, o mais caudal e posteriormente possível, evitando-se ao máximo a ruptura da mesma. Neste ponto, foi posicionado um marcador metálico no sacro no nível mais distal da dissecção planejada (Figura 2) e realizada a laparorrafia.


A paciente foi então posicionada em decúbito ventral com a coxa e os joelhos fletidos. Foi realizada incisão sacral hexagonal, englobando toda a pele da região correspondente ao cisto com identificação do sacro e dos nervos sacrais e definição do nível de ressecção óssea (S2) após visualização do marcador metálico através da fluoroscopia. Também foi realizada a ressecção em bloco da massa (Figura 3) com os órgãos pélvicos (reto, útero e anexos) aderidos e dissecados previamente pela via abdominal englobando o sacro. A sacrectomia foi realizada ao nível de S2, tendo-se optado por amputação abdômino-perineal devido à extensão caudal da massa até a linha pectínea, com comprometimento do complexo esfincteriano. A reconstrução da região perineal foi realizada através de avanço de retalho cutâneo do tipo V-Y. A paciente foi então reposicionada em decúbito ventral para relaparotomia, tendo sido realizada revisão da hemostasia pélvica e confecção de colostomia ilíaca a esquerda definitiva.


O estudo anátomo-patológico evidenciou tailgut cyst, sem degeneração maligna. Após revisão da literatura, caracterizou-se a paciente como portadora de síndrome de Currarino hereditária (malformação anorretal – estenose anorretal ou ânus imperfurado; deformidade sacral e massa pré-sacral – cisto de desenvolvimento). Uma investigação familiar foi realizada, evidenciando deformidades sacrais congênitas na mãe e no filho (Figura 4) da paciente através de radiografia pélvica simples. O filho apresentava também história de estenose anal tratada com dilatação digital e meningomielocele anterior assintomática identificada na tomografia computadorizada e ressonância magnética de pelve, após a identificação radiológica da deformidade sacral.


A recuperação pós-operatória foi lenta, com dor neuropática grave bilateral de difícil controle, porém com boa resposta a bloqueio neural progressivo. Inicialmente, a paciente evoluiu com bexiga neurôgenica e com dificuldade para deambulação. Atualmente com um ano de pós-operatório, a paciente encontra-se ativa, urinando espontaneamente, porém com algum grau de retenção urinária e pouca dor neuropática, controlada com medicação oral.

DISCUSSÃO

A tríade de massa pré-sacral, anomalia sacral e malformação anorretal foi descrita pela primeira vez em 1838 por Bryant. Kennedy em 1926 e Ashcraft & Holder em 1974 também caracterizaram esta condição12. Entretanto, somente em 1981, Currarino a reconheceu como síndrome caracterizada como anomalia de embriogênese9,10,12. No período compreendido entre 1926 a 2003 foram descritos mais de 200 casos.

A síndrome de Currarino hereditária é causada por um defeito na modelação dorso-ventral durante o desenvolvimento embriológico, e caracteriza-se pela tríade de malformação anorretal (estenose anorretal ou ânus imperfurado), defeito sacral e massa pré-sacral, geralmente um cisto de desenvolvimento. Anomalias do sistema geniturinário estão freqüentemente associadas a essa síndrome.

A mutação do gene HLXB9 foi identificada em todas as famílias portadoras da síndrome de Currarino. Tal mutação codifica a proteína nuclear HB9 e apresenta transmissão autossômica dominante, porém com baixa penetrância e fenótipo altamente variável. A baixa penetrância fenotípica desta mutação genética pode ser explicada pela formação de mosaicos somáticos, mutação fora da região codificadora ou deleção parcial do gene.10

A síndrome de Currarino é causada pela malformação da notocorda caudal que leva a neurulação aberante secundária, e separação incompleta da camada endodérmica e ectodérmica no desenvolvimento embriológico. Cerca de 80% dos casos foram descritos em crianças.12 Os sintomas mais comuns em crianças são a constipação intestinal crônica (67%) e a dificuldade urinária (9%), enquanto em adultos, além da constipação, a dificuldade urinária e a dor acometem 20% dos pacientes, respectivamente. A constipação intestinal crônica está presente em 80,4% dos pacientes com menos de 12 anos e 91% após 30 anos9. Outras anormalidades que podem estar associadas são hidronefrose, refluxo vesicouretral, duplicação ureteral, rim único, incontinência urinaria, útero bicorno, vagina subseptada e fístula retrovaginal. O defeito sacral na radiografia simples de pelve está presente em todos os pacientes portadores da mutação do HLXB9, mesmo nos indivíduos que não apresentam outros fenótipos da síndrome, os quais também devem ser considerados como portadores da Síndrome de Currarino9,11. Recomenda-se a investigação de familiares de pacientes portadores da síndrome mesmo que assintomáticos.

A ressecção da massa pré-sacral é recomendada, devido ao risco remoto de malignização e de infecção recorrente, além da possibilidade de meningite. O tratamento proposto varia com a gravidade das lesões da síndrome, sendo que os pacientes com fenótipo parcial e poucas manifestações podem ser conduzidos conservadoramente. As complicações pós-operatórias são infecções, meningite e lesão neural com agravamento de bexiga neurogênica e disfunção sexual.

As lesões congênitas correspondem a 55 até 70% de todas as massas pré-sacrais. Os cistos de desenvolvimento são as lesões congênitas mais comuns. Elas são classificadas, de acordo com a origem e características histológicas, em epidermóides, dermóides, entéricas e neuroentéricas. O tailgut cyst é o cisto do tipo entérico, mais comum em paciente adulto jovem do sexo feminino (75 a 90%)4, mas pode ocorrer em qualquer idade. Normalmente são um achado incidental.

A maioria dos pacientes portadores do tailgut cyst é assintomática, mas podem apresentar sintomas anorretais, perineais e sacrais. Sua principal localização é o espaço retro-retal. Sintomas compressivos ocorrem em 51% dos casos, sendo os principais: dor, desconforto ao sentar, dificuldade de evacuar, constipação, tenesmo e retenção urinária. Abscessos perianais e retro-retais recorrentes, assim como cirurgias orificiais de repetição devido ao diagnóstico equivocado de doenças orificiais, como fístula ou cisto pilonidal infectados costumam fazer parte da história pregressa dos pacientes.

Segundo o critério de Peyron4,5,13, o tailgut cyst é multicístico, multiloculado, delimitado por diferentes epitélios embriológicos do trato gastrointestinal (escamoso, colunar ciliado, colunar mucosecretor e transicional). Sua cápsula contém fibras de músculo liso bem formadas de permeio à musculatura desorganizada, o que o diferencia da duplicação intestinal (camada muscular bem diferenciada). Além de epitélio e musculatura, contém ainda estrutura de outras linhas germinativas, como vasos sanguíneos e tecidos fibrosos., não apresentando apêndices dérmicos, elementos neurais e derivados mesenquimais (como cartilagem e ossos), vistos freqüentemente nos teratomas maduros. A presença de epitélio cuboidal ou colunar distingue o tailgut cyst do cisto dermóide ou epidermóide.15

A radiografia simples pode mostrar anormalidade sacrococcígea, enquanto a ultra-sonografia pode evidenciar massa multicística complexa na região retrorretal com conteúdo gelatinoso e debris inflamatórios. A tomografia computadorizada mostra massa retroperitoneal multicística, loculada, sendo difícil a diferenciação entre cística e sólida devido ao conteúdo inflamatório e à presença de debris queratinizados. A presença de calcificação sugere cisto dermóide, teratoma ou neoplasia maligna de origem óssea. A ressonância magnética mostra lesão bem circunscrita, parede fina, hipointensa na fase T1 e homogênea e hiperintensa na fase T2, sendo que os septos são mais bem definidos nesta fase.

As complicações dos cistos de desenvolvimento mais comuns são infecção, sangramento e degeneração maligna. Inflamação aguda ou crônica é a complicação mais comum, ocorrendo em 30% a 50% dos casos. Apesar de ser normalmente benigna, a degeneração carcinomatosa pode ocorrer em até 7% dos cistos entéricos (tailgut cyst e cisto de duplicação intestinal)3.

A excisão cirúrgica completa é recomendada devido ao risco de recorrência, degeneração maligna e infecção crônica, mesmo em pacientes assintomá-ticos.13 Existem três abordagens descritas para o tratamento desta lesão: abdominal, trans-sacral e abdômino-sacral.

A abordagem abdômino-sacral é a mais recomendada pela literatura, principalmente se há suspeita de malignidade15. Trata-se de técnica relativamente segura, apresentando 36% de complicações, como bexiga neurogênica, hemorragia e infecção.15 Tem como principal vantagem a dissecção e isolamento dos ureteres e dos vasos ilíacos, evitando-se a lesão dos mesmos, praticada por via abdominal, o que é mais difícil de ser obtido por via trans-sacral. A ligadura da artéria e veia sacral média e dos vasos ilíacos internos são defendidos por alguns para reduzir o risco de sangramento.15 Já o tempo sacral da cirurgia permite a dissecção e preservação dos nervos sacrais que estiverem acima do nível de secção do sacro, possibilitando a ressecção em bloco da lesão retro-retal e estruturas adjacentes aderidas à lesão, incluindo o sacro. Não são observadas seqüelas neurológicas permanentes nas sacrectomias abaixo de S2, ou se são preservados pelo menos unilateralmente os nervos de S2-S4.15 O prognóstico é incerto, dependendo da ressecção cirúrgica completa e histologia do tumor.

A síndrome de Currarino apresenta transmissão autossômica dominante, porém com baixa penetrância e fenótipo altamente variável, indicando que o número de portadores da mutação HLXB9 é subestimado. O tailgut cyst relacionado à Síndrome de Currarino é uma lesão incomum, de difícil diagnóstico que necessita de planejamento pré-operatório para sua ressecção completa.

Recomenda-se a investigação de familiares de pacientes portadores da síndrome de Currarino mesmo que assintomáticos. A ressecção da massa pré-sacral associada à síndrome de Currarino também é recomendada, devido ao risco remoto de malignização e infecção recorrente e possibilidade de meningite, mesmo em pacientes assintomáticos.

A ressecção em monobloco destas lesões retrorretais costuma ser considerada como tratamento eficaz, independentemente do diagnóstico da lesão, que é obtido, portanto, por biópsia excisional. Tal abordagem deve ser sempre preferida nestes pacientes, devido ao risco de infecção, recidiva local e degeneração maligna.

A abordagem abdômino-sacral permite a exérese completa da massa retrorretal sem lesão da cápsula, o que é importante para o correto tratamento oncológico, mostrando-se ainda mais segura na preservação das estruturas pélvicas, como os vasos ilíacos e nervos sacrais. A participação de equipe multidisciplinar é fundamental para o êxito deste tipo de procedimento.

Recebido em 13/08/2007

Aceito para publicação em 08/10/2007

Trabalho realizado no Hospital Felício Rocho, Belo Horizonte – Minas Gerais - Brasil.

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  • Endereço para correspondência:
    Dr. Fábio Lopes de Queiroz
    Hospital Felício Rocho
    Rua Timbiras, 3585 – Ambulatório B
    Sala 07 – Barro Preto
    Belo Horizonte – MG
    CEP 30140-062
    Tel: (31) 3339-7142
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      29 Fev 2008
    • Data do Fascículo
      Dez 2007

    Histórico

    • Aceito
      08 Out 2007
    • Recebido
      13 Ago 2007
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