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Memória e representações: a fotografia e o movimento estudantil de 1968 no México

Resumos

A história recente do movimento estudantil de 1968 no México indica que esse acontecimento tem um peso fundamental para o entendimento das atuais condições políticas do país. O artigo analisa as complexas relações entre a imprensa e o poder político da época e apresenta exemplos relevantes em torno do papel estratégico desempenhado pela fotografia na cobertura de alguns dos episódios mais significativos. Por exemplo, as multidões presentes às manifestações nas ruas, a tomada violenta das universidades por militares e o massacre da população civil em Tlatelolco por conta do Estado. Em todos esses acontecimentos houve uma disputa simbólica, entre os estudantes e o governo, pela apropriação de imagens. Depois de pouco mais de 40 anos, é possível analisar a questão e reconhecer a importância do uso político e cultural das fotografias pelos diferentes grupos.

movimento estudantil; fotojornalismo; democracia


Recent history of the Mexican student movement of 1968 shows that this event has a central significance to understanding the existing political conditions of the country. The article analyzes the complex relations between the press and the political powers of that time and relevant examples are presented which centre around the way in which photography played a strategic role covering some of the most relevant episodes of that chapter of Mexican history. For example, the multitudinous street demonstrations, the army's violent seizure of the universities and the State's slaughter of the civil population in Tlatelolco. In all those events, a symbolic dispute between the students and the Mexican government arose for the appropriation of the images. At a distance of a little more than 40 years, it's possible to give a leading role to the political and cultural use of photographs by the different groups.

student movement; photojournalism; democracy


DOSSIÊ: HISTÓRIA E DEMANDAS SOCIAIS

Memória e representações: a fotografia e o movimento estudantil de 1968 no México 1 1 Este artigo é parte de uma pesquisa mais ampla conduzida pelo autor no Instituto Mora, na Cidade do México, sob patrocínio do Fondo Sectorial de Investigación para la Educación, do Consejo Nacional de Ciencia y Tecnología. Agradeço os comentários dos pesquisadores John Mraz e Rebeca Monroy. Outros textos de minha autoria: DEL CASTILLO TRONCOSO, Alberto. Rodrigo Moya: una visión crítica de la modernidad. México: Conaculta, 2006; DEL CASTILLO TRONCOSO, Alberto. La frontera imaginaria: usos y manipulaciones de la fotografía en la investigación histórica. Cuicuilco, México: Enah, v.14, n.41, p.193-215, 2007.

Memory and representations: photography and the 1968 student movement in Mexico

Alberto del Castillo Troncoso

Departamento de História Cultural, Instituto de Pesquisa Dr. José María Luis Mora. Plaza Valentín Gómez Farías s/n, San Juan Mixcoac. Z.C. 03730. México DF – México. adelcastillo@institutomora.edu.mx

RESUMO

A história recente do movimento estudantil de 1968 no México indica que esse acontecimento tem um peso fundamental para o entendimento das atuais condições políticas do país. O artigo analisa as complexas relações entre a imprensa e o poder político da época e apresenta exemplos relevantes em torno do papel estratégico desempenhado pela fotografia na cobertura de alguns dos episódios mais significativos. Por exemplo, as multidões presentes às manifestações nas ruas, a tomada violenta das universidades por militares e o massacre da população civil em Tlatelolco por conta do Estado. Em todos esses acontecimentos houve uma disputa simbólica, entre os estudantes e o governo, pela apropriação de imagens. Depois de pouco mais de 40 anos, é possível analisar a questão e reconhecer a importância do uso político e cultural das fotografias pelos diferentes grupos.

Palavras-chave: movimento estudantil; fotojornalismo; democracia.

ABSTRACT

Recent history of the Mexican student movement of 1968 shows that this event has a central significance to understanding the existing political conditions of the country. The article analyzes the complex relations between the press and the political powers of that time and relevant examples are presented which centre around the way in which photography played a strategic role covering some of the most relevant episodes of that chapter of Mexican history. For example, the multitudinous street demonstrations, the army's violent seizure of the universities and the State's slaughter of the civil population in Tlatelolco. In all those events, a symbolic dispute between the students and the Mexican government arose for the appropriation of the images. At a distance of a little more than 40 years, it's possible to give a leading role to the political and cultural use of photographs by the different groups.

Keywords: student movement; photojournalism; democracy.

O movimento estudantil mexicano de 1968 constitui uma referência fundamental para o estudo da história contemporânea do país. A contribuição mais importante daqueles jovens foi a legitimação da defesa do poder da lei em uma época na qual o Estado era governado por um partido único, o Partido Revolucionário Institucional (PRI). O partido havia encabeçado um governo emanado da Revolução Mexicana, e vinha dirigindo o país por várias décadas de relativa estabilidade política baseada no controle corporativo dos sindicatos de trabalhadores e agências de apoio aos camponeses, porém desprovida de contrapesos democráticos.

Há mais de 40 anos, o movimento estudantil foi repudiado pelo governo com base na tese que assegurava a existência de um boicote comunista visando impedir a realização dos XIX Jogos Olímpicos. Porém, nos últimos anos o movimento político de 1968 ingressou no asséptico horizonte do 'politicamente correto', e seu nome inscreveu-se em letras douradas nas iniciativas do mesmo Congresso que anteriormente o repudiara. Os antigos 'agitadores' e 'terroristas' são agora considerados mártires e fundadores da democracia no México. Esse foi um processo universal, ocorrido também em outras latitudes, que deve ser levado em conta na análise histórica desses episódios, de forma a não reciclarmos mitos nem acabarmos por criar novos ídolos. 2 2 O mais recente capítulo dessa guinada de 180 graus foi protagonizado pelo presidente Felipe Calderón, que em outubro de 2010 fez a apologia do movimento estudantil de 1968, por ocasião do centenário da Unam, quando se referiu à violenta intervenção do exército em San Ildefonso como "o bazucazo da intolerância".

A fotografia e sua utilização editorial esteve presente no registro de fatos e em sua posterior conversão em elementos construtivos da memória coletiva; primeiro, pela cobertura jornalística dos eventos estudantis e, a seguir, em todas as publicações importantes sobre o assunto. Apesar disso, as fotos pouco têm sido mencionadas na reflexão histórica sobre esse episódio importante para a vida política do país, e pode-se dizer que as diferentes abordagens têm quase sempre subestimado o papel das imagens, tendo enfocado preferencialmente outros tipos de documentos orais e escritos.

Não que as imagens tenham estado ausentes nas reflexões dos cronistas, escritores, literatos e acadêmicos durante os últimos 40 anos. O problema reside no papel secundário que vem sendo atribuído às imagens, quase que decorativo, apenas para ilustrar as reflexões e as abordagens dos analistas. 3 3 Alguns exemplos são a crônica pioneira de Elena Poniatowska (1971), que inclui um dossiê de fotografias ilustrativas e, mais recentemente, os trabalhos de ÁLVAREZ GARÍN, Raúl. La estela de Tlatelolco: una reconstrucción histórica del movimiento estudiantil del 68. México: Itaca, 2002; e de GUEVARA NIEBLA, Gilberto. La libertad nunca se olvida. Memoria del 68. México: Cal y Arena, 1998b, que incorporam dois registros fotográficos distintos, nos quais os autores omitem qualquer tipo de comentário.

Neste artigo desenvolverei um exercício bastante particular, seguindo as coordenadas 'canônicas' do movimento estudantil de 1968, porém revertendo os parâmetros convencionais a fim de dar voz ao testemunho dos fotógrafos e ao uso editorial de suas imagens. Essa interpretação é de grande importância para a compreensão das diferentes perspectivas segundo as quais o movimento estudantil foi registrado, e para o entendimento da forma pela qual se construiu um imaginário coletivo que influenciou amplos setores sociais e que durante 40 anos se reciclou, até se transformar em alguns poucos ícones. 4 4 Refiro-me ao fato de que a cobertura fotográfica do 1968 Mexicano inclui vários milhares de fotografias. Contudo, a memória do evento é reciclada a cada aniversário, pela circulação de algumas imagens que foram convertidas em ícones emblemáticos do movimento.

Uma vasta cobertura fotojornalística estava presente em 1968, e girava em torno de uma órbita de autocensura, com regras políticas e culturais implícitas que se expressavam principalmente pelo uso editorial das imagens. Em 1968, a imprensa estava subordinada às coordenadas políticas de um regime de partido único. A dissidência civil não era tolerada pelos governos do PRI, de natureza autoritária e corporativa. Contudo, tal dissidência não representava reivindicações que contassem com o suporte da maioria dos cidadãos. Por esse motivo, o trabalho dos fotógrafos é de grande importância para a representação abrangente dos diversos matizes da relação entre a imprensa e o poder naqueles anos.

De 22 de julho a 2 de outubro de 1968, nem a imprensa tradicional nem as revistas ilustradas se comportavam de maneira homogênea. Ao contrário, havia diferentes gradações que abrangiam as diversas posições políticas, desde a direita empresarial anticomunista até os grupos radicais de extrema esquerda, assim como várias opções moderadas. Na maioria dos casos, a subordinação e o alinhamento ao Estado e ao poder de fato refletiam-se, entre outros aspectos, no controle sobre o fornecimento e a distribuição do papel utilizado para a impressão de jornais e revistas, assim como sobre o conteúdo dos anúncios comerciais, importante componente do suporte financeiro tanto para os jornais quanto para as revistas. Isso influenciava os diferentes níveis de comportamento observados no interior de cada publicação.

De um repertório complexo e variado, extraio alguns exemplos para ilustrar a abordagem anterior. Excélsior, o mais importante jornal progressista do país, que abrigava em suas páginas as bem-informadas críticas do historiador liberal Daniel Cosío Villegas e uma plêiade de notáveis colaboradores como Frylán López Narváez, Enrique Maza e Hugo Iriart, os quais demoliam, com suas reflexões, a natureza autoritária do regime de Díaz Ordaz, caracterizava-se por publicar editoriais cautelosos e moderados, institucionalmente muito próximos à perspectiva oficial, com as destacadas exceções da tomada pelos militares da Cidade Universitária e dos violentos acontecimentos de 2 de outubro. Nesse contexto, a cobertura fotográfica do jornal, executada por fotógrafos como Aarón Sánchez, Miguel Castillo e Carlos González – que aliás foi ferido a baioneta em Tlatelolco –, correspondia a esses interesses e contradições, e é por tais coordenadas e parâmetros que devemos conduzir a leitura de suas imagens. 5 5 Entrevista de Aarón Sánchez concedida a Alberto del Castillo, 15 ago. 2008.

A revista Tiempo era dirigida pelo premiado escritor Martín Luis Guzmán, anteriormente cooptado pelo Estado, e que se tornou um dos mais acerbos inimigos do movimento estudantil. A revista cumpria a missão oficial de condenar os estudantes e de fomentar a teoria de uma conspiração antigovernamental naquele período. O paradoxo reside em que o editor-chefe da revista contratou os serviços dos Irmãos Mayo (Hermanos Mayo) – coletivo de fotógrafos republicanos que se tornou uma lenda na história do fotojornalismo nacional e que possuía orientação política de esquerda –, os quais se diluíam em meio às ferozes chamadas anticomunistas impostas pelo editor-chefe da revista. 6 6 Martín Luis Guzmán foi um dos mais importantes escritores mexicanos do século XX, autor de algumas das mais festejadas novelas e crônicas da Revolução, como El águila y la serpiente e La sombra del caudillo. Sua cooptação pelas fileiras oficiais representou para o Estado mexicano a apropriação da herança cultural da Revolução, em sua disputa pelos símbolos nacionais contra as pretensões dos estudantes.

A revista Life en español retomou a notável tradição iconográfica da revista ilustrada e patrocinou a construção editorial de sequências narrativas baseadas na visão de competentes fotógrafos mexicanos, como Dávila Arellano e Jesús Díaz, e na assinatura de bem-informados correspondentes, como Bernard Diederich, que mantiveram um posicionamento crítico em relação aos argumentos oficiais e aos vínculos estabelecidos com determinados setores da opinião pública americana, como também ao não ignorado fato de certo acordo entre a nação do norte e a política externa mexicana da época.

A disputa pelas imagens

A primeira fase do que correntemente identificamos como o movimento estudantil de 1968 inclui a última semana de julho e se caracteriza por dois elementos: o excesso de repressão, materializado pelo abuso policial e pela presença do Exército no bairro central da capital, e pela predominância de adolescentes, estudantes de primeiro e segundo grau e de treinamento vocacional e que entraram em confronto violento com os agentes do governo, quando encurralados em suas escolas, com algumas exceções, na praça da Universidade, no centro da cidade. A intensa crônica desses 10 dias repletos de ferozes enfrentamentos pode ser lida no trabalho clássico de Ramón Ramírez (1969) e na posterior compilação de Daniel Cazés (1993).

Durante esse período, as autoridades apressadamente criaram uma teoria conspiratória segundo a qual o movimento seria interpretado como parte de um complô internacional comunista, financiado do exterior, com a finalidade de boicotar os Jogos Olímpicos.


Em termos gerais, a imprensa rapidamente alinhou-se com o discurso oficial e reproduziu boletins e declarações das autoridades. Nessa primeira fase, duas figuras militares predominavam: o governador do Distrito Federal, Alfonso Corona del Rosal, e o chefe da polícia metropolitana, Luis Cueto.

Do material fotográfico desse período, publicado em jornais e revistas, diversos elementos devem ser enfatizados: os eventos urbanos no bairro central e o destaque das ruas como cenário privilegiado de revolta e confrontação, mas também as prisões ilegais de jovens por civis e por pessoal uniformizado; a pouca idade dos estudantes que desempenharam papel de liderança nesse primeiro período e que foram o alvo principal das investidas oficiais, tema que não deve ser subestimado porque a rápida expansão do movimento baseou-se nessa primeira fase; a militarização do espaço urbano anteriormente mencionado, e as primeiras reações de curiosidade da população diante dos tanques e dos veículos militares motorizados; a repressão como modus operandi dos militares, representada pelo assim chamado bazucazo, com o qual o Exército destruiu a porta de entrada barroca do edifício do antigo Colégio de San Ildefonso da Universidade Nacional Autônoma do México (Unam), ocorrência reiteradamente negada pelas autoridades, mas que encontrou eco imediato nas diversas fotografias publicadas no dia seguinte ao acontecimento, num momento inicial em que o confisco dos rolos dos fotógrafos ainda não era operado de forma sistemática como forma de ação pelos comandos civil e militar.

Quase que todas as evidências coletadas pelos fotógrafos da época colocam esse episódio como o momento simbólico mais representativo da primeira fase, marcando um salto qualitativo no uso da violência pelo Estado. Esse evento foi tomado pelos estudantes como fundamental, capaz de justificar a existência do movimento, e adotaram as fotos de então em seus cartazes, faixas e jornais murais, nos dias que se seguiram.

Entre muitos outros exemplos, destaco alguns matizes presentes na narrativa de El Heraldo de México, dirigido pelo empresário poblano Gabriel Alarcón, muito próximo a Días Ordaz e que era representante de um estilo gráfico moderno, expresso por toda a cobertura. Essas contradições permaneceriam pelos meses seguintes: de um lado, o conservadorismo expresso na reprodução de teses anticomunistas e xenófobas, com foco na figura de alegados agitadores estrangeiros, entre os quais a linda nova-iorquina Kika Seeger, filha de um dos mais famosos cantores de protesto da época; e, de outro, a modernidade que se refletia nas perspectivas de uma cobertura atenta dos diferentes cenários, competentemente representada por um grupo de aproximadamente dez fotógrafos que às vezes chegavam a atuar em conjunto.

As revistas encontravam a pausa necessária para a narração de fatos como elemento distintivo, algo que, por exemplo, ocorreu na Life en español, em sua monitoração testemunhal do assédio a um estudante, com legendas que denunciavam a arrogância dos soldados, e a proposta editorial que representava um sugestivo diálogo visual de perseguições policiais no México e na França, indicando o desejo de interpretar os eventos de perspectiva mais ampla; em La cultura en México, com o equilíbrio entre as imagens de María e Hector García e a crônica de Monsiváis; e finalmente, na capa e nas páginas internas de Por qué?, dirigido pelo controverso jornalista Mario Menéndez, o qual ignorou os créditos fotográficos mas registrou meticulosamente a repressão e o encarceramento de jovens de uma perspectiva especial, na qual afirmava ser ele próprio o único veiculador da verdade.

A construção de um script paranoico para a teoria conspiratória elaborada na última semana de julho pelas autoridades do governo – script esse cuja existência se confirmou pelas recentes pesquisas baseadas em documentos oficiais, locais e estrangeiros, antes confidenciais, mas que recentemente passaram a domínio público – não contava com uma peça que não se encaixou no quebra-cabeças dos dias em que o comportamento dos políticos seguia os padrões previsíveis do 'politicamente correto' e de seu previsível alinhamento com as diretrizes do governo.

Trata-se do desempenho de Javier Barros Sierra, reitor da Unam, que, algumas horas após o ataque a San Ildefonso, desfraldou a bandeira a meio mastro da Cidade Universitária e conduziu a primeira marcha organizada pela universidade e pelos alunos da Politécnica, o que permitiu que o CNH (Consejo Nacional de Huelga ou Conselho Nacional de Greve) emergisse como o órgão de liderança nacional e único interlocutor com o governo. A atuação política do reitor nos primeiros dias de agosto foi tão efetiva que conseguiu deter o linchamento dos jovens pelo governo e pela mídia, orquestrado na imprensa, e abrir um breve período de trégua na cobertura antiestudantil pelos vários veículos de mídia, o que, por sua vez, abriu o espaço político para a organização dos estudantes universitários.

Como resultado, esse episódio foi uma das mais importantes passagens na disputa pelo controle e pela disseminação de imagens em 1968. O simbolismo das imagens que mostravam a mais importante autoridade da Unam conduzindo uma manifestação pacífica pelas ruas da cidade alçou a revolta estudantil dos estreitos confins da imprensa sensacionalista ao plano principal do debate nacional.

A cobertura fotográfica de outros jornais tão conservadores quanto El Heraldo de México contentou-se em registrar em suas chamadas detalhes tão significativos como os aplausos com que os residentes do conjunto Miguel Alemán, na rua Félix Cuevas, recebeu a marcha das sacadas de seus apartamentos. 7 7 El Heraldo de México, 2 ago. 1968. Outros órgãos de imprensa, seguindo coordenadas políticas similares, destacaram a dignidade de Barros Sierra e a marcha pacífica e civilizada dos estudantes reunidos sob sua liderança. Foi assim com La Prensa, que deixou de lado, ao menos uma vez, os boletins governamentais para afirmar na primeira página que "milhares de estudantes e professores, liderados pelo reitor, realizaram ontem uma das maiores, mais pacíficas e mais organizadas demonstrações de que se tem memória". 8 8 La Prensa, 2 ago. 1968. Uma distinção atribuída aos estudantes que não seria repetida nas semanas seguintes.

A exceção não proveio dos grupos empresariais, tradicionalmente alinhados com o governo, mas de alguns setores da extrema esquerda, representados pelas revistas Sucesos e Por qué? Esta última apresentou uma cobertura gráfica da manifestação em que criticava a figura do reitor, denunciando em suas legendas o 'oportunismo' de Barros Sierra, supostamente caracterizado por sua decisão de não conduzir a marcha até o Zócalo mas, ao contrário, de dobrar na avenida Félix Cuevas de volta ao campus universitário. 9 9 Por qué?, Primeira edição extraordinária, ago. 1968, p.27.


Com base na existência de traços de semelhança entre a interpretação dessa revista e o posicionamento das autoridades, alguns líderes do movimento, como Gilberto Guevara Niebla, sugeriram uma conexão entre o redator chefe da revista e o Departamento de Estado. 10 10 GUEVARA NIEBLA, Gilberto. La democracia en la calle: crónica del movimiento estudiantil mexicano. México: Siglo XXI, 1998a. p.69. Pessoalmente, e refletindo sobre os limites da edição fotográfica, penso que para além da alegada infiltração do governo nas páginas de Por qué?, o que realmente importa é enfatizar a semelhança entre as posições dos setores mais radicais e o discurso oficial – uma coincidência perturbadora que se manteve durante as semanas seguintes, e um fator chave para as decisões do CNH. Essa é, de fato, uma das possíveis leituras que emergem do uso editorial de algumas das fotografias publicadas na revista pela qual Mario Menéndez era responsável.

A Marcha de 13 de Agosto

A demonstração de 13 de agosto é o melhor exemplo do espírito irreverente, vivaz e rebelde de 1968. Essa foi a primeira manifestação de massas do CNH, organizada apenas uma semana antes e, portanto, fora do controle corporativo do governo e distante de seu aparelho de inteligência, à época.

É difícil imaginar agora, 40 anos depois, a subversão implícita no fato de uma simples organização não oficial organizar uma demonstração de 150 mil pessoas sem pedir permissão às autoridades e se dirigir em seus panfletos ao povo do México, ignorando a figura do Executivo e, sobretudo, pretendendo conduzir a marcha ao espaço sagrado do Zócalo, sempre reservado às manifestações de apoio ao 'Sr. Presidente'.

A cobertura fotográfica foi ampla, abrangendo toda a imprensa. A trégua subsequente à marcha do reitor já havia passado, e jornais focados em negócio, tais como El Sol de México, El Heraldo e outros mais próximos à visão oficial, como La Prensa, voltaram-se às diretrizes esperadas, procurando desacreditar o movimento, vinculando-o a interesses comunistas e estranhos ao país. Todavia, são abundantes as variações e as diferenças, e assim temos a cobertura de jornais como Excélsior e El Día, que retratam o evento de forma menos obviamente polarizada e com extensiva cobertura fotográfica, na qual uma leitura oficial dos fatos ainda não havia sido imposta.

Nos últimos anos encontrou-se uma significativa evidência fotográfica no campo documental, que havia permanecido oculta por largo tempo e que agora está disponível em arquivos públicos, acessíveis a qualquer cidadão. Destacam-se dois registros importantes, concebidos, desenvolvidos e realizados por dois dos principais candidatos à presidência em 1968: o secretário de Governo, Luis Echeverría, e o governador do Distrito Federal, Alfonso Corona del Rosal. A disputa simbólica pelas imagens foi parte da luta subterrânea entre os que recebiam o favorecimento presidencial.

No primeiro caso, a documentação foi adquirida pelo Instituto de Investigación sobre la Universidad y la Educación (IISUE) da Unam há poucos anos, quando a viúva de um fotógrafo pôs à venda seu arquivo, fato esse aparentemente ignorado pela mídia, mais focada na criação de mitos que na investigação profissional dos fatos. A identidade do autor é agora conhecida: Manuel Gutiérrez, que, por ordem de Echeverría, registrou as marchas estudantis com uma câmera posicionada no terceiro andar do Hotel del Prado. O que se encontrou é possivelmente o restante de um arquivo bem maior, que pode estar guardado no labirinto dos depósitos do governo ou que talvez tenha sido oportunamente destruído por algum funcionário quando o curso do poder começou a mudar no final do século (García, 1998).

O segundo arquivo foi encontrado há alguns anos em um sótão, entre caixas de sapatos e restos de documentos burocráticos e administrativos de um escritório do antigo DDF, hoje Governo da Cidade do México. Diferentemente do caso anterior, a identidade do fotógrafo permanece desconhecida; contudo, o registro documental é também muito importante e cobre alguns dos capítulos fundamentais do conflito (Ancira, 2008).

Ambos os registros (ou o que resta deles) mostram claramente a preocupação das autoridades policiais da Cidade do México em registrar e controlar as diversas manifestações urbanas que escapavam à sua governança corporativa e punham em risco a estabilidade governamental, baseada no quebra-cabeças político cuja gestão funcionara de modo razoável por décadas, mas que dava sinais de esgotamento no final da década de 1960. Constitui um paradoxo o fato de que o corpo fotográfico dessas duas coleções tenha sido usado em curto prazo pelos serviços de inteligência mexicanos e que atualmente ele represente a melhor amostra visual para o estudo do conflito estudantil.

A Marcha de 27 de Agosto

A espetacular Marcha de 27 de Agosto representou o apogeu da capacidade organizacional do movimento estudantil. Ela também exibiu, de forma dramática, seus limites e fissuras, os erros logo cometidos pelo comando do CNH, a sombra dos serviços de inteligência do governo e a estratégia midiática das autoridades, as quais optaram por um controle mais direto da cobertura fotográfica diária enquanto permitiam a existência de espaços alternativos, representados pela publicação de algumas imagens em determinadas revistas semanais ilustradas de alcance limitado.


A última semana de agosto parecia propícia à negociação entre o governo e o CNH. A Secretaria de Governo telefonara – no dia 22 – para um representante do CNH, expressando sua boa vontade em discutir alguns dos aspectos da lista de reivindicações. A resposta do alto comitê de estudantes foi convocar uma segunda manifestação em massa para o dia 27 e exigir o desdobramento público do diálogo entre o governo e um comitê de 36 representantes do CNH, seis para cada um dos temas da lista de demandas, com livre noticiário e cobertura radiofônica ao vivo dos eventos.

A expectativa pelo encontro esteve presente por vários dias na esfera popular e desapareceu ainda cedo na manhã do dia 28, com a intervenção das Forças Armadas buscando dispersar os estudantes que haviam decidido montar guarda no Zócalo para exigir o diálogo público com Díaz Ordaz no dia previsto para seu pronunciamento, e com a evidente articulação de uma enérgica estratégia repressiva executada horas após a evacuação da praça.

A marcha do dia 27 partiu do Museu Nacional de Antropologia, 11 11 O Museu Nacional de Antropologia foi projetado pelo arquiteto Pedro Ramirez Vazquez e foi aberto em 1964. Nos anos 1960, representava a convergência do nacionalismo revolucionário com suas pretensões de cosmopolitismo e modernidade. o ponto de referência par excellence dos modernos governos do PRI, e seguiu até o Zócalo. Reuniu cerca de 300 mil participantes que desfilaram pacificamente, demonstrando o tremendo poder de convocação do CNH, com apenas três semanas de existência. Houve diversos discursos, e durante o seu transcorrer um estandarte vermelho e preto foi içado ao mastro, em substituição à bandeira nacional. Por fim, Sócrates Campos Lemus, um dos líderes estudantis, desenvolveu um discurso mais agressivo e propôs à multidão a provocativa ideia de deixar uma guarda de 3 mil estudantes para exigir um debate público com Díaz Ordaz no Zócalo, por ocasião da fala presidencial. Por volta de 1 da manhã o Exército interveio para dispersar os estudantes e retomar o controle da praça. 12 12 Durante várias décadas, Campos Lemus foi relacionado à inteligência do governo. A esse respeito ver Guevara Niebla (1998b, p.27, 42, 78 e 79).

A cobertura da mídia para a Marcha de 27 de Agosto demonstrou seu perfil oficial de forma clara e ainda mais convincente e, com laços mais fortes de cooperação com o governo, alinhou-se com a estratégia governamental e a teoria conspiratória.

O primeiro aspecto a destacar é que a maioria dos jornais deu ênfase, em suas notícias de primeira página, à evacuação dos estudantes do Zócalo, à 1 da manhã, relegando a informação gráfica sobre a marcha para as páginas internas. Assim, o governo capitalizava a desajeitada decisão do CNH sobre a permanência de uma guarda de estudantes no Zócalo. De acordo com a abordagem previamente acertada entre a imprensa e o Estado, o peso político da enorme demonstração foi minimizado, desviando-se a atenção para as provocações dos estudantes. Se considerarmos que o fechamento das inserções fotográficas se dá normalmente às 11 horas da noite, chama atenção a boa vontade geral da imprensa em usar um material relacionado a ações transcorridas entre 1 e 3 da manhã. Esse fato somente se explica pela preponderância de fatores políticos específicos e por diretrizes ditadas pelas autoridades e repassadas aos proprietários e editores das empresas de mídia.

O caso extremo que ilustra a confluência de interesses é o que se refere à inclusão, na primeira página, da fotografia tirada durante a reunião à noite, mostrando o mastro com o estandarte vermelho e preto. Essa foto foi publicada em quase toda a imprensa como parte de uma operação induzida pela Presidência da República, como prova a correspondência sobre o assunto entre Gabriel Alarcón, editor-chefe de El Heraldo, e Díaz Ordaz, na qual Alarcón informa ao presidente ter comunicado aos editores responsáveis de outros jornais a importância de usarem essa imagem para contraditar a influência do movimento. Essa era uma das medidas acordadas como parte da estratégia antiestudantil das organizações de mídia, conforme registrado em documentos recentemente abertos à consulta pública no Arquivo Geral da Nação.

Um espaço alternativo pode ser encontrado em algumas revistas ilustradas de diferentes perfis ideológicos. Life en español distanciava-se das perspectivas oficiais, destacando que os governos latino-americanos imediatamente desqualificavam as mobilizações sociais rotulando-as de 'comunistas' e, em vez disso, indicava que o real motivo da rebelião estaria na natureza autoritária de um 'regime revolucionário de partido único'. Com base nessa lógica, a revista publicou uma foto panorâmica da marcha quando passava pela avenida Juárez, tirada da Torre Latino-americana, o que permitia dimensioná-la como um protesto cívico de 200 mil pessoas. 13 13 Life en español, 7 set. 1968, p.19.


Por seu lado, La Cultura en México, suplemento da revista Siempre!, publicou uma sequência de imagens da marcha por Hector García, as quais destacavam tanto a multidão quanto outros aspectos da demonstração, resgatando seu caráter cívico e os seus propósitos em uma visão documental própria. Essa crônica visual era contextualizada pelo olhar irônico de Carlos Monsiváis, que inseria parágrafos com argumentos e diferentes opiniões sobre o movimento. Entre elas encontra-se a defesa servil do governo pelo jornalista Carlos Denegri junto a posições mais inspiradas e precisas, como as de Daniel Cosío Villegas, que questionava com grande clareza a politização e o verdadeiro preparo dos estudantes. 14 14 Ver La cultura en México, 7 set. 1968, p.12-15.

A ofensiva governamental

A evacuação militar da guarda estudantil montada no Zócalo, na madrugada de 28 de agosto, marca o início da ofensiva do governo. Declarações feitas por Fidel Velázquez, o eterno dirigente da Confederação de Trabalhadores do México (CTM), anunciando que a repressão era 'urgentemente necessária', e o espancamento do professor Heberto Castillo à porta de sua casa foram apenas alguns dos sinais dos novos tempos. 15 15 Heberto Castillo foi um dos acadêmicos de maior destaque no conflito estudantil. Foi preso por 2 anos em Lecumberri e posteriormente tornou-se um dos mais importantes líderes da transição democrática no país.

Entre muitos outros, destacaremos três episódios: a luta pelo controle dos símbolos nacionais; os franco-atiradores e a mobilização de tanques, e a incorporação midiática de mulheres ao conflito estudantil.

O primeiro ponto relaciona-se com a cerimônia de desagravo organizada pelo governo, com a participação de milhares de funcionários públicos. A cobertura do episódio foi feita em detalhes pela maioria dos jornais. As primeiras páginas de La Prensa e El Heraldo sintetizavam a polarização nacionalista que se imprimia ao momento. A intenção era a de projetar a imagem de uma manifestação de massas oposta à da véspera – a figura do presidente era exaltada pelos trabalhadores legalistas, definidos como 'autênticos' representantes do povo – e de resgatar a bandeira nacional, em contraste com os estudantes e sindicalistas 'agitadores' e o uso ilegítimo, por eles, de um estandarte grevista vermelho e preto. As legendas destacam as declarações do presidente e dos militares com respeito à existência de 'uma só bandeira' para o povo mexicano, o que tinha por alvo identificar como traidores os estudantes e os sindicalistas que os apoiavam, já que seguiam símbolos alheios à idiossincrasia nacional. 16 16 El Heraldo de México, 29 ago. 1968.

O contexto patriótico caracterizou-se pela presença, no mesmo dia, do presidente da República na conferência conduzida pela Confederação Nacional Camponesa (CNC) no Palácio de Belas Artes. Na ocasião, Augusto Gómez Villanueva, o líder do PRI junto à organização, discursou destacando o fato de que os camponeses mexicanos apoiavam com mão firme a bandeira nacional e acusando os estudantes de traidores do país, sublinhando os parâmetros por meio dos quais o governo qualificava a dissensão política.

A fotografia publicada nos jornais de Díaz Ordaz posando com os líderes da classe política mexicana sob o mural da Belas Artes é uma das imagens de mais expressivo simbolismo, pois fornece a chave para a decifração do animus político do momento: o partido do poder considerava-se o único herdeiro da Revolução Mexicana e, entre seus atributos, assumia como legítimo o uso da violência contra seus inimigos. Alguns dias depois, o presidente converteria essa ideia em palavras inseridas em seu pronunciamento oficial.

O segundo episódio que merece atenção diz respeito às características das fotos publicadas na imprensa sobre a confrontação entre estudantes e civis com soldados e tanques no Zócalo, no que foi um dos acontecimentos do movimento estudantil de 1968 com maior número de imagens publicadas. Pela primeira vez, a fotografia pura e simples dava lugar à sequência iconográfica, e o que se tem hoje é uma ampla e diversificada crônica visual dos eventos. A ênfase da época, expressa nas legendas, consiste em denunciar os agitadores e ressaltar os esforços dos militares para a imposição da ordem. 17 17 La Prensa, 29 ago. 1968.


Quatro décadas mais tarde, aquelas mesmas imagens representam um duro testemunho da militarização da principal praça da capital e da vontade do poder de transpor os limites da legalidade e de projetar uma atmosfera de medo entre a população. Os cinegrafistas Oscar Menéndez e Carlos Mendoza documentaram eloquentemente a presença de franco-atiradores posicionados pelo governo no prédio da Suprema Corte e no Hotel Majestic, entre outros pontos estratégicos com vista para a praça principal da cidade, o que transformava o macabro espetáculo em prática de tiro ao alvo, anunciando-se os terríveis dias de setembro e outubro.

Os níveis delineados pela crônica visual evocam o término dos dias festivos de agosto e alertam para o incremento da repressão pelas forças governamentais, bem como a crescente polarização social. As precárias possibilidades de diálogo, tornadas ainda mais frágeis pelas ocorrências dos dias anteriores, definitivamente se esvaneceram com o uso das Forças Armadas e dos franco-atiradores e com a apropriação dos símbolos nacionais por um governo que se preparava para a celebração dos Jogos Olímpicos recoberto pelo escudo de uma ideologia nacionalista defensiva, que desafiava suas proposições retóricas de cosmopolitismo e modernidade.

A cerimônia do IV Informe (IV Discurso Presidencial) tornou-se o espaço de mídia mais conveniente para exaltar o presidente e ressaltar a legitimidade de um sistema político que nas semanas anteriores havia sido desafiado num nível inédito. Pela imprensa, destacavam-se a força e a segurança como características de Díaz Ordaz, associando-as à necessidade de restauração da ordem. Havia todas as espécies de detalhes visuais e escritos sobre a acolhida festiva do discurso presidencial pela classe política, que o saudava e o interrompia com aplausos em numerosas ocasiões. Esse discurso prolongou-se por uma hora, ignorando as causas do conflito com os estudantes, denegrindo seus líderes e definitivamente anulando qualquer possibilidade de diálogo.

A Marcha Silenciosa

A manifestação silenciosa de 13 de setembro foi o último evento público de massas que pôs em risco a estratégia repressiva de Díaz Ordaz. Foi concebida e planejada pelo CNH em resposta ao ameaçador discurso presidencial e à campanha de terror e linchamento posta em prática como uma câmara de eco do pronunciamento do presidente em quase toda a mídia. A marcha tomou como ponto de partida o Museu Nacional de Antropologia, diante de uma impressionante operação policial, e reuniu cerca de 250 mil pessoas. A marca distintiva do evento consistiu na ausência de gritos e slogans, o que alguns participantes do protesto destacaram pelo uso de fitas adesivas e mordaças. Na visão de seus organizadores, tratava-se de contrastar com silêncio digno a retórica vazia exibida nos dias anteriores pelo governo e por seus aliados. Quarenta anos depois, esse é considerado o mais importante ato simbólico do movimento e o que melhor representa a defesa e a reivindicação cívica do predomínio da lei.


A estratégia da vasta maioria dos jornais consistiu em minimizar a importância da marcha e em reduzi-la a um perfil discreto. A cobertura fotográfica substancialmente decresceu, tendo sido deslocada para as páginas internas. Em alguns casos, o episódio foi significativamente vinculado à chegada violenta do ciclone "Naomi", que causou muitos estragos no estado costeiro de Sinaloa.

A mais notável exceção foi representada pela revista Por qué?, de Mario Menéndez, que dedicou ao evento um amplo artigo fotográfico com trinta imagens que retratam a participação de vários contingentes – dentre os quais, em vários ângulos, a União Nacional de Mulheres Mexicanas – e que narra, passo a passo, o trajeto cívico concluído no Zócalo. O corpo gráfico é apropriadamente posto em contexto por um artigo de Herberto Castillo, que, em tom didático e moderado, elabora uma defesa para o movimento, com referências constantes à Constituição, e define as coordenadas legais a partir das quais as imagens deveriam ser lidas. Em meados de setembro, em meio ao linchamento promovido pela mídia governamental, esse artigo representa o mais significativo ponto de vista alternativo de tudo quanto foi publicado na época acerca desse importante episódio. 18 18 Por qué?, 25 set. 1968.

A ocupação militar da Cidade Universitária

A ocupação da Cidade Universitária pelo Exército ocorreu em 19 de setembro e foi justificada pela maioria da imprensa da cidade como uma medida dolorosa porém necessária. As reações em âmbito da intelligentsia foram diversas. Enquanto Salvador Novo disse que havia tido seu café da manhã "com as melhores notícias recebidas em um longo tempo", Daniel Cosío Villegas escreveu que se tratava de uma medida irracional e contraproducente, pois forçar os jovens a saírem às ruas de uma cidade virtualmente tomada pelas Forças Armadas "era uma ação absurda, à beira da estupidez". Na Câmara dos Deputados, Luis M. Farías, presidente da Grande Comissão, parabenizou o reitor e ironicamente declarou que o sr. Barros Sierra deveria estar agradecido ao governo por ter recuperado as instalações da universidade. Barros Sierra declarou que a ocupação significava um desproporcional uso de força que a Unam não merecia, e renunciou alguns dias mais tarde, dizendo não se preocupar com as críticas de algumas pessoas de menor envergadura, carentes de autoridade moral, mas que sempre obedeciam à vontade do presidente.

A cobertura fotojornalística da ocupação da Cidade Universitária mostra o grau de interferência por parte do Estado mexicano sobre o conteúdo da imprensa, e foi produzida em um tempo no qual a ação repressiva triunfara segundo a vontade do presidente e de seus seguidores mais próximos. Episódios subsequentes, das tomadas violentas de Zacatenco 19 19 Um dos campi do Instituto Politécnico Nacional (IPN). e do Politécnico, são prova disso. Os usos editoriais das fotografias estavam limitados às diretrizes da estratégia repressiva.

Imagens embaraçosas eram omitidas (algumas foram publicadas recentemente), e as restantes eram apresentadas com legendas apropriadas e adequadas ao script oficial; porém, deve-se levar em conta o espaço alternativo representado por algumas revistas ilustradas que se colocavam a certa distância dos parâmetros governamentais.

Um exemplo emblemático disso é representado por algumas das imagens do grupo republicano dos Irmãos Mayo publicadas pela revista oficial Tiempo, encabeçada por Martin Luis Guzmán, o premiado escritor da Revolução Mexicana, que aplaudiu a intervenção militar na Cidade Universitária; essas imagens foram retomadas em sequências mais abrangentes pelo jornal Por qué? A perspectiva do editor foi imediatamente imposta à seleção das imagens pelos fotógrafos, fortalecendo a versão oficial no primeiro caso, ao passo que a escolha editorial de uma sequência de imagens do mesmo evento, contextualizadas por legendas críticas, permitia outra leitura no segundo caso. Quarenta anos mais tarde, esse importante conjunto de imagens pode ser lido sob diferentes perspectivas.

A noite de Tlatelolco

O movimento estudantil de 1968 não se resume ao 2 de outubro; mas, ao mesmo tempo, é impossível narrar os acontecimentos estudantis sem fazer menção a esse episódio. A data é uma das mais importantes referências na história contemporânea do México. Alguns setores de extrema esquerda transformaram-na em fetiche fora de contexto, deslocando as contribuições registradas nos estágios anteriores do movimento, ao passo que a direita conservadora pretende apagá-la do calendário cívico.

O fato documentado é que o massacre marcou o fim do movimento e teve um impacto negativo na vida política do país durante a década seguinte. O Massacre vedou a participação política de alguns setores sociais que decidiram juntar-se à guerrilha, e acabou por fortalecer a impunidade de um governo que instigou o terror de Estado por meio de uma guerra suja durante os anos 1970, cujos efeitos desastrosos têm sido registrados pelos historiadores nos últimos anos.

As primeiras páginas dos jornais do dia seguinte à matança constituem um importante indicador de como são estreitas as margens de manobra da imprensa nessa situação extrema, e dos termos de subordinação às diretrizes estabelecidas por um regime de Estado de partido único, que impôs a versão da teoria conspiratória e construiu um cenário em que franco-atiradores postados nos telhados de alguns prédios e em alguns apartamentos do conjunto residencial de Tlatelolco foram imediatamente denunciados como parte da trama estudantil que havia sido devidamente apontada pelo general Corona del Rosal 2 meses antes.

Contra os que acreditam que tudo já foi dito sobre o 2 de Outubro, é conveniente indicar aqui a existência do testemunho de alguns fotógrafos que estavam presentes à Praça das Três Culturas naquela tarde e que decidiram falar após 40 anos. Todos eles confirmam uma operação de Estado e enriquecem de várias maneiras as informações existentes sobre os fatos.

Enrique Metinides teve de caminhar vários quilômetros para chegar a Tlatelolco. Lá chegando, obteve, em seu estilo peculiar que marcou uma era em La Prensa, imagens constrangedoras dos efeitos das áreas sob o fogo dos franco-atiradores e seus traços nos corpos de alguns soldados; Jesús Fonseca, de El Universal, descreve os perigosos desafios que teve de enfrentar em sua penosa travessia desde o prédio de Chihuahua até o das Relações Exteriores, passando por uma pilha de cadáveres, o que confirma o jovem repórter Joaquín López Dóriga, que relatou os mesmos fatos e só os viu publicados em seu jornal El Heraldo 35 anos depois do massacre, ao passo que Aarón Sánchez, do Excélsior, registrou os espancamentos e a humilhação a que eram submetidos os estudantes pelo Exército nas terríveis horas das prisões após a fuzilaria.


Todos esses autores continuaram a trabalhar em seus jornais e viveram a imposição do silêncio pelo governo naquelas horas de ansiedade e desesperança, assim como a campanha macarthista de assédio aos dissidentes, que se intensificou nos meses seguintes.

Uma das poucas exceções é representada pela revista Por qué?, totalmente identificada com o movimento nas semanas anteriores. É de grande interesse tomar conhecimento dos relatos dos fatos decisivos na edição 'extraordinária' dedicada a Tlatelolco e publicada em outubro daquele ano, uma vez que ela expressa o ponto de vista da esquerda sobre os trágicos eventos, a qual predominou nas duas décadas seguintes e constitui a exata antítese da teoria conspiratória do governo. Segundo essa versão, o Exército massacrou centenas de pessoas em uma operação perfeitamente coordenada com a inteligência governamental. O registro fotográfico da revista excede de longe o que foi publicado na época e utiliza, sem menção a créditos, as imagens de Héctor Garcia, dos Irmãos Mayo, de Armando Salgado, de Carlos González e de Oscar Menéndez, entre muitos outros.

A partir de 1988, o esquema monolítico começou a fragmentar-se. Documentaristas como Carlos Mendoza, historiadores como Sergio Aguayo e jornalistas como Jacinto Rodríguez têm revisado coleções variadas e arquivos nacionais e estrangeiros abertos à consulta pública, e têm documentado novas pistas para a interpretação do massacre, as quais demonstram a falta de coordenação, no âmbito do governo, entre as Forças Armadas, os diferentes serviços de inteligência e as tropas de elite do staff presidencial. Apesar disso, nenhuma investigação independente negou a existência de uma operação governamental executada naquela tarde, com responsabilidades históricas tão concretas quanto impunes: todas as investigações concluem que se cometeu um crime de Estado. 20 20 MENDOZA, Carlos. Tlatelolco: las claves de la masacre. Documentário produzido pelo Canal 6 de Julio e por La Jornada, 1998; AGUAYO, Sergio. Los archivos de la violencia. México: Grijalbo, 2000.

Quarenta anos depois ainda não se disse tudo sobre 2 de Outubro e sobre o movimento estudantil de 1968. Em contraste, pode-se dizer que, em certo sentido, a pesquisa de novos acervos documentais acaba de começar e que a reelaboração crítica do material existente é constantemente renovada. Entre outras áreas que aguardam receber atenção crítica, há os livros-texto de História para o ensino de nível médio e as exposições em museus.

Uma primeira análise da cobertura fotojornalística de 1968 abre interessantes ângulos e perspectivas. De um lado, ela permite acompanhar a estratégia governamental sobre a conspiração e decifrar os principais fatos acerca do linchamento pela mídia a que foram submetidos os estudantes por cerca de 3 meses numa parte muito importante da imprensa, em diferentes momentos e aspectos; de outro lado, ela oferece reviravoltas, graças à proposta de algumas revistas dotadas de uma margem de independência ligeiramente maior.

Em seu IV Discurso Presidencial, Díaz Ordaz anunciou o apagamento da rebelião estudantil na memória histórica dos anos seguintes e interpretou suas origens sob as premissas de trama e conspiração internacionais. Os fatos inflexíveis têm comprovado exatamente o contrário. Nas décadas seguintes o regime autoritário que caracterizou o PRI dos anos 1960 ruiu, para reciclar-se sob outros parâmetros, não menos verticais, ao passo que 1968 e suas marcas na política e na cultura nacional têm sido explorados de diferentes ângulos e abordagens por historiadores e cientistas sociais. A disputa pelos símbolos prossegue no novo milênio.

Considerações finais

Na introdução a um dos seus mais recentes trabalhos, Una História Contemporánea de México, o historiador Lorenzo Meyer abre o primeiro parágrafo com uma citação da CIA que contradiz a teoria conspiratória do regime de Díaz Ordaz ao notar que o regime mexicano estava sendo questionado pelos estudantes como parte de um movimento que respondia a interesses reais. Assim, existe o consenso na pesquisa histórica de apontar 1968 como um ponto de inflexão na evolução política e cultural do México de hoje, questionando e introduzindo padrões e balizamentos que gradualmente mudariam a realidade do país.

A consagração do movimento por uma parte da classe política constitui a formulação de um mito que está longe das intenções e das ações diárias de centenas de milhares de jovens que sacudiram o país nos irrepetíveis dias de agosto e setembro do ano de 1968.

As imagens fotográficas de 1968 desempenharam um papel destacado, dado o quase completo fechamento dos diversos órgãos de mídia, como o rádio e a televisão, e ocuparam um lugar simbólico de extrema importância, tanto que foram utilizadas e manipuladas de acordo com o posicionamento político dos vários grupos sociais.

Esse acervo de imagens criado nas páginas da mídia impressa circulou amplamente nos planos nacional e internacional, permeou a consciência e o pensamento de diferentes setores sociais e forneceu referências visuais decisivas para a construção de uma memória coletiva, que seria alimentada por algumas dessas fotografias transformadas em ícones ao longo de vários anos. 21 21 No contexto da Olimpíada, foi construída uma plataforma de mídia para os eventos estudantis, especialmente acerca do massacre de 2 de Outubro, com a cobertura de vários repórteres e fotógrafos associados às mais importantes organizações internacionais de mídia. Tudo isso, apenas 10 dias antes da abertura dos Jogos Olímpicos.

Os elementos chave do desdobramento cênico estão representados pela síntese fotográfica das imagens publicadas na imprensa que acompanham este artigo. Isso constitui um lugar de memória, que condensa diferentes visões sobre os fatos enquanto fornece referências e pontos de partida para a leitura das novas gerações, dado que a memória é concebida não apenas como a preservação de ideias previamente retidas, mas, sobretudo, como a construção e elaboração de significados simbólicos do passado.

Depois de 40 anos, um museu denominado Memorial 68, comemorando o movimento estudantil, foi criado na praça de Tlatelolco pela Universidade Nacional Autônoma do México (Unam).

Em oposição à indiferença dos diferentes grupos conservadores que procuram apagar a data de 2 de outubro do calendário cívico, e às demandas de alguns setores da esquerda ortodoxa que desejam limitar o que ocorreu naquela data de 1968, o Memorial tem desenvolvido uma proposta crítica sobre o conjunto de acontecimentos daquele ano, o que deixou insatisfeitos gregos e troianos, pois o 2 de Outubro foi estruturado com base na perspectiva questionadora e argumentativa dos meses precedentes. O Memorial também situa o 1968 Mexicano como um fenômeno que correspondia à dinâmica dos anos 1960.

Entre os objetivos mais tarde incluídos na sua elaboração, constava: o fato de não restringir o conteúdo do Memorial aos eventos de 2 de Outubro; o desenvolvimento de uma ousada proposta audiovisual que não seria circunscrita aos limites do discurso de um museu convencional; a conexão do protesto mexicano estudantil de 1968 a outros movimentos estudantis surgidos no restante do mundo; a exploração da memória histórica de uma perspectiva mais ampla, para além dos limites da visão política em seu sentido tradicional; a promoção de uma perspectiva crítica distinta das apologias fantasiosas; o reconhecimento do alcance inovador de determinados aspectos do movimento; e a tentativa de abordar a lógica dos eventos apartada das dinâmicas de conspirações comunistas e de intrigas internacionais, apresentando 1968 como um processo local, compreensível e explicável por um conjunto de fatores internos.

Por tudo o que foi exposto, considero que o Memorial contribui de forma vital para a recuperação da memória como uma dimensão que vai além do privado e que resgata a visão dos atores sociais. As coordenadas históricas mudam, e esse legado dará origem, sem dúvida, a novas abordagens sobre o tema do 1968 Mexicano.

NOTAS

Artigo recebido em 7 de outubro de 2012.

Aprovado em 15 de dezembro de 2012.

Tradução: Eduardo Lessa Peixoto de Azevedo

  • 1 Este artigo é parte de uma pesquisa mais ampla conduzida pelo autor no Instituto Mora, na Cidade do México, sob patrocínio do Fondo Sectorial de Investigación para la Educación, do Consejo Nacional de Ciencia y Tecnología. Agradeço os comentários dos pesquisadores John Mraz e Rebeca Monroy. Outros textos de minha autoria: DEL CASTILLO TRONCOSO, Alberto. Rodrigo Moya: una visión crítica de la modernidad. México: Conaculta, 2006;
  • DEL CASTILLO TRONCOSO, Alberto. La frontera imaginaria: usos y manipulaciones de la fotografía en la investigación histórica. Cuicuilco, México: Enah, v.14, n.41, p.193-215, 2007.
  • 3 Alguns exemplos são a crônica pioneira de Elena Poniatowska (1971), que inclui um dossiê de fotografias ilustrativas e, mais recentemente, os trabalhos de ÁLVAREZ GARÍN, Raúl. La estela de Tlatelolco: una reconstrucción histórica del movimiento estudiantil del 68. México: Itaca, 2002;
  • e de GUEVARA NIEBLA, Gilberto. La libertad nunca se olvida. Memoria del 68 México: Cal y Arena, 1998b,
  • 5
    5 Entrevista de Aarón Sánchez concedida a Alberto del Castillo, 15 ago. 2008.
  • 7El Heraldo de México, 2 ago. 1968.
  • 8La Prensa, 2 ago. 1968.
  • 9Por qué?, Primeira edição extraordinária, ago. 1968, p.27.
  • 10 GUEVARA NIEBLA, Gilberto. La democracia en la calle: crónica del movimiento estudiantil mexicano. México: Siglo XXI, 1998a. p.69.
  • 13Life en español, 7 set. 1968, p.19.
  • 14 Ver La cultura en México, 7 set. 1968, p.12-15.
  • 16El Heraldo de México, 29 ago. 1968.
  • 17La Prensa, 29 ago. 1968.
  • 18Por qué?, 25 set. 1968.
  • 20 MENDOZA, Carlos. Tlatelolco: las claves de la masacre. Documentário produzido pelo Canal 6 de Julio e por La Jornada, 1998; AGUAYO, Sergio. Los archivos de la violencia México: Grijalbo, 2000.
  • 1
    Este artigo é parte de uma pesquisa mais ampla conduzida pelo autor no Instituto Mora, na Cidade do México, sob patrocínio do Fondo Sectorial de Investigación para la Educación, do Consejo Nacional de Ciencia y Tecnología. Agradeço os comentários dos pesquisadores John Mraz e Rebeca Monroy. Outros textos de minha autoria: DEL CASTILLO TRONCOSO, Alberto.
    Rodrigo Moya: una visión crítica de la modernidad. México: Conaculta, 2006; DEL CASTILLO TRONCOSO, Alberto. La frontera imaginaria: usos y manipulaciones de la fotografía en la investigación histórica.
    Cuicuilco, México: Enah, v.14, n.41, p.193-215, 2007.
  • 2
    O mais recente capítulo dessa guinada de 180 graus foi protagonizado pelo presidente Felipe Calderón, que em outubro de 2010 fez a apologia do movimento estudantil de 1968, por ocasião do centenário da Unam, quando se referiu à violenta intervenção do exército em San Ildefonso como "o
    bazucazo da intolerância".
  • 3
    Alguns exemplos são a crônica pioneira de Elena Poniatowska (1971), que inclui um dossiê de fotografias ilustrativas e, mais recentemente, os trabalhos de ÁLVAREZ GARÍN, Raúl.
    La estela de Tlatelolco: una reconstrucción histórica del movimiento estudiantil del 68. México: Itaca, 2002; e de GUEVARA NIEBLA, Gilberto.
    La libertad nunca se olvida. Memoria del 68. México: Cal y Arena, 1998b, que incorporam dois registros fotográficos distintos, nos quais os autores omitem qualquer tipo de comentário.
  • 4
    Refiro-me ao fato de que a cobertura fotográfica do 1968 Mexicano inclui vários milhares de fotografias. Contudo, a memória do evento é reciclada a cada aniversário, pela circulação de algumas imagens que foram convertidas em ícones emblemáticos do movimento.
  • 5
    Entrevista de Aarón Sánchez concedida a Alberto del Castillo, 15 ago. 2008.
  • 6
    Martín Luis Guzmán foi um dos mais importantes escritores mexicanos do século XX, autor de algumas das mais festejadas novelas e crônicas da Revolução, como
    El águila y la serpiente e
    La sombra del caudillo. Sua cooptação pelas fileiras oficiais representou para o Estado mexicano a apropriação da herança cultural da Revolução, em sua disputa pelos símbolos nacionais contra as pretensões dos estudantes.
  • 7
    El Heraldo de México, 2 ago. 1968.
  • 8
    La Prensa, 2 ago. 1968.
  • 9
    Por qué?, Primeira edição extraordinária, ago. 1968, p.27.
  • 10
    GUEVARA NIEBLA, Gilberto.
    La democracia en la calle: crónica del movimiento estudiantil mexicano. México: Siglo XXI, 1998a. p.69.
  • 11
    O Museu Nacional de Antropologia foi projetado pelo arquiteto Pedro Ramirez Vazquez e foi aberto em 1964. Nos anos 1960, representava a convergência do nacionalismo revolucionário com suas pretensões de cosmopolitismo e modernidade.
  • 12
    Durante várias décadas, Campos Lemus foi relacionado à inteligência do governo. A esse respeito ver Guevara Niebla (1998b, p.27, 42, 78 e 79).
  • 13
    Life en español, 7 set. 1968, p.19.
  • 14
    Ver
    La cultura en México, 7 set. 1968, p.12-15.
  • 15
    Heberto Castillo foi um dos acadêmicos de maior destaque no conflito estudantil. Foi preso por 2 anos em Lecumberri e posteriormente tornou-se um dos mais importantes líderes da transição democrática no país.
  • 16
    El Heraldo de México, 29 ago. 1968.
  • 17
    La Prensa, 29 ago. 1968.
  • 18
    Por qué?, 25 set. 1968.
  • 19
    Um dos
    campi do Instituto Politécnico Nacional (IPN).
  • 20
    MENDOZA, Carlos.
    Tlatelolco: las claves de la masacre. Documentário produzido pelo Canal 6 de Julio e por
    La Jornada, 1998; AGUAYO, Sergio.
    Los archivos de la violencia. México: Grijalbo, 2000.
  • 21
    No contexto da Olimpíada, foi construída uma plataforma de mídia para os eventos estudantis, especialmente acerca do massacre de 2 de Outubro, com a cobertura de vários repórteres e fotógrafos associados às mais importantes organizações internacionais de mídia. Tudo isso, apenas 10 dias antes da abertura dos Jogos Olímpicos.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      16 Jul 2013
    • Data do Fascículo
      2013

    Histórico

    • Recebido
      07 Out 2012
    • Aceito
      15 Dez 2012
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