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José Murilo de Carvalho: o sonho frustrado de um país que se realize

José Murilo de Carvalho: The Frustrated Dream of a Country that Can Be Realized

Brasil permanece um país do futuro, um país de muitos sonhos que não se realizam.

José Murilo de Carvalho (2000aCARVALHO, José Murilo de. História Intelectual no Brasil: a retórica como chave de leitura. Topoi: revista de História, Rio de Janeiro, n. 1, pp. 123-152, set. 2000., p. 78).

Fazenda Santa Cruz, Minas Gerais, 8 de setembro de 1939. Nesse “fim de mundo”, em suas próprias palavras, região de pecuária leiteira ocupada por pequenas e médias propriedades, situada no atual município de Piedade do Rio Grande, nasceu José Murilo de Carvalho. Filho de Sebastião Carvalho de Sousa e de Maria Angélica Ribeiro, passou a primeira década de vida praticamente isolado do mundo exterior, com seus nove irmãos. Recebeu a instrução primária diretamente do pai, um dentista formado que pouco ganhava, pois tratava de graça familiares e trabalhadores pobres.

Aos dez anos, seu pai o levou para Santos Dumont, onde cursou o Ginásio e o Clássico no Seminário Seráfico Santo Antônio. No internato, gerido por frades franciscanos de origem holandesa, mais abertos do que a maioria dos religiosos, aprendeu latim e recebeu uma educação humanista, que o possibilitou ler, aos 15 anos, Os sertões, a primeira das grandes interpretações sobre o Brasil, que o levou a refletir sobre o país. Lá publicou, entre 1952 e 1956, cerca de 20 artigos na revista Alvorada, da qual foi redator-chefe, dois deles sobre Euclides da Cunha e Ivan Karamazov. Em seguida, ainda com franciscanos, fez curso de extensão por dois anos em Daltro Filho, no Rio Grande do Sul, região de colonização alemã. Conheceu outro Brasil, que colocou em xeque sua ideia de identidade nacional. Entre as leituras da época estavam os existencialistas franceses e duas outras obras brasileiras clássicas: Casa-grande & senzala, de Gilberto Freyre, e Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa.

A opção inicial de curso superior foi Economia, frustrada pela resposta errada a uma equação de segundo grau. A segunda foi o curso de Sociologia e Política da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais, realizado entre 1962 e 1965. Francisco Iglésias, historiador, e Júlio Barbosa, sociólogo, foram os grandes mestres. Do primeiro veio o gosto pela História, a visão interdisciplinar, valorizando artes, literatura e cinema, e a obrigação da boa escrita. Pelo segundo foi iniciado no pensamento produzido pelo ISEB e no tema de partidos e eleições. Importantes em sua formação foram as obras de Celso Furtado, Caio Prado Júnior, Oliveira Vianna, Raymundo Faoro, Nestor Duarte, Victor Nunes Leal, Guerreiro Ramos, Hélio Jaguaribe, Ignácio Rangel e, entre os estrangeiros, Karl Marx, Émile Durkheim, Max Weber, Karl Manheim e Georges Gurvitch. Uma bolsa de estudos gerou a primeira publicação acadêmica: um artigo sobre poder local em Barbacena, publicado por Orlando Carvalho, em 1966CARVALHO, José Murilo de. Barbacena: a família, a política e uma hipótese. Revista Brasileira de Estudos Políticos, Belo Horizonte, n. 20, pp. 153-194, 1966., na Revista Brasileira de Estudos Políticos. Do trabalho ficou a lição de conciliar teoria e empiria, desconfiando de esquemas pré-concebidos, pois, em lugar da esperada matriz marxista do domínio do latifúndio, José Murilo descobriu, nas disputas políticas de Barbacena, o Estado cartorial, clientelista, de Jaguaribe. Ainda durante a graduação militou na Ação Popular, em 1963 e 1964, até antes do Golpe, organizando sindicatos rurais pelo interior mineiro.

Surpreendido pelo Golpe militar, decidiu prosseguir os estudos no exterior. O caminho mais óbvio era a Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales (Flacso), no Chile, onde estudaram vários de seus professores e colegas, por meio dos quais teve contato inicial com a Sociologia Política norte-americana de Talcott Parsons, Robert Merton e Gabriel Almond. Todavia, o tropeço em uma equação de novo obstou o ingresso na Flacso. A alternativa foi pleitear uma bolsa oferecida pela Fundação Ford, que, em 1965, em reação à Revolução Cubana, iniciara no Brasil projeto de apoio a centros de ensino e pesquisa em Ciências Sociais. Assim, José Murilo ingressou na Stanford University em 1966, onde, em meio a marchas hippies contra a Guerra do Vietnã, partidas de futebol, aventuras on the road e ao embalo das canções de Bob Dylan e Joan Baez, estudou teoria e cultura políticas, teorias da modernização e história da América Latina, dentro da tradição norte-americana positivista de valorização de dados. Sob a orientação de Robert Packenham concluiu o mestrado em 1969 e o doutorado em 1975; e se tornou professor do recém-criado Departamento de Ciência Política da UFMG, onde atuou de 1969 a 1978. A princípio, pretendia continuar os estudos sobre poder local. Porém, após conversas com o colega Wanderley Guilherme dos Santos, deslocou o foco para a escala nacional. Contribuiu também para a tarefa a possibilidade de pensar o Brasil sob uma ótica externa. O resultado foi a tese de doutorado intitulada Elite and State-building in Imperial Brazil.

Em 1978, José Murilo mudou-se para o Rio de Janeiro, ao entrar para o Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro, renomado centro privado de ensino e pesquisa de pós-graduação em Ciência Política e Sociologia, vinculado à Universidade Cândido Mendes e financiado pela Fundação Ford. Lá permaneceu até o início de 1997, consolidando a carreira de cientista político. Contribuíram também para tanto as atividades na Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS), fundada em 1977, que aproximou os dois grandes centros de Ciências Sociais do IUPERJ e da Universidade de São Paulo, e da qual José Murilo foi diretor entre 1978 e 1980. Ainda em 1978, a convite de Simon Schwartzman, publicou o primeiro livro: A Escola de Minas de Ouro Preto. Mas as ligações com o campo da História sempre estiveram presentes. Entre 1986 e 1996, coordenou projeto sobre a Primeira República na Fundação Casa de Rui Barbosa, cujo principal produto foi Os bestializados (1987CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.). Entre 1994 e 1996, foi pesquisador do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da Fundação Getúlio Vargas, realizando pesquisas sobre o percurso histórico da cidadania que resultaram em Desenvolvimiento de la ciudadania en Brasil (1995CARVALHO, José Murilo de. Desenvolvimiento de la ciudadanía en Brasil. México: El Colegio de México: Fondo de Cultura Económica, 1995.), e, voltado para a época contemporânea, na coorganização de Cidadania, justiça e violência (1999PANDOLFI, Dulce Chaves et al. (Orgs.). Cidadania, Justiça e Violência. Rio de Janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1999.). Publicou, ainda, as duas partes de sua tese de doutorado, A construção da ordem (1980) e Teatro de sombras (1988CARVALHO, José Murilo de. Teatro de sombras: a política imperial. São Paulo: Vértice: Editora Revista dos Tribunais; Rio de Janeiro: Iuperj, 1988. ). E escrevia artigos para o Jornal do Brasil, que colaboraram para aprimorar sua escrita, tornando-a mais objetiva e direta, e para que suas ideias alcançassem público mais amplo. Contribuiu também para tanto o casamento com a jornalista e roteirista Sandra Louzada, com quem José Murilo teve seu único filho, Jonas Louzada de Carvalho.

A ampliação de sua experiência internacional nos anos oitenta provocou sensível ruptura na trajetória acadêmica de José Murilo, sobretudo como pesquisador visitante do Institute for Advanced Study, em Princeton (1980-1981), a convite de Albert Hirschman, e como professor visitante nas universidades de London (1981) e Oxford (1982) e na École des Hautes Études en Sciences Sociales (1989). Experiência mais tarde complementada nas universidades de California Irvine (1990), Leiden (1992-1993), Stanford (1999) e Notre Dame (2002), e na Fundación José Ortega y Gasset (2009). Se o Rio de Janeiro alargara seus horizontes, mais impactante foi o contato com pesquisadores de vários países e áreas em Princeton, em particular Clifford Geertz, Robert Darnton, Natalie Davis, Lawrence Stone e John Elliott, além de físicos, matemáticos, economistas e historiadores da arte. De Estado e elite política o eixo de análise desloca-se para nação e cidadania, abrindo espaço para a Antropologia e para novas abordagens e fontes, como imaginário e mitos políticos, iconografia, monumentos e literatura. Os primeiros grandes resultados dessa virada epistêmica foram os citados Os bestializados e Desenvolvimiento de la ciudadania en Brasil, e, em especial, A formação das almas (1990CARVALHO, José Murilo de. A formação das almas: o imaginário da República no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras , 1990. ).

Contudo, no início dos anos noventa José Murilo experimentou o maior revés de sua carreira. Por ocasião dos debates que precederam o plebiscito de abril de 1993 sobre a forma de governo, incomodado com o discurso que associava monarquia ao atraso e república ao progresso - tal como fizera a propaganda republicana no final do Império -, defendeu a necessidade de um debate sério e equilibrado sobre as vantagens e desvantagens dos dois regimes e dos sistemas parlamentarista e presidencialista, em termos da capacidade de proporcionarem maior estabilidade política (“Esse debate é real”, 1991CARVALHO, José Murilo de. Esse debate é real. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 14 abr. 1991, Idéias.). Mesmo deixando claro que não defendia a monarquia, acabou sendo acusado e taxado de monarquista, quando não de reacionário e restaurador. As críticas feitas em seus trabalhos, não ao regime republicano em si, mas às inconsistências e mazelas da República brasileira, confundiram-se toscamente com um suposto pendor monarquista. O estigma permaneceu por longo tempo (se é que desapareceu), suscitando desconfianças, hostilidades, vetos e desconvites, a ponto de ser retomado sete anos depois, por ocasião do lançamento do livro Pontos e bordados (A força do estigma, 1998aCARVALHO, José Murilo de. A força do estigma. Folha de S. Paulo, São Paulo, 1 nov. 1998a, Mais!).

Em 1997, José Murilo ingressou na Universidade Federal do Rio de Janeiro como professor titular de História do Brasil, onde ficou até a aposentadoria, em 2009, e se tornou emérito em 2011. A mudança estreitou as relações com a História e os historiadores, obtendo reconhecimento como tal. Em um universo acadêmico acostumado a cultivar as divisões por áreas do conhecimento, a dupla classificação nem sempre foi bem aceita, gerando acusações de insuficiências teóricas, de um lado, e de generalizações interpretativas, de outro. De todo modo, a identidade de historiador o colocou à frente, desde 2002, de quatro grandes projetos coletivos de pesquisa histórica (Pronex), financiados pelo CNPq e pela FAPERJ, resultando na organização de cinco livros (um deles em Portugal) dedicados à interconexão entre Estado, nação e cidadania no Império. São também desse período as obras Pontos e bordados (1998), Forças armadas e política no Brasil (2005CARVALHO, José Murilo de. Forças armadas e política no Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2005. ), D. Pedro II (2007CARVALHO, José Murilo de. D. Pedro II: ser ou não ser. São Paulo: Companhia das Letras , 2007.), Histórias que a Cecília contava (2008CARVALHO, Maria Selma de; CARVALHO, José Murilo de; CARVALHO, Ana Emília de (Orgs.). Histórias que a Cecília contava. Belo Horizonte: Editora UFMG: Instituto Cultural Amílcar Martins, 2008., com suas irmãs Maria Selma e Ana Emília de Carvalho), O pecado original da República (2017CARVALHO, José Murilo de. O pecado original da República: Debates, personagens e eventos para compreender o Brasil. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2017.), Jovita Alves Feitosa (2019CARVALHO, José Murilo de. Jovita Alves Feitosa: voluntária da pátria, voluntária da morte. São Paulo: Chão, 2019.), e, como coorganizador, A monarquia constitucional dos Braganças, lançado em Portugal (2018RAMOS, Rui; CARVALHO, José Murilo de; SILVA, Isabel Correa da (Coords.). A monarquia constitucional dos Braganças em Portugal e no Brasil (1822-1910). Alfragide: Dom Quixote, 2018.). De 2003 a 2012, integrou o conselho editorial da Revista de História da Biblioteca Nacional, dirigida por Luciano Figueiredo, dedicada a divulgar a história de forma mais acessível e interessante para o público leigo. Ainda nessa época, José Murilo tornou-se membro das academias brasileiras de Ciências (2003) e de Letras (2004), e, em 2010, sócio titular do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (do qual já era sócio honorário desde 1995). Em 2014 e 2015, recebeu, respectivamente, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e da Universidade de Coimbra, a mais elevada distinção acadêmica: o título de doutor honoris causa; reconhecido por ele, na conferência então proferida em Coimbra, como “a mais alta honraria a que poderia aspirar”.

A produção intelectual de José Murilo pode ser ordenada em cinco eixos temáticos. O primeiro é o binômio Estado e elite política, representado pelos livros A construção da ordem e Teatro de sombras, reunidos em volume único em 1996. O ponto central era explicar as peculiaridades da formação do Estado nacional brasileiro (opção pela monarquia, manutenção da integridade territorial, estabilidade política), em contraste com a experiência histórica hispano-americana - não a partir das interpretações assentadas nos interesses escravistas dos proprietários de terra, segundo a ótica da dominação de classe, ou na prevalência do Estado e sua burocracia, conforme a lógica patrimonialista, ou ainda nos efeitos integradores da transferência da corte lusitana, e sim a partir de dois vetores de análise, inspirados, mas não aprisionados, na teoria das elites e no arcabouço weberiano: os agentes encarregados da tomada de decisões políticas e as medidas adotadas por esses agentes. José Murilo encontrou um tipo de elite política marcada por relativa homogeneidade em termos ideológicos, de ocupação e de treinamento, identificada com os interesses do Estado, que, mediante a ação do Poder Moderador, administrava as disputas políticas. E examinou, a partir das decisões efetivamente tomadas, as relações entre o Estado e os grandes proprietários, mediadas pela elite política. Encontrou também aí a explicação para a ulterior crise do sistema político imperial e para a queda da monarquia. Foi quando, a partir de meados dos oitocentos, a elite política tornou-se mais heterogênea e o Estado imperial perdeu consideravelmente a capacidade de regular as disputas políticas e de absorver novas gerações de candidatos a ingressar na máquina política e burocrática. A recepção inicial da obra foi fria, em razão precisamente de alguns aspectos inovadores, pois não adotava a abordagem marxista em voga, não atacava a elite política e ainda foi escrita por um cientista político. Mas não demorou a ser reconhecida como trabalho seminal sobre o sistema político imperial e seus agentes centrais.

O segundo eixo, prolongamento do primeiro, refere-se aos estudos sobre nação e cidadania. A análise desloca-se para as relações entre povo e poder político, a partir de duas questões: no Império e na Primeira República a elite política construiu um Estado nacional, não uma nação, e as práticas de cidadania no Brasil não correspondiam aos modelos clássicos ocidentais. Derivam daí os estudos sobre imaginário, identidade e mitos nacionais, que ressaltam a precariedade e o caráter inconcluso das iniciativas destinadas a consolidar a República, levando a apropriações de símbolos monárquicos e imagens religiosas e à valorização da natureza. Temas tratados em A formação das almas (prêmio Jabuti de 1991) e nos artigos “Brasil: naciones imaginadas” (1994CARVALHO, José Murilo de. Brasil: Naciones imaginadas. In: ANNINO, Antonio; LEIVA, Luis Castro; GUERRA, François-Xavier (Orgs.). De los imperios a las naciones: Iberoamérica. Zaragoza: IberCaja, 1994.), “O motivo edênico no imaginário social brasileiro” (1998CARVALHO, José Murilo de. O motivo edênico no imaginário social brasileiro. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 13, n. 38, pp. 63-79, out. 1998.) e “Dreams come untrue” (2000aCARVALHO, José Murilo de. Dreams come untrue. Daedalus, Cambridge (MA), v. 129, n. 2, pp. 57-82, primavera 2000a. ). Surgem então os trabalhos sobre cidadania no Brasil, anunciados por Os bestializados (Melhor Livro em Ciências Sociais de 1988), que postula que as atitudes do povo carioca em relação ao Estado na Primeira República oscilaram entre a apatia aos mecanismos formais de participação (eleições), a reação violenta a ações reguladoras do Estado (revolta da Vacina) e a composição pragmática na busca de empregos e favores (estadania). O pecado original da República, livro que prenuncia o pessimismo de José Murilo nos últimos anos de vida sobre o futuro do país, retomou o problema de uma república dissociada de valores republicanos, que não realiza seus ideais, aludindo a uma república sem povo, consequência de outros pecados capitais: a escravidão, o latifúndio, o patriarcalismo e o patrimonialismo. O tema ganhou maior amplitude em dois trabalhos seminais: “Cidadania: tipos e percursos” (1996CARVALHO, José Murilo de. Cidadania: tipos e percursos. Estudos históricos, Rio de Janeiro, v. 9, n. 18, pp. 337-359, 1996.) e Desenvolvimiento de la ciudadania en Brasil, reformulado em 2001 com o título de Cidadania no Brasil (Prêmio Casa de las Américas de 2004), seu livro mais vendido. No primeiro caso, a partir dos modelos teóricos de Bryan Turner e de Almond e Verba, José Murilo refletiu sobre o tipo de cidadania construído no Brasil oitocentista - predominantemente de cima para baixo e de caráter súdito - e indicou sugestivas vias de análise: imprensa, associações, representações, manifestos, eleições, júri, recrutamento militar, alistamento na Guarda Nacional e revoltas. No segundo caso, ao partir do clássico modelo teórico de Marshall, verificou que, diferentemente da Inglaterra, a sucessão histórica de desenvolvimento da cidadania no Brasil passou pela conquista, primeiro, dos direitos políticos, depois, dos civis e, por fim, dos sociais.

Tais temas foram revisitados por José Murilo em quatro projetos coletivos de pesquisa coordenados ou liderados por ele entre 2002 e 2023, financiados pelo Pronex, respectivamente intitulados “Nação e cidadania no Império”, “Dimensões da cidadania no século XIX”, “Dimensões e fronteiras do Estado brasileiro no século XIX” e “Caminhos da política no Império do Brasil” (os dois últimos coordenados por Lucia Bastos). Reunindo pesquisadores de diversas instituições acadêmicas do Brasil e do exterior, tais projetos tinham como meta desenvolver um programa comum de pesquisa, a partir de novas perspectivas de análise produzidas pelos trabalhos de especialistas em tais temáticas. Os resultados estão em livros organizados por José Murilo, em parceria com colegas, que se tornaram referências no assunto, como Nação e cidadania no Império (2007CARVALHO, José Murilo de (Org.). Nação e cidadania no Império: novos horizontes. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira , 2007.); Repensando o Brasil do oitocentos (2009CARVALHO, José Murilo de; NEVES, Lúcia Maria Bastos Pereira das (Orgs.). Repensando o Brasil do Oitocentos: cidadania, política e liberdade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira , 2009.), Perspectivas da cidadania no Brasil Império (2011CARVALHO, José Murilo de; CAMPOS, Adriana Pereira (Orgs.). Perspectivas da cidadania no Brasil Império. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira , 2011.), Linguagens e fronteiras do poder (editado no Brasil em 2011CARVALHO, José Murilo de et al. (Orgs.). Linguagens e fronteiras do poder. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2011. e em Portugal em 2012CARVALHO, José Murilo de et al. (Orgs.). Linguagens e fronteiras do poder. Portugal: Lisboa: Centro de Estudos de História Contemporânea - Instituto Universitário de Lisboa, 2012.) e Dimensões e fronteiras do Estado brasileiro no oitocentos (2014CARVALHO, José Murilo de; NEVES, Lúcia Maria Bastos Pereira das (Orgs.). Dimensões e fronteiras do Estado brasileiro no oitocentos. Rio de Janeiro: Eduerj, 2014.). Um último livro deverá ser lançado em 2024, contendo capítulo inédito do autor sobre a participação das câmaras municipais de Minas Gerais no processo de Independência.

O terceiro eixo situa-se nos campos da história intelectual e dos estudos biográficos. É norteado, no primeiro caso, pela análise não reducionista dos vínculos entre as ideias e seus contextos sociais e políticos. No segundo, pela busca de traços pouco valorizados da vida dos personagens, na confluência entre o público e o privado. São exemplos os livros D. Pedro II (prêmio Jabuti de 2008), que explora os conflitos e ambiguidades entre a pessoa Pedro d’Alcântara e a persona do imperador; Jovita Alves Feitosa (o último livro publicado em vida), a inusitada história de uma mulher que tentou se passar por homem para lutar na Guerra do Paraguai, prostituiu-se e se suicidou aos 19 anos; e Histórias que a Cecília contava, que recupera as intrigantes histórias - contos de fada europeus, mediados pela tradição oral africana e pelo universo rural mineiro - narradas por uma lavadeira analfabeta, descendente de escravos, moradora da fazenda onde José Murilo e seus irmãos cresceram. Incluem-se também artigos sobre o uso da retórica como instrumento de análise da imprensa brasileira oitocentista (“História intelectual”, 1998 e 2000CARVALHO, José Murilo de. História Intelectual no Brasil: a retórica como chave de leitura. Topoi: revista de História, Rio de Janeiro, n. 1, pp. 123-152, set. 2000.); sobre a doutrina positivista, a qual chamou de um bolchevismo avant la lettre de classe média (“A ortodoxia positivista no Brasil”, 1989CARVALHO, José Murilo de. A ortodoxia positivista no Brasil: um bolchevismo de classe média. In: Pontos e bordados: escritos de história e política . Belo Horizonte: Editora da UFMG , 1998.); e sobre os pensamentos de Oliveira Vianna - recuperado do inferno intelectual a que fora relegado (“A utopia de Oliveira Viana”, 1993) - e de Evaristo de Moraes Filho - reconhecendo sua postura cívica e a tentativa de conciliar liberdade e igualdade via legislação sindical (“Evaristo de Moraes Filho”, 2005CARVALHO, José Murilo de. Evaristo de Moraes Filho: pensador brasileiro. In: PESSANHA, Elina; VILLAS BÔAS, Glaucia; MOREL, Regina Lúcia (Orgs.). Evaristo de Moraes Filho, um intelectual humanista. Rio de Janeiro: Topbooks: Academia Brasileira de Letras, 2005. pp. 41-53.).

No quarto eixo estão trabalhos acerca de instituições, como A Escola de Minas de Ouro Preto, pioneira no desenvolvimento da ciência geológica, mineralógica e metalúrgica no Brasil; A Academia Brasileira de Letras (2009CARVALHO, José Murilo de. A Academia Brasileira de Letras: subsídios para sua história (1940-2008). Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 2009.), que abrange o período de 1940 a 2008; e a coorganização de Ciência no Brasil (2017CARVALHO, José Murilo de; MOREIRA, Ildeu de Castro (Orgs.). Ciência no Brasil: 100 anos da Academia Brasileira de Ciências. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Ciências, 2017.), referente à Academia Brasileira de Ciências. Sobressaem os estudos sobre as forças armadas, em particular o Exército, iniciados pós-1964, ampliados nos anos seguintes (incluindo o clássico artigo da História geral da civilização brasileira, de 1977CARVALHO, José Murilo de. As forças armadas na Primeira República: o poder desestabilizador. In: FAUSTO, Boris (Dir.). História geral da civilização brasileira. T. III - O Brasil republicano. Vol. 2. São Paulo: Difel, 1977.), e, afinal, reunidos no livro Forças armadas e política no Brasil. O ponto de partida foi a perplexidade causada pelo Golpe e o intuito de compreender - pela ótica organizacional, não pelo viés da origem de classe ou do vínculo estatal - as sucessivas intervenções militares na República, que fizeram do Exército um “poder desestabilizador”.

O quinto eixo abrange a organização e a análise de várias coletâneas de fontes históricas, como o Jornal de Timon (1995CARVALHO, José Murilo de (Org.). Jornal de Timon: partidos e eleições no Maranhão. São Paulo: Companhia das Letras , 1995.), seleção de matérias publicadas por João Francisco Lisboa no jornal que editou no Maranhão entre 1852 e 1858; obras de dois dos maiores políticos conservadores, Bernardo Pereira de Vasconcelos (1999CARVALHO, José Murilo de (Org.). Bernardo Pereira de Vasconcelos. São Paulo: Editora 34, 1999.) e Visconde do Uruguai (2002CARVALHO, José Murilo de (Org.). Visconde do Uruguai. São Paulo: Editora 34 , 2002.); sobre a campanha abolicionista internacional de Nabuco, Joaquim Nabuco e os abolicionistas britânicos (2008BETHELL, Leslie; CARVALHO, José Murilo de (Orgs.). Joaquim Nabuco e os abolicionistas britânicos (correspondência 1880-1905). Rio de Janeiro: Topbooks, 2008. , com Leslie Bethell) e Joaquim Nabuco: correspondente internacional (2 volumes, 2013CARVALHO, José Murilo de; SANDRONI, Cícero; BETHELL, Leslie (Orgs.). Joaquim Nabuco: correspondente internacional, 1882-1891. São Paulo: Global, 2013. 2 v., com Cícero Sandroni e Bethell); e as conferências públicas promovidas pelo Clube Radical em 1869 e 1870, coligidas em Clamar e agitar sempre (2018CARVALHO, José Murilo de. Clamar e agitar sempre: os radicais da década de 1860. Rio de Janeiro: Topbooks , 2018.). Destacam-se, ainda, duas coletâneas de panfletos manuscritos e impressos da Independência, reunidos, em parceria com Lucia Bastos e Marcello Basile, em Às armas, cidadãos! (2012CARVALHO, José Murilo de; BASTOS, Lucia; BASILE, Marcello (Orgs.). Às armas, cidadãos!: Panfletos manuscritos da Independência do Brasil (1820-1823). São Paulo: Companhia das Letras ; Belo Horizonte: Editora UFMG, 2012.) e nos quatro tomos de Guerra literária (2014CARVALHO, José Murilo de; BASTOS, Lucia; BASILE, Marcello (Orgs.). Guerra literária: panfletos da Independência (1820-1823). Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014. 4 v.). A pesquisa dos panfletos ensejou expressiva mudança nas interpretações sobre a Independência - inclusive na maneira como José Murilo até então a concebera -, pois, em lugar de um mero concerto entre as elites, revelou ampla e disseminada participação, tornando público o debate, vulgarizando as novas ideias, doutrinando leitores e ouvintes, mobilizando os mais diversos setores políticos e sociais e intervindo diretamente como agente dos acontecimentos. Um desdobramento desse trabalho é o projeto de publicação dos panfletos escritos por José da Silva Lisboa, desenvolvido pelos mesmos três autores, que deverá ser finalizado em 2024.

A classificação da obra de José Murilo de Carvalho nesses cinco eixos temáticos não esgota, todavia, sua vasta produção. Outros poderiam ser acrescidos, assim como outras publicações. Mesmo o que ficou registrado em seu Currículo Lattes está longe de contemplar toda a sua produção, pois os 37 livros, 53 artigos, 86 capítulos e 126 textos de jornais e revistas arrolados não abrangem o período anterior a 1991, nem o posterior a 28 de setembro de 2021, quando foi feita a última atualização. Avesso a tarefas burocráticas que não lhe parecessem necessárias, sobrava mais tempo para produzir.

Atestam a valiosa contribuição intelectual de José Murilo para os campos da História e das Ciências Sociais os vários prêmios e títulos nacionais e internacionais recebidos ao longo da carreira: doutor honoris causa (UFRRJ, 2014 e Universidade de Coimbra, 2015); professor emérito (UFRJ, 2011); pesquisador emérito do CNPq (2008); prêmio almirante Álvaro Alberto (Ministério da Ciência e Tecnologia, CNPq e Fundação Conrado Wessel, 2009); dois prêmios Jabuti (Câmara Brasileira do Livro, 1991 e 2008); Melhor Livro em Ciências Sociais (ANPOCS, 1988); Prêmio Casa de las Américas (Cuba, 2004); Scopus 2007 na área de Ciência Política (Elsevier América Latina/Capes); prêmio Banorte de Cultura Brasileira (1991); Homem de Idéias (Jornal do Brasil, 1989); 100 Brasileiros Geniais (jornal O Globo, 2006); medalhas Santos Dumont, de Honra da Inconfidência e Presidente Juscelino Kubitschek e comenda Teófilo Ottoni (governo de Minas Gerais, 1987, 1992, 2006 e 2007); Oficial e Comendador da Ordem do Rio Branco (Itamaraty, 1989); Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico (Presidência da República, 1998); Grande Oficial da Ordem do Mérito Aeronáutico (Ministério da Aeronáutica, 2003); Medalha de Honra - UFMG (2001); Medalha Rui Barbosa (Casa de Rui Barbosa, 2003); e Correspondiente Estranjero (Academia Colombiana de Historia, 2012).

A relevância da produção intelectual de José Murilo de Carvalho pode ser aquilatada por seu pioneirismo em transcender e conjugar as rígidas fronteiras que separavam História e Ciências Sociais; em enfrentar temas e conceitos evitados ou malvistos, como militares e elites; em caminhar na contracorrente da hegemonia marxista; e em introduzir na historiografia brasileira os estudos sobre cidadania e imaginário político. Incursionou por outras abordagens e searas, como a Antropologia, ao analisar, em 1995, os bordados de João Candido; e pela história oral e cultura popular, ao investigar as histórias de Cecília. Sua obra transcende os modismos acadêmicos e o enquadramento por rótulos de ideologias e de teorias, sintonizando-as com a empiria. Concilia o rigor dos protocolos científicos de análise com uma escrita ensaística clara, leve e objetiva. E combina criatividade, imaginação e interesse por outras áreas de conhecimento como requisitos indispensáveis ao desenvolvimento de novas ideias, predicados que o qualificam como autêntico intelectual, ou seja, um pensador engajado publicamente nas questões de seu tempo, que não se aprisiona em campos especializados do saber e que emprega o conhecimento para refletir sobre problemas mais amplos da sociedade. É assim que transitava tão à vontade e sem anacronismos do século XIX ao XXI, não se esquivando de assumir posições em assuntos delicados ou polêmicos, e de, se fosse o caso, rever as próprias ideias. José Murilo foi, sem dúvida, uma pessoa ímpar, íntegra e generosa, e um dos maiores intelectuais do Brasil; um de seus grandes intérpretes, colocando-se ao lado de outros gigantes do conhecimento. Certa vez disse a mim, com sua habitual ironia, que era imortal, mas era “morrível”. Morto o homem, seguem imortais a sua obra, os seus valores, as suas lições. Que, dessa vez, os sonhos se realizem.

REFERÊNCIAS

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    18 Dez 2023
  • Data do Fascículo
    Sep-Dec 2023

Histórico

  • Recebido
    28 Ago 2023
  • Aceito
    12 Set 2023
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