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Leopoldina: primeira cultivar de grão-de-bico para Minas Gerais

Leopoldina: first chickpea cultivar for Minas Gerais State, Brazil

Resumos

A cultivar de grão-de-bico Leopoldina foi introduzida do "International Center for Agricultural Research in the Dry Areas" (ICRISAT), localizado na Índia, com a denominação ICCV-3. Suas sementes têm coloração creme (tipo kabuli) e o peso de 100 unidades varia de 28 a 36 g. Apresenta plantas com tipo de crescimentos ereto e inserção da primeira vagem alta. As plantas podem atingir 60 cm de altura. Seu ciclo de vida varia de 125 a 135 dias. É resistente à raça 1 do Fusarium oxysporum f. sp. cicero e tolerante aos nematóides causadores de galhas nas raízes. Nos ensaios conduzidos no outono-inverno com irrigação na Zona da Mata e no Norte de Minas Gerais, os rendimentos alcançados pela 'Leopoldina' variaram de 2.037 a 2.950 kg/ha.

Cicer arietinum; Fusarium oxysporum f. sp. cicero; nematóides; ciclo de vida; rendimento


'Leopoldina' was introduced from the International Center for Agricultural Research in the Dry Areas (ICRISAT), Índia, as line ICCV-3. The seeds are cream (kabuli type) and 100-seed weight ranges from 28 to 36 g. 'Leopoldina' has erect plant type and high first pod insertion. The plant can reach 60 cm in height, and its life cycle ranges from 125 to 135 days. 'Leopoldina' is resistant to race 1 of Fusarium oxysporum f.sp. cicero and tolerant to root-knot nematodes. In trials carried out during fall-winter with irrigation at "Zona da Mata" and "Norte" regions of Minas Gerais, Brazil, yields varied from 2,037 to 2,950 kg/ha.

Cicer arietinum; Fusarium oxysporum f sp. cicero; nematodes; life cycle; yield


NOVA CULTIVAR

Leopoldina: primeira cultivar de grão-de-bico para Minas Gerais

Leopoldina: first chickpea cultivar for Minas Gerais State, Brazil

Rogério F. VieiraI; Maria Aparecida V. de ResendeI; Clibas VieiraII

IEpamig, Vila Gianetti, 47, 36.571-000 Viçosa-MG

IIUFV-Deptº de Fitotecnia, 36.571-000 Viçosa-MG

RESUMO

A cultivar de grão-de-bico Leopoldina foi introduzida do "International Center for Agricultural Research in the Dry Areas" (ICRISAT), localizado na Índia, com a denominação ICCV-3. Suas sementes têm coloração creme (tipo kabuli) e o peso de 100 unidades varia de 28 a 36 g. Apresenta plantas com tipo de crescimentos ereto e inserção da primeira vagem alta. As plantas podem atingir 60 cm de altura. Seu ciclo de vida varia de 125 a 135 dias. É resistente à raça 1 do Fusarium oxysporum f. sp. cicero e tolerante aos nematóides causadores de galhas nas raízes. Nos ensaios conduzidos no outono-inverno com irrigação na Zona da Mata e no Norte de Minas Gerais, os rendimentos alcançados pela 'Leopoldina' variaram de 2.037 a 2.950 kg/ha.

Palavras-chave: Cicer arietinum, Fusarium oxysporum f. sp. cicero, nematóides, ciclo de vida, rendimento.

ABSTRACT

'Leopoldina' was introduced from the International Center for Agricultural Research in the Dry Areas (ICRISAT), Índia, as line ICCV-3. The seeds are cream (kabuli type) and 100-seed weight ranges from 28 to 36 g. 'Leopoldina' has erect plant type and high first pod insertion. The plant can reach 60 cm in height, and its life cycle ranges from 125 to 135 days. 'Leopoldina' is resistant to race 1 of Fusarium oxysporum f.sp. cicero and tolerant to root-knot nematodes. In trials carried out during fall-winter with irrigation at "Zona da Mata" and "Norte" regions of Minas Gerais, Brazil, yields varied from 2,037 to 2,950 kg/ha.

Keywords: Cicer arietinum, Fusarium oxysporum f sp. cicero, nematodes, life cycle, yield.

O grão-de-bico pode ser classificado em dois grupos de cultivares: kabuli e desi. Este último grupo, que predomina na Índia - o maior produtor dessa leguminosa -, não é comercializado no Brasil. As cultivares pertencentes ao grupo kabuli possuem grãos de cor creme com baixo teor de fibras. O consumidor brasileiro tem preferência pelas cultivares de grãos médios e grandes do grupo kabuli, os quais são consumidos na forma de salada ou de pasta. As temperaturas ótimas para o cultivo do grão-de-bico estão entre 15 e 30ºC (Braga et al., 1992). Por isso, no sudeste do Brasil, ele deve ser cultivado no outono-inverno, com irrigação.

A primeira cultivar lançada no Brasil ocorreu em São Paulo, em 1989. A 'IAC Marrocos', introduzida em 1964 do Marrocos, tem grãos de tamanho médio (26 g/100 unidades) e ciclo de vida de 125 a 140 dias (Braga et al., 1992). Em 1994, a cultivar Cícero (grãos grandes), selecionada de introduções procedentes do México, foi recomendada para cultivo no inverno nas condições edafoclimáticas do Brasil Central, onde o seu ciclo de vida é de, aproximadamente, 110 dias (Giordano & Nascimento, 1994). Minas Gerais tem grande potencial para o cultivo do grão-de-bico, por causa da vasta área irrigada por aspersão e do clima ameno no outono-inverno na maior parte do estado. No entanto, não há cultivar recomendada para as condições edafoclimáticas de Minas Gerais. Logo, 'Leopoldina' é a primeira cultivar a ser lançada para esse estado.

ORIGEM

A cultivar Leopoldina foi introduzida do "International Center for Agricultural Research in the Dry Areas" (ICRISAT), localizado na Índia. Ela foi recebida em 1991, com a denominação ICCV-3. Esta linhagem provém de um cruzamento múltiplo [( K 850 x GW 5/7 ) x P 458 ] x (L 550 x Guamuchil) feito em 1975, e foi selecionada para ter resistência à raça 1 da murcha-de-fusarium (Fusarium oxysporum f. sp. ciceri), na Índia.

DESCRIÇÃO

Plantada em abril ou maio e irrigada, a emergência ocorre entre 6 e 9 dias. Da emergência ao início da floração a 'Leopoldina' leva entre 43 e 63 dias, dependendo do local. O ciclo de vida varia de 125 a 135 dias. Apresenta plantas com tipo de crescimento ereto e inserção da primeira vagem alta, o que facilita a colheita mecanizada. As plantas atingem 55 a 60 cm de altura. A flor é branca e o comprimento da vagem é de 25 mm; em geral são produzidas 2 a 3 sementes por vagem. O índice de colheita normalmente varia de 37% a 48%. As sementes têm coloração creme e o peso de 100 unidades varia de 28 a 36 g. A cultivar Leopoldina é resistente à raça 1 de F. oxysporum f. sp. ciceri e tolerante aos nematóides causadores de galhas nas raízes (informação pessoal, Dr. Jagdish Kumar, ICRISAT).

A cultivar Leopoldina teve bom desempenho quando plantada em abril ou maio na Zona da Mata e no Norte de Minas Gerais, sempre com irrigação. Em Coimbra, município da Zona da Mata localizado a 800 m de altitude, seu rendimento variou de 2.037 a 2.300 kg/ha (Braga et al., 1997). Em Leopoldina, município da Zona da Mata localizado a 210 m de altitude, o rendimento atingiu 2.959 kg/ha. Em Janaúba, Norte de Minas Gerais, ela rendeu 2.640 kg/ha. Em média, a cultivar Leopoldina rendeu 20% e 42% a mais que as cultivares IAC Marrocos e Cícero, respectivamente. Nesses ensaios, a 'Leopoldina' foi plantada no espaçamento entre fileiras de 50 cm, com 20 sementes por metro. A adubação nitrogenada de cobertura variou de 30 a 100 kg/ha de N. Não se fez uso de inoculante (Bradyrhizobium sp.).

DISPONIBILIDADE DE SEMENTES

Pequenas amostras de sementes da cultivar Leopoldina podem ser obtidas no Centro Tecnológico da Zona da Mata (EPAMIG), em Viçosa,MG.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à FAPEMIG pelo financiamento da pesquisa que teve como resultado o lançamento da cultivar Leopoldina.

LITERATURA CITADA

Aceito para publicação em 27 de agosto de 1999

  • BRAGA, N.R., VIEIRA, R.F., RAMOS, J.A. de O. A cultura do grão-de-bico. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 16, n. 174, p. 47-52, 1992.
  • BRAGA, N.R., VIEIRA, C., VIEIRA, R.F Comportamento de cultivares de grão-de-bico (Cicer arietinum L.) na Microrregião de Viçosa, Minas Gerais. Revista Ceres, Viçosa, v. 44, n. 255, p. 577-591, 1997.
  • GIORDANO, L. de B.; NASCIMENTO, W.M. 'Cícero': nova cultivar de grão-de-bico para cultivo de inverno. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 12, n. 1, p. 80 (Resumo), 1994.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    21 Dez 2011
  • Data do Fascículo
    Nov 1999
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