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Potencial biótico da mosca-branca Bemisia argentifolii a diferentes plantas hospedeiras

Biotic potential of Bemisia argentifolii to different host plants

Resumos

A mosca-branca Bemisia argentifolii Bellows & Perring, 1994 causa danos em diversas culturas de importância econômica no Brasil. Este trabalho teve o objetivo de avaliar o potencial biótico do inseto nas plantas de abobrinha, feijão, mandioca, milho, poinsétia, repolho e tomate. Os experimentos foram conduzidos na Embrapa Hortaliças, em Brasília-DF, em câmaras climatizadas, à temperatura de 28 ± 2ºC e casa de vegetação, à temperatura ambiente (25 ± 8ºC), partindo-se de uma população de B. argentifolii, criada em poinsétia desde 1995. Repolho e feijão foram as plantas hospedeiras que apresentaram períodos pré-imaginais mais curtos, respectivamente 20,5 e 21,9 dias. As maiores porcentagens de mortalidade nesses períodos foram observadas em mandioca (97,9%) e milho (94,2%). A razão sexual em geral foi favorável às fêmeas. O inseto apresentou valores muito próximos de r m (capacidade intrínseca de crescimento da população), variando de 0,18 em feijão a 0,13 em repolho, mostrando estar igualmente adaptado a estes hospedeiros. Resultados diversos foram observados em milho e mandioca, onde as fêmeas apresentaram alta mortalidade (> 90%), o que sugere baixa capacidade de utilização destes hospedeiros pela mosca-branca.

Bemisia tabaci biótipo B; biologia; tabela de vida; abobrinha; feijão; mandioca; milho; poinsétia; repolho; tomate


The whitefly Bemisia argentifolii Bellows & Perring, 1994 has been causing damage in several economically important crops in Brazil. The purpose of this research was to determine the biotic potential of the insect in zucchini, dry bean, cassava, corn, poinsettia, cabbage and tomato. The experiments were carried out at the Experimental Station of Embrapa Hortaliças, located in Brasilia, in BOD chamber (28°C ± 2°C) and greenhouse (25°C ± 8°C), with a whitefly population continuously reared on poinsettia plants since 1995. Cabbage and dry bean were the host plants with shorter pre-imaginal periods, 20.5 and 21.9 days respectively. The highest mortality in this periods was observed in cassava (97.9%) and corn (94.2%). Sexual ratio (female:male) favored females. The insect presented a small range for the intrinsic rate of increase (r m), 0.18 for dry bean and 0.13 for cabbage, reflecting the similar adaptability to both hosts. Lower intrinsic rates of increase were observed in corn and cassava, with high female mortality (> 90%), suggesting that these two species were less suitable hosts for this whitefly population.

Bemisia tabaci B biotype; biology; life table; zucchini; dry bean; cassava; corn; poinsettia; cabbage; tomato


PESQUISA

Potencial biótico da mosca-branca Bemisia argentifolii a diferentes plantas hospedeiras1 1 Parte da tese de doutoramento do primeiro autor, apresentado ao PPG-ERN da UFSCar, São Carlos, SP.

Biotic potential of Bemisia argentifolii to different host plants

Geni L. Villas BôasI; Félix Humberto FrançaI; Newton MacedoII

IEmbrapa Hortaliças, Caixa Postal 218, CEP 70359-970 Brasília, DF

IIUFSCar, C. Postal 153, 13.6000-000 Araras, SP

Endereço para correspondência Endereço para correspondência Geni L. Villas Bôas E-mail: geni@cnph.embrapa.br

RESUMO

A mosca-branca Bemisia argentifolii Bellows & Perring, 1994 causa danos em diversas culturas de importância econômica no Brasil. Este trabalho teve o objetivo de avaliar o potencial biótico do inseto nas plantas de abobrinha, feijão, mandioca, milho, poinsétia, repolho e tomate. Os experimentos foram conduzidos na Embrapa Hortaliças, em Brasília-DF, em câmaras climatizadas, à temperatura de 28 ± 2ºC e casa de vegetação, à temperatura ambiente (25 ± 8ºC), partindo-se de uma população de B. argentifolii, criada em poinsétia desde 1995. Repolho e feijão foram as plantas hospedeiras que apresentaram períodos pré-imaginais mais curtos, respectivamente 20,5 e 21,9 dias. As maiores porcentagens de mortalidade nesses períodos foram observadas em mandioca (97,9%) e milho (94,2%). A razão sexual em geral foi favorável às fêmeas. O inseto apresentou valores muito próximos de rm (capacidade intrínseca de crescimento da população), variando de 0,18 em feijão a 0,13 em repolho, mostrando estar igualmente adaptado a estes hospedeiros. Resultados diversos foram observados em milho e mandioca, onde as fêmeas apresentaram alta mortalidade (> 90%), o que sugere baixa capacidade de utilização destes hospedeiros pela mosca-branca.

Palavras-chave:Bemisia tabaci biótipo B, biologia, tabela de vida, abobrinha, feijão, mandioca, milho, poinsétia, repolho, tomate.

ABSTRACT

The whitefly Bemisia argentifolii Bellows & Perring, 1994 has been causing damage in several economically important crops in Brazil. The purpose of this research was to determine the biotic potential of the insect in zucchini, dry bean, cassava, corn, poinsettia, cabbage and tomato. The experiments were carried out at the Experimental Station of Embrapa Hortaliças, located in Brasilia, in BOD chamber (28°C ± 2°C) and greenhouse (25°C ± 8°C), with a whitefly population continuously reared on poinsettia plants since 1995. Cabbage and dry bean were the host plants with shorter pre-imaginal periods, 20.5 and 21.9 days respectively. The highest mortality in this periods was observed in cassava (97.9%) and corn (94.2%). Sexual ratio (female:male) favored females. The insect presented a small range for the intrinsic rate of increase (rm), 0.18 for dry bean and 0.13 for cabbage, reflecting the similar adaptability to both hosts. Lower intrinsic rates of increase were observed in corn and cassava, with high female mortality (> 90%), suggesting that these two species were less suitable hosts for this whitefly population.

Keywords:Bemisia tabaci B biotype, biology, life table, zucchini, dry bean, cassava, corn, poinsettia, cabbage, tomato.

A mosca-branca Bemisia argentifolii Bellows & Perring, 1994 (Homoptera: Aleyrodidae) (Bellows Junior et al., 1994) foi introduzida no Brasil, provavelmente através da planta ornamental poinsétia (Euphorbia pulcherrima), tendo sido registrada em São Paulo em 1990 (Melo, 1992; Lourenção & Nagai, 1994) e no Distrito Federal em 1993 (França et al., 1996). Esta espécie foi encontrada em 1986 na Flórida, em altas populações em estufas de criação de poinsétia e inicialmente considerada um novo biótipo de B. tabaci, denominado biótipo B ou mosca-branca da folha prateada (Bethke et al., 1991; Perring et al., 1993).

B. argentifolii pode causar danos diretos às culturas ao se alimentar da seiva, provocando alterações no desenvolvimento vegetativo e reprodutivo da planta. A excreção de substâncias açucaradas que cobrem as folhas e servem de substrato para fungos, resultando na formação da fumagina, reduz o processo de fotossíntese e o valor comercial das culturas. Em tomate ocorre também o amadurecimento irregular dos frutos, o que dificulta o reconhecimento do ponto de colheita, reduz a produção e a qualidade da pasta, após o processamento (Villas Bôas et al., 1997). O dano mais sério causado por mosca-branca, no entanto, é o chamado dano indireto, onde o inseto é vetor de vários geminivírus, sendo considerado o mais importante vetor de patógenos virais do mundo.

Conforme Gerling & Mayer (1996) é difícil saber quais trabalhos sobre a biologia do inseto foram realizados com B. tabaci ou B. argentifolii. A biologia de B. tabaci foi estudada em diversos hospedeiros e em várias regiões do mundo, conforme revisões de Byrne & Bellows Junior (1991) e Fishpool & Burban (1994), sendo que estes últimos autores comentam a variação existente nos diferentes resultados encontrados, em função das condições climáticas e diferentes plantas hospedeiras.

O estudo da biologia de insetos é importante, principalmente em espécies recém-introduzidas em uma região, por oferecer conhecimentos básicos ao estabelecimento de medidas adequadas de controle. O objetivo deste trabalho foi avaliar o potencial biótico de B. argentifolii em algumas plantas hospedeiras como abobrinha, feijão, mandioca, milho, poinsétia, repolho e tomate, determinando-se os parâmetros biológicos mais adequados para estimar a adaptação da espécie ao interagir com estas plantas.

MATERIAL E MÉTODOS

População base

Os insetos utilizados em todos os experimentos descritos neste trabalho foram obtidos a partir de uma população criada em plantas de poinsétia, que vem sendo mantida em casa de vegetação, na Embrapa Hortaliças, Brasília (DF), desde 1995. Esta população de mosca-branca foi previamente identificada como B. argentifolii, através da técnica molecular de polimorfismo de DNA amplificado ao acaso (RAPD) (G.L. Villas Bôas, dados não publicados).

Hospedeiros avaliados

O potencial biótico da mosca-branca foi determinado sobre plantas de abobrinha italiana 'Caserta' (Cucurbita pepo), feijão 'Carioquinha' (Phaseolus vulgaris), mandioca (Manihot esculenta), milho 'Br 201' (Zea mays), poinsétia (Euphorbia pulcherrima), repolho 'Kenzan' (Brassica oleracea var. capitata) e tomate 'Nemadoro' (Lycopersicon esculentum). A idade das plantas foi padronizada em sete dias após a semeadura para abobrinha e milho, quinze dias para feijão, 20 dias após o transplante para repolho, tomate, mandioca e três meses para poinsétia, por apresentarem nestes estágios fenológicos número de folhas e vigor compatíveis com as exigências dos trabalhos.

Condições experimentais

Os experimentos foram conduzidos no laboratório de Entomologia da Embrapa Hortaliças, de setembro de 1998 a setembro de 1999. Estes estudos foram realizados em câmaras climatizadas (BOD) a 28 ± 2ºC, 70 ± 10% de umidade relativa (UR) e fotofase de 14 h com observações diárias, nos hospedeiros repolho, feijão, mandioca e abobrinha. Além destes, para reduzir o efeito causado pelo manuseio das folhas a cada 24 h, foram realizados estudos das bionomias da mosca-branca em BOD com observações a cada três dias, em média, nos hospedeiros tomate, milho e poinsétia. Adicionalmente, para atenuar o efeito da eventual perda de qualidade das plantas, que permaneceram sob a luz da BOD, bem como o manuseio diário, foram realizados estudos das biologias da mosca-branca, em casa de vegetação (temperatura ambiente de 25 ± 8ºC e 60 ± 10% UR).

Definição do número de casais

Foi efetuado um ensaio preliminar com repolho 'Kenzan' de quinze dias após transplante. Os tratamentos foram: um, dois, quatro, oito e 16 casais por vaso, com quatro repetições. Os casais, de diferentes idades, foram colocados em gaiolas (tubo de PVC de 13 cm de diâmetro e 20 cm de altura, coberto com tela na parte superior) com vasos de repolho de 0,5 L e 12 cm de diâmetro, por 24 h.

Estudos biológicos em BOD

Casais de mosca-branca foram coletados na face abaxial da folha de poinsétia. Como os adultos ficam sempre pareados, com as cabeças voltadas para lados opostos, estes eram aspirados e liberados nas gaiolas de PVC que continham os vasos com as plantas hospedeiras, geralmente com pelo menos duas folhas totalmente expandidas, onde permaneciam por 24 h. Foram utilizados dez casais por vaso. Após 24 h, determinou-se o número de ovos sobre cada folha. Tanto no experimento onde as observações eram diárias, como naquele cujas observações eram feitas a cada três dias, as plantas foram verificadas sempre no mesmo horário, com auxílio de microscópio estereoscópio, e anotada a presença de cada fase do inseto e a mortalidade ocorrida, até a emergência dos adultos. Para as observações a cada três dias, o tempo de duração de cada estádio de crescimento foi estabelecido e registrado quando pelo menos 50% dos indivíduos haviam mudado para o estádio seguinte àquele da observação anterior. A transição entre as diferentes fases foi observada através da mudança na cor e tamanho das ninfas ou pela presença da exúvia. As seguintes variáveis foram avaliadas: número inicial de indivíduos por folíolo, número de ovos por fêmea por dia (24 h), porcentagem de eclosão, número de estádios, tempo de desenvolvimento de cada estádio (dias), duração total de ovo a adulto (dias), mortalidade em cada fase (%) e mortalidade total (%).

Estudos biológicos em casa de vegetação

Até a obtenção das posturas, o procedimento foi o mesmo anteriormente descrito para os estudos da bionomia em BOD. Os vasos foram mantidos em casa de vegetação e observados a cada três dias, em média. Avaliou-se o número inicial de indivíduos por folíolo, número de ovos por fêmea por dia (24 h), porcentagem de eclosão de ninfas, período médio em dias, de ovo a adulto e porcentagem total de mortalidade.

Razão sexual

Os adultos obtidos a partir dos estudos de biologia anteriormente descritos, foram capturados e sexados. A sexagem foi feita com auxílio de microscópio estereoscópio, sendo o reconhecimento dos machos e fêmeas feito através das diferenças anatômicas do abdômen do inseto, que na fêmea se apresenta arredondado e no macho se apresenta em formato de pinça em sua porção final.

Longevidade e fertilidade das fêmeas

Avaliou-se a longevidade e fecundidade das fêmeas e o número de ovos por fêmea por dia (24 h). Os casais provenientes da população base foram colocados em recipientes de plástico, cobertos com tela, que continham uma folha da planta hospedeira, com o pecíolo colocado em um pequeno vidro com água, e mantidos em BOD. Cada folha era trocada em intervalos de três dias, em média, quando determinava-se o número de posturas efetuadas neste intervalo de tempo. Os machos que morriam durante o experimento eram substituídos por outros machos provenientes da população base. A observação era considerada concluída com a morte da fêmea. As fêmeas mortas ou desaparecidas sem efetuar postura, no primeiro intervalo de observação, foram eliminadas das análises.

Associação inseto hospedeiro em várias gerações

Colocaram-se inicialmente 100 casais da população base, criada em poinsétia, em dez vasos de repolho, em gaiolas (61 x 64 x 80 cm) em telado, à temperatura ambiente. Após três gerações, casais foram coletados e liberados nas gaiolas com a planta hospedeira repolho. Foram estudados, em casa de vegetação, a longevidade das fêmeas, número de ovos por fêmea e o número de ovos por fêmea por dia.

Tabela de vida de fertilidade

Foram calculados os valores de Ro = å mx.lx (taxa líquida de reprodução ou o número de fêmeas geradas por uma fêmea em uma geração); T = å mx.lx.x/å mx.lx (duração média de uma geração); rm = lnRo/T (estimativa da capacidade intrínseca de crescimento da população) e l = erm (razão finita de aumento, que representa o número de indivíduos adicionados à população/unidade tempo) (Silveira Neto et al., 1976; Price, 1984).

Delineamento experimental e análises estatísticas

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado. A análise dos dados foi feita com o auxílio do software Statview, determinando-se parâmetros estatísticos descritivos como média, erro padrão da média e amplitude. Foi feita a análise da variância, utilizando-se como teste de separação de médias o DMS (Diferença Mínima Significativa) (P £ 0,05). Nestes casos, os dados foram transformados para Ö x + 0,5.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Definição do número de casais

Verificaram-se diferenças significativas entre os tratamentos para número total de ovos, sendo que nos tratamentos oito e 16 casais, a média de ovos foi de 18,5 e 34,5, respectivamente (Tabela 1). As fêmeas ovipositaram de 2,0 a 3,0 ovos por dia, não havendo diferença estatística entre os tratamentos (Tabela 1). A metodologia com gaiolas de PVC e período de 24 h mostrou-se adequada para obtenção de posturas para se iniciar experimentos com mosca-branca. Baseado nos resultados obtidos, tomou-se a decisão de trabalhar com oito a dez casais por vaso, conforme a disponibilidade de adultos.

Estudos biológicos em BOD e casa de vegetação

Ciclos de vida mais curtos foram verificados em repolho (20,5 ± 0,3 dias) e feijão (21,9 ± 0,7 dias), enquanto em poinsétia (26,6 ± 0,5 dias) e mandioca (25,0 ± 1,3 dias) o período de desenvolvimento foi mais longo (Tabelas 2 e 3). Em estudos bionômicos de B. tabaci e B. argentifolii, na mesma planta hospedeira, vários pesquisadores chegaram a resultados similares, sendo que as diferenças observadas foram devidas às diferentes condições ambientais dos experimentos, principalmente temperatura e umidade. Mizuno & Villas Bôas (1997) verificaram em repolho um ciclo maior (25,6 ± 1,1 dias), à temperatura de 25 ± 2ºC e semelhante ao que foi obtido para repolho (Tabela 4) em casa de vegetação (26,7 ± 0,2 dias). Para feijão, tanto Coudriet et al. (1985) como Tsai & Wang (1996) verificaram tempo de desenvolvimento similar aos obtidos nestes experimentos em BOD, enquanto Eichelkraut & Cardona (1989) citam duração total de 25,3 dias a 26,5ºC, compatível com os dados obtidos em feijão em casa de vegetação (25,7 dias) (Tabela 4). Na planta hospedeira poinsétia, Bethke et al. (1991) observaram um tempo de desenvolvimento total de 23,2 ± 0,7 dias, à temperatura de 25,4ºC, enquanto Enkegaard (1993) encontrou 26,1 dias (26,7ºC), similares aos resultados deste trabalho (Tabela 3). Salas & Mendoza (1995) e Mizuno & Villas Bôas (1997) trabalhando com tomate, obtiveram dados semelhantes aos apresentados neste trabalho, sob as mesmas condições de temperatura, enquanto Tsai & Wang (1996) registraram um ciclo menor (18,0 dias) a 25 ± 1ºC. Coudriet et al. (1985) verificaram um período mais longo (27,3 dias) a 26,7ºC, valor muito próximo ao que foi verificado (27,5 dias) em casa de vegetação (Tabela 4). Em abobrinha, Yee & Toscano (1996) registraram um ciclo de 23 dias, sob temperatura de 27 ± 2ºC.

As maiores porcentagens de mortalidade total na fase pré-imaginal foram registradas em mandioca (97,9 ± 1,3%) e milho (94,2 ± 2,8%), nos estudos de bionomia realizados em BOD (Tabelas 2 e 3). Em casa de vegetação (Tabela 4), a maior porcentagem de mortalidade total foi observada em feijão (74,7 ± 5,3%). As maiores porcentagens de mortalidade ocorreram em ninfas do terceiro estádio, quando os insetos estavam associados com as plantas hospedeiras repolho (15%), feijão (39%), mandioca (63%) e tomate (5%), e em ninfas do quarto estádio em milho (76%) e poinsétia (17%) (Tabelas 2 e 3). Em estudos realizados na casa de vegetação, as maiores porcentagens de mortalidade ocorreram em ninfas do quarto estádio para feijão (55%), abobrinha (42%) e repolho (32%). Em tomate, observou-se uma elevada porcentagem de mortalidade na fase de ovo (30%) (Tabela 4).

Os dados referentes à mortalidade, encontrados na literatura, são extremamente variáveis, sendo que, além dos fatores abióticos, outros fatores interferem nas taxas de mortalidade observadas nas diferentes espécies de plantas hospedeiras, como idade, vigor, cultivar e substâncias metabólicas secundárias. O intenso manuseio das folhas durante as amostragens também contribui para o aumento da mortalidade ninfal (Enkegaard, 1993). Para poinsétia, as porcentagens de mortalidade total, de ovo a adulto variaram de 6% a 28ºC (Enkegaard, 1993) a 39% a 27ºC (Costa & Brown, 1991). Tsai & Wang (1996) verificaram porcentagem de mortalidade total de 60% em tomate e de 46% em feijão, enquanto Mizuno & Villas Bôas (1997) mencionam 53% em tomate, ocorrendo uma maior mortalidade em ninfas do quarto estádio (24%) e 46,8% em repolho, com maior mortalidade em ninfas do primeiro estádio (19%). Costa et al. (1991) trabalhando a 27ºC, citam mortalidade pré-imaginal de 83% em tomate e 17% em abobrinha. Coudriet et al. (1985) observaram mortalidade acima de 90% em cana-de-açúcar para as ninfas do primeiro estádio, com as sobreviventes morrendo no segundo estádio.

Dentre os hospedeiros, verificou-se que a abobrinha foi muito sensível ao manuseio direto e ao ambiente interno da BOD, sendo que em geral, as plantas secaram e morreram antes que os insetos completassem o ciclo de desenvolvimento (Tabela 2).

Razão sexual

A razão sexual foi sempre favorável às fêmeas, com exceção daquela observada em mandioca, onde se obteve uma razão sexual de 0,5 fêmeas:1,0 macho. As maiores variações foram observadas em milho (3:1) e tomate (2:1). Já em poinsétia e repolho a razão fêmea:macho observada foi de 1,3:1. A razão sexual encontrada em tomate foi de 2,7:1,0 (Salas & Mendoza, 1995; Mizuno & Villas Bôas, 1997), de 3,7:1,0 em repolho (Mizuno & Villas Bôas, 1997) e de 1:1 em feijão (Eichelkraut & Cardona, 1989).

Longevidade e fertilidade das fêmeas

A longevidade variou, em média, de 21,3 ± 9,0 dias em fêmeas de terceira geração em repolho a 5,5 ± 2,5 dias em milho, sendo que em feijão o valor máximo observado foi de 40 dias (Tabela 5). Observou-se que em mandioca as fêmeas morreram nos primeiros três dias, sem efetuar postura. Esta observação corrobora os dados de Costa & Russel (1975), que ao realizar experimentos em insetário, verificaram que os insetos efetuaram poucas posturas e as ninfas morreram antes de atingir a fase adulta, concluindo que B. tabaci não coloniza mandioca no Brasil, uma vez que nos experimentos em confinamento os adultos morriam após três dias.

A longevidade de fêmeas criadas em poinsétia foi de 17 dias (Bethke et al., 1991) à temperatura de 25,4ºC e de 16 dias (Enkegaard, 1993) a 28ºC, maiores que a obtida neste estudo (13,2 ± 1,9 dias). Em tomate foi de 19 dias (Salas & Mendoza, 1995) e em feijão de 14 dias (Eichelkraut & Cardona, 1989).

Os resultados obtidos permitem verificar que as maiores relações de ovos por fêmea foram encontradas em repolho de terceira geração (172,3 ± 70,0), os valores totais máximos de até 301 ovos por fêmea em repolho e 299 ovos por fêmea em poinsétia (Tabela 5). Em milho, as fêmeas geralmente efetuaram poucas posturas, apresentando, em média, 5,0 ± 1,0 ovos. A maior média de número de ovos por fêmea por dia (7,9 ± 1,1) foi observada em adultos de terceira geração em repolho, não havendo diferença significativa para oviposição de fêmeas de primeira geração (6,3 ± 1,1) naquela planta hospedeira, poinsétia (5,4 ± 0,4) e abobrinha (4,9 ± 0,6). Nestes casos os valores máximos e mínimos variaram de 0 a 11,6 ovos.

Com relação ao total do número de ovos por fêmea em poinsétia, Enkegaard (1993) obteve 263 ovos, com um número médio de ovos de 96,3 e Bethke et al. (1991) verificaram um número médio de 85,0 ± 19,4, muito similar ao que foi apresentado de 83,4 ± 15,8 ovos por fêmea (Tabela 5). Salas & Mendoza (1995) observaram valores para o número total de ovos por fêmea e média de ovos por fêmea, respectivamente 194,9 ± 59,1 e 11,7 ± 3,6, bem mais elevados que os obtidos neste trabalho para tomate, 28,2 ± 7,7 (número de ovos/fêmea) e 3,6 ± 0,6 (número de ovos/fêmea/dia) (Tabela 5). Costa & Brown (1991) registraram, na temperatura de 27ºC, 48 ovos em abobrinha e Eichelkraut & Cardona (1989) obtiveram 75 ovos por fêmea, em feijão. Costa et al. (1991) verificaram que as maiores posturas foram realizadas em 48 h em abobrinha (128 ovos), sendo que em tomate foram obtidos 64 ovos.

Tsai & Wang (1996) demonstraram que plantas hospedeiras têm efeito significativo na longevidade e oviposição de fêmeas de B. argentifolii e os resultados obtidos nos experimentos aqui discutidos estão de acordo com os apresentados por outros pesquisadores. Por exemplo, os resultados de Costa et al. (1991) demonstraram que B. tabaci, quando confinada a determinadas plantas hospedeiras, não deposita número igual de ovos em todas as espécies. Embora a taxa de sobrevivência dependa da planta hospedeira, estes autores não observaram correlação direta entre o número de posturas e a taxa de sobrevivência. Isso sugere que, antes da postura, as fêmeas de B. tabaci não são capazes de avaliar o potencial qualitativo da planta hospedeira com respeito a taxa de sobrevivência da progênie (Costa et al., 1991).

Byrne & Bellows Junior (1991) comentam que espécies polífagas apresentam uma taxa de adaptação diferenciada em diferentes hospedeiros. Segundo Coudriet et al. (1985) mesmo culturas consideradas de menor preferência podem servir como culturas de sobrevivência no inverno ou na entressafra. Bethke et al. (1991) sugerem que o inseto não só apresenta amplo número de hospedeiros, como se adapta facilmente a novos hospedeiros, em novos ambientes.

Associação inseto-hospedeiro em várias gerações

A mosca-branca, inicialmente criada em poinsétia, foi mantida em repolho até a terceira geração, tendo sido avaliada a duração do ciclo total, de ovo a adulto, verificando-se maior ciclo de vida no repolho da terceira geração de 21,1 ± 0,6 dias, comparado com o ciclo observado na primeira geração, que foi de 20,5 ± 0,3 dias. Foi também observada maior porcentagem de mortalidade em repolho da terceira geração (79,1%).

Tabela de vida de fertilidade

Os maiores valores de Ro (número de fêmeas geradas por fêmea em cada geração) foram obtidos para poinsétia (237,1) e abobrinha (107,1), e o menor para milho (3,0) (Tabela 6). Verifica-se que B. argentifolii apresentou valores muito próximos de rm (estimativa da capacidade intrínseca de crescimento da população) e l (razão finita de aumento). Os valores de rm variaram de 0,18 a 0,13 e os valores de l de 1,20 a 1,14, respectivamente em feijão e repolho na terceira geração, mostrando estar igualmente adaptada a estes hospedeiros. Para a planta hospedeira milho o valor de rm (0,06) e l (1,06) foram inferiores, e estes resultados sugerem que a mosca-branca, quando comparada a outras espécies de plantas, não se encontra adaptada a esta planta. A mortalidade elevada observada na fase pré-imaginal e também das fêmeas, impossibilitou a determinação de tabela de vida de fertilidade para mandioca.

A duração média de uma geração (T) foi maior em poinsétia (36,19 dias) e menor em tomate (28,47 dias). Para este hospedeiro, verifica-se que um menor valor de Ro é acompanhado de um menor tempo de geração, fazendo com que o rm e o l sejam bastante semelhantes às demais plantas hospedeiras (Tabela 6). Os valores de Ro observados para poinsétia, por Enkegaard (1993) e Calvitti & Remotti (1998) foram, respectivamente, 42,8 e 37,9, menores que o obtido neste trabalho, que foi de 237,1. Em geral estas variações podem ser explicadas pelas diferenças nas espécies estudadas, constituições genéticas das populações de mosca-branca e de cultivares de plantas, bem como da interação genótipo/ambiente das plantas hospedeiras.

Os valores de Ro encontrados no presente estudo para tomate (58,9) estão similares aos observados por Tsai & Wang (1996). Os valores de rm aqui demonstrados, são semelhantes aos verificados na literatura, quando consideradas as mesmas espécies de plantas hospedeiras. Tsai & Wang (1996) obtiveram os seguintes valores de rm, 0,19; 0,15; 0,12; respectivamente para berinjela, tomate e feijão. Calvitti & Remotti (1998), estudando plantas daninhas, arbitrariamente agruparam as plantas hospedeiras, considerando rm maior que 0,09 as espécies mais preferidas. Os autores sugerem que, quanto mais preferida é a planta, maior a taxa de crescimento dessa população, nesse hospedeiro. De acordo com a afirmação daqueles autores, baseada em valores de rm menores, considera-se que, nas condições do presente trabalho, com exceção do milho e mandioca, as plantas hospedeiras abobrinha, feijão, poinsétia, repolho e tomate são igualmente preferidas pelo inseto, por apresentar um elevado potencial biótico nestas hospedeiras, quando cultivadas em condições naturais.

Para auxiliar o manejo integrado desta praga, e de acordo com os resultados aqui apresentados, recomenda-se adotar a rotação com milho, na entressafra, entre as culturas de maior preferência do inseto, como tomate, repolho, abobrinha e feijão. Gravena et al. (1984) utilizaram sorgo granífero como barreira circundante em experimentos com tomate estaqueado, verificando a redução da população de B. tabaci. Na América Central é recomendada a utilização de barreiras vegetais, com sorgo forrageiro e milho (Salguero, 1993). A técnica do pousio não é indicada neste caso, pois a mosca-branca se utiliza de várias espécies de plantas daninhas, como hospedeiro alternativo, que se constituiriam em fonte de futuras infestações. Assim, em áreas de intenso desequilíbrio, é recomendável interromper o ciclo das espécies preferidas, utilizando-se de milho ou outra gramínea como sorgo ou cana de açúcar, ou mesmo mandioca.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem às pesquisadoras Maria Alice de Medeiros e Marina Castelo Branco pelas valiosas sugestões e revisão do manuscrito. Ao auxiliar de laboratório Hozanan Pires Chaves e ao técnico agrícola, Adiel Lopes dos Santos, do Laboratório de Entomologia da Embrapa Hortaliças, pelo dedicado auxílio na condução dos experimentos. Agradecem ainda as pertinentes sugestões dos professores da UFSCar, Dra. Angélica Maria P. Martins Dias, Dra. Maria Inês Salgueiro Lima e Dr. Carlos Roberto Sousa e Silva.

LITERATURA CITADA

Aceito para publicação em 07 de janeiro de 2.002

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  • Endereço para correspondência
    Geni L. Villas Bôas
    E-mail:
  • 1
    Parte da tese de doutoramento do primeiro autor, apresentado ao PPG-ERN da UFSCar, São Carlos, SP.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      18 Nov 2003
    • Data do Fascículo
      Mar 2002

    Histórico

    • Aceito
      07 Jan 2002
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