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Parcelamento e fontes de nitrogênio para produção de maxixe

Parceling and nitrogen fertilization sources for gherkin yield

Resumos

Fontes e parcelamentos de nitrogênio foram avaliados no rendimento do maxixeiro, cv. Nordestino, na Universidade Federal da Paraíba, em blocos casualizados, esquema fatorial 2 x 7, com duas fontes de nitrogênio (uréia e sulfato de amônio) e sete épocas de aplicação: a) (100% na semeadura; b) 100% aos 30 dias após a semeadura (DAS); c) 100% aos 60 DAS; d) 50% na semeadura e 50% aos 30 DAS; e) 50% na semeadura e 50% aos 60 DAS; f) 50% aos 30 e 50% aos 60 DAP; g) 33% na semeadura, 33% aos 30 e 33% aos 60 DAP, em quatro repetições. O peso médio de frutos foi inferior quando o sulfato de amônio foi fornecido 100% na semeadura e 100% aos 60 DAS, 27 e 21 g fruto-1, respectivamente, não havendo alteração na fonte uréia, e entre as fontes. A produção de frutos por planta (2,364 kg planta-1), o número de frutos por planta (64 frutos planta-1) e a produtividade de frutos (20,93 t ha-1) foram superiores significativamente quando o nitrogênio, fonte sulfato de amônio foi parcelado 50% aos 30 e 50% aos 60 DAS. Quando a fonte de nitrogênio foi a uréia, a produção de frutos por planta (1,437 kg planta-1), o número de frutos por planta (48 frutos planta-1) e a produtividade de frutos (12,66 t ha-1) foram significativamente maiores quando foi parcelada 50% na semeadura e 50% aos 30 DAS.

Cucumis anguria L.; uréia; sulfato de amônio; rendimento


The nitrogen sources and parceling were evaluated concerning to gherkin plant, Nordestino cv., in the Universidade Federal da Paraíba, Brazil. The experimental design was the randomized block design in the factorial scheme 2 x 7, constituted of two nitrogen sources (urea and ammonium sulfate) and seven application times: a) (100% at sowing date; b) 100% 30 days after sowing (DAS); c) 100% 60 DAS; d) 50% at sowing date and 50% at 30 DAS; e) 50% at sowing date and 50% at 60 DAS; f) 50% at 30 and 50% at 60 DAP; g) 33% at sowing date, 33% at 30 33% at 60 DAP, with four replicates. The average weight of the fruits was inferior, 27 and 21 g, respectively, when the ammonium sulfate was 100% supplied at sowing and 100% at 60 DAS, as no alteration occurring in the urea source nor between those N sources. The yield of fruits of one plant (2.364 kg plant-1), the number of fruits of one plant (64 fruits plant-1) and fruit productivity (20.93 t ha-1) were significantly higher, when the nitrogen (ammonium sulfate source) was 50% parceled at 30 and 50% at 60 DAS. When urea was the nitrogen source, the yield of fruits of one plant (1.437 kg plant-1), the number of fruits of one plant (48 fruits plant-1) and the fruit productivity (12.66 t ha-1) were significantly higher, when it was parceled 50% at sowing date and 50% at 30 DAE.

Cucumis anguria L.; urea; ammonium sulfate; yield


COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA SCIENTIFIC COMMUNICATION

Parcelamento e fontes de nitrogênio para produção de maxixe

Parceling and nitrogen fertilization sources for gherkin yield

Ademar P de OliveiraI; Flávio José V de OliveiraII; Jandiê A da SilvaII; Arnaldo Nonato P de OliveiraIII; Rodolfo R SantosIII; Damiana F da SilvaIII

IUFPB-CCA, C. Postal 2, 58397-000 Areia-PB, Bolsista CNPq

IIUFPB, Pós-graduando em Agronomia

IIIUFPB, Graduando em Agronomia e Bolsista de Iniciação Científica, CNPq; ademar@cca.ufpb.br

RESUMO

Fontes e parcelamentos de nitrogênio foram avaliados no rendimento do maxixeiro, cv. Nordestino, na Universidade Federal da Paraíba, em blocos casualizados, esquema fatorial 2 x 7, com duas fontes de nitrogênio (uréia e sulfato de amônio) e sete épocas de aplicação: a) (100% na semeadura; b) 100% aos 30 dias após a semeadura (DAS); c) 100% aos 60 DAS; d) 50% na semeadura e 50% aos 30 DAS; e) 50% na semeadura e 50% aos 60 DAS; f) 50% aos 30 e 50% aos 60 DAP; g) 33% na semeadura, 33% aos 30 e 33% aos 60 DAP, em quatro repetições. O peso médio de frutos foi inferior quando o sulfato de amônio foi fornecido 100% na semeadura e 100% aos 60 DAS, 27 e 21 g fruto-1, respectivamente, não havendo alteração na fonte uréia, e entre as fontes. A produção de frutos por planta (2,364 kg planta-1), o número de frutos por planta (64 frutos planta-1) e a produtividade de frutos (20,93 t ha-1) foram superiores significativamente quando o nitrogênio, fonte sulfato de amônio foi parcelado 50% aos 30 e 50% aos 60 DAS. Quando a fonte de nitrogênio foi a uréia, a produção de frutos por planta (1,437 kg planta-1), o número de frutos por planta (48 frutos planta-1) e a produtividade de frutos (12,66 t ha-1) foram significativamente maiores quando foi parcelada 50% na semeadura e 50% aos 30 DAS.

Palavras-chave: Cucumis anguria L., uréia, sulfato de amônio, rendimento.

ABSTRACT

The nitrogen sources and parceling were evaluated concerning to gherkin plant, Nordestino cv., in the Universidade Federal da Paraíba, Brazil. The experimental design was the randomized block design in the factorial scheme 2 x 7, constituted of two nitrogen sources (urea and ammonium sulfate) and seven application times: a) (100% at sowing date; b) 100% 30 days after sowing (DAS); c) 100% 60 DAS; d) 50% at sowing date and 50% at 30 DAS; e) 50% at sowing date and 50% at 60 DAS; f) 50% at 30 and 50% at 60 DAP; g) 33% at sowing date, 33% at 30 33% at 60 DAP, with four replicates. The average weight of the fruits was inferior, 27 and 21 g, respectively, when the ammonium sulfate was 100% supplied at sowing and 100% at 60 DAS, as no alteration occurring in the urea source nor between those N sources. The yield of fruits of one plant (2.364 kg plant-1), the number of fruits of one plant (64 fruits plant-1) and fruit productivity (20.93 t ha-1) were significantly higher, when the nitrogen (ammonium sulfate source) was 50% parceled at 30 and 50% at 60 DAS. When urea was the nitrogen source, the yield of fruits of one plant (1.437 kg plant-1), the number of fruits of one plant (48 fruits plant-1) and the fruit productivity (12.66 t ha-1) were significantly higher, when it was parceled 50% at sowing date and 50% at 30 DAE.

Keywords:Cucumis anguria L., urea, ammonium sulfate, yield.

O maxixe (Cucumis anguria L.) é uma hortaliça de origem africana, bastante cultivada nas regiões Norte e Nordeste. Produz frutos sem sabor amargo e com variações quanto a espiculosidade e ao tamanho, geralmente com peso médio de 30 g (Modolo &Costa, 2003). É comum encontrar plantas de maxixe crescendo de modo subespontâneo no meio de outras plantações, cuja produção atende ao consumo doméstico e ao mercado, quando há demanda.

O maxixe é utilizado na forma de fruto imaturo, podendo ser consumido in natura (salada), em conserva (picles) ou cozido (refogados, sopas etc.). De modo geral, é uma hortaliça subutilizada como alimento, tanto no Brasil quanto no resto do mundo (Robinson & Decker-Walters, 1997; Bates et al., 1999).

O maxixe é pouco exigente em solo, porém adapta-se melhor àqueles arenosos, leves e soltos. Quanto a sua fertilização, muitos produtores não realizam adubações, isso porque ele se beneficia de resíduos de nutrientes aplicados anteriormente. Não obstante, em solos pobres é recomendado o fornecimento de matéria orgânica, nitrogênio, fósforo e potássio (Pimentel, 1985; Filgueira, 2000).

O nitrogênio é o segundo nutriente mais exigido pelas hortaliças (Filgueira, 2000). Seu fornecimento via adubação funciona como complementação à capacidade de suprimento dos solos, geralmente com teores baixos desse nutriente, em relação às necessidades das plantas (Malavolta et al., 1990). Portanto, quando o nitrogênio no solo encontra-se em quantidades insuficientes para o suprimento das plantas, suas folhas ficam cloróticas, e produzem menos, mas se estiver em excesso, a planta vegeta excessivamente e produz menos frutos (Malavolta et al., 2002). As fontes nitrogenadas mais utilizadas na agricultura brasileira são a uréia e o sulfato de amônio (Barbosa Filho et al., 2004). A uréia apresenta 45% de nitrogênio e o sulfato de amônio com 21% de nitrogênio e 23% de enxofre (Malavolta et al., 2002). No Brasil, cerca de 52% do N consumido é na forma de uréia, 19% como sulfato de amônio e 12,1% como nitrato de amônio (Sangoi et al., 2003).

Na adubação nitrogenada em hortaliças, incluindo aquelas produtoras de frutos, deve-se levar em consideração as exigências da cultura, condições de clima, além da idade da planta, pois a cultura precisa de níveis diferentes do nitrogênio que vai depender do seu estádio de desenvolvimento (Malavolta et al., 1997).

De acordo com Silva et al. (2004), uma das formas para reduzir perdas de nitrogênio e melhorar seu aproveitamento seria sua aplicação na semeadura ou transplantio juntamente com o fósforo e o potássio, e o restante distribuído em cobertura, em uma ou mais vezes, coincidindo com o período de maior exigência de cultura.

Nesse sentido, o parcelamento do nitrogênio pode amenizar as perdas, além de favorecer uma melhor produção devido ao eficiente aproveitamento do nutriente pelas plantas, devendo o mesmo ser aplicado na época de maior exigência pelas plantas, pois o nitrogênio que não é absorvido é perdido de alguma forma, seja por lixiviação ou volatilização (Barbosa Filho et al., 2004).

Pimentel (1985) recomenda o fornecimento do todo o nitrogênio (uréia) na semeadura, e Filgueira (2000) relata que esse nutriente deve ser fornecido na semeadura, e em adubação de cobertura.

Para o maxixeiro, pouco se conhece sobre suas exigências nutricionais. Até o momento, as recomendações de adubação para seu cultivo são feitas, com base em informações para as regiões Sul e Norte. Como todas as hortaliças, principalmente as produtoras de frutos, a adubação nitrogenada e seu manejo, são importantes para incrementar sua produção. Nesse sentido, informações sobre a melhor fonte de nitrogênio e o parcelamento mais adequado, poderão se converter num forte aliado para o sucesso no seu cultivo.

Devido à escassez de informações para o manejo de adubação nitrogenada no maxixeiro, conduziu-se este trabalho com o objetivo de avaliar a sua resposta a fontes e parcelamentos de nitrogênio.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado de abril a agosto de 2007, conduzido em condições de campo, na Universidade Federal da Paraíba. Pela classificação de Köppen, o clima do local da pesquisa é do tipo AS'(quente e úmido), precipitação pluviométrica média anual em torno de 1.400 mm e temperatura média anual entre 23º e 24ºC, com Latitude 6º58'12" S, longitude 35º42'15" W. e altitude de 574,62 m). A temperatura média em ºC, a precipitação pluviométrica em mm e a umidade relativa em % do período experimental foram, respectivamente: abril = 24,6; 211,7; 84; maio = 22,4; 151; 89; junho = 23,5; 285,9; 92; julho = 20,6; 158,3; 91; e agosto = 20,2; 156,8; 88.

O solo da área experimental foi classificado de acordo com Embrapa (1999), como NEOSSOLO REGOLITICO Psamítico típico, textura franca-arenosa, com relevo local suave ondulado e regional forte ondulado e fase floresta subperenifólia, com as seguintes características química e física: pH = 6,9; P = 11,24 mg dm-3; K = 54,12 mg dm-3; Al+3 = 0,00 cmolc dm-3; Ca2+ = 3,35 cmolc dm-3; Mg2 + = 0,65 cmolc dm-3; Na+ = 0,07 cmolc dm-3; H+ + Al+3 = 2,56 cmolc dm-3; SB = 4,21; CTC = 6,77 e matéria orgânica = 24,93 g kg-1. A análise do solo foi realizada segundo metodologia descrita por Embrapa (1997); areia = 841,50 g kg-1; silte = 88,00 g kg-1; argila = 70,50 g kg-1; densidade global = 1,37 g cm-3; densidade de partículas = 2,61 g dm-3; e porosidade total = 0,47 m3 m-3. O preparo do solo constou de roçagem, capinas e abertura de covas de plantio.

O experimento foi conduzido em delineamento de blocos casualizados, distribuindo-se os tratamentos em esquema fatorial 2 x 7, com quatro repetições. O primeiro fator correspondeu às fontes de nitrogênio (sulfato de amônio e uréia) e no segundo os parcelamentos do N, em diferentes proporções, sendo: a) 100% na semeadura; b) 50% na semeadura, 50% aos 30 dias após a semeadura (DAS); c) 50% na semeadura e 50% aos 60 DAS; d) 100% aos 30 DAS; e) 100% aos 60 DAS; f) 50% aos 30 e 50% aos 60 DAS; g) 33% na semeadura, 33% aos 30 e 33% aos 60 DAS. As parcelas continham 32 plantas espaçadas de 2,00 m entre fileiras e 1,00 m entre plantas. A instalação da cultura foi realizada por meio de semeadura direta, colocando-se quatro sementes por cova da cultivar Nordestino (Hortivale), realizando-se desbaste quinze dias após, para duas plantas por cova.

A adubação seguiu as recomendações do Laboratório de Química e Fertilidade de Solo da Universidade Federal da Paraíba, e consistiu da aplicação nas covas de 100 kg ha-1 de P2O5 (superfostato triplo), 10 t ha-1 de esterco bovino e de 70 kg ha-1 de K2O (cloreto de potássio), Em cobertura forneceu-se 80 kg de N, nas fontes e parcelamentos, conforme descrição no delineamento experimental.

Realizaram-se os tratos culturais normais para a cultura, incluindo irrigação por aspersão, com turno de rega de três vezes por semana, procurando fornecer quantidade de água suficiente para o bom desenvolvimento da cultura nos períodos de ausência de precipitação e capinas com auxílio de enxadas para manter a cultura sempre livre de plantas invasoras.

As colheitas, em número de oito, foram efetuadas a cada três dias, no período de 60 a 110 dias após a semeadura, quando os frutos se encontravam imaturos e com coloração verde intensa. Os frutos colhidos foram transportados para o galpão, para avaliação do peso médio de frutos, número e produção de frutos por planta e produtividade de frutos.

Os resultados foram submetidos às análises de variância, sendo as somas dos quadrados médios comparados pelo teste F (5%). Para comparação das médias foi empregado o teste de agrupamento Scott-Knott, a 5% de probabilidade, empregando-se o “software” SAEG (2000).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Houve interação significativa entre os parcelamentos e as fontes de N para o número e produção de frutos por planta e para produtividade, e efeito significativo independente (p≤0,05) do parcelamento e das fontes de N, apenas para o peso médio de frutos. O peso médio de frutos foi inferior estatisticamente quando o sulfato de amônio foi fornecido 100% na semeadura e 100% aos 60 DAS, 27 e 21 g fruto-1, respectivamente, não havendo alteração significativa em função da fonte uréia, e entre as fontes (Tabela 1). Independente das fontes de nitrogênio, todos os pesos médios de frutos foram superiores aquele verificado por Leal et al. (2000), 19,6 g fruto-1 para a cv. Maxixe do Norte, no sistema convencional de produção, mas foram inferiores ao obtido por Modolo & Costa (2000) que constataram peso médio de fruto de 37,4 g fruto-1, também para um acesso de maxixe do tipo comum.

Os resultados obtidos para o peso médio de frutos quando foi usado o sulfato de amônio, indicam que parte desse nutriente deve ser fornecida após o maxixeiro apresentar área foliar definitiva, a exemplo do quiabeiro onde Oliveira et al. (2003) obtiveram elevação no peso de frutos com fornecimento de nitrogênio, fonte sulfato de amônio, quando as plantas já apresentavam flores e frutos. Possivelmente a presença do enxofre no sulfato de amônio, 23%, (Malavolta et al., 2002), tenha contribuído também para elevação do peso médio dos frutos. De acordo com Alvarez et al. (2007), o equilíbrio entre o nitrogênio e o enxofre no solo e na planta é refletido no crescimento e no estado nutricional do vegetal, melhorando a produção das culturas. Feltrin et al. (2005) atribuíram o aumento na produção de frutos do tomateiro à presença do enxofre (18%) na composição do sulfato de potássio.

A produção de frutos por planta (2,364 kg planta-1), o número de frutos por planta (64 frutos planta-1) e a produtividade de frutos (20,93 t ha-1) foram superiores significativamente quando o nitrogênio, fonte sulfato de amônio, foi parcelado 50% aos 30 e 50% aos 60 DAS. Quando a fonte de nitrogênio foi a uréia, a produção de frutos por planta (1,437 kg planta-1), o número de frutos por planta (48 frutos planta-1) e a produtividade de frutos (12,66 t ha-1) foram significativamente maiores quando foi parcelada 50% na semeadura e 50% aos 30 DAS (Tabela 1), porém com valores inferiores àqueles obtidos pelo uso do sulfato de amônio.

Independente da fonte de nitrogênio, a produção e o número de frutos por planta foram superiores aqueles verificados por Azevedo Filho & Melo (2003) que obtiveram produção média de 1,47 kg planta-1 e número médio de 41 frutos planta-1. As maiores produtividades obtidas, independente das fontes de nitrogênio (Tabela 1), superaram as produtividades médias para o estado do Maranhão, 8,0 e 16 t ha-1 (Martins, 1986) e para o estado de São Paulo, 12 t ha-1 (Melo & Trani, 1998).

As menores produções obtidas com o uso da uréia, possivelmente estão relacionadas com as perdas de N provocadas pelo excesso de precipitações ocorridas no período do experimento, o que pode ter proporcionado sua lixiviação prejudicando a sua disponibilidade ao maxixeiro. Melo & Marques (2000), relatam que a adubação nitrogenada apresenta a inconveniência de ser facilmente lixiviada da solução do solo.

As altas produtividades obtidas nesse estudo podem ser atribuídas ao fato de que a maior eficiência no uso de nitrogênio nessa hortaliça é quando a mesma apresenta flores e frutos, caracterizando as fases de maior absorção do nutriente (Modolo & Costa, 2003). Para a cultura do maxixe, altas produções são obtidas quando o nitrogênio for adicionado uma parte após o desbaste e outra no início da frutificação (Filgueira, 2000).

Como a colheita do maxixe tem início entre 55 e 60 DAS (Pimentel, 1985), esse fato pode justificar o aumento de produtividade quando 50% do nitrogênio, na forma de sulfato de amônio foi fornecido aos 30 e 60 DAS, e o aumento obtido quando o nitrogênio na forma de uréia foi aplicado 50% aos 30 e 50% aos 60 DAS. Esses resultados parecem indicar que a produtividade de frutos pode ser aumentada com aplicação de nitrogênio na forma de sulfato de amônio quando o maxixeiro já apresentar área foliar definitiva e início de frutificação.

Comparando-se os efeitos isolados das fontes sobre a produtividade de frutos, verificaram-se diferenças significativas (Tabela 1), com superioridade do sulfato de amônio. A superioridade dessa fonte de nitrogênio deve-se, possivelmente, à presença do enxofre na sua composição (23%). O enxofre é um nutriente muito importante para a produção de proteínas e clorofila e é componente de alguns hormônios da planta, que participam na melhoria do crescimento das raízes e da produtividade (Mendonça & Peixoto, 1991). Outra possível explicação para a superioridade do sulfato de amônio, pode ser o fato dessa fonte de nitrogênio ser absorvido na forma amoniacal (Novais et al., 2007), e o íon amônio por ser um cátion, é facilmente retido nas cargas eletronegativas das argilas e da matéria orgânica do solo, o que minimiza a suas perdas (Lopes, 2004). Isto parece indicar que essa fonte tendeu a concentrar-se em torno da região de aplicação do adubo, concordando com o que foi observado por Rodrigues & Kiehl (1992).

Além disso, a superioridade do sulfato de amônio pode estar relacionada com a presença de amônio nas camadas subsuperficiais do solo, porque mesmo estando em pequenas concentrações pode ocorrer a movimentação do nitrogênio na forma amoniacal (Gonçalves et al., 2001; Oliveira, 2001). De acordo com Silva et al. (2000) o amônio pode difundir-se em sentido descendente, contribuindo para reduzir as perdas por volatilização, e em algumas situações, principalmente em solos onde há maior infiltração de água, esse fato favorece a presença de amônia, pois prolonga o tempo de disponibilidade de N para as plantas.

A inferioridade da uréia, mesmo contendo mais que o dobro de nitrogênio na sua composição (44%), em relação ao sulfato de amônio, pode ser atribuída ao fato de não conter o íon amônio na sua formulação. Quando a uréia é aplicada no solo, é hidrolisada rapidamente produzindo esse íon, o qual passa para a forma nítrica, que pode perder-se por lixiviação, ou ainda transformar-se em gás amônia e assim perder-se para a atmosfera por volatilização. Sua lixiviação é mais intensa quando é aplicada em solos arenosos, e em condições de alta precipitação, características presentes nas condições deste estudo. Nesse sentido, caso não haja um equilíbrio entre a quantidade de uréia adicionada ao solo e a quantidade perdida anualmente, é provável que ocorra redução da capacidade do solo em fornecer nitrogênio para as culturas, promovendo redução progressiva da produtividade (Gonçalves et al., 2000).

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao CNPq pela concessão da bolsa de doutorado ao segundo autor, e aos funcionários da UFPB Francisco de Castro Azevedo, José Barbosa de Souza, Francisco Silva do Nascimento e Genival Gomes da Silva que viabilizaram a execução dos trabalhos de campo.

(Recebido para publicação em 25 de junho de 2009; aceito em 23 de abril de 2010)

(Received on June 25, 2009; accepted on April 23, 2010)

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Out 2010
  • Data do Fascículo
    Jun 2010

Histórico

  • Recebido
    25 Jun 2009
  • Aceito
    23 Abr 2010
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