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Conservação de melão Cantaloupe cultivado em diferentes doses de N e K

Conservation of Cantaloupe melon cropped under different nitrogen and potassium levels

Resumos

O trabalho teve por objetivo avaliar a conservação de melão Cantaloupe cultivado em diferentes doses de nitrogênio e potássio via fertirrigação. Para isto, foi realizado o plantio do melão cultivar 'Caribbean Gold' em Mossoró-RN. A adubação foi realizada em kg/ha formando os respectivos tratamentos de N e K2O: (0; 0), (0; 83), (0; 365), (0; 828), (38; 0), (38; 83), (238; 0), (238; 365), (238; 828), (666; 0), (666; 365) e (666; 828). Os frutos foram colhidos aos 60 dias após o transplantio e, após a limpeza, pesagem e tratamento antifúngico do pedúnculo, uma amostra de 12 frutos foi avaliada no tempo zero e os demais foram identificados, revestidos em sacolas de PEBD Life Span, acondicionados em caixas de papelão e armazenados em câmara fria com temperatura de 5+1ºC e 90+2% UR, onde permaneceram por 21, 25 e 29 dias e mais três dias à temperatura de 20+1ºC e 85+2% UR; este período foi denominado vida útil de prateleira. Nos frutos foram avaliados a aparência externa e interna, firmeza da polpa e teor de sólidos solúveis. O delineamento experimental foi blocos casualizados em esquema de parcela subdividida, sendo as parcelas constituídas por doses de nitrogênio e potássio fertirrigados e subparcela em fatorial 3x2, com três períodos de armazenamento (21, 25 e 29 dias após a colheita) e dois períodos de vida útil de prateleira (0 e 3 dias) com duas repetições. O cultivo do melão sob diferentes doses de N e K influenciou a conservação dos frutos. Independente do tratamento e período de armazenamento, os frutos mantiveram boa aparência externa quando armazenados sob refrigeração. Porém, quando retirados das sacolas e colocados a 20°C por três dias, a aparência externa dos frutos foi prejudicada severamente dependendo do tratamento (N e K2O) e período de armazenamento. A aparência interna dos frutos foi depreciada comercialmente, apenas aos 29 dias de armazenamento, quando colocados a 20°C por três dias. Nessa mesma temperatura, a firmeza de polpa dos frutos diminuiu acentuadamente em todos os períodos de armazenamento. Os frutos do tratamento com doses de 666 kg/ha de N e 0 kg/ha de K2O apresentaram maior firmeza de polpa em relação aos frutos do tratamento com doses de 38 kg/ha de N e 83 kg/ha de K2O. O teor de sólidos solúveis dos frutos diferiu com o tratamento (N e K2O) e manteve-se acima de 12%.

Cucumis melo; vida de prateleira; sólidos solúveis; armazenamento


This research was carried out to evaluate the conservation of Cantaloupe melon cropped under different nitrogen and potassium levels via fertigation. The Cantaloupe melon, cultivar 'Caribbean Gold' was cultivated in Mossoró, Rio Grande do Norte state, Brazil. Fertilization constituted the treatments of N and K2O, in kg/ha: (0; 0), (0; 83), (0; 365), (0; 828), (38; 0), (38; 83), (238; 0), (238; 365), (238; 828), (666; 0), (666; 365) e (666; 828). Fruits were harvested 60 days after transplanting and after cleaning, weighing and antifungal treatment of peduncle being carried out, a sample of 12 fruits was evaluated at time zero, the remaining fruits being identified, coated in plastic bags of Life Span PEBD within cardboard boxes and stored in cooler with temperature at 5±1ºC and 90±2% RH where they remained 21, 25 and 29 days and additional three days at 20±1ºC and 85±2% RH. The evaluated fruit characteristics were external (AE) and internal appearance (AI), pulp firmness (PF) and soluble solids (SS). The experimental design was randomized blocks in split plots constituting a 3x2 factoria, plots comprising nitrogen and potassium rates applied through fertigation and the subplots corresponding to three periods of storage (21, 25 and 29 days after harvest) and two shelf life times (0 and 3 days) with two replications. The melon cultivation under different doses of N and K influenced the conservation of fruits. Regardless N and K doses and storage period, fruits maintained good external appearance when stored under refrigeration. However, when removed from the bags and placed at 20°C for three days, external appearance of fruits was severely impaired depending on the treatment (N and K2O) and the storage period. The fruit internal appearance was commercially impaired, only after 29 days of storage, when placed at 20°C for three days. At this same temperature, the pulp firmness decreased sharply in all storage periods. The fruits submitted to treatment with doses of 666 kg/ha of N and 0 kg/ha of K2O showed higher firmness than fruits treated with doses of 38 kg/ha of N and 83 kg/ha of K2O. The soluble solids content of fruits differed among treatments (N and K2O) and remained above 12%.

Cucumis melo; shelf-life; soluble solids; storage.


O melão do grupo Inodorus é o mais cultivado na região nordeste e em plena expansão estão os melões do grupo Cantaloupensis, os quais são considerados nobres e representam cerca de 40% do total da área cultivada com melão no Rio Grande do Norte e no Ceará (Moreira et al., 2010MOREIRA RS; MELO AMT; PURQUEIRO LFV; TRANI PE; NARITA N. 2010. Melão (Cucumis melo). Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2009_3/melao/index.htm>. Acessado em: 20 abril.
<http://www.infobibos.com/Artigos/2009_3...
;Pereira, 2010PEREIRA JA. 2010. Revista Hortifruitbrasil ago. 2009. Disponível em: <http://www.cepea.esalq.usp.br/hfbrasil/edicoes/82/melao.pdf>. Acessado em junho 2010.
<http://www.cepea.esalq.usp.br/hfbrasil/...
), estados com a maior produção e exportação brasileira e, cujas principais regiões produtores estão localizadas no Agropolo Mossoró-Assu-RN e Baixo Jaguaribe-CE.

O meloeiro é uma cultura exigente em tratos culturais e manejo pós-colheita (Alves et al., 2000ALVES RE; PIMENTEL CR; MAIA CE; CASTRO EB; VIANA FM; COSTA FV; ANDRADE GG; FILGUEIRAS HAC; ALMEIDA JHS; MENEZES JB; COSTA JG; PEREIRA LSE. 2000. Manual de melão para exportação. Embrapa. Brasília, DF, 51p.), uma vez que a qualidade dos frutos não pode ser melhorada após a colheita, sendo necessário que o manejo cultural pré-colheita seja bem realizado (Chitarra & Chitarra, 2005CHITARRA MIF; CHITARRA AB. 2005. Pós-colheita de frutas e hortaliças: fisiologia e manuseio. 2. ed.Lavras: UFLA, 785p.), o que inclui entre outros, um adequado equilíbrio nutricional da cultura.

O nitrogênio e o potássio são nutrientes que afetam bastante a qualidade do fruto, e se aplicados nas quantidades e proporções ideais à cultura, podem melhorar as características físicas e químicas dos frutos, e por consequência aumentar a vida útil pós-colheita. Assim, de acordo com Alves et al. (2000ALVES RE; PIMENTEL CR; MAIA CE; CASTRO EB; VIANA FM; COSTA FV; ANDRADE GG; FILGUEIRAS HAC; ALMEIDA JHS; MENEZES JB; COSTA JG; PEREIRA LSE. 2000. Manual de melão para exportação. Embrapa. Brasília, DF, 51p.), a deficiência de nitrogênio no meloeiro ocasiona frutos pequenos, de casca fina, sementes pequenas e alteração na sua cor, promovendo o surgimento de coloração clara a verde-clara, dependendo da variedade. As plantas que sofrem deficiência de potássio produzem frutos de qualidade inferior, podendo ocasionar sintomas como baixo teor de sólidos solúveis, maturação desuniforme, frutos ocos e manchas verdes na parte basal (Carrijo et al., 2004CARRIJO OA; SOUZA RB; MAROUELLI WA; ANDRADE RJ. 2004. Fertirrigação de hortaliças. Brasília: Embrapa Hortaliças, 13p. (Embrapa Hortaliças, Circular Técnica, 32).).

Vale ressaltar que os minerais desempenham várias funções na planta. O nitrogênio atua como componente essencial do protoplasma e das enzimas e é absorvido como NO3 - e NH4 + (Larcher, 2000LARCHER W. 2000. Ecofisiologia vegetal. São Carlos: Rima-Artes e Textos, 531p.). A adubação com esse mineral influencia positivamente os aspectos qualitativos da produção do meloeiro (Coelho et al., 2003COELHO EL; FONTES PCR; FINGER FL; CARDOSO AA. 2003. Qualidade do fruto de melão rendilhado em função de doses de nitrogênio. Bragantia62: 173-178.; Faria et al., 2003 FARIA CMB; COSTA NLD; SOARES JM; PINTO JM; LINS JM; BRITO LTL. 2003. Produção e qualidade de melão influenciados por matéria orgânica, nitrogênio e micronutrientes. Horticultura Brasileira21: 55-59.; Queiroga et al., 2007QUEIROGA RCF; PUIATTI M; FONTES PCRCECON PR; FINGER FL2007. Influência de doses de nitrogênio na produtividade e qualidade do melão Cantalupensis sob ambiente protegido. Horticultura Brasileira25: 550-556.). Já o potássio é um mineral que atua na translocação de carboidratos, gerando aumento na produtividade de melão pelo incremento no peso dos frutos (Negreiros & Medeiros, 2005NEGREIROS MZ; MEDEIROS JF. 2005. Produção de melão no nordeste brasileiro. FortalezaInstituto Frutal. 110p.).

O efeito da nutrição mineral com N e K na produtividade e qualidade de melão é bastante estudado (Crisóstomo et al., 2002CRISÓSTOMO LA; SANTOS AA; RAIJ B; FARIA CMB; SILVA DJ; FERNANDES FAM; SANTOS FJS; CRISÓSTOMO JR; FREITAS JAD; HOLANDA JS; CARDOSO JW; COSTA ND. 2002. Adubação, irrigação, híbridos e práticas culturais para o meloeiro no Nordeste. Fortaleza: MAPA(Circular técnica, 14). 22: 23-27.; Coelho et al., 2003COELHO EL; FONTES PCR; FINGER FL; CARDOSO AA. 2003. Qualidade do fruto de melão rendilhado em função de doses de nitrogênio. Bragantia62: 173-178.; Costa et al., 2003COSTA CC; CECÍLIO FILHO AB; CAVARIANI RL; BARBOSA JC. 2003. Produção do melão rendilhado em função da concentração de potássio na solução nutritiva e do número de frutos por planta. Horticultura Brasileira 22: 23-27.; Faria et al., 2003 FARIA CMB; COSTA NLD; SOARES JM; PINTO JM; LINS JM; BRITO LTL. 2003. Produção e qualidade de melão influenciados por matéria orgânica, nitrogênio e micronutrientes. Horticultura Brasileira21: 55-59.; Fernandes & Grassi Filho, 2003FERNANDES AL; GRASSI FILHO H. 2003. Manejo da fertirrigação nitrogenada e potássica na cultura do melão rendilhado (Cucumis melo reticulatus) . Irriga8: 178-190.; Folegatti et al., 2004FOLEGATTI MV; VÁSQUEZ MAN; DIAS NS; SOUSA VF2004. Qualidade física do melão fertirrigado com diferentes dosagens de potássio e lâminas de irrigação, em gotejamento superficial e subsuperficial. Irriga9: 52-61.; Purqueiro & Cecílio Filho, 2005PURQUERIO LFV; CECILIO FILHO AB. 2005. Concentração de nitrogênio na solução nutritiva e número de frutos sobre a qualidade de frutos de melão. Horticultura Brasileira23: 831-836.; Queiroga et al., 2007QUEIROGA RCF; PUIATTI M; FONTES PCRCECON PR; FINGER FL2007. Influência de doses de nitrogênio na produtividade e qualidade do melão Cantalupensis sob ambiente protegido. Horticultura Brasileira25: 550-556.). Entretanto, os trabalhos avaliando os efeitos da adubação na conservação pós-colheita dos frutos são raros.

Na manutenção da qualidade pós-colheita é importante o uso do frio, sendo a produção do melão do grupo Cantaloupensis praticamente toda exportada, em contêineres refrigerados (3 a 5±2ºC e UR de 90%), técnica eficiente e bastante difundida na cadeia de comercialização de frutas e hortaliças. Por ser climatérico, o melão é exportado em sacolas plásticas microperfuradas, que modificam a atmosfera pela interação da respiração do fruto com a permeação dos gases através dos filmes (Kader, 1986KADER AA. 1986. Biochemical and physiological basis for effects of controlled and modified atmospheres on fruits and vegetables. Food Technology 40: 99-104.), e assim prolongam a vida útil dos frutos, pois diminuem a perda de massa (mantêm aparência externa), o amaciamento dos frutos e a deterioração da cor e sabor (Yahia & Rivera, 1992YAHIA EM; RIVERA M. 1992. Modified atmosphere packaging of muskmelon. LWT - Food Science and Technology 25: 38-42.; Rodov et al., 2002RODOV V; HOREV B; VINOKUR Y; COPEL A; AHARONI Y; AHARONI N. 2002. Modified-atmosphere packaging improves keeping quality of Charentais-type melons. HortScience, 37: 950-953.).

A resposta ao uso do frio combinado com sacolas plásticas na qualidade pós-colheita foi evidenciada por Brackmann et al. (2006BRACKMANN A; EISERMANN AC; GIEHL RFH; FAGAN EB; MEDEIROS SLP; STEFFENS CA. 2006. Qualidade de melões (Cucumis melo L. var. Cantalupensis Naud.), híbrido Torreon, produzidos em hidroponia e armazenados em embalagens de polietileno. Ciência Rural 36: 4.), quando armazenaram melão Cantaloupe 'Torreon', em sacolas de polietileno, durante 25 dias em ambiente refrigerado a 3,8+0,2°C e 87+3% de UR, com dois dias a 20+1°C, e verificaram que os frutos acondicionados na embalagem de polietileno de baixa e média densidade mantiveram de modo semelhante a qualidade físico-química, com redução da perda de massa e degenerescência da polpa.

Tendo em vista, que minerais podem influenciar a nível celular a qualidade dos frutos (Knowles et al., 2001KNOWLES L; TRIMBLE MR; KNOWLES NR. 2001. Phosphorus status affects postharvest respiration, membrane permeability and lipid chemistry of European seedless cucumber fruit (Cucumis sativus). Postharvest Biology and Technology 21: 179-188.) e que não existem trabalhos, na literatura, correlacionando adubação N e K com conservação do melão. Este trabalho teve por objetivo avaliar a conservação de melão Cantaloupe cultivado em diferentes doses de N e K.

Material e métodos

O experimento foi conduzido de setembro a novembro de 2009 em área localizada no município de Mossoró-RN (4º39'39"S, 37°23'13"W, altitude 51 m). O clima da região, de acordo com a classificação de Köppen, é do tipo BSwh', ou seja, quente e seco; com precipitação pluviométrica bastante irregular, média anual de 673,9 mm; temperatura de 27°C e umidade relativa do ar média de 68,9% (Carmo Filho & Oliveira, 1989CARMO FILHO F; OLIVEIRA OF. 1989. Mossoró um município do semi-árido nordestino: caracterização climática e aspecto florístico. Mossoró: 62p. (Coleção Mossoroense, 672. Série B).).

O solo da área foi classificado como Argissolo Amarelo (Embrapa, 1999EMBRAPA. 1997. Manual de métodos de análises de solo. Brasília: EMBRAPA. 212p.), textura arenosa, com as seguintes características químicas e físicas: pH em H2O= 6,7; P (Mehlich)= 79,0 mg/dm3; K= 81,9 mg/dm3; Al trocável = 0,0 cmolc/dm3; Ca + Mg= 4,1 cmolc/dm3 e 14,0 g/kg de matéria orgânica (Embrapa, 1997EMBRAPA. 1999. Sistema brasileiro de classificação de solo. Brasília: Embrapa Solos, 412p.); areia = 935,8 g/kg; silte = 26,5 g/kg; argila = 37,7 g/kg; densidade do solo = 1,48 g/cm3; densidade de partículas = 2,69 g/dm3; e porosidade total = 0,45 m3/m3. A água de irrigação foi proveniente da mistura de duas fontes utilizadas pelos produtores de melão da região, sendo 30% de poço profundo que explora o aqüífero arenito Assu (CE= 0,61 dS/m) e 70% de poço raso que explora o calcário Jandaíra (CE= 4,78 dS/m), e apresenta as seguintes características: CE= 3,21 dS/m; pH= 6,75; Ca= 10,0; Mg= 5,3; K= 0,3; Na= 13,8; Cl= 23,6; e HCO3= 4,59 (em mmolc/dm3).

O trabalho foi dividido em duas etapas: campo e laboratório. No campo, foi instalado um experimento em blocos casualizados com duas repetições. Os tratamentos consistiram da combinação incompleta de quatro doses de nitrogênio e quatro doses de potássio via fertirrigação. No laboratório, foi instalado um experimento em blocos casualizados com parcelas subdivididas. As parcelas consistiram nos tratamentos que correspondem às doses de N e K2O e as subparcelas ao arranjo fatorial 3x2 constituindo-se respectivamente três períodos de armazenamento dos frutos (21, 25 e 29 dias) e dois períodos de vida útil de prateleira (0 e 3 dias), com duas repetições.

A adubação de plantio foi realizada tomando-se como base as adubações usualmente utilizadas pelos produtores de melão da região sendo aplicado o seguinte produto com a formulação (6-24-12): 360 kg/ha de Fertilize(r), correspondendo a 22 kg/ha de N, 86 kg/ha de P2O5, 43 kg/ha de K2O, 22 kg/ha de Ca e 22 kg/ha de SO4. O complemento nutricional do fósforo foi realizado via fertirrigação utilizando-se ácido fosfórico, equivalente a 80 kg/ha de P2O5.

O híbrido de melão (Cucumis melo) do grupo Cantaloupensis utilizado foi 'Caribbean Gold', do tipo Cantaloupe. A semeadura foi realizada em bandejas de 200 células e aos 11 dias após a semeadura (DAS) as mudas foram transplantadas para o campo. O espaçamento utilizado para o plantio em campo foi de 2,0x0,3 m, com uma muda por cova, resultando numa população de 16667 plantas/ha.

O sistema de irrigação foi localizado por gotejamento, utilizando um gotejador por planta. As lâminas de irrigação foram aplicadas em função da necessidade total de irrigação (NTI). A NTI foi calculada diariamente a partir da estimativa da evapotranspiração da cultura (ETc) utilizando a metodologia do coeficiente de cultura dual, segundo Allen et al. (2006ALLEN RG; PEREIRA LS; RAES D; SMITH M. 2006. Evapotranspiración del cultivo: guías para la determinación de los requerimientos de agua de los cultivos. Roma: FAO. 298p. (FAO: Irrigation and Drainage Paper, 56).), e os dados climáticos referentes ao período de condução do experimento, obtidos na estação meteorológica do INMET, instalada a 11 km do local do experimento, na comunidade de Pau Branco. Os valores médios mensais das variáveis climáticas foram: temperatura média de 26,6°C (±0,7); umidade relativa média do ar de 69,9% (±1,5); radiação global de 24,4 kJ/m2 (±1,5); precipitação pluviométrica de 0 mm; velocidade do vento a 10 m de 4,3 m/s (±0,3) e evapotranspiração de referência de 5,9 mm/dia (±0,6). Além disso, adotou-se uma eficiência de aplicação de água de 91%, com base na avaliação do sistema de irrigação. A lâmina bruta total de irrigação aplicada ao final do ciclo de cultivo foi de 272 mm.

A fertirrigação foi realizada diariamente a partir dos 9 dias após o transplantio (DAT), prolongando-se até 57 DAT. No manejo da fertirrigação foram utilizados como fontes de N e K2O os adubos: uréia, nitrato de cálcio, ácido nítrico, cloreto de potássio e sulfato de potássio. As doses de nitrogênio e potássio foram definidas com o objetivo de se obter efeito dos nutrientes na qualidade dos frutos do meloeiro, sendo: (0; 0); (0; 83); (0; 365); (0; 828); (38; 0); (38; 83); (238; 0); (238; 365); (238; 828); (666; 0); (666; 365) e (666; 828), os tratamentos combinados de N e K2O, em kg/ha.

Os melões foram colhidos aos 60 DAT, quando atingiram a maturidade fisiológica, tamanho, peso e coloração da casca, característicos da cultivar. Em seguida foram transportados para o Laboratório de Pós-Colheita da UFERSA, onde foram caracterizados previamente por meio de amostragem de 12 frutos de cada tratamento. Após a limpeza, pesagem e identificação, os frutos foram revestidos em sacolas de PEBD Life Span, microperfuradas específicas para melão tipo Cantaloupe, foram acondicionados em caixa de papelão com dimensões de 106x80 cm. Em seguida foram armazenados por períodos de 21, 25 e 29 dias em câmara de refrigeração regulada a 5+1ºC e 90+2% UR. Ao fim de cada período foram abertas as embalagens para análise imediata e após três dias à temperatura de 20+1ºC e 85+2% UR, com o intuito de simular o período de comercialização na gôndola do supermercado.

Foram avaliadas as características dos frutos: aparência externa (AE) e interna (AI), adaptado de Gomes Júnior (2005)GOMES JÚNIOR J. 2005. Influência da temperatura e da atmosfera modificada sobre a qualidade do melão Gália. Viçosa: UFV. 59p. (Tese doutorado)., ; firmeza da polpa (Firm) ; sólidos solúveis (SS) .

Os dados foram submetidos à análise de variância, teste de Tukey a 5% de probabilidade e análise do desdobramento. As análises foram realizadas utilizando o software SISVAR (Ferreira, 2011FERREIRA DF. 2011. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia 35: 1039-1042.).

Resultados e discussão

Houve interações significativas entre os fatores tratamento (doses de N e K2O), período de armazenamento e vida útil de prateleira, para a aparência externa dos frutos, e entre os fatores período de armazenamento e vida útil de prateleira, para as aparências externa e interna e firmeza de polpa. Apenas para a aparência externa a interação entre tratamento e período de armazenamento foi significativa. Verificou-se ainda efeitos independentes do fator tratamento para as características de aparência externa, firmeza de polpa e sólidos solúveis, e dos fatores período de armazenamento e vida útil de prateleira para as aparências externa e interna, bem como para a firmeza de polpa.

Inicialmente, por ocasião da colheita todos os frutos oriundos dos tratamentos das doses de N e K2O apresentaram aparências externa e interna máximas (nota 5,0). Todavia ao logo do período de armazenamento houve decréscimo nos valores das notas atribuídas à aparência dos frutos (Tabelas 1 e 2).

Os frutos oriundos dos tratamentos das adubações contendo (0; 365), (38; 0), (238; 0), (666; 365) e (666; 828) kg/ha de N e K2O, respectivamente, apresentaram menores notas médias de aparência externa aos 29 dias de armazenamento, na vida útil de prateleira zero (Tabela 1). Entretanto, tais notas ainda permaneceram superiores a 3,0, portanto ainda comercializáveis (Gomes Júnior, 2005GOMES JÚNIOR J. 2005. Influência da temperatura e da atmosfera modificada sobre a qualidade do melão Gália. Viçosa: UFV. 59p. (Tese doutorado).).

Tabela 1.
Valores médios de aparência externa do melão Cantaloupe cultivado em diferentes doses de nitrogênio e potássio, e submetidos adiferentes períodos de armazenamento (21, 25 e 29 dias) e vida útil de prateleira (zero e três dias) . Mossoró, UFERSA, 2009.

Aos 21 dias de armazenamento e três dias de vida útil de prateleira, apenas os frutos dos tratamentos (0; 0), (238; 0), (238; 365), (238; 828) e (666; 365) kg/ha de N e K2O, respectivamente, apresentaram notas médias para a aparência externa iguais ou superiores a 3,0 (Tabela 1). De maneira semelhante houve decréscimo nas notas médias de aparência externa, aos 25 dias de armazenamento e três dias de vida útil de prateleira, tendo os frutos provenientes dos tratamentos (0; 0), (0; 365), (38; 0), (38; 83), (238; 0) e (666; 828) kg/ha de N e K2O, respectivamente, apresentado notas médias iguais ou superiores a 3,0, o que os torna preferíveis aos demais tratamentos. No entanto, observou-se que apenas os tratamentos (0; 0) e (238; 0) kg/ha de N e K2O, respectivamente, apresentaram notas médias para a aparência externa iguais ou superiores a 3,0 em ambos períodos de armazenamento e três dias de vida útil de prateleira.

Por outro lado, aos 29 dias de armazenamento e três dias de vida útil de prateleira, verificou-se que nenhum dos frutos provenientes dos tratamentos (doses de N e K2O) manteve qualidade para a comercialização (Tabela 1). Esse resultado está associado ao período prolongado de armazenamento, que provoca um aumento da senescência natural dos frutos, e à temperatura elevada, que acelera as reações deteriorativas do fruto (Kays, 1991KAYS JS. 1991. Postharvest physiology of perishable plant products. New York: Van Nostrand Reinhold, 532p.).

Quanto à aparência interna dos frutos, as maiores notas médias ocorreram na vida útil de prateleira zero (Tabela 2). Os diferentes períodos de armazenamento influenciaram significativamente na aparência interna independente da vida útil de prateleira. Aos 29 dias foi mais evidente a redução das notas dos frutos na vida útil de prateleira três. Tais resultados estão em concordância com aqueles obtidos para a aparência externa no referido período de armazenamento, já que a aparência interna também é afetada de forma natural pela senescência dos frutos, provocado pelo período prolongado de armazenamento (29 dias), e pela deteriorização, causada pela temperatura elevada (20ºC), durante três dias prateleira, em relação à temperatura de armazenamento (5ºC).

Tabela 2.
Valores médios de aparência interna e firmeza de polpa do melão Cantaloupe durante o período de armazenamento pós-colheita e vida útil de prateleira zero e três dias (mean grades of internal appearance and pulp firmness evaluated in Cantaloupe melon during the postharvest storage and shelf life of zero to three days). Mossoró, UFERSA, 2009.

Admitindo-se a exportação desses frutos para a Europa por transporte marítimo (translado de 14 dias), verificou-se pelos resultados, que à exceção dos tratamentos com (0; 83), (0; 828), (238; 365), (238; 828), (666; 0), (666; 365) kg/ha de N e K2O, respectivamente, os frutos avaliados obtiveram boa qualidade, pois se conservaram por 25 dias a 5°C mais três dias a 20°C com nota média superior a 3,0.

A retirada dos frutos das sacolas plásticas (atmosfera modificada) propiciou, assim como na aparência externa, a diminuição das notas da aparência interna na vida útil de prateleira três. Tal evento se baseia na ausência do efeito benéfico da atmosfera modificada (diminuição na produção de etileno em níveis reduzidos de O2 e elevados de CO2), que após a abertura das sacolas, em condições de O2 e CO2 normais e temperatura elevada, desencadeia reações degradativas (Chitarra & Chitarra, 2005CHITARRA MIF; CHITARRA AB. 2005. Pós-colheita de frutas e hortaliças: fisiologia e manuseio. 2. ed.Lavras: UFLA, 785p.).

Verificou-se que o fator vida útil de prateleira propiciou diferença significativa na aparência interna dos frutos aos 21 e 29 dias de armazenamento (Tabela 2). Entretanto, apenas aos 29 dias, os frutos apresentaram-se inadequados para a comercialização, na vida útil de prateleira três. Gomes Junior et al. (2001)GOMES JÚNIOR J. 2005. Influência da temperatura e da atmosfera modificada sobre a qualidade do melão Gália. Viçosa: UFV. 59p. (Tese doutorado). verificaram, em melão Cantaloupe, frutos com aparência interna inadequados para comercialização aos 20 dias de armazenamento a 20+1°C e 50+2% de UR. Assim fica enfatizada a importância da refrigeração para esse tipo de fruto, uma vez que nessas condições os frutos perderam a qualidade apenas após 29 dias de armazenados.

É importante ressaltar que, os frutos não somente foram retirados da sacola microperfurada, com uma condição provável de baixo O2 e elevado CO2 (condição intrínseca da atmosfera modificada), mas também foram transportados para uma condição de temperatura elevada (20ºC), o que explica a redução nas notas médias da aparência interna, pois temperaturas elevadas aumentam o metabolismo dos frutos (Kays, 1991KAYS JS. 1991. Postharvest physiology of perishable plant products. New York: Van Nostrand Reinhold, 532p.).

Observou-se decréscimo significativo nos valores de firmeza de polpa durante o armazenamento dos frutos na vida útil de prateleira zero (Tabela 2). O decréscimo da firmeza ocorre em função das reações químicas e bioquímicas durante a maturação dos frutos na qual há síntese e ativação de enzimas hidrolíticas que atuam na despolimerização das substâncias pécticas que conferem rigidez à parede celular dos frutos (Kays, 1991KAYS JS. 1991. Postharvest physiology of perishable plant products. New York: Van Nostrand Reinhold, 532p.). Isto pode ser evidenciado pelo valor médio de firmeza dos frutos de 50,04 N, na ocasião da colheita, para os tratamentos das doses de N e K.

A firmeza da polpa dos frutos aos 21 dias de armazenamento foi estatisticamente superior aos demais períodos de armazenamento na vida útil de prateleira zero (Tabela 2). Aos 29 dias de armazenamento, na vida útil de prateleira zero, os frutos ainda apresentaram firmeza da polpa elevada (28,50 N) e características comercializáveis, conforme detectados pela aparência externa e interna, no referido período (Tabela 2). Por outro lado, diferentemente da vida útil de prateleira zero, não foram verificadas diferenças significativas de firmeza da polpa entre os períodos de armazenamento na vida útil de prateleira três (Tabela 2).

A firmeza é essencial no manuseio pós-colheita, pelo fato dos frutos mais firmes serem mais resistentes a injúrias mecânicas sofridas durante o transporte e à comercialização. Entretanto, houve redução da firmeza de polpa na vida útil de prateleira zero para os três dias, em todos os períodos de armazenamento (Tabela 2), com uma redução máxima de 45,67, 34,12 e 32,25%, aos 21, 25 e 29 dias, respectivamente. Após a retirada dos frutos das embalagens e posterior armazenamento a 20ºC ocorreu redução mais acentuada da firmeza da polpa. Resultados semelhantes foram verificados em melão Gália hibrido 'Solar King' submetidos à atmosfera modificada durante 21 dias a 7,6±1,1°C e 87,6±6,3% UR seguido de nove dias a 24,2±0,7°C e 88,1±5,4% UR (Lima et al., 2005), Cantaloupe híbrido 'Torreon' produzidos em hidroponia, e armazenados durante 25 dias em ambiente refrigerado a 3,80,2°C e dois dias a 201°C (Brackmann et al., 2006BRACKMANN A; EISERMANN AC; GIEHL RFH; FAGAN EB; MEDEIROS SLP; STEFFENS CA. 2006. Qualidade de melões (Cucumis melo L. var. Cantalupensis Naud.), híbrido Torreon, produzidos em hidroponia e armazenados em embalagens de polietileno. Ciência Rural 36: 4.) e Cantaloupe híbrido 'Vera Cruz' armazenados a 3,0±2°C e 85±2% UR por período de 14 dias e depois transferidos para 23,0±2°C e 90±2% UR por oito dias a 20±1°C (et al., 2008SÁ CRL; SILVA EO; TERAO D; OSTER AH. 2008. Efeito do KMnO4 e 1-MCP com atmosfera modificada na conservação pós-colheita de melão Cantaloupe. Revista Ciência Agronômica 39: 60-69.).

Verificou-se maior firmeza de polpa dos frutos de plantas que receberam doses de 666 kg/ha de N e 0 kg/ha de K2O e menor nos frutos que receberam as doses de 38 kg/ha de N e 83 kg/ha de K2O. Contudo, os demais tratamentos não diferiram entre si e entre os tratamentos com 666 kg/ha de N e 0 kg/ha de K2O e 38 kg/ha de N e 83 kg/ha de K2O (Tabela 3). Apesar disso, a menor firmeza de polpa dos frutos (22,39 N), observada no presente trabalho, foi acima dos valores relatados na literatura em melões Cantaloupe. Por ser uma característica genética, a firmeza de polpa varia em função do híbrido de 16,0 N (Laínez & Krarup, 2008LAINEZ D; KRARUP C. 2008. Caracterización en pre y poscosecha de dos cultivares de melón reticulado del tipo Oriental (Cucumis melo Grupo Cantalupensis). Ciencia e Investigación Agraria35: 59-66.) a 20,4 N (Nunes et al., 2004 ;NUNES GHS SANTOS JUNIOR JJS; ANDRADE FV; BEZERRA NETO F; ALMEIDA AHB; MEDEIROS DC. 2004. Aspectos produtivos e de qualidade de híbridos de melão cultivados no agropolo Mossoró-Assu. Horticultura Brasileira22: 744-747.), em melão Cantaloupe 'Acclaim' e 'Hy-Mark', respectivamente.

Tabela 3.
Valores médios de firmeza de polpa e sólidos solúveis do melão Cantaloupe cultivado em diferentes doses de nitrogênio e potássio durante o período de armazenamento (pulp firmness and soluble solids evaluated in Cantaloupe melon cropped under different nitrogen and potassium levels during the storage period). Mossoró, UFERSA, 2009.

Fernandes & Grassi Filho (2003FERNANDES AL; GRASSI FILHO H. 2003. Manejo da fertirrigação nitrogenada e potássica na cultura do melão rendilhado (Cucumis melo reticulatus) . Irriga8: 178-190.) observaram que as doses de 40 e 130 kg/ha de N aplicadas via fertirrigação para o melão rendilhado (Cucumis melo reticulatus) aumentaram a firmeza da polpa, na ocasião da colheita, de 9,56 e 15,38 N, respectivamente.

Folegatti et al. (2004FOLEGATTI MV; VÁSQUEZ MAN; DIAS NS; SOUSA VF2004. Qualidade física do melão fertirrigado com diferentes dosagens de potássio e lâminas de irrigação, em gotejamento superficial e subsuperficial. Irriga9: 52-61.) avaliaram a qualidade física de melão fertirrigado com diferentes doses de potássio e lâminas de irrigação e constataram que as doses de 6 e 12 g por planta proporcionaram firmezas de 8,89 e 9,31 N, respectivamente. Esses resultados foram inferiores aos tratamentos com 0 kg/ha de N e 83 kg/ha de K2O (dose equivalente de K2O a 5 g por planta), 0 kg/há de N e 365 kg/ha de K2O (dose equivalente de K2O a 22 g/planta) e 0 kg/ha de N e 828 kg/ha de K2O (com dose de K2O equivalente a 50 g/planta), que obtiveram as seguintes firmezas: 24,34; 24,55 e 24,45 N, respectivamente.

Assim, pode-se inferir que a dose de N de 666 kg/ha não constituiu um excesso de N para a cultura de melão. Segundo Alves et al. (2000ALVES RE; PIMENTEL CR; MAIA CE; CASTRO EB; VIANA FM; COSTA FV; ANDRADE GG; FILGUEIRAS HAC; ALMEIDA JHS; MENEZES JB; COSTA JG; PEREIRA LSE. 2000. Manual de melão para exportação. Embrapa. Brasília, DF, 51p.), tal excesso diminui a resistência dos frutos e como consequência, ocorre o aparecimento de frutos moles e maior incidência de fermentação pós-colheita.

Os sólidos solúveis dos frutos oriundos dos tratamentos com dosagem de (0; 828), (238; 0), (238; 365), (238; 828), (666; 365) e (666; 828) kg/ha de N e K2O, respectivamente, foram superiores ao tratamento (0; 365) kg/ha de N e K2O, contudo, os tratamentos (0; 83), (38; 0), (38; 83), e (666; 0) kg/ha de N e K2O, respectivamente, não diferiram dos demais (Tabela 3). Estudos evidenciam que o potássio influencia no conteúdo de SS dos frutos de melão (Crisóstomo et al., 2002CRISÓSTOMO LA; SANTOS AA; RAIJ B; FARIA CMB; SILVA DJ; FERNANDES FAM; SANTOS FJS; CRISÓSTOMO JR; FREITAS JAD; HOLANDA JS; CARDOSO JW; COSTA ND. 2002. Adubação, irrigação, híbridos e práticas culturais para o meloeiro no Nordeste. Fortaleza: MAPA(Circular técnica, 14). 22: 23-27.) e tanto a sua deficiência (Carrijo et al., 2004CARRIJO OA; SOUZA RB; MAROUELLI WA; ANDRADE RJ. 2004. Fertirrigação de hortaliças. Brasília: Embrapa Hortaliças, 13p. (Embrapa Hortaliças, Circular Técnica, 32).) quanto a do nitrogênio (Faria et al., 1994 FARIA CMB; PEREIRA JR; POSSÍDEO EL. 1994. Adubação orgânica e mineral na cultura do melão em um vertissolo do submédio São Francisco. Pesquisa Agropecuária 29: 191-197.) ocasionam menor teor de SS nos frutos. Apesar disso, não foi observada uma resposta conclusiva das doses de N e K, no teor de SS dos frutos (Tabela 3), haja vista que, nos tratamentos com doses ausentes de N (0; 828) kg/ha de N e K2O, e K (238; 0) e (666; 0) kg/ha de N e K2O, respectivamente, ainda propiciaram elevado teor de SS quando comparado ao tratamento de menor valor médio de SS (0; 365) kg/ha de N e K2O. Tal explicação pode está relacionada ao fato de que, inicialmente todos os tratamentos receberam adubação de fundação com formulação (6-24-12) de N, P e K.

Por outro lado, Coelho et al. (2001)COELHO EL; FONTES PCR; FINGER FL; CARDOSO AA. 2003. Qualidade do fruto de melão rendilhado em função de doses de nitrogênio. Bragantia62: 173-178., analisando os níveis de N e K de 0, 60, 120 e 180 kg/ha e 130, 200, 270 e 340 kg/ha respectivamente, concluíram que não houve efeito dos tratamentos, bem como da interação entre eles nos teores de SS dos melões.

No entanto, independente do tratamento, os frutos apresentaram boa qualidade para a comercialização, verificada pelo teor de sólidos solúveis. De acordo com o estabelecido previamente em contratos, o melão Cantaloupe é colhido pelo menos com 9% de sólidos solúveis, o que foi verificado em todos os tratamentos neste estudo.

Queiroga et al. (2007QUEIROGA RCF; PUIATTI M; FONTES PCRCECON PR; FINGER FL2007. Influência de doses de nitrogênio na produtividade e qualidade do melão Cantalupensis sob ambiente protegido. Horticultura Brasileira25: 550-556.), estudando a influência de doses de nitrogênio na produtividade e qualidade do melão Cantalupensis sob ambiente protegido, encontraram valores aproximados de sólidos solúveis de 9,66 e 9,99% ao aplicar as doses de N de 360 e 540 kg/ha respectivamente. Ao contrário dos resultados deste experimento, as menores doses de N (0, 38 e 238 kg/ha) avaliadas ainda permitiram frutos com teores de SS acima de 12% (Tabela 3). Vale salientar que, na ocasião da colheita, os frutos apresentaram teor médio de 15,16% de sólidos solúveis que os caracterizam de excelente qualidade.

A característica mais importante para a aquisição do produto pelo consumidor é a aparência externa, que foi influenciada pela adubação com N e K2O, período de armazenamento e vida útil de prateleira. Na vida útil de prateleira zero, independente do tratamento, a aparência externa dos frutos foi mantida comercializável até 29 dias. Ao contrário disso, na vida útil de prateleira três, a aparência externa dos frutos manteve qualidade dependendo do tratamento e tempo de armazenamento. Aos 21 dias de armazenamento, os frutos dos tratamentos (0; 0), (238; 0), (238; 365), (238; 828) e (666; 365) e aos 25 dias de armazenamento, os frutos dos tratamentos (0; 0), (0; 365), (38; 0), (38; 83), (238; 0) e (666; 828) kg/ha de N e K2O, respectivamente, mantiveram aparência externa comercializáveis. Já aos 29 dias, nenhum fruto apresentou boa aparência externa para comercialização.

A aparência interna dos frutos foi prejudicada comercialmente apenas aos 29 dias de armazenamento, quando os frutos foram retirados da sacola e mantidos a 20°C por três dias. A firmeza de polpa manteve-se elevada por todo período de armazenamento, somente na vida útil de prateleira zero. Os frutos do tratamento com doses de 666 kg/ha de N e 0 kg/ha de K2O apresentaram firmeza de polpa superior aos frutos do tratamento com doses de 38 kg/ha de N e 83 kg/ha de K2O.

Os sólidos solúveis dos frutos oriundos dos tratamentos com doses de (0; 828), (238; 0), (238; 365), (238; 828), (666; 365) e (666; 828) kg/ha de N e K2O, respectivamente, foram superiores aos dos frutos do tratamento com 0 e 365 kg/ha de N e K2O e este ainda manteve teores de SS dos frutos acima de 12% considerados de excelente qualidade para a comercialização.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Dez 2014

Histórico

  • Recebido
    14 Jul 2013
  • Aceito
    15 Ago 2014
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