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Formas de exploração do rebanho caprino no Estado do Rio de Janeiro, 1998/2000

Goat industry in the State of Rio de Janeiro, 1998/2000

Resumo

Aiming to understanding the goat industry in the State of Rio de Janeiro, from 1998-2000, this study was carried out in 48 goat farms, 72.9% of which with an area of less than eight hectares. Also, 62.5% of the farms had irregular topography, and 69% of them kept Saanen breed in a confined system (93.7%). Animals were housed between 16 to 24 hours/day in suspended wooden stalls, and 83.3% were dairy goats.

Goat industry; Rio de Janeiro


Goat industry; Rio de Janeiro

Caprino; forma de exploração; Rio de Janeiro

COMUNICAÇÃO

[Comunication]

Formas de exploração do rebanho caprino no Estado do Rio de Janeiro, 1998/2000

[Goat industry in the State of Rio de Janeiro, 1998/2000]

G.N. Souza1, E.C. Moreira2*, P. Ristow3, S. Fráguas3, W. Lilenbaum4

1Aluno de Pós Graduação da Escola de Veterinária da UFMG

2Escola de Veterinária da UFMG

Caixa Postal 567

30123-970 – Belo Horizonte, MG

3Universidade Federal de Juiz de Fora

4Escola de Veterinária da Universidade Federal Fluminense

Recebido para publicação em 14 de fevereiro de 2001.

Recebido para publicação, após modificações, em 22 de janeiro de 2002.

*Autor para correspondência

E-mail: elviocm@vet.ufmg.br

A produção de leite e carne de caprinos em países em desenvolvimento tem evoluído e representa uma alternativa como fonte de alimentos para o homem. Segundo Devendra (1990), aproximadamente 95% da população mundial de caprinos localiza-se nesses países, participando com 76% do total de leite de cabra produzido no mundo. O Brasil, com 12,8 milhões de cabeças, possui o nono maior rebanho caprino do globo, na sua grande maioria explorado para carne, e contribuindo com apenas 1,3% da produção mundial de leite. O trabalho de Cordeiro (1998) sobre a caprinocultura leiteira no Estado do Rio de Janeiro revelou uma atividade em expansão nos últimos 10 anos, com as regiões Serrana e Metropolitana participando de 60% da produção estadual, com destaque para os municípios de Nova Friburgo, Niterói e Rio de Janeiro. O objetivo deste trabalho foi pesquisar as formas de exploração do rebanho caprino do Estado do Rio de Janeiro, procurando identificar a principal atividade de exploração econômica, a composição racial do rebanho, o tipo de instalações usadas, o espaço disponível e o tempo diário de confinamento dos animais.

O Estado do Rio de Janeiro possui 13.452 caprinos (IBGE, 1996) e em 1998 a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER-RJ, 1998) cadastrou 277 criatórios de caprinos, distribuídos em sete mesorregiões. Foi aplicado um questionário em 48 propriedades destinadas à criação de caprinos, localizadas em 29 municípios, no período de 1998 a 2000. As mesoregiões e o número de propriedades visitadas em cada uma foram: Norte (5), Noroeste (9), Serrana (10), Litorânea (4), Metropolitana (9), Centro-Sul (4) e Sul (7). Quarenta (83,3%) propriedades estavam envolvidas somente com a produção leiteira e oito (16,7%) destinavam-se à produção de leite e ao abate de animais. Em todas as mesoregiões a principal atividade era a produção leiteira. A região Noroeste foi a que apresentou maior número de propriedades de exploração mista, três (37,5%). Em 33 (69%) propriedades os animais eram quase todos ou todos da raça Saanen e em 15, os rebanhos eram compostos pelas raças Kinder, Pardo-Alpina, Toggenburg e mestiços, com um, três, um e dez rebanhos, respectivamente. Haenlein (1966) relata que nos registros da Associação de Melhoramento de Rebanho Leiteiro dos Estados Unidos (DHIA) o rebanho caprino destinado à produção de leite é basicamente composto pelas raças Pardo-Alpina, Saanen, Toggenburg, Anglo-Nubiana e La Mancha. Majid et al. (1994) verificaram que as raças Pardo-Alpina, Saanen e Toggenburg, de origem suíça, produziram em média 59kg a mais de leite do que as raças La Mancha e Nubiana. Zoa-Mlboe et al. (1997) confrontaram dados de produtividade entre cabras das raças Anglo-Nubiana, Saanen, Chamoisee e mestiços e observaram que as da raça Saanen foram as de maior produção de leite na primeira lactação.

As mesorregiões que apresentaram criações extensivas foram Centro-Sul, Serrana e Sul, com um rebanho cada. Trinta (62,5%) propriedades, a maioria nas regiões Serrana e Metropolitana, confinavam os animais durante todo o dia e 15 (31,2%), a maioria nas regiões Norte, Noroeste e Litorânea, confinavam por 16 a 20 horas/dia. Quarenta (83,3%) possuíam estábulo suspenso e ripado, isto é, todas as da região Centro-Sul (100%), três (75%) da região Norte, seis (67%) da Noroeste, nove (90%) da Serrana, três (75%) da Litorânea, oito (89%) da Metropolitana e seis (86%) da região Sul. Vinte e quatro propriedades (50%) possuíam salas de ordenha assim distribuídas: duas (40%) na região Norte, duas (22%) na Noroeste, seis (60%) na Serrana, três (75%) na Litorânea, oito (89%) na Metropolitana, uma (25%) na Centro Sul e duas (28%) na região Sul. Trinta e cinco (72,9%) possuíam área total menor ou igual a oito hectares. Dessas, 10 (28,6%) e 23 (65,7%) confinavam os animais por 24 ou por 16 a 20 horas/dia, respectivamente. Essas propriedades, em geral, tendem a manter os animais em confinamento como forma de melhor aproveitar o espaço disponível. Trinta (62,5%) tinham mais de 50% da área representada por morros.

Conclui-se que o perfil da caprinocultura no Estado do Rio de Janeiro constitui-se de propriedades pequenas (72,9%), localizadas em terrenos acidentados onde predominam animais da raça Saanen, a maioria confinada em estábulos suspensos e ripados. A produção leiteira configura um perfil definido de exploração econômica.

Palavras-chave: Caprino, forma de exploração, Rio de Janeiro

ABSTRACT

Aiming to understanding the goat industry in the State of Rio de Janeiro, from 1998-2000, this study was carried out in 48 goat farms, 72.9% of which with an area of less than eight hectares. Also, 62.5% of the farms had irregular topography, and 69% of them kept Saanen breed in a confined system (93.7%). Animals were housed between 16 to 24 hours/day in suspended wooden stalls, and 83.3% were dairy goats.

Keywords: Goat industry, Rio de Janeiro

  • IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Anuário Estatístico do Brasil. Rio de Janeiro, v.57, p.3-86, 1996.
  • CORDEIRO, R.C. O desenvolvimento econômico da caprinocultura leiteira. Rev. Cons. Fed. Med. Vet, n.13, p.28-30, 1998.
  • DEVENDRA, C.D. Milk and kid production from dairy goats in developing countries. In: INTERNATIONAL DAIRY CONGRESS, 23, 1990, Montreal. Proceedings.. Montreal, p.327-351, 1990.
  • EMATER RJ. Empresa de Assistęncia Técnica e Extensăo Rural do Rio de Janeiro Produçăo Animal, 1997 Niterói: Relatório, 1998. 16p.
  • HAENLEIN, G.F. Status and prospects of the dairy goat industry in the United States. J. Anim. Sci, v.5, p.1173-1181, 1996.
  • MAJID, A.M.; CARTWRIGHT, T.C.; YAZMAN, J.A. et. al. Performance of five breeds of dairy goats in southern United States. Lactation yield and curves. World Vet. Anim. Prod, v.2, p.29-37, 1994.
  • ZOA-MBOE, A.; MICHAUX, C.; DETILLEUX, J.C. et. al. Effects of parity, breed, herd-year, age, and month of kidding on the milk yield and composition of dairy goats in Belgium. J. Anim. Br. Gen., v.3, p.201-213, 1997.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Jul 2002
  • Data do Fascículo
    Abr 2002

Histórico

  • Recebido
    14 Fev 2001
  • Aceito
    22 Jan 2002
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