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Efeito do sistema de criação sobre o desempenho e rendimento de carcaça de frangos de corte tipo colonial

Effect of production system on performance and carcass yield of free range broiler chickens

Resumos

Foram utilizados 1600 pintos de corte de um dia de idade, distribuídos em delineamento, em blocos ao acaso, com esquema fatorial 4×2 (quatro linhagens, sendo uma delas comercial (Ross-308) e as demais específicas para a produção colonial (Caipirinha, Pescoço Pelado e Paraíso Pedrês) e dois sistemas de criação (confinado e com acesso a piquete), com quatro repetições de 50 aves cada. A ração não continha promotores químicos de crescimento e produtos de origem animal. Avaliaram-se o ganho de peso, o consumo de ração, a conversão alimentar, a mortalidade e os rendimentos de carcaça e das partes (peito, pernas, asas e dorso) aos 56, 63, 70, 77 e 84 dias de idade. O comprimento e a porcentagem (em relação ao peso vivo) dos intestinos e o peso e a porcentagem (em relação ao peso vivo) do fígado, moela e pâncreas foram avaliados aos 84 dias de idade. Houve efeito (P<0,05) da linhagem para as características de desempenho e da linhagem e do sexo para rendimentos da carcaça e das partes, assim como para as características do sistema digestório (P<0,05). O sistema de criação não influenciou as características avaliadas.

frango de corte colonial; desempenho; rendimento de carcaça; produção semi-extensiva


One thousand and six hundred day-old-chicks were randomly assigned to a 4×2 factorial design (4 strains and 2 production systems) with 4 replicates of 50 birds each. A commercial strain Ross and three strains (Caipirinha, Pescoço Pelado and Paraíso Pedrês) for free range chicken production systems were used. The production systems were confined and semi-confined supplemented with grass paddock (3m²/bird). The diets did not contain chemical growth promoters and animal by products. Weight gain, feed consumption, feed conversion, mortality and carcass yield and parts were evaluated at 56, 63, 70, 77 and 84 days. Length and percentage of gut, liver, gizzard and spleen were evaluated at 84 days. Differences (P<0.05) among strains for performance, carcass yield and parts and gut characteristics and no differences (P>0.05) among production systems were observed.

free range broiler chicken; performance; carcass yield; free range production system


ZOOTECNIA E TECNOLOGIA E INSPEÇÃO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL

Efeito do sistema de criação sobre o desempenho e rendimento de carcaça de frangos de corte tipo colonial

Effect of production system on performance and carcass yield of free range broiler chickens

S.E. TakahashiI,IV; A.A. MendesII,* * Autor para correspondência (corresponding author) E-mail: arielmendes@fca.unesp.br ; E.S.P.B. SaldanhaIII; C.C. PizzolanteIII; K. PelíciaI; R.G. GarciaI; I.C.L.A. PazI; R.R. QuinteiroI

IAluno de pós-graduação – FMVZ - UNESP - Botucatu, SP

IIFaculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – UNESP Caixa Postal, 560 18618-000 – Botucatu, SP

IIIUnidade de Pesquisa de Brotas – APTA - Brotas, SP

IVBolsista da CAPES

RESUMO

Foram utilizados 1600 pintos de corte de um dia de idade, distribuídos em delineamento, em blocos ao acaso, com esquema fatorial 4×2 (quatro linhagens, sendo uma delas comercial (Ross-308) e as demais específicas para a produção colonial (Caipirinha, Pescoço Pelado e Paraíso Pedrês) e dois sistemas de criação (confinado e com acesso a piquete), com quatro repetições de 50 aves cada. A ração não continha promotores químicos de crescimento e produtos de origem animal. Avaliaram-se o ganho de peso, o consumo de ração, a conversão alimentar, a mortalidade e os rendimentos de carcaça e das partes (peito, pernas, asas e dorso) aos 56, 63, 70, 77 e 84 dias de idade. O comprimento e a porcentagem (em relação ao peso vivo) dos intestinos e o peso e a porcentagem (em relação ao peso vivo) do fígado, moela e pâncreas foram avaliados aos 84 dias de idade. Houve efeito (P<0,05) da linhagem para as características de desempenho e da linhagem e do sexo para rendimentos da carcaça e das partes, assim como para as características do sistema digestório (P<0,05). O sistema de criação não influenciou as características avaliadas.

Palavras-chave: frango de corte colonial, desempenho, rendimento de carcaça, produção semi-extensiva

ABSTRACT

One thousand and six hundred day-old-chicks were randomly assigned to a 4×2 factorial design (4 strains and 2 production systems) with 4 replicates of 50 birds each. A commercial strain Ross and three strains (Caipirinha, Pescoço Pelado and Paraíso Pedrês) for free range chicken production systems were used. The production systems were confined and semi-confined supplemented with grass paddock (3m2/bird). The diets did not contain chemical growth promoters and animal by products. Weight gain, feed consumption, feed conversion, mortality and carcass yield and parts were evaluated at 56, 63, 70, 77 and 84 days. Length and percentage of gut, liver, gizzard and spleen were evaluated at 84 days. Differences (P<0.05) among strains for performance, carcass yield and parts and gut characteristics and no differences (P>0.05) among production systems were observed.

Keywords: free range broiler chicken, performance, carcass yield, free range production system

INTRODUÇÃO

Sabe-se que há interesse crescente nas carnes com características alternativas, as quais podem ser obtidas mediante produção de aves com desenvolvimento lento e criadas com acesso a piquete, com o objetivo de atender a um nicho de mercado constituído por uma faixa de consumidores mais exigentes e com maior poder aquisitivo. Essa ave, conhecida por caipira (região Sudeste), colonial (região Sul) ou capoeira (região Nordeste), tem características sensoriais diferenciadas das aves criadas em confinamento comercial, com carne mais escura e firme, sabor acentuado e menor teor de gordura na carcaça.

A criação de frangos de corte tipo colonial, no Brasil, foi regulamentada pelo Ofício Circular Nº 007/99 da Divisão de Operações Industriais, do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal, do Ministério da Agricultura e do Abastecimento (Brasil, 1999). Esse ofício aprova o emprego de alimentação constituída por produtos exclusivamente de origem vegetal, sendo totalmente proibido o uso de promotores químicos de crescimento. A criação pode ser intensiva até os 28 dias de idade e extensiva (com acesso a piquete), após esse período. A área disponível deve ser, no mínimo, três metros quadrados de piquete por ave. A idade mínima de abate é de 85 dias, e as aves devem ser de linhagens específicas para esse fim.

A fim de atender este mercado, várias linhagens coloniais são criadas no Brasil, destacando-se a Pescoço Pelado Label Rouge, de origem francesa, a Embrapa 041, produzida pelo Centro Nacional de Pesquisa em Suínos e Aves da Embrapa, em Concórdia, SC, a Paraíso Pedrês, produzida pela Granja Aves do Paraíso, de Itatiba, SP e a linhagem Caipirinha, produzida pela ESALQ/USP, em Piracicaba, SP.

O trabalho teve o objetivo de avaliar o desempenho produtivo e o rendimento de diferentes linhagens de frango de corte do tipo colonial em dois sistemas de criação.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado no período de 17 de fevereiro a 12 de maio de 2003, com duração de 12 semanas.

Foram utilizados 1600 pintos de corte de um dia de idade, distribuídos em um delineamento em blocos ao acaso, com esquema fatorial 4 × 2 (quatro linhagens, sendo uma delas comercial (Ross-308), usada como termo de comparação, e as demais específicas para a produção colonial (Caipirinha, Pescoço Pelado e Paraíso Pedrês) e dois sistemas de criação (confinado e semiconfinado – 3m2/ave)), com quatro repetições de 50 aves cada. Os pintos foram obtidos de ovos de matrizes com 40 semanas, incubados em idênticas condições.

As aves, alojadas em galpões experimentais de alvenaria, foram mantidas em sistema de confinamento até os 35 dias de idade e criadas no sistema de semiconfinamento, quando tiveram acesso livre ao piquete gramado durante o dia.

Os pintos foram vacinados contra a doença de Marek (ainda no incubatório), coccidiose1 1 Schering-Plough Coopers (no dia do alojamento) e bouba aviária (aos 15 dias de idade).

A ração foi fornecida à vontade, durante todo o período de criação. O programa de alimentação foi dividido em três fases, ração inicial (1 a 28 dias), ração de crescimento (29 a 63 dias) e ração final (64 a 84 dias). A composição porcentual e os valores calculados das rações são apresentados na Tab. 1.

As rações, na forma farelada, eram isentas de promotores químicos de crescimento, coccidicidas e ingredientes de origem animal. Porém, a elas foi adicionado, em todas as fases, um produto composto por probiótico e prebiótico2 2 BioCamp Laboratórios Ltda – Campinas, SP .

O consumo de ração, o ganho de peso e a conversão alimentar foram calculados semanalmente, e a mortalidade registrada diariamente. Os dados de mortalidade foram transformados para raiz de (x + 0,5)½, em que x é a porcentagem da mortalidade (Steel e Torrie, 1980). As aves encontradas mortas foram pesadas para a correção do consumo.

Aos 56, 63, 70, 77 e 84 dias de idade, foram retiradas aleatoriamente três aves por unidade experimental, para serem abatidas após jejum de oito horas. Os cálculos de rendimento de carcaça e das partes foram feitos com base no peso vivo e no peso da carcaça, sendo o peso vivo obtido individualmente na plataforma, no momento do abate. Considerou-se como carcaça a ave eviscerada sem cabeça, pescoço, patas e gordura abdominal - esta última pesada separadamente - e, como gordura abdominal, aquela presente na região da cloaca e a aderida à moela. As partes avaliadas da carcaça foram peito, pernas (coxa e sobrecoxa), dorso, asas e gordura abdominal. As determinações foram realizadas segundo metodologia descrita por Mendes (1990).

Aos 84 dias de idade, também foram estudados o peso e a porcentagem das vísceras. As vísceras (fígado, moela, pâncreas, intestino delgado e intestino grosso) foram pesadas em balança semi-analítica, e a porcentagem foi calculada em relação ao peso vivo. A moela foi pesada limpa (sem gordura e sem o conteúdo da ingesta), e os intestinos medidos com fita métrica.

Os resultados foram submetidos à análise de variância e posteriormente ao teste de comparação de médias (teste Tukey) para as variáveis com diferença estatística significativa, utilizando o procedimento GLM do programa estatístico SAS (User’s... 1996).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados referentes ao ganho de peso são apresentados na Tab. 2. Em todos os períodos estudados, os ganhos de peso obtido para os dois sistemas de criação foram semelhantes. Estes resultados diferem dos apresentados por Pelícia et al. (2003), que observaram maior peso vivo e ganho de peso nas aves confinadas em relação às criadas com acesso ao piquete.

A linhagem influenciou (P<0,05) o ganho de peso. Nas fases inicial e de crescimento, a linhagem Ross obteve o melhor ganho de peso, seguida pela Paraíso Pedrês; as linhagens Caipirinha e Pescoço Pelado apresentaram os piores resultados e não diferiram entre si (P>0,05). Na fase final, as aves da linhagem Ross foram similares (P>0,05) às da linhagem Paraíso Pedrês, e essa última não diferiu das linhagens Caipirinha e Pescoço Pelado. Os resultados confirmaram os de Silva (2001), citado por Hellmeister Filho (2002), que mencionou serem as linhagens coloniais Caipirinha e Pescoço Pelado de crescimento lento, e a Paraíso Pedrês de crescimento rápido.

Não houve interação (P>0,05) entre linhagem e sistema de criação para o ganho de peso.

Michelam Filho e Souza (2001) afirmaram que, desde 1948, o frango de corte tem sido submetido a intenso processo de seleção e cruzamentos, descaracterizando as raças e originando linhagens específicas, com características próprias. Quando cruzadas entre si, dão origem a um produto híbrido, caso da linhagem Ross, utilizada como testemunha neste experimento.

Selecionados por várias gerações, houve aumento da freqüência dos alelos associados com características fenotípicas desejáveis, gerando entre 1 a 2 % de aumento de ganho de peso ao ano (Coutinho et al., 2000). A vantagem obtida no ganho de peso pelas aves Ross confirma as observações de McCarthy (1977), isto é, alto ganho de peso a uma idade precoce.

As linhagens que apresentaram maior ganho de peso foram as que apresentaram maior consumo de ração e vice-versa.

Os resultados para o consumo de ração são apresentados na Tab. 3. A linhagem Ross apresentou o maior consumo de ração, seguida pela linhagem Paraíso Pedrês. Não foram observadas diferenças significativas entre a linhagem Caipirinha e a Pescoço Pelado, as de menor consumo de ração. Estes resultados são semelhantes aos encontrados por Carrijo et al. (2002), que trabalharam com linhagens de frango de corte tipo colonial em sistema semi-intensivo de criação, e aos observados por Moreira (2003), que verificou efeito da linhagem sobre o consumo em frango de corte comercial.

Não houve interação sistema de criação versus linhagem para consumo de ração, ou seja, a resposta das diferentes linhagens independe dos sistemas de criação.

As linhagens de frango de corte colonial, em geral, apresentam menor consumo que as aves comerciais, conseqüentemente, menor eficiência alimentar, aspecto já confirmado por Varoli Jr. (1999).

Não houve efeito (P>0,05) do sistema de criação sobre a variável consumo de ração, semelhante ao observado por Hellmeister Filho (2002) em frangos de corte tipo colonial criados com e sem acesso a piquete, e diferente dos resultados encontrados por Figueiredo et al. (2003), que trabalharam com frangos de corte tipo colonial.

Os dados referentes à conversão alimentar são apresentados na Tab. 4. Nas fases inicial e de crescimento, as aves das linhagens Paraíso Pedrês, Pescoço Pelado e Caipirinha apresentaram os piores índices de conversão alimentar, e não houve diferença entre elas (P>0,05). Na fase final e no período total, não foi observada diferença (P>0,05) entre as linhagens, e o sistema de criação não influenciou (P>0,05) os resultados de conversão alimentar em todas as fases. Estes resultados assemelham-se aos de Varoli Jr. (1999), que observou pior conversão alimentar nas aves da linhagem Pescoço Pelado ao serem comparadas com as aves das linhagens de empenamento normal.

A melhor conversão alimentar apresentada pela linhagem Ross, até 63 dias de idade, mostra que ela é mais eficiente, justificada pela maior pressão de seleção para alta produtividade a que foi submetida (McCarthy, 1977). Chambers (1990) afirmou que aves de crescimento acelerado são mais eficientes que as de crescimento lento.

As linhagens tipo colonial apresentaram conversão alimentar semelhante à das aves Ross a partir dos 64 dias de idade, uma vez que as aves comerciais são geneticamente melhoradas para alcançar sua máxima eficiência alimentar até 49 dias de idade. A relação consumo de ração e ganho de peso nos dois primeiros períodos experimentais indicou melhor eficiência alimentar, porém o maior consumo de ração na fase final e no período total não resultou em maior ganho de peso. Conseqüentemente, há piora na eficiência produtiva das aves Ross. Não houve interação linhagem versus sistema de criação, resultados semelhantes aos observados por Hellmeister Filho (2002).

Não houve diferença entre sistemas de criação quanto à mortalidade, semelhante ao que foi observado por Pelícia et al. (2003). Esses autores não encontraram diferença significativa na mortalidade de frangos de corte da linhagem Pescoço Pelado criados com e sem acesso a piquete. Contudo, os resultados diferem dos encontrados por Lewis et al. (1997), que observaram maior mortalidade em aves confinadas aos 42 dias de idade. Afirmaram que isto pode ser atribuído ao genótipo e à alta concentração de nutrientes nas rações fornecidas às aves confinadas e às dietas com densidade de nutrientes inferior para aves com acesso ao piquete (Lewis et al., 1997). Gonzales et al. (1998) observaram efeito da linhagem sobre a incidência da mortalidade, destacando que mais de 50% das causas de mortalidade, em linhagens de alto desempenho produtivo, são atribuídas a doenças metabólicas. Houve efeito (P<0,05) da linhagem sobre as características avaliadas no período inicial de criação. A linhagem que apresentou maior índice de mortalidade foi a Paraíso Pedrês, e as demais não apresentaram diferenças entre si (P>0,05). Considerando as referências anteriores, a inexistência de efeito do sistema de criação e da linhagem sobre a mortalidade pode ser justificada pelo fato de se ter oferecido dietas de baixa densidade de nutrientes.

Na Tab. 5 são apresentados os dados de rendimento de carcaça, peito, pernas asas e dorso. Nas cinco idades de abate estudadas, houve efeito (P<0,05) da linhagem sobre o rendimento de carcaça, sendo a linhagem Ross a de maior rendimento. A linhagem Caipirinha apresentou resultado inferior aos 63 e 84 dias de idade, porém, nas demais idades, não houve diferença (P>0,05) entre as linhagens coloniais.

Quanto ao rendimento de peito, houve efeito (P<0,05) da linhagem e do sexo em todas as idades estudadas, sendo a linhagem Ross a de melhores resultados. Não houve diferença no rendimento entre as linhagens coloniais. O rendimento de peito foi maior nas fêmeas, em todas as idades de abate. Estes resultados assemelham-se aos observados por Lisboa et al. (1999), Figueiredo et al. (1999), Araújo et al. (1999) que trabalharam com diferentes linhagens comerciais de frangos de corte.

Observou-se efeito (P<0,05) do sexo e da linhagem, em todas as idades estudadas, sobre o rendimento de pernas, exceto no abate feito aos 70 dias (P>0,05).

Houve efeito (P<0,05) da linhagem sobre o rendimento de asas em todas as idades estudadas, sendo as linhagens Caipirinha e Pescoço Pelado as de melhores resultados.

O efeito (P<0,05) da linhagem também foi observado para rendimento de dorso, sendo as linhagens coloniais as de melhores resultados, mas não houve diferenças significativas entre elas. O sexo também influenciou o rendimento de dorso, exceto aos 63 dias de idade, com melhor rendimento para as fêmeas. Estes resultados diferem dos apresentados por Moreira (2003), que trabalhou com cinco linhagens de frangos de corte e não observou efeito (P>0,05) do sexo e da linhagem para rendimento de dorso aos 35, 42 e 49 dias de idade. Garcia (2002) também não encontrou efeito do sexo e da densidade sobre o rendimento de dorso de frangos de corte da linhagem Ross, contudo esses autores analisaram apenas linhagens comerciais.

Hellmeister Filho (2002) não verificou diferença no rendimento das partes da carcaça quando comparou linhagens de frangos de corte tipo colonial criadas com ou sem acesso a piquete. Exceto para rendimento de dorso, as aves criadas em sistema de confinamento apresentaram rendimento 2,1% maior em relação às criadas com acesso ao piquete. Almeida e Zuber (2000) também não encontraram efeito do sistema de criação sobre o rendimento de carcaça, ao trabalharem com frangos de corte tipo colonial.

Na Tab. 6 são apresentados as porcentagens das vísceras e o comprimento do intestino delgado e grosso aos 84 dias de idade, sendo as linhagens coloniais as de melhores resultados com o fígado e o pâncreas. Com relação à moela, maiores resultados ocorreram com as linhagens Pescoço Pelado e Caipirinha; as fêmeas apresentaram as maiores porcentagens de moela e pâncreas.

A linhagem Ross apresentou maior comprimento de intestinos delgado e grosso em relação às linhagens Pescoço Pelado e Caipirinha; na Pescoço Pelado, ocorreram os menores valores. As linhagens Caipirinha e Pescoço Pelado apresentaram os menores valores, e não diferiram entre si (P>0,05). As maiores porcentagens de intestino delgado ocorreram com as linhagens Caipirinha, Paraíso Pedrês e Pescoço Pelado, e não houve diferença entre elas (P>0,05). A linhagem Caipirinha apresentou a maior porcentagem de intestino grosso e a Ross, a menor. O maior comprimento dos intestinos delgado e grosso foi observado nos machos. O maior comprimento do intestino delgado permite melhor capacidade de absorção de nutrientes, uma das razões para que os machos apresentem maiores peso e rendimento de carcaça.

Houve efeito (P<0,05) do sistema de criação apenas para o comprimento do intestino grosso. O comprimento nas aves com acesso ao piquete e o nas confinadas foram 49,635cm e 46,229cm, respectivamente. Estes resultados diferem dos encontrados por Pelícia et al. (2003). Esses autores, ao avaliarem a porcentagem e o comprimento dos intestinos delgado e grosso de frangos de corte da linhagem Pescoço Pelado, observaram diferenças (P<0,05) entre os grupos de aditivos apenas para a porcentagem do intestino grosso.

CONCLUSÕES

O desempenho dos frangos de corte tipo colonial não é afetado pelo acesso ou não ao piquete. Porém, esse grupo apresenta desempenho menor que o das aves de linhagem industrial, criadas em moldes coloniais. Entre as linhagens coloniais, a Paraíso Pedrês é a que apresenta melhores resultados de desempenho e rendimento. Entretanto, é interessante escolher a linhagem de acordo com o interesse do mercado devido às diferenças encontradas entre elas.

Recebido em 24 de março de 2004

Aceito em 27 de dezembro de 2005

Apoio: FUNDUNESP e PRODETAB/EMBRAPA/CNPSA

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  • *
    Autor para correspondência
    (corresponding author)
    E-mail:
  • 1
    Schering-Plough Coopers
  • 2
    BioCamp Laboratórios Ltda – Campinas, SP
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      06 Out 2006
    • Data do Fascículo
      Ago 2006

    Histórico

    • Recebido
      24 Mar 2004
    • Aceito
      27 Dez 2005
    Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Veterinária Caixa Postal 567, 30123-970 Belo Horizonte MG - Brazil, Tel.: (55 31) 3409-2041, Tel.: (55 31) 3409-2042 - Belo Horizonte - MG - Brazil
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