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O Observatório Espacial do Sul

ANÁLISES/RELATÓRIOS

ANALYSES/REPORTS

O Observatório Espacial do Sul

CENTRO REGIONAL DO SUL DE PESQUISAS ESPACIAIS - OES/CRSPE/INPE,

EM SÃO MARTINHO DA SERRA - RS.

Nelson Jorge Schuch1 ,

Silsomar F. Adaime, Norberto U. V. Oliveira, Elias Bortolotto, Paulo J. Sarkis, Damaris K. Pinheiro, Everton Lüdke, Francisco A. Wendt2

Nalin B. Trivedi, José M. da Costa, Volker W. J. H. Kirchhoff, Severino L. G. Dutra, José H. A. Sobral, Mangalathayil A. Abdu, Hisao Takahashi3

1 CENTRO REGIONAL SUL DE PESQUISAS ESPACIAS - CRSPE/INPE, UFSM/CT - LACESM, Cidade Universitária ,

CEP 97119 -900 - Santa Maria - RS.

2 LABORATÓRIO DE CIÊNCIAS ESPACIAIS DE SANTA MARIA, Centro de Tecnologia, Cidade Universitária ,

CEP 97119 -900 - Santa Maria - RS.

3 INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS, Coordenadoria de Ciências Espaciais e Atmosféricas,

Av. dos Astronautas, 1758 - CEP 12.227-010 - São José dos Campos - SP.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) tem interesse em dar continuidade, estimular, e desenvolver trabalhos conjuntos de cooperação técnico-científica em áreas de comum acordo. O INPE vem colaborando de forma ininterrupta e sistematicamente com a UFSM promovendo e apoiando o desenvolvimento das Ciências Espaciais e Atmosféricas no Rio Grande do Sul, principalmente na grande região de Santa Maria, desde outubro de 1985, quando assegurou sua participação no Projeto RA - ¨Radioastronomia - Desenvolvimento e Instalação de Instrumental Radioastronômico¨, aprovado pela FINEP/PADCT (Projeto 092/85).

As atividades e as áreas de desenvolvimento de pesquisas conjuntas em Ciências Espaciais e de tecnologias, entre o INPE e a UFSM, foram originalmente definidas via Convênio, formalmente assinado em Santa Maria em 11/04/1988, com a participação do Diretor do INPE e do Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia. O Reitor da UFSM, via Portaria 21.432/88 de 06/05/1988, designou Nelson Jorge Schuch, para exercer a coordenação técnica e administrativa do Convênio UFSM -.INPE.

Em 13/08/1996, foi renovado o antigo convênio com um novo termo de Convênio entre o MCT/INPE e a UFSM (documento INPE/RD/AJR 01.01.098.0/96), onde é ressaltado na Cláusula Primeira - Do Objeto, Item 1.2, ¨... às áreas de radioastronomia, interferometria, síntese de abertura com a rotação da Terra (Sistema RA), e pesquisas no campo das ciências espaciais e atmosféricas...¨. O convênio foi assinado pelo Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia, pelo Diretor do INPE e pelo Reitor da UFSM, sendo posteriormente ratificado pelo Conselho Universitário da UFSM. O Diretor do INPE, via Designação DE/DIR-908, de 18/10/1996, designou Nelson Jorge Schuch como Coordenador, por parte do INPE, para constituir a Coordenação Técnica e Administrativa do Convênio MCT/INPE - UFSM.

Há interesse do INPE e da UFSM em promover a estratégica descentralização também para o Sul do País da pesquisa, da formação de recursos humanos especializados, -do desenvolvimento tecnológico e dos serviços relacionados às Ciências Espaciais, Ciências Atmosféricas, Clima & Meteorologia e Sensoriamento Remoto, às tecnologias e suas engenharias associadas, considerado o disposto no PNDAE 1996-2005.

O INPE tem interesse em instalar e fazer funcionar no Sul do País um Complexo de Pesquisas Espaciais, consolidando a vigente Política Nacional de Desenvolvimento de Atividades Espaciais - PNDAE, promovendo no Programa de Satélites a cobertura permanente e completa de visão do Continente da América do Sul, as totalidades do território nacional brasileiro simultaneamente com a dos países do Cone Sul, com abrangência circunvizinha continental oceânica do Pacífico, do Atlântico e do Caribe.

O CENTRO REGIONAL SUL DE PESQUISAS ESPACIAIS - CRSPE/INPE EM SANTA MARIA.

Em 13/12/1996, foi assinado pelo Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia, pelo Diretor do INPE e pelo Reitor da UFSM o Instrumento Público de Cessão de Uso e Doação, por 50 anos, de 1,2 hectare de área no ¨campus¨ da UFSM, entre o INPE e UFSM com a interveniência do Ministério da Ciência e Tecnologia, para a execução do Projeto de Implantação do CENTRO REGIONAL SUL DE PESQUISAS ESPACIAIS - CRSPE/INPE, incluindo o subprojeto da ESTAÇÃO TERRENA DE RASTREIO E CONTROLE DE SATÉLITES - ETRCS/INPE, em Santa Maria, e o subprojeto do OBSERVATÓRIO ESPACIAL DO SUL - OES/INPE em São Martinho da Serra - RS.. O Diretor do INPE, via Resolução Projeto de Implantação do CRSPE, RE/DIR-391, de 18/10/1996, designou Nelson Jorge Schuch, como Responsável pelo Projeto de implantação do CRSPE/INPE no Sul do País.

O Centro Regional Sul de Pesquisas Espaciais - CRSPE/INPE, em Santa Maria, RS, visa o atendimento dos seguintes objetivos:

1. Dar suporte logístico técnico-científico ao desenvolvimento de programas, projetos e atividades do Instituto 0realizados nas regiões Sul do Brasil e Cone-Sul da América;

2. Apoiar os lançamentos e monitoramentos de foguetes e balões, no trânsito dos mesmos, na calibração das cargas úteis e no processamento dos dados;

3. Efetuar manutenção do banco de dados obtidos pela Estação Terrena de Rastreio e Controle de Satélites - ETRCS/INPE e pelo Observatório Espacial do Sul - OES/INPE;

4. Prestar apoio a usuários localizados nas regiões Sul do Brasil e Cone-Sul da América na obtenção de dados produzidos pelo Instituto;

5. Desenvolver equipamentos, para suporte dos laboratórios, para uso de missões do Instituto e para coleta de dados convencionais ou via satélite;

6. Realizar a administração das atividades, dos recursos humanos e dos recursos financeiros movimentados pelo CRSPE/INPE, ETRCS/INPE e OES/INPE, bem como as de suprimento de materiais, bens patrimoniais e as de orçamento e finanças.

O OBSERVATÓRIO ESPACIAL DO SUL DO CENTRO REGIONAL SUL DE PESQUISAS ESPACIAIS - OES/CRSPE/INPE EM SÃO MARTINHO DA SERRA - RS.

A Sub-Unidade do CRSPE/INPE, o OBSERVA-TÓRIO ESPACIAL DO SUL, em São Martinho da Serra - RS tem coordenadas geográficas:

Latitude: 29° 26' 24" Sul,

Longitude: 53° 48' 38" Oeste,

Altitude elipsoidal:. 488 metros 1 1 Coordenadas geográficas medidas por técnicas GPS, na posição do 3° ponto da linha de base do radiointerferômetro do Projeto Radioastronomia no Sítio do OES/CRSPE/INPE. ,

e tem coordenadas geomagnéticas:

Latitude: 19° 13' 48" Sul,

Longitude: 16° 30' Leste 2 2 Coordenadas geomagnéticas calculadas usando o modelo IGRF 1995 - 2000 e programas utilitários fornecidos pelo USGS. .

Inclinação ou "dip": 32°,989 Sul

Intensidade de Campo Total: 22.989 nT 3 3 1 nT = 1 g = 10-5 Gauss. .

O Observatório Espacial do Sul - OES/CRSPE/INPE dado à sua localização estratégica do ponto de vista técnico-científico, com o objetivo de dar suporte logístico para os programas de desenvolvimento científico e tecnológico desenvolvidos pelo Centro Regional Sul de Pesquisas Espaciais, do INPE, e do Laboratório de Ciências Espaciais de Santa Maria, da UFSM, no Sul do Brasil, tem como atribuições:

1. Executar e desenvolver as atividades e projetos de pesquisa técnico e científica em Astronomia, nas áreas de astrofísica e radioastronomia;

2. Executar e desenvolver as atividades e projetos de pesquisa técnico e científica em Geofísica Espacial, nas áreas de geomagnetismo, magnetosfera e heliosfera, eletricidade atmosférica, física e química da média e baixa atmosfera;

3. Executar e desenvolver as atividades e projetos de pesquisa técnico e científica em Aeronomia, nas áreas da físico-química e da física da alta atmosfera e da ionosfera;

4. Coletar dados, arquivando-os e mantendo-os em banco de dados formatados de acordo com padrões internacionais;

5. Desenvolver e fortalecer atividades de cooperação científica com pesquisadores e instituições de pesquisas nacionais e estrangeiras.

O INPE possui atribuições e interesse científico de realizar estudos nas áreas de Aeronomia e de Geofísica Espacial, incluindo estudos da ionosfera, termosfera, mesosfera e estratosfera, e geomagnéticos na região da Anomalia Magnética Brasileira ou Anomalia Magnética do Atlântico Sul. O INPE também possui interesse: em participar da construção e da utilização do Radiointerferômetro do Projeto Radioastronomia; em instalar no Sul do Brasil outros telescópios; fomentar o desenvolvimento da Astronomia/Astrofísica, da radioastronomia, do estudo das cintilações interplanetárias e do clima interplanetário no Sul do País no Observatório Espacial do Sul.

O programa de escolha de sítio para determinar a região escolhida para a sede do Observatório foi extensivo, envolvendo estudo técnico e científico de escolha de sítios, nas regiões Centro-Oeste e Sul do Brasil, no Rio Grande do Sul e finalmente na grande região de Santa Maria (8 anos de atividades concomitantes) e atendendo a metodologia da consideração dos fatores: antropogênicos, logísticos, macro e microclima, meteorológicos e do nível da rádio interferência natural e artificial, pré-requisitos básicos e necessários na pesquisa de escolha e instalação de um sítio, observatório, para observações rádio astronômica. Como resultado deste trabalho foi escolhida uma área na região do Rincão dos Negrinhos, no município de São Martinho da Serra, distrito emancipado do município de Santa Maria, em 1992.

A Prefeitura e Câmara Municipal São Martinho da Serra, através da Lei Municipal n° 232/97, de 09/06/1997 e do Decreto Executivo n° 452/97, de 01/06/1997, desapropriou no Município a área escolhida pelo programa de escolha de sítio para o Observatório. Uma gleba de área de 12 (doze) hectares que destinam-se única e exclusivamente à construção e instalação do Observatório Espacial do Sul pelo INPE. Esta área é adequada para a construção dos prédios necessários para a implementação do Observatório e permite uma otimização com um melhor aproveitamento na distribuição física, no terreno, de sensores, de equipamentos e das antenas pertencentes aos respectivos telescópios. A localização geográfica e topografia do Observatório é estratégica, devendo ser ressaltado que não se tem conhecimento da existência de nenhum outro Observatório Espacial do gênero, no Hemisfério Sul, na latitude do Observatório Espacial do Sul - OES/CRSPE/INPE, o que torna inédita, original e de primeira mão, a natureza dos dados coletados por seus instrumentos.

Os sensores e equipamentos, como também as antenas dos rádiotelescópios instalados e ou a serem instalados na área do Observatório Espacial do Sul, são de natureza passiva e não são ou serão poluidores, não produzindo impacto destrutivo ao meio ambiente .

A localização do Observatório Espacial do Sul, em fase de instalação no Centro Oeste do Estado do Rio Grande do Sul, na grande região de Santa Maria, São Martinho da Serra e do Itaára, incluindo seus municípios adjacentes, constitui-se em uma região antropogênica e logisticamente estratégica sob o ponto de vista técnico e científico para os estudos do espaço. Esta região localizada em latitudes geomagnéticas aproximadamente, dip de @ 32°, quase idêntica à de Cachoeira Paulista no Estado de São Paulo, onde o INPE possui um Centro de pesquisa e de observação espacial, permite desenvolver estudos inéditos das derivas zonais das irregularidades ionosféricas, dos ventos na formação do fenômeno spread-F, incluindo as bolhas ionosféricas e um estudo dinâmico multidisciplinar da Anomalia Magnética do Atlântico Sul. O mesmo se aplica aos estudos da anomalia de Appleton. Muitos outros exemplos poderiam ser citados sobre as possibilidades de estudos locais, que podem ser integrados e comparados com os resultados de outras regiões latitudinais do território Brasileiro, da América do Sul e de outros observatórios.

A RADIOASTRONOMIA - PROJETO RA.

O Projeto Radioastronomia - Projeto RA, visa a construção de um Radiointerferômetro de Síntese de Abertura com a Rotação da Terra, de longa linha de base, 5 a 8 Km 4 4 A determinação da dimenção máxima da linha-de-base este/oeste do radiointerferômetro do Projeto RA, depende da evolução da atividade solar em função do ciclo solar e da opacidade da ionosfera local. - direção Leste/Oeste, operando em baixas freqüências, centrada em 150 MHz., via convênios entre o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE, Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP e a Universidade Federal de Santa Maria, através da construção de laboratórios e áreas de apoio adequadas à execução de atividades científicas para implantação no País de técnicas Radiointerferométricas. O Projeto propicia o desenvolvimento de pesquisas e a formação de recursos humanos em Ciências Espaciais Básicas, priorizando a Astrofísica, Aeronomia, Geofísica Espacial, Geomagnetismo, Interações Terra - Sol, dentre outras áreas do saber, alem das tecnologias vinculadas as áreas de engenharias associadas.

Por falta de recursos no PADCT, o Projeto RA - FINEP/PADCT, por sugestão da FINEP, foi transformado em um Projeto FINEP/FNDCT, que foi novamente aprovado em novembro/1986, tendo parte dos recursos solicitados liberados em 1987, através do Convênio: 52.86.0864-00 - FINEP/UFSM - com o título: ¨Radioastronomia - Apoio de Recursos Computacionais¨. Devido a sérias dificuldades de disponibilidade financeira no FNDCT, para honrar com a liberação dos recursos restantes deste Convênio, a FINEP efetuou com a UFSM três Termos Aditivos, assinados em 25/06/1987, 05/04/1089 e 29/05/1991. O Reitor da UFSM, na Resolução 0001/86, datada de 06/01/1986, atribuiu ao antigo NEPAE, hoje LACESM - Laboratório de Ciências Espaciais de Santa Maria, órgão setorial do Centro de Tecnologia da UFSM, a execução do Projeto e delegou a Nelson Jorge Schuch a tarefa de Coordenador do Projeto RA.

Em 13/04/1993, quando no exercício da Direção do CNPq/Observatório Nacional - CNPq/ON, Rio de Janeiro, em reunião com o Presidente da FINEP, o Coordenador do Projeto Radioastronomia, na época Vice-Diretor do Observatório Nacional, entregou em mãos a Carta Consulta OF.ON/DIR - 119/93, solicitando o enquadramento da ordem de US$ 1,500,000.00 para a conclusão do Projeto Radioastronomia - Projeto RA, Convênios: CNPq/ON - UFSM, INPE - UFSM e FINEP - UFSM, visando a construção do Rádio Observatório e do Radiointerferômetro na grande região de Santa Maria, RS. A Carta Consulta foi enquadrada, documento FINEP Ref. 0376/93, na linha de apoio FNDCT. A solicitação de financiamento foi elaborada utilizando a metodologia de duas fases. Na região escolhida, conjuntamente a UFSM e o INPE implantariam a Fase I do Projeto RA/IPS dando início a consolidação do Observatório Espacial do Sul - OES. Nesta Fase I do Projeto, seriam executadas as seguintes tarefas: Levantamento topográfico, geológico e magnético visando a construção do Radiointerferômetro RA/IPS, antena piloto e instrumental de grande porte; Construção do Radiointerferômetro piloto; Transferência do instrumental instalado provisoriamente no ¨campus¨ da UFSM para o sítio do OES; Construção de um miniprédio de alvenaria, Prédio 1, para abrigar equipamentos de controle das antenas piloto na área do Observatório Espacial do Sul.

O Projeto RA/IPS com sua metodologia, após inspetoria da FINEP e de seus assessores junto ao LACESM/UFSM e visita técnica a São Martinho da Serra, Rincão dos Negrinhos e ao local de construção do Observatório Espacial do Sul, foi aprovado pela Diretoria da FINEP, Decisão 0358 de 05/06/1995. As tarefas estabelecidas na Fase I do Projeto encontram-se em processo avançado de conclusão. O Prédio 1, foi construído e abriga vários equipamentos que estão em operação, efetuando monitoramento sistemático no Observatório.

O Convênio de execução do Projeto RA - Radioastronomia/Cintilação Interplanetária, por impossibilidade da UFSM, na época, de poder receber recursos de agentes financeiros federais, visto encontrar-se inadimplente, teve que ser celebrado com a Fundação de Apoio à Tecnologia e Ciência - FATEC como Unidade Gestora, tendo o LACESM/UFSM como Unidade Executora e a co-participação do INPE, via Convênio..

Em 13/06/1996, através do ofício ON/DIR - 207/96, do Diretor do CNPq/ON ao Diretor do LACESM , a Coordenação do Projeto RA foi informada que o Convênio CNPq/ON - UFSM não deveria ser renovado. O Convênio ON - UFSM, portanto, foi cancelado unilateralmente, provocando vários prejuízos ao andamento das atividades. Entretanto, mesmo que na gestão do atual Diretor do ON, os laços formais entre o ON e a UFSM foram oficialmente e unilateralmente cortados, os pesquisadores, técnicos e alunos vinculados ao Projeto RA/LACESM, continuam a interagir sistematicamente com pesquisadores e técnicos de alto nível de Departamentos e com o Laboratório Primário de Tempo & Freqüência do Serviço da Hora do ON, no Rio de Janeiro. A natureza política da decisão do Diretor do ON, de interromper formalmente a interação e cooperação interinstitucional com a UFSM, tornou o INPE, o CNPq e a FINEP, as únicas instituições do Ministério da Ciência e Tecnologia a participar com o MEC/UFSM no desenvolvimento do Projeto Radioastronomia e das Ciências Espaciais, Tecnologias e Engenharias associadas no Sul do Brasil.

Os levantamentos topográficos e cartográficos juntamente com a definição por técnicas GPS do alinhamento, este-oeste, e das coordenadas da linha-de-base do radiointerferômetro do Projeto RA foram concluídos. Um protótipo de radiointerferômetro de 4 (quatro) elementos está sendo montado no Observatório.

CIÊNCIAS ATMOSFÉRICAS - O PROGRAMA DE MONITORAMENTO DO OZÔNIO ATMOSFÉRICO.

O Programa de Monitoramento do Ozônio Atmosférico da UFSM, é desenvolvido pelo LACESM como subprojeto do Projeto RA e em colaboração com o Laboratório do Ozônio do INPE, dentro do Convênio MCT/INPE - UFSM. O Programa objetiva o monitoramento, a análise estatística dos dados e a análise comportamental da Camada de Ozônio Terrestre, na latitude de 30° Sul, bem como correlação com o monitoramento sistemático da radiação ultravioleta, de partículas de radiação cósmica, de gases traçadores atmosféricos NO2 e SO2 com dados físicos e meteorológicos, obtidos através de sondagens troposféricas e estratosféricas e correlações com os fenômenos vinculados com a Anomalia Magnética do Atlântico Sul.

O Programa, no Sul do Brasil, em Santa Maria, foi inicialmente concebido em 1991, e foi implementado entrando em funcionamento em maio de 1992, com o agregamento de equipamentos sofisticados, que foram emprestados temporariamente à UFSM pelo INPE e por outras instituições nacionais e estrangeiras. A cooperação com o INPE visa estudar a física e a química da média e baixa atmosfera, com o monitoramento sistemático da concentração de ozônio atmosférico e da Camada do Ozônio Terrestre no extremo Sul do Brasil, por métodos indiretos via análise da luz solar por rastreio do Sol, com espectrofotômetro Brewer e métodos diretos, por radiosondagens via balões estratosféricos, determinando a concentração do ozônio em função da altura na troposfera e estratosfera.

Desde 1992, está em funcionamento sistematicamente o Espectrofotômetro Brewer MKIV n° 081. O espectrofotômetro funcionou no ¨campus¨da UFSM de maio/1992 a outubro/1995, quando foi transferido para um sítio provisório, com microclima livre de serração, na cidade de São Martinho da Serra. Em dezembro/1996, o Brewer foi transferido para o seu local de operação permanente, no sítio do Observatório Espacial do Sul, junto ao PRÉDIO 1 do Projeto RA/IPS, que foi financiado pela FINEP, através da FATEC, e que devido a sua altura de aproximadamente 500 metros acima do nível do mar, associado a peculiaridades do seu microclima regional, raramente apresenta névoa seca ou serração, vem permitir o contínuo e sistemático rastreio diário do Sol. Este aparelho mede a concentração atmosférica total de ozônio, dióxido de enxofre e dióxido de nitrogênio, além da intensidade da radiação ultravioleta incidente na faixa de UVB (290 a 320nm).

Em Julho/1996 foi assinado o Convênio n° 96CV00112 entre o Ministério do Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Amazônia Legal - MMA e a UFSM, no valor de R$ 1.100.000,00, com o objetivo de consolidar o Programa de Monitoramento do Ozônio Atmosférico, através da aquisição de equipamentos especializados. Com os recursos deste Convênio, a UFSM - LACESM em 1996, adquiriu e instalou no PRÉDIO 1 do Observatório Espacial do Sul, o Sistema de Sondagem Meteorológica W9000, que permite que sejam lançadas, em conjunto com sondas meteorológicas, sondas de ozônio ECC (Electro Chemical Concentration), as quais medem a pressão parcial de ozônio no local onde a sonda se encontra, fornecendo assim um perfil vertical do ozônio atmosférico. As sondagens são efetuadas sistematicamente as sextas-feiras no mesmo período entre 11horas e 30 minutos e 12 horas e 30 minutos.

Em Novembro/1996 foi assinado o Convênio AEB/PR n° 003/96 entre a Agência Espacial Brasileira da Presidência da República com a Fundação de Apoio à Tecnologia e Ciência, AEB/PR - FATEC, tendo como unidade executora o Laboratório de Ciências Espaciais de Santa Maria - LACESM/UFSM, no valor de R$ 100.000,00. O objetivo do Convênio foi apoiar o Programa de Monitoramento do Ozônio Atmosférico da cooperação LACESM/UFSM - LO/INPE, complementado o Convênio MMA/UFSM e consolidando no LACESM e no Observatório Espacial do Sul, em São Martinho da Serra, a pesquisa em Ciências Espacial Básica.

GEOMAGNETISMO E MAGNETOSFERA TERRESTRE

A Coordenação de Ciências Espaciais e Atmosféricas, com sua Divisão de Geofísica Espacial - INPE/CEA/DGE, foi a primeira unidade do INPE a instalar sensores e equipamentos científicos, do tipo magnetômetros, em Santa Maria.

Foi com a colocação em operação dos sensores de um magnetômetro do tipo de indução, instalados pela Divisão de Geofísica Espacial próximos ao PRÉDIO 1, em colaboração com o LACESM, que o Observatório Espacial do Sul, em São Martinho da Serra, entrou em operação na data histórica de 19/12/1996, com a produção dos primeiros dados observacionais científicos.

ORÇAMENTO E FONTES DE RECURSOS PARA OBRAS E EQUIPAMENTOS

Foi aprovado no Orçamento Geral da União para 1997, através da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional - Senado Federal/Congresso Nacional, recursos no valor de R$ 840.000,00, junto ao orçamento do MCT/INPE para dar o início às obras de construção e implementação do Observatório Espacial do Sul do CRSPE/INPE, em São Martinho da Serra - RS, no exercício do ano fiscal de 1997. Para o exercício do ano fiscal de 1998, o INPE na sua previsão orçamentaria destinou os valores de R$ 800.000,00 para obras e R$ 1.400.000,00 para equipamentos visando a consolidação do CRSPE/INPE, em Santa Maria, Estão previstos os recursos orçamentários necessários à execução do CRSPE/INPE nos demais exercícios financeiros.

COOPERAÇÃO CIENTÍFICA INTERNA-CIONAL BRASIL/JAPÃO EM CIÊNCIAS ESPACIAIS BÁSICAS

Uma Cooperação Científica Internacional de coleta e análise de dados por longo período, 12 anos, equivalente a um ciclo solar ou 11 anos, foi estabelecida entre o BRASIL/JAPÃO em Ciências Espaciais Básicas. Nesta cooperação participam pelo lado brasileiro o LACESM da UFSM e a Coordenadoria de Ciências Espaciais e Atmosféricas do INPE, pelo lado japonês participam 3 (três) institutos de pesquisa: National Institute of Polar Research; Communication Research Laboratory; National Institute of Radiological Sciences, e de 5 (cinco) universidades: Nagoya University; Kyushu University; Takushoku University; Kokugakuin University; e Rikkyo University.

Esta cooperação tem como principal objetivo pesquisar os fenômenos dinâmicos: aeronômicos, geofísico espaciais, geomagnéticos e impacto ambiental que ocorrem na grande região da Anomalia Magnética do Atlântico Sul.

As atividades de cooperação iniciaram em dezembro/1996, com a instalação e operação de um riômetro, n = 32.8 MHz., para medir a absorção do ruído cósmico na ionosfera devido a precipitação de partículas energéticas. É esperado que a precipitação de partículas altamente energéticas na área da Anomalia irá induzir o aumento da densidade eletrônica na camada D promovendo absorção de ruído cósmico; um detector ELF/VLF de ondas natural (com uma antena quadrada com n = 200 voltas, com três filtros passa bandas nas freqüências 0,8, 1,6, 4,0 kHz;.e com uma outra antena triangular de 10 metros com n = 2 voltas para o detetor VLF/LF, o sinal do receptor é amplificado para um largo intervalo de frequência de 100Hz a 100KHz, o sinal banda larga é enviado a três filtros passa banda com frequência central 0,4, 1,6 e 10,0 KHz) quando uma forte emissão é reconhecida, um sinal de banda larga é também gravado pelo gravador de dados analógicos de banda larga. Muitos pesquisadores examinaram emissões no intervalo ELF/VLF/LF para estes fenômenos nas regiões polares. Entretanto, não é bem entendido se emissões naturais similares são esperadas na região da Anomalia Magnética do Atlântico Sul; uma câmara de TV de alta sensibilidade. Com este instrumental é possível ser detectado alguma emissão, fenômeno óptico, somente se a luminosidade do evento for superior a 1 kR5 5 1 kR = 10 3 Raleighs. 1R = 10 6 Fotons/cm 2 colunar. . É parte da metodologia e planejamento operar a câmara de TV durante períodos de intenso eventos solar e também fenômenos SC6 6 SC = Solar Sudden Commencement. Um contador Geiser automatizado efetua contagens sistematicamente 24 h por dia com períodos de integração de 1 e de 10 minutos. Estão no Observatório Espacial do Sul aguardando instalação: o magnetômetro fluxgate, de 1 segundo de integração da Kyushu University e o detector de ruído de ondas de rádio do Communication Research Laboratory.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem o apoio recebido para implantar no Sul do País as Ciências Espaciais e Atmosféricas, o Centro Regional Sul de Pesquisas Espaciais e o Observatório Espacial do Sul à: Diretoria do INPE, Presidência da AEB/PR, Reitoria e Direção do Centro de Tecnologia da UFSM, SESu/MEC, GM/MCT, FINEP, CNPq, Secretaria Executiva e Secretaria dos Assuntos de Meio Ambiente/Departamento de Gestão Ambiental do MMA, FAPESP, FAPERGS, FATEC, Prefeitura e Câmara Municipal São Martinho da Serra - RS, Câmara Federal dos Deputados e Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional - Senado Federal do Congresso Nacional, e às instituições japonesas National Institute of Polar Research, Communication Research Laboratory, National Institute of Radiological Sciences, Nagoya University, Kyushu University, Takushoku University, Kokugakuin University, e Rikkyo University.

  • 1
    Coordenadas geográficas medidas por técnicas GPS, na posição do 3° ponto da linha de base do radiointerferômetro do Projeto Radioastronomia no Sítio do OES/CRSPE/INPE.
  • 2
    Coordenadas geomagnéticas calculadas usando o modelo IGRF 1995 - 2000 e programas utilitários fornecidos pelo USGS.
  • 3
    1 nT = 1 g = 10-5 Gauss.
  • 4
    A determinação da dimenção máxima da linha-de-base este/oeste do radiointerferômetro do Projeto RA, depende da evolução da atividade solar em função do ciclo solar e da opacidade da ionosfera local.
  • 5
    1 kR = 10
    3 Raleighs. 1R = 10
    6 Fotons/cm
    2 colunar.
  • 6
    SC = Solar Sudden Commencement.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      07 Jun 2001
    • Data do Fascículo
      Mar 1997
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