Acessibilidade / Reportar erro

NOTA DO EDITOR

Este número especial da Revista Brasileira de Estudos de População – cuja apresentação é motivo de muita satisfação para nós – resulta de uma idéia concebida por ocasião da comemoração do 20º aniversário da publicação e vem à luz celebrando sua maioridade plena: 21 anos.

O projeto editorial contemplou uma pauta dedicada à evolução do campo da demografia no Brasil, buscando o testemunho de estudiosos especialmente convidados, incluindo todos os presidentes da Associação Brasileira de Estudos Populacionais – Abep.

O projeto foi delineado e coordenado por Elisabete Dória Bilac, então editora, em comum acordo com o Comitê Editorial da Rebep, integrado na época por Antonio Benedito Marangone Camargo, Carlos Almeida Prado Bacellar, Juarez de Castro Oliveira, Moema Gonçalves Bueno Fígoli, Paula Miranda-Ribeiro e Ricardo Antônio Wanderley Tavares.

Ao assumir, em 2005, a função de editor da Rebep, tivemos o privilégio de receber os artigos anteriormente solicitados e finalizar a edição.

Este número especial reuniu 11 depoimentos elaborados pelos autores convidados, que associaram à sua experiência o conhecimento formal e a memória histórica e política do desenvolvimento dos estudos de população no Brasil. Trata-se de um documento destinado a responder às aspirações de nossa comunidade científica e com certeza desempenhar um papel conscientizador junto às novas e futuras gerações de demógrafos.

Entre os textos que compõem esse número, encontram-se duas reflexões sobre dois momentos cruciais na história da demografia no Brasil: a criação da Associação Brasileira de Estudos Populacionais e o surgimento da Revista Brasileira de Estudos de População.

Assim, Neide Lopes Patarra e Elisabete Dória Bilac discorrem sobre a criação e o amadurecimento da Rebep inserida no contexto do desenvolvimento dos estudos populacionais, resgatando as principais características desse processo. Já Elza Berquó e Maria Isabel Baltar da Rocha analisam o contexto político da criação da Abep no final dos anos 60 e década de 70, considerando o debate que ocorria no Brasil sobre as questões demográficas.

Dois outros artigos focalizam as implicações do cenário internacional no desenvolvimento da demografia no Brasil e contribuem com outras referências substanciais. No primeiro, Maria Coleta Ferreira Albino de Oliveira e Ricardo Antônio Wanderley Tavares fazem um depoimento sobre o significado dos anos 70 na demografia do Brasil e da América Latina, levando em conta a realidade social, política e econômica daquele período. No outro texto, George Martine analisa a influência das agências internacionais na evolução dos estudos populacionais no Brasil, caracterizando as estratégias utilizadas por esses organismos e as principais conseqüências observadas.

As iniciativas institucionais voltadas para o ensino da demografia são abordadas no texto de Diana Oya Sawyer e Duval Magalhães Fernandes, que descrevem as principais atividades de ensino e de formação de demógrafos no Brasil, caracterizando os arranjos institucionais e as principais modalidades de ensino.

Ainda na esteira das iniciativas institucionais, Luiz Antonio Pinto de Oliveira e Celso Cardoso da Silva Simões analisam o desenvolvimento das fontes de dados demográficos, focalizando as pesquisas populacionais produzidas pelo IBGE, com ênfase no Censo Demográfico, Registro Civil e Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios.

Três artigos fazem uma reflexão crítica sobre os avanços que estão em curso em áreas temáticas que contemplam as relações entre população e economia, população e ambiente e população e história.

Paulo de Tarso Almeida Paiva e Simone Wajnman examinam como as relações entre população e economia foram interpretadas e como influenciaram o pensamento, a pesquisa acadêmica e as políticas públicas no Brasil.

Daniel Joseph Hogan avalia o estado da pesquisa sobre população e ambiente, com ênfase nas relações entre padrões de distribuição populacional no espaço e mudança ambiental.

Carlos de Almeida Prado Bacellar, Ana Silvia Volpi Scott e Maria Silvia Casagrande Beozzo Bassanezi apresentam uma reflexão crítica sobre a produção nas áreas de demografia histórica e história da população no Brasil, levantando questões relativas à definição do campo e aos limites entre ambas.

As questões demográficas emergentes relacionadas ao declínio da fecundidade e às tendências futuras da dinâmica populacional brasileira são abordadas nos dois últimos textos. Nessa linha, José Alberto Magno de Carvalho e Fausto Brito apresentam uma análise crítica sobre as conseqüências do declínio da fecundidade no Brasil e o posicionamento dos estudiosos da população e da sociedade em geral com relação às oportunidades geradas por esse decréscimo e os novos desafios decorrentes.

Finalmente, Eduardo Luiz Gonçalves Rios-Neto analisa as principais tendências da dinâmica da população brasileira e levanta questões emergentes para a análise demográfica, indicando direções para estudos futuros.

Carlos Eugenio de Carvalho Ferreira

Editor da Rebep

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    29 Ago 2006
  • Data do Fascículo
    Dez 2005
Associação Brasileira de Estudos Populacionais Rua André Cavalcanti, 106, sala 502., CEP 20231-050, Fone: 55 31 3409 7166 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: editor@rebep.org.br