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Infecção por Enterobius vermicularis em população pré-colombianas no Chile

COMUNICAÇÕES BREVES

Infecção por Enterobius vermicularis em população pré-colombianas no Chile

Luís Fernando Ferreira; Benjamim Martins R. Filho; Adauto José G. de AraújoI; Ulisses E. ConfalonieriII; Lautaro NuñezIII

IEscola Nacional de Saúde Pública — Fiocruz — Rio de Janeiro

IIInstituto de Biologia UFRRJ

IIIUniversidad del Norte, Antofagasta — Chile

O encontro de parasitos em corpos mumificados ou em coprólitos coletados em sítios arqueológicos contribuem para o estudo da origem, evolução e introdução de doenças parasitárias em populações do passado, bem como fornece dados sobre essas populações, comportamento quanto à habitação, deslocamentos migratórios, hábitos alimentares e tamanho de população.

Em coprólitos coletados por um de nós (L.N.), no sítio arqueológico de Caserones, no vale de Tarapaca, norte do Chile, encontraram-se ovos de Enterobius vermicularis. As camadas em que se coletaram os coprólitos foram datadas de 400 AC a 800 AD.

O Enterobius vermicularis é um parasito intestinal do homem, cuja sintomatologia principal é o aparecimento de prurido na região peri-anal. A infecção se faz por via direta, através da ingestão dos ovos que são eliminados pelas fêmeas, contaminando a região peri-anal e assim as mãos e os alimentos. Pode-se encontrar também os ovos nas fezes. Observa-se que, em comunidades fechadas, principalmente crianças em orfanatos ou creches, a prevalência da infecção é muito grande, atingindo a quase totalidade das pessoas.

Em populações pré-históricas, que viviam em grutas ou acampamentos, o encontro deste parasito pode indicar uma infecção em todo o grupo devido a este tipo de transmissão direta.

O Enterobius vermicularis já foi assinalado em alguns sítios, arqueológicos na América3,4,5 e, embora não tenha sido encontrado em coprólitos na Europa, existem evidências indiretas, através de documentos antigos, de sua presença em populações da China, Grécia, Índia e Arábia, antes de Cristo.

Pelo mecanismo de transmissão direta, de homem a homem, sem passagem pelo meio ambiente, não são possíveis informações sobre rotas migratórias, como no caso de Ancilostomídeos e Trichuris1,2.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. FERREIRA, L.F. et alii. The finding of helminth eggs in archaeological material from Unai, Minas Gerais, Brasil. Trans. R. Soc. Trop. Med. Hyg., 74: 798-800, 1980.

2. FERREIRA, L.F. et alii. The finding of helminth eggs in a Brazilian mummy. Trans. R. Soc. Trop. Med. Hyg., 77(1): 65-7, 1983.

3. FRY, G.F. & MOORE, J.G. Enterobius vermicularis 10.000 years-old human infection. Science, 166:1620, 1969.

4. PATRUCCO R. et alii. Parasitological studies of cropolites of Pre-Hispanic Peruvian population. Curr. Anthropol, 24 (3) Jun., 1983.

5. ZIMMERMAN, M.R. & MORILLA, R.E. Enterobiasis in pre Columbian America. Paleopathol. Newsl., (42) Jun, 1983.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Abr 2006
  • Data do Fascículo
    Mar 1985
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