Acessibilidade / Reportar erro

Vigilância epidemiológica da distribuição da lagarta Lonomia obliqua Walker, 1855, no Estado do Paraná, Brasil

Epidemiological surveillance of distribution of the caterpillar Lonomia obliqua Walker, 1855, in the State of Paraná, Brazil

CARTAS LETTERS

Gisélia Burigo Guimarães Rubio 1 Vigilância epidemiológica da distribuição da lagarta Lonomia obliqua Walker, 1855, no Estado do Paraná, Brasil

Epidemiological surveillance of distribution of the caterpillar Lonomia obliqua Walker, 1855, in the State of Paraná, Brazil

1Divisão de Zoonoses e Animais Peçonhentos, Centro de Saúde Ambiental. Rua Piquiri 170, Curitiba, PR 80230-140, Brasil. sesacsa@pr.gov.br

A gravidade dos acidentes hemorrágicos causados pela lagarta Lonomia que desde 1986 já apresentava suas vítimas no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, levou a Secretaria Estadual da Saúde do Paraná a monitorar a presença desta lagarta e dos acidentes em todos os municípios do Estado, procurando conhecer o comportamento biológico deste animal que ameaça tanto a população rural quanto a urbana.

O presente trabalho pretende mostrar dados epidemiológicos dos acidentes por lagarta Lonomia no Estado do Paraná, desde o primeiro registro, em 1989.

Foram utilizados os seguintes instrumentos:

• Ficha Epidemiológica de Acidente por Animal Peçonhento - utilizada em todas as 22 Regionais de Saúde do Estado do Paraná e três Centros de Informação/Controle de Intoxicações.

• Ficha de Investigação sobre Lonomia sp. - criada por técnicos da Secretaria Estadual da Saúde.

• Modelo Individual de Etiqueta para Envio de Animais - distribuído em todas as Vigilâncias Sanitárias Municipais do Estado do Paraná.

As fichas epidemiológicas foram analisadas no programa Epi Info versão 6.04 (CDC/WHO, 1996).

As Vigilâncias Sanitárias Municipais e Centros de Informação/Controle de Intoxicações enviam todas as lagartas coletadas ou deixadas pela população, causadoras ou não de acidentes, para identificação no Centro de Saúde Ambiental ou Centro de Produção e Pesquisa de Imunobiológicos, acompanhadas de pelo menos um modelo das fichas acima mencionadas.

Todos os municípios de ocorrência do acidente são catalogados e lançados no mapa de distribuição, após a confirmação do gênero Lonomia.

Os exemplares sem condições de identificação são encaminhados para o Laboratório de Entomologia do Museu de História Natural da Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Curitiba ou para o Instituto Butantan, em São Paulo.

Após cada identificação confirmada de Lonomia nos municípios, as equipes de Vigilância Sanitária e Epidemiológica recebem treinamento sobre biologia, coleta e envio adequado das lagartas e posteriormente desencadeiam ações junto à população para conhecimento e prevenção de acidentes com distribuição de folders e cartazes educativos, envolvendo a mídia, escolas, prefeituras e igrejas.

Com a finalidade de oferecer subsídios técnicos à classe médica, capacitações foram realizadas, com o apoio do Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan, São Paulo; também o tratamento mais indicado, o soro antilonômico, foi descentralizado para pontos estratégicos como Curitiba, Londrina, Cascavel, União da Vitória, Pato Branco, Francisco Beltrão e Guarapuava.

De 1989 até 2000, foi identificada a lagarta Lonomia nas regiões norte, centro, sul, sudoeste, oeste e capital do Estado, com predominância no centro, sul e sudoeste.

Atualmente a lagarta Lonomia está identificada em 67 municípios (16%) do Estado do Paraná, mas em 13 municípios não ocasionaram acidentes.

Os exemplares de Lonomia recebidos foram identificados como Lonomia obliqua Walker, 1855. Todas as lagartas Lonomia que estavam em boas condições foram encaminhadas adequadamente para o Laboratório de Entomologia do Instituto Butantan para os procedimentos de produção do soro antilonômico.

Na análise de 159 casos confirmados no período de 1997 a 1999, observou-se que houve predominância do sexo masculino, com 63% dos casos, predominando na faixa etária de zero a nove anos, com 25%, e de 10 a 19 anos, com 20%. O local de contato com as lagartas mais atingido são os membros superiores, chegando a 38% nas mãos. Com relação à distribuição sazonal, os casos aconteceram com maior incidência (57% ) nos meses de fevereiro e março.

Totalizam-se, até a presente data, 199 casos com cinco óbitos (letalidade de 2,5).

Recebemos no ano de 1998 mais de oito mil lagartas Lonomia, sendo seis mil somente do Município de Cruz Machado, identificadas pela população e coletadas pela Vigilância Sanitária do Município.

Durante o período de 1997 a 1999, foram realizados onze Seminários Macrorregionais de Diagnóstico e Tratamento de Acidentes com Animais Peçonhentos, dando ênfase aos acidentes hemorrágicos causados pela Lonomia nas Regionais de ocorrência; cinco Capacitações para os médicos e enfermeiras dos locais onde o soro ficou descentralizado; e oito Treinamentos para as equipes de Vigilância Sanitária e Epidemiológica e, também, Agentes de Saúde da Fundação Nacional de Saúde para identificação e coleta das lagartas.

É necessário dar continuidade às capacitações e treinamentos das equipes de saúde para melhorar o diagnóstico dos acidentes causados por lagartas urticantes, bem como intensificar a identificação destes insetos.

As Vigilâncias devem estar sensibilizadas aos relatos da população sobre a ocorrência de lagartas causadoras de acidente, em especial os acidentes hemorrágicos, para que tão logo sejam identificadas, campanhas de educação sanitária sejam realizadas o mais urgente possível.

CDC (Centers for Disease Control and Prevention)/ WHO (World health Organization), 1996. Epi Info 6, Version 6.04. A Word Processing, Database, and Statistics Program for Public Health. Atlanta: CDC/Geneva: WHO.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Ago 2001
  • Data do Fascículo
    Ago 2001
Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz Rua Leopoldo Bulhões, 1480 , 21041-210 Rio de Janeiro RJ Brazil, Tel.:+55 21 2598-2511, Fax: +55 21 2598-2737 / +55 21 2598-2514 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: cadernos@ensp.fiocruz.br