Acessibilidade / Reportar erro

Biologia da polinização em Lecythidaceae

Resumos

A família Lecythidaceae apresenta grande diversidade em matas higrófilas localizadas abaixo de 1000 m de altitude. Poucas espécies ocorrem em cerrados, várzeas, e em matas acima de 1000 m. O Brasil, onde ocorrem 54% das espécies de Lecythidaceae do Novo Mundo, tem mais espécies desta família que qualquer outro país no mundo, sendo especialmente rico ém espécies com flores zigomorfas. A evolução floral ocorreu principalmente no androceu que pode ser do tipo actinomorfo ou do tipo zigomorfo. Os polinizadores principais são abelhas sendo a única exceção a polinização por morcegos em Lecythis poiteaui. As abelhas da tribo Euglossini parecem ser muito importantes na evolução de Lecythidaceae com flores zigomorfas. As flores de Lecythidaceae oferecem três recompensas aos seus polinizadores: pólen não diferenciado, pólen diferenciado, e néctar. Ainda há muito para pesquisar sobre biologia da reprodução em Lecythidaceae. Estudos sobre a composição química do pólen, a quantidade e qualidade do néctar, e o sistema de compatibilidade são especialmente importantes.


The family Lecythidaceae is most diverse in lowland, moist forests below 1000 m altitude. Only a few species are found in savannas, periodically inundated habitats, and forests above 1000 m. Brasil, where 54% of the New World species occurs, has more species of Lecythidaceae than any other country, it is especially diverse in species with zygomorphic flowers. Floral evolution in Lecythidaceae has taken place mostly in the androecium where actinomorphic and zygomorphic types have developed. The principal pollinators are bees with the only documented exception being the bat pollinated Lecythis poiteaui. Euglossine bees appear to be particularly important in the evolution of zygomorphic flowered Lecythidaceae. The flowers of Lecythidaceae, depending on the species, offer three kinds of rewards to pollinators - undifferentiated pollen, differentiated pollen, and nectar. There is still much to be learned about reproductive biology in Lecythidaceae. Studies of pollen chemistry, nectar quantity and quality, and self incompatibility systems are especially needed.

Lecythidaceae; floral biology


Biologia da polinização em Lecythidaceae

Scott Alan Mori

The New York Botanical Garden, Bronx, New York 10458-5126, U.S.A

RESUMO

A família Lecythidaceae apresenta grande diversidade em matas higrófilas localizadas abaixo de 1000 m de altitude. Poucas espécies ocorrem em cerrados, várzeas, e em matas acima de 1000 m. O Brasil, onde ocorrem 54% das espécies de Lecythidaceae do Novo Mundo, tem mais espécies desta família que qualquer outro país no mundo, sendo especialmente rico ém espécies com flores zigomorfas. A evolução floral ocorreu principalmente no androceu que pode ser do tipo actinomorfo ou do tipo zigomorfo. Os polinizadores principais são abelhas sendo a única exceção a polinização por morcegos em Lecythis poiteaui. As abelhas da tribo Euglossini parecem ser muito importantes na evolução de Lecythidaceae com flores zigomorfas. As flores de Lecythidaceae oferecem três recompensas aos seus polinizadores: pólen não diferenciado, pólen diferenciado, e néctar. Ainda há muito para pesquisar sobre biologia da reprodução em Lecythidaceae. Estudos sobre a composição química do pólen, a quantidade e qualidade do néctar, e o sistema de compatibilidade são especialmente importantes.

ABSTRACT

The family Lecythidaceae is most diverse in lowland, moist forests below 1000 m altitude. Only a few species are found in savannas, periodically inundated habitats, and forests above 1000 m. Brasil, where 54% of the New World species occurs, has more species of Lecythidaceae than any other country, it is especially diverse in species with zygomorphic flowers. Floral evolution in Lecythidaceae has taken place mostly in the androecium where actinomorphic and zygomorphic types have developed. The principal pollinators are bees with the only documented exception being the bat pollinated Lecythis poiteaui. Euglossine bees appear to be particularly important in the evolution of zygomorphic flowered Lecythidaceae. The flowers of Lecythidaceae, depending on the species, offer three kinds of rewards to pollinators - undifferentiated pollen, differentiated pollen, and nectar. There is still much to be learned about reproductive biology in Lecythidaceae. Studies of pollen chemistry, nectar quantity and quality, and self incompatibility systems are especially needed.

Key-words: Lecythidaceae, floral biology.

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Agradecimentos

Agradeço à Nanuza Luiza de Menezes pelo convite para participar no XXXVIII Congresso Nacional de Botânica e a Marlies Sazima pela ajuda editorial. Muitas das idéias expressas neste trabalho foram desenvolvidas juntamente com meu colega Ghillean T. Prance, cuja colaboração constante em nossos estudos sobre Lecythidaceae eu agradeço.

Referências Bibliográficas

MORI, S. A. & BOEKE, J. D. 1987. Chapter XII. Pollination. In: S. A. Mori & collaborators, The Lecythidaceae of a lowland neotropical forest: La Fumée Mountain, French Guiana. Mem. New York Bot. Gard. 44: 137-155.

MORI, S. A. & KALLUNKI, J. A. 1976. Phenology and floral biology of Gustavia superba (Lecythidaceae) in central Panama. Biotropica 8: 184-192.

MORI, S. A. & ORCHARD, J. E. 1979. Fenologia, biologia floral e evidência sobre dimorfismo do pólen de Lecythis pisonis Cambess. (Lecythidaceae). Anais do XXXI Congresso Nacional de Botânica, Sociedade Botânica do Brasil p. 109-116.

MORI, S. A. & PRANCE, G. T. 1981. Relações entre a classificação genérica de Lecythidaceae do Novo Mundo e seus polinizadores e dispersadores. Revta brasil. Bot. 4: 31-37.

MORI, S. A. & PRANCE, G. T. 1987a. Species diversity, phenology, plant-animal interactions, and their correlation with climate, as illustrated by the Brazil nut family (Lecythidaceae). In: R. E. Dickinson (ed.), The Geophysiology of Amazonia. John Wiley & sons, New York, p. 69-89.

MORI, S. A. & PRANCE G. T. 1987b. Chapter XI. Phenology. In: S. A. Mori & collaborators, The Lecythidaceae of a lowland neotropical forest: La Fumée Mountain, French Guiana. Mem. New York Bot. Gard. 44: 124-136.

MORI, S.A., PRANCE, G. T. & BOLTEN, A. B. 1978. Additional notes on the floral biology of neotropical Lecythidaceae. Brittonia 30: 113-130.

MORI, S. A., MATTOS SILVA, L. A. & SANTOS, T. S. dos. 1980. Observações sobre a fenologia e biologia floral de Lecythis pisonis Cambess. (Lecythidaceae). Revista Theobroma (Brasil) 10(3): 103-11.

MORITZ, A . 1984. Estudos biológicos da castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa H.B.K.). EMBRAPA, Centro de Pesquisa Agropecuario do Trópico Umido. Documentos 29: 1-82.

MÜLLER, C. H., RODRIGUES, I. A., MÜLLER, A. & MÜLLER, N. R. M. . 1980. Castanha-do-Brasil. Resultados de pesquisa. EMBRAPA, Centro de Pesquisa Agropecuário do Trópico Umido. Miscelânea 2: 1-25.

ORMOND, W. T., PINHEIRO, M. C. B. & CORTELLA DE CASELLS, A. R. 1981. A contribution to the floral biology and reproductive system of Couroupita guianensis Aubl. (Lecythidaceae). Ann. Missouri Bot. Gard. 68: 514-523.

PRANCE, G. T. 1986. The pollination and androphore structure of some Amazonian Lecythidaceae. Biotropica 8: 235-241.

  • MORI, S. A. & BOEKE, J. D. 1987. Chapter XII. Pollination. In: S. A. Mori & collaborators, The Lecythidaceae of a lowland neotropical forest: La Fumée Mountain, French Guiana.
  • Mem. New York Bot. Gard. 44: 137-155.
  • MORI, S. A. & KALLUNKI, J. A. 1976. Phenology and floral biology of Gustavia superba (Lecythidaceae) in central Panama. Biotropica 8: 184-192.
  • MORI, S. A. & ORCHARD, J. E. 1979. Fenologia, biologia floral e evidência sobre dimorfismo do pólen de Lecythis pisonis Cambess. (Lecythidaceae). Anais do XXXI Congresso Nacional de Botânica, Sociedade Botânica do Brasil p. 109-116.
  • MORI, S. A. & PRANCE, G. T. 1981. Relações entre a classificação genérica de Lecythidaceae do Novo Mundo e seus polinizadores e dispersadores. Revta brasil. Bot. 4: 31-37.
  • MORI, S. A. & PRANCE, G. T. 1987a. Species diversity, phenology, plant-animal interactions, and their correlation with climate, as illustrated by the Brazil nut family (Lecythidaceae). In: R. E. Dickinson (ed.), The Geophysiology of Amazonia. John Wiley & sons, New York, p. 69-89.
  • MORI, S. A. & PRANCE G. T. 1987b. Chapter XI. Phenology. In: S. A. Mori & collaborators, The Lecythidaceae of a lowland neotropical forest: La Fumée Mountain, French Guiana.
  • Mem. New York Bot. Gard. 44: 124-136.
  • MORI, S.A., PRANCE, G. T. & BOLTEN, A. B. 1978. Additional notes on the floral biology of neotropical Lecythidaceae. Brittonia 30: 113-130.
  • MORI, S. A., MATTOS SILVA, L. A. & SANTOS, T. S. dos. 1980. Observações sobre a fenologia e biologia floral de Lecythis pisonis Cambess. (Lecythidaceae). Revista Theobroma (Brasil) 10(3): 103-11.
  • MORITZ, A . 1984. Estudos biológicos da castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa H.B.K.). EMBRAPA, Centro de Pesquisa Agropecuario do Trópico Umido. Documentos 29: 1-82.
  • MÜLLER, C. H., RODRIGUES, I. A., MÜLLER, A. & MÜLLER, N. R. M. . 1980. Castanha-do-Brasil. Resultados de pesquisa. EMBRAPA, Centro de Pesquisa Agropecuário do Trópico Umido. Miscelânea 2: 1-25.
  • ORMOND, W. T., PINHEIRO, M. C. B. & CORTELLA DE CASELLS, A. R. 1981. A contribution to the floral biology and reproductive system of Couroupita guianensis Aubl. (Lecythidaceae). Ann. Missouri Bot. Gard. 68: 514-523.
  • PRANCE, G. T. 1986. The pollination and androphore structure of some Amazonian Lecythidaceae. Biotropica 8: 235-241.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    16 Jun 2011
  • Data do Fascículo
    Dez 1987
Sociedade Botânica do Brasil SCLN 307 - Bloco B - Sala 218 - Ed. Constrol Center Asa Norte CEP: 70746-520 Brasília/DF. - Alta Floresta - MT - Brazil
E-mail: acta@botanica.org.br