Efeitos de diferentes tratamentos na germinação do pequi (Caryocar brasiliense Camb.)

Carvalho, C. G. Sá e; Côrtes, R. A.; Carneiro, I. F.; Borges, J. D.

doi:10.1590/S0102-33061994000100011

Resumos

Sementes de pequi (Caryocar brasiliense Camb.) provenientes de frutos coletados do chão e "de vez", foram submetidas aos seguintes tratamentos: choques térmicos úmido (80ºC/15 min) e seco (80ºC/15 min e 50ºC/30, 60, 90 e 120 min), ácido giberélico 100mg/l e 6 benzil aminopurina 10-4M durante 24 horas, ácido sulfúrico conc./ 1 hora e lavagem em água corrente/48 horas. Sementes provenientes de frutos coletados do chão, com parte do mesocarpo removido, e "de vez", com mesocarpo íntegro, foram armazenadas a 5º C durante 30 dias, seguido ou não pela adição de GA3 100 mg/l. Observou-se que a germinação do pequi começa consistentemente a partir do 9.º mês após o plantio não havendo diferença significativa entre a porcentagem de germinação de sementes provenientes de frutos colhidos "de vez" (85%) e completamente maduros (67%). Tratamentos das sementes com temperatura de 80ºC durante 15 min. com ácido sulfúrico concentrado durante 1 hora e estratificação a 5ºC durante 30 dias prejudicaram o processo germinativo. Os demais tratamentos não apresentaram diferenças em relação ao controle.

Caryocar brasiliense; pequi; germinação; cerrado

Seeds of pequi (Caryocar brasiliense Camb.) collected from fallen fruits on the soil surface under the tree and those from maturing fruits still on the tree were submitted to the following treatments: humid heating (80ºC/15 min), dry heating (80ºC/15 min and 50ºC during 30,60,90 and 120 min), gibberellic acid 100 mg/1 (24h) and 6-benzylamynopurine 10-4M (24h), concentrated sulphuric acid (1 h) and running tap water (48h). Seeds of fruits collected from the soil surface, with part of the mesocarp removed, and those maturing fruits from the tree, with intact mesocaip, were stored at 5ºC during 30 days, followed or not by addition of GA3 100mg/l. It was observed that seed germination started consistently 9 months after sowing and that there was no significant difference between germination of seed proceeding from maturing fruits (85%) and those collected from the soil surface (67%). Seeds treated with 80ºC/15 min., with conc. sulphuric acid 1 h and stratified at 5ºC during 30 days germinated at a smaller percentage than controls. Other treatments did not affect significantly seed germination when compared with the control.

Caryocar brasiliense; "pequi"; germination; "cerrado"

Efeitos de diferentes tratamentos na germinação do pequi (Caryocar brasiliense Camb.)

Effects of different treatments in the germination of pequi (Caryocar brasiliense Camb.)

C. G. Sá e Carvalho^I; R. A. Côrtes^II; I. F. Carneiro^III; J. D. Borges^III

^IDepartamento de Botânica, ICB/UFG, 74001-970, Goiânia-GO, Brasil. Bolsista do CNPq

^IICurso de Agronomia da UFG. Bolsista de Iniciação Científica do CNPq

^IIIDepartamento de Horticultura, EA/EFG

RESUMO

Sementes de pequi (Caryocar brasiliense Camb.) provenientes de frutos coletados do chão e "de vez", foram submetidas aos seguintes tratamentos: choques térmicos úmido (80ºC/15 min) e seco (80ºC/15 min e 50ºC/30, 60, 90 e 120 min), ácido giberélico 100mg/l e 6 benzil aminopurina 10^-4M durante 24 horas, ácido sulfúrico conc./ 1 hora e lavagem em água corrente/48 horas. Sementes provenientes de frutos coletados do chão, com parte do mesocarpo removido, e "de vez", com mesocarpo íntegro, foram armazenadas a 5º C durante 30 dias, seguido ou não pela adição de GA₃ 100 mg/l. Observou-se que a germinação do pequi começa consistentemente a partir do 9.º mês após o plantio não havendo diferença significativa entre a porcentagem de germinação de sementes provenientes de frutos colhidos "de vez" (85%) e completamente maduros (67%). Tratamentos das sementes com temperatura de 80ºC durante 15 min. com ácido sulfúrico concentrado durante 1 hora e estratificação a 5ºC durante 30 dias prejudicaram o processo germinativo. Os demais tratamentos não apresentaram diferenças em relação ao controle.

Palavras chave: Caryocar brasiliense, pequi, germinação, cerrado.

ABSTRACT

Seeds of pequi (Caryocar brasiliense Camb.) collected from fallen fruits on the soil surface under the tree and those from maturing fruits still on the tree were submitted to the following treatments: humid heating (80ºC/15 min), dry heating (80ºC/15 min and 50ºC during 30,60,90 and 120 min), gibberellic acid 100 mg/1 (24h) and 6-benzylamynopurine 10^-4M (24h), concentrated sulphuric acid (1 h) and running tap water (48h). Seeds of fruits collected from the soil surface, with part of the mesocarp removed, and those maturing fruits from the tree, with intact mesocaip, were stored at 5ºC during 30 days, followed or not by addition of GA₃ 100mg/l. It was observed that seed germination started consistently 9 months after sowing and that there was no significant difference between germination of seed proceeding from maturing fruits (85%) and those collected from the soil surface (67%). Seeds treated with 80ºC/15 min., with conc. sulphuric acid 1 h and stratified at 5ºC during 30 days germinated at a smaller percentage than controls. Other treatments did not affect significantly seed germination when compared with the control.

Key words: Caryocar brasiliense, "pequi", germination, "cerrado".

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text available only in PDF format.

Agradecimentos

Os autores agradecem à Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), pelo suporte financeiro. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela concessão das bolsas de pesquisa e de iniciação científiaca. Ao Prof. Oliver J. M. Lobato, pelos dados climatológicos gentilmente fornecidos pela Estação Evaporimétrica de 1.ª Classe da Escola de Agronomia da UFG.

Recebido em 24.10.91

Aceito em 11.07.94

Barnett, J.P. 1970. Germination inhibitors unimportant in dormancy of southern pine seed. Forest Service USDA, SQ 112 :14.
Borges, J.D. 1986. Semente gelada apressa o pequi. Globo Rural 5:53.
Cardoso,V.J.M. & Felippe,G.M. 1983. Endogenous hormones and the germination of Cucumis anguria L. Revta bras. Bot. 6:29-31.
Carvalho,C.G.Sá & Ribeiro, M.C., 1991. Germinação de Paepalanthus speciosus Koern. ocorrentes na Serra Dourada- GO. Resumos do XLII Congresso Nacional de Botânica, Goiânia, p.347.
Conceição, P.N. 1984. Reflorestamento de cerrado com a espécie Caryocar coriaceum With. Revista Agroceres 17:25-31.
Felippe, G.M. 1984. Germinação de Zornia reticulata, uma espécie dos cerrados. Anais do IV Congresso da SBSP p. 7-13.
Felippe, G.M. 1990. Qualea grandiflora the seed and its germination. Revta bras.Bot. 13:33-31.
Ferreira, M.B. 1973. Frutos comestíveis do Distrito Federal - III. O cerrado. 5(20):22-25.
Figueiredo, P.S. & Pereira, M.F. 1991. Germinação de sementes imaturas de Phaseolus vulgaris: envolvimento do ácido abscísico. Revta bras. Bot. 14:83-88.
Freitas,J.A.C. & Candido, J.F. 1972. Tratamento químico para abreviar germinação de sementes de guapuruvu (Schyzolobium excelsum Vog.) e mamoneira (Tachigalia multijuga Benth.) Seiva 32:1-10.
Freitas, R.R., Carvalho, D. A. & Alvarenga, A.A. 1990. Quebra de dormência e germinação de sementes de capim-marmelada Brachiaria plantaginea (Link) Hitch. Revta bras. Bot. 2(2):31-35.
Gomes, F.P. 1970. Curso de Estatística experimental, São Paulo: Ed. Nobel S/A.
Heringer, E.P. 1962. Pequizeiro (Caryocar brasiliense Cambess) Anais do XI Congresso Nacional de Botânica. 1:113-118.
Heringer, E.P. 1970. O Pequizeiro (Caryocar brasiliense Cambess). Brasil Florestal 1:28-31.
Klein, A.L. & Felippe, G.M. 1992. Germinação de ervas invasoras: escarificação e luz. Anais do VIII Congresso da SBSP. p.47-56.
Labouriau, L.G.; Valio, I.F.M.; Labouriau, M.L.S. & Handro,W. 1963. Nota sobre a germinação de sementes de plantas de cerrado em condições naturais. Rev. bras. Biol. 23(3) :227-237.
Labouriau, L.G.; Válio, I.F.M. & Heringer, E.P. 1964. Sobre o sistema reprodutivo de plantas de cerrado. I. An. Acad. bras. Ciênc. 36(4) :449-464.
Miller, C.O. 1956. Similarity of some kinetin and red light effects. Plant Physiol. 31:318-319.
Miranda, J.S. 1986. Contribuição ao estudo da cultura do piqui (Caryocar sp.): propagação e concentração de nutrientes. Dissertação de mestrado. Areia-PB.
Peixoto, A.R. 1973. O piqui e a lavoura no cerrado. In: Plantas oleaginosas arbóreas. São Paulo: Nobel.
Reis, G.G. 1976. Estudo sobre a dormência de sementes de sucupira (Pterodon pubescens Benth). Dissertação de mestrado. Viçosa.
Reynolds, T. & Thompson, P.A. 1973. Effects of kinetin, gibberellins and (+) -abscisic acid on the germination of lettuce (Lactuca sativa). Physiol.Plant. 28:516-522.
Rizzini, C.T. 1970. Inibidores de germinação e crescimento em Andirá humilis Benth. An.Acad.brasil. Ciênc. 42(Supl.) :329-366.
Rizzini, C.T. 1973. Dormancy in seeds of Annona crassiflora Mart. J.exp.Bot. 24:117-123.
Rizzini, C.T. 1976. Influência da temperatura sobre a germinação de diásporos de cerrado. Rodriguésia 41:341-383.
Silva,J.A. 1989. Formação de mudas, um processo fácil. O Popular de 22.11.89. p. 10.
Tao, K.L. & Khan, A.A. 1974. Penetration of dry seeds with chemicals applied in acetone.Plant Physiol.54:956-958.
Toole, V.K. & Carthy, H.M. 1961. Responses to gibberellin of light-requiring seeds of lettuce and Lepidium virginicum. Plant Physiol. 36: 663-671.
Usberti, R. & Felippe, G.M. 1979. Storage conditions and endogenous levels of gibberellins, cytokinins, and inhibitors in seeds of Citrus limonia Osb. Revta bras.Bot.2(2) :107-111.
Válio, I.F.M. & Moraes,V. 1966. Sobre o sistema reprodutivo de plantas dos cerrados - II. An.Acad.bras. Ciênc. 38:219-228.

Datas de Publicação

Publicação nesta coleção
13 Jun 2011
Data do Fascículo
Jul 1994

Histórico

Aceito
11 Jul 1994
Recebido
24 Out 1991

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.

[1] Barnett, J.P. 1970. Germination inhibitors unimportant in dormancy of southern pine seed. Forest Service USDA, SQ 112 :14.

[2] Borges, J.D. 1986. Semente gelada apressa o pequi. Globo Rural 5:53.

[3] Cardoso,V.J.M. & Felippe,G.M. 1983. Endogenous hormones and the germination of Cucumis anguria L. Revta bras. Bot. 6:29-31.

[4] Carvalho,C.G.Sá & Ribeiro, M.C., 1991. Germinação de Paepalanthus speciosus Koern. ocorrentes na Serra Dourada- GO. Resumos do XLII Congresso Nacional de Botânica, Goiânia, p.347.

[5] Conceição, P.N. 1984. Reflorestamento de cerrado com a espécie Caryocar coriaceum With. Revista Agroceres 17:25-31.

[6] Felippe, G.M. 1984. Germinação de Zornia reticulata, uma espécie dos cerrados. Anais do IV Congresso da SBSP p. 7-13.

[7] Felippe, G.M. 1990. Qualea grandiflora the seed and its germination. Revta bras.Bot. 13:33-31.

[8] Ferreira, M.B. 1973. Frutos comestíveis do Distrito Federal - III. O cerrado. 5(20):22-25.

[9] Figueiredo, P.S. & Pereira, M.F. 1991. Germinação de sementes imaturas de Phaseolus vulgaris: envolvimento do ácido abscísico. Revta bras. Bot. 14:83-88.

[10] Freitas,J.A.C. & Candido, J.F. 1972. Tratamento químico para abreviar germinação de sementes de guapuruvu (Schyzolobium excelsum Vog.) e mamoneira (Tachigalia multijuga Benth.) Seiva 32:1-10.

[11] Freitas, R.R., Carvalho, D. A. & Alvarenga, A.A. 1990. Quebra de dormência e germinação de sementes de capim-marmelada Brachiaria plantaginea (Link) Hitch. Revta bras. Bot. 2(2):31-35.

[12] Gomes, F.P. 1970. Curso de Estatística experimental, São Paulo: Ed. Nobel S/A.

[13] Heringer, E.P. 1962. Pequizeiro (Caryocar brasiliense Cambess) Anais do XI Congresso Nacional de Botânica. 1:113-118.

[14] Heringer, E.P. 1970. O Pequizeiro (Caryocar brasiliense Cambess). Brasil Florestal 1:28-31.

[15] Klein, A.L. & Felippe, G.M. 1992. Germinação de ervas invasoras: escarificação e luz. Anais do VIII Congresso da SBSP. p.47-56.

[16] Labouriau, L.G.; Valio, I.F.M.; Labouriau, M.L.S. & Handro,W. 1963. Nota sobre a germinação de sementes de plantas de cerrado em condições naturais. Rev. bras. Biol. 23(3) :227-237.

[17] Labouriau, L.G.; Válio, I.F.M. & Heringer, E.P. 1964. Sobre o sistema reprodutivo de plantas de cerrado. I. An. Acad. bras. Ciênc. 36(4) :449-464.

[18] Miller, C.O. 1956. Similarity of some kinetin and red light effects. Plant Physiol. 31:318-319.

[19] Miranda, J.S. 1986. Contribuição ao estudo da cultura do piqui (Caryocar sp.): propagação e concentração de nutrientes. Dissertação de mestrado. Areia-PB.

[20] Peixoto, A.R. 1973. O piqui e a lavoura no cerrado. In: Plantas oleaginosas arbóreas. São Paulo: Nobel.

[21] Reis, G.G. 1976. Estudo sobre a dormência de sementes de sucupira (Pterodon pubescens Benth). Dissertação de mestrado. Viçosa.

[22] Reynolds, T. & Thompson, P.A. 1973. Effects of kinetin, gibberellins and (+) -abscisic acid on the germination of lettuce (Lactuca sativa). Physiol.Plant. 28:516-522.

[23] Rizzini, C.T. 1970. Inibidores de germinação e crescimento em Andirá humilis Benth. An.Acad.brasil. Ciênc. 42(Supl.) :329-366.

[24] Rizzini, C.T. 1973. Dormancy in seeds of Annona crassiflora Mart. J.exp.Bot. 24:117-123.

[25] Rizzini, C.T. 1976. Influência da temperatura sobre a germinação de diásporos de cerrado. Rodriguésia 41:341-383.

[26] Silva,J.A. 1989. Formação de mudas, um processo fácil. O Popular de 22.11.89. p. 10.

[27] Tao, K.L. & Khan, A.A. 1974. Penetration of dry seeds with chemicals applied in acetone.Plant Physiol.54:956-958.

[28] Toole, V.K. & Carthy, H.M. 1961. Responses to gibberellin of light-requiring seeds of lettuce and Lepidium virginicum. Plant Physiol. 36: 663-671.

[29] Usberti, R. & Felippe, G.M. 1979. Storage conditions and endogenous levels of gibberellins, cytokinins, and inhibitors in seeds of Citrus limonia Osb. Revta bras.Bot.2(2) :107-111.

[30] Válio, I.F.M. & Moraes,V. 1966. Sobre o sistema reprodutivo de plantas dos cerrados - II. An.Acad.bras. Ciênc. 38:219-228.

Brasil

Brasil

Efeitos de diferentes tratamentos na germinação do pequi (Caryocar brasiliense Camb.)

Effects of different treatments in the germination of pequi (Caryocar brasiliense Camb.)

Resumos

Datas de Publicação

Histórico